segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Glória, Glória, Aleluia!!!!!

Que glória há nisso???




aturdido na macabra sinfonia

dos governos da morte

dor

vilania

admito que a sorte

ainda

faz companhia


meio encabulado

perambulo em vigília

madrugada adentro


agradeço

atordoado,

pelos males que não padeço


o silêncio do lugar

ensurdece meu peito

na fantasia de um outro silêncio

assim nem tão distante


enquanto

eu

bruma

noite


noutros

tiro

grito

e morte


sinto vergonha de minha condição pequeno-burguesa

e mais vergonha ainda pela certeza

do alívio posterior...


não


provavelmente nenhuma bala perdida me encontrará junto ao leito

provavelmente ninguém faltará com o respeito

na minha rua

portaria

elevador...


polícia aqui

não constrange morador...


quando o céu clarear

silêncio persistirá

somente rasgado

por veículos apressados,

bêbados pernoitados e outros passantes

floreado por galos, gargalos e bem-te-vis


mas vindo de outro lugar

assim nem tão distante

outro silêncio doerá


aqui.



Rodrigo Bodão

Um comentário:

Cacau disse...

Muito bonita sua poesia. Do lodo miserável você vez brotar uma flor de poesia. Essa é a "rosa do povo": o povo usando matéria-prima aparentemente infecunda para gerar uma beleza de denúncia!