quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Hoje trabalhei em casa e confesso: me fez muito bem. Primeiro pela tranqüilidade do ambiente, bem diversa de onde trabalho, uma sala lotada de papéis, computadores, afazeres, de olhares tensos e insatisfeitos. Por poder ficar sem camisa e descalço. E aqui ainda faço companhia à minha mãe e aproveito da sua presença e de minha avó-materna-quase-mãe de 98 anos, coisa que nem sabia que sentia tanta falta... É muito bom conviver com ela nessa idade... Diferente de outros tempos... Mas isso é papo para outro texto que não pretendo escrever agora, pois mais parece uma elegia fora de hora – e pelo visto, graças a Deus, enquanto expressão popular e obsessão da véinha, ainda há de se adiar por anos...

Outra coisa boa nessa labuta caseira foi poder vivenciar minhas emoções com maior liberdade e privacidade. Vez por outra, minha mente passa a divagar, com a ajuda da tela do computador via internet, e dispara lembranças que me remetem às lágrimas. Lágrimas mansas, calmas, mas, como sempre há de ser dessa estirpe específica de lágrimas, doídas.

Então, em casa, ponho-me a caminhar, acendo um cigarro, permito-me chorar – e as lágrimas fluem. Só não posso dizer que caem ao chão porque encontram antes o obstáculo de minha barriga proeminente, onde encontram cura. Isso porque, ao mesmo tempo em que molham e retornam à fonte da dor que as engendra, que é meu corpo, fazem-me lembrar que devo emagrecer, que devo malhar, fazer dieta, dar um tempo na cerveja, cuidar da saúde – e remetem minha atenção novamente para os afazeres cotidianos e o trabalho que estava a realizar.

Salvo pela pança!!!! – quem diria... ( . )


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Acho bom que a mídia tenha finalmente percebido a gravidade do problema do crack no Rio de Janeiro... Mas, como sempre, também tenho minhas ressalvas:

- por que sempre parece necessário aparecer um caso problema numa família de classe média para haver alguma ação da mídia e, a partir disso, do governo e órgãos competentes. Caramba, as crianças e adolescentes da favela estão padecendo desse mal há tanto tempo e só depois que um idiota mata a namorada estrangulada e se comporta, não leve a mal, mais para um bêbado do que para alguém que usou crack - não lembra, estava dormindo (como assim???) ao lado da namorada morta – a porra da sociedade se mobiliza. As vidas não devem ser hierarquizadas... Mas, como são, fico com a tentação de seguir o furor do Faveleiro e gritar: que se foda esse playboyzinho de merda e sua namoradinha-noiva-cadáver!!! (desculpem o sarcasmo, foi mais forte do que eu)

- que foi aquilo de entrevistar o pai do moleque-idiota-crackeiro-de-merda no RJ TV...

- as respostas dadas por importantes figuras da reforma psiquiátrica como Pedro Gabriel Delgado, quase estimulando a internação involuntária – ainda que em hospitais gerais e não em hospitais psiquiátricos, coerente portanto com as propostas de reforma – me assustam: sinto cheiro da proliferação de bichos de sete cabeças...

- odeio essa coisa de endemonizar a droga. Se o camarada estiver em um momento em que dispõe de alguma estrutura na vida, enfim, coisas que lhe façam sentido, planos de futuro, sonhos possíveis, dinheiro no bolso, algo a perder e tal, é muito mais difícil ele sucumbir à tentação viciante das drogas. O problema geralmente é do cara, é falta de perspectivas, problemas na família, crises temporárias, etc. Óbvio que existe o camarada que é seduzido pelo canto das sereias, mas, feito um Ulisses, se tiver estrutura - um bom mastro, nós firmes e cordas resistentes (não entendeu, vai ler a Odisséia de Homero) – o camarada até pode sucumbir, mas volta... A droga em si, só dá onda, é inócua... Não adianta internar e não criar boas condições posteriores (estrutura) para o cara, que ele volta pro vício.

- é certo que o canto da sereia do crack é sinistro. Digo isso porque já usei e confesso que não gostei muito da parada, tanto por seu efeito anti-social, quanto por ver o que tem feito com a molecada e com alguns amigos meus. O efeito é até bom, mas não vale a pena. Eu gosto muito de gente para ficar me escondendo nas sombras. Por isso mesmo, não o endemonizo. O problema é mais embaixo, parceiro. Mas, enfim, deve haver algum enfrentamento, claro, alguma forma de internação, sim, mas sem nunca esquecer o paradigma ético da reforma psiquiátrica, de tratar o usuário de serviços de saúde mental como sujeito de seu próprio destino... Até porque, internado à força, é mais fácil que ele pule o muro, pire de vez ou simplesmente jogue o joguinho das terapias, medicamentos e ambulatórios de maneira hipócrita... E volte a fumar pedra.

- vale também divulgar a perspectiva da redução de danos, onde a troca do crack por drogas que causem menos dependência e prejuízos, como a maconha, deve ser aceita e por vezes até estimulada.

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Minha avó vendo as pedras de quilos e quilos de crack apreendidas que estavam sendo expostas no Jornal Hoje, perguntou: ‘O que que é isso, meu filho??? Rapadura???’

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E, por fim...

VALEI-ME MEU SÃO JUDAS TADEU!!!!!

TRAGA O HEXA PRA NAÇÃO RUBRONEGRA!!!!!!


terça-feira, 27 de outubro de 2009

a postagem de faveleiro me fez recordar o contexto em que nós quatro nos tornamos amigos. foi numa noite de bebedeira numa estrada em miguel pereira, eu diria. pegamos a estrada, bêbados, capilo desligava o farol para fazer graça (??!!??). bebemos umas latinhas num posto de gasolina e dali em diante começamos a trocar ideias sobre tudo.

o blog veio depois eu acho. já éramos meio que parceiros. aí tinha essa indignação com o pan. fizemos 1000 cartazes e um vídeo. colamos os cartazes a noite pela cidade. eram duas duplas: eu e faveleiro; bodão e capilo. bodão e capilo colaram metade do que nós colamos porque pararam para beber no meio da parada. bom, depois bebemos também. os cartazes que sobraram distribuímos numa manifestação que teve no maracanã.

foi uma parada maneira.

nós quatro nos encontramos pouco. os quatro ao mesmo tempo - porque eu e capilo trabalhamos na mesma sala diariamente. mas ainda é bom. é bom encontrar os outros dois de manhã e ver que assim como eu estão ansiosos por comentar a 'volta' de faveleiro. é bom quando tem samba, cerveja e nossas conversas profundas permeadas por trocadilhos bodanescos.

quinta-feira, faveleiro. a partir das 16h o tal chá de casa nova, lá na maré. leve o violão, que bodão vai levar o pandeiro. eu vou dar uma caixa de cerveja. do resto capilo cuida.

_______

ontem capilo me pediu dois reais pra pagar a conta de luz dele.

hoje eu pedi 3 pra poder pagar a van de volta pra casa.

curiosa para saber como vamos pagar o almoço de amanhã. porque geralmente quando não tenho, conto com a solideriedade do amigo. o contrário também acontece. mas amanhã, tá foda!

cara, e hoje ainda é dia 27!

sessão poesia

(...)

da dúvida primeira
se iria até o fim

ficou um hálito

da cautela costumeira
frente à musa
perto assim

aplauso

das palavras verdadeiras
confiança
e do alecrim

um cheiro

da lágrima furtiva
do controle
do silêncio

um som

do abraço desejado
corpo lindo
quente e ao lado

um plano

lábios grossos
longos fios
língua solta

quero sim

língua solta
entre meus lábios
língua e língua

sim e sim

de tão quente
esse embaraço
te desejo

só pra mim

por um dia
um soslaio
vago instante
um beijo

e assim

teu gemido
entre meus braços
língua e língua

sim e sim

foste embora
eu também
e em meu peito

se detêm
a ilusão do teu desejo

ficção de longos beijos
dos teus lábios

em meus lábios

língua e língua

sim e sim

Rodrigo Bodão

sessão filosofia



§285

“Os maiores acontecimentos e pensamentos – mas os maiores pensamentos são os maiores acontecimentos – são os que mais tardiamente são compreendidos: as gerações que lhes são contemporâneas não vivem tais acontecimentos – sua vida passa por eles. Aqui acontece algo como no reino das estrelas. A luz das estrelas mais distantes é a que mais tardiamente chega aos homens; e, antes que chegue, o homem nega que ali haja estrelas. ‘De quantos séculos precisa um espírito para ser compreendido?’ – esta é também uma medida, com ela se cria também uma hierarquia e uma etiqueta, como é preciso: para espírito e estrela.”

(Nietzsche, Para além de bem e mal)

sessão nostalgia

Afagos lírico-virtuais!!!

Não ia dizer nada mais, mas...

Cartola: disse tudo que sinto hoje... só não garanto parar de beber (e cá entre nós, nem vc né malandro...)...

Vinícius: queria estar nessa sala...

Elis: com essa voz e esse sorriso você traz o carnaval consigo...








segunda-feira, 26 de outubro de 2009

De volta a base...

Lembro-me com muita clareza, e certamente meus companheiros de blog também lembram, em que contexto surgiu este blog. Era um momento sangrento em que o governo do estado começava a seguir à risca a cartilha da “higienização”, da “limpeza” social. Tratava-se do período pré-pan, quando iniciaram as megaoperações sob a batuta do Sr. Beltrame. Em dois meses, foram dezenas de mortes provocadas por confrontos armados entre polícia e bandidos (ou seria entre bandidos e bandidos, ou polícia e polícia... sei lá tanto faz), além dos caveirões, etc... Foi nesse contexto que decidimos algumas “ações” (a Clê poderia nos narrar a colagem de cartazes pelo centro) como forma de protesto ao que ocorria, inclusive a criação deste espaço virtual.

Pois é... gostaria então de me reportar ao tema original que motivou este blog:
“Eu já passei por quase tudo nessa vida...” E dentre esse quase tudo, inclui, além de soldado, vendedor de picolé, Office boy, catequista, roqueiro, inclui também um período em que trabalhei como “menor aprendiz” de uma instituição chamada “Centro Salesiano do Menor” (o nome lembra até uma casa de recuperação para delinqüentes). Após um breve período aprendendo a como se comportar passivamente numa empresa, a ser um funcionário disciplinado e obediente, fui encaminhado para trabalhar como estagiário numa agência da Caixa Econômica. Lá eu fazia um monte de coisas que eu gostava, que me fazia se sentir importante: eu atendia o público, dando informações; arquivava documentos, abria conta, dava entrada no Fundo de Garantia dos velhinhos endinheirados que se aposentavam pela Petrobrás (era muita grana que aquela gente recebia!), enfim, eu era a mão de obra barata para os serviços burocráticos.


Em se tratando de uma agência bancária, o risco de assalto era iminente, daí, a necessidade de vigilantes armados com seus “três oitões” pronto para atirar... Eu era amigo desses caras, afinal éramos da “casta inferior” e nos identificávamos, ficávamos boa parte do tempo batendo papo próximo ao balcão de atendimento. Não sabia que eu, do alto dos meus 17 anos, vivenciaria o primeiro assalto a agência da av. Chile. E foi justamente num desses dias de bate papo com meu amigo Arruda, o vigilante feio e mal encarado, com coração de bala de açúcar. São poucas as imagens registradas na parede da memória, daqueles intermináveis 3 minutos: De forma repentina, Arruda muda de fisionomia (se é que era possível) e movimenta a mão para seu calibre 38: “Não se engraça, não!!!” Pá, pá, puum! ... arma há 50cm da minha orelha disparando na direção do Arruda que teve a minha companhia no automático e natural impulso humano de se jogar no chão diante de tal infortúnio. Talvez o nome dele não fosse dado à toa: nenhum tiro acertou Arruda. Homens pulando o balcão... homens saindo com malote... silêncio absoluto. Fim do assalto.

Não são esses flashes que mais me fazem lembrar do episódio, são os momentos posteriores:
- E aí? Está tudo bem? Como você está se sentindo? – perguntas estranhas fazia aquele homem, que depois fiquei sabendo era o psicólogo do banco “especialista nessas situações”.
E enfim, as falas que não me saem da cabeça, principalmente quando vem à tona a nossa segurança pública: “Eu acho um absurdo, esses vigilantes serem orientados a reagirem a assaltos!!! Deixa levar essa merda! Tá no seguro! Isso só faz colocar a nossa vida em risco!”. Era a gerente referindo-se a tentativa de reação de Arruda, já que segundo ela, o assaltante só teria atirado por ter percebido o movimento do vigiliante-aspirante-a-herói. E é exatamente aí que queria chegar: não só ela, como vários funcionários condenaram tanto a atitude de Arruda, como a orientação recebida por eles (e é esse que deve ser o foco da condenação) de sempre reagir nessas situações. Ou seja, não precisa ser especialista para saber que num espaço com grande movimentação, como era o caso daquela agência, é no mínimo uma grande irresponsabilidade tentar reagir a um assalto, já que tal atitude transforma imediatamente o local em uma arena do inferno... tiro pra tudo quantu é ladu. Afinal de contas, do bandido espera-se que ele seja... bandido! Nada mais... Já do vigilante, espera-se minimamente que ele seja um agente que tentará garantir a integridade física das pessoas que lá se encontram (talvez seja ingênuo da minha parte, já que na verdade eles lá se encontram para proteger o patrimônio do banqueiro). Mas, de qualquer forma, era essa a aspiração, era isso o que esperavam os gerentes, funcionários, clientes, velhinhos aposentados da Petrobras... em relação aos vigilantes. “Absurdo tentar reagir e nos colocar em risco! Que se foda o dinheiro, o importante é minha vida!”

Pois é... não deveria ser este o pensamento dominante quando o assunto é segurança pública nas favelas? Nesses espaços tão densamente povoados, cujas vidas ficam em 34º plano nas ações de intervenção policial?

Ah... mas a o buraco é mais em Marx. Como já dizia o xerife Beltrame, “um tiro em Copacabana é uma coisa, um tiro na Coréia, no Alemão, é outra”.

Quero ver “remédio amargo”, “mal necessário”, “baixa de guerra” no quintal dos velhinhos endinheirados da Petrobrás.

Aí não tem jeito... meu ódio e indignação exalam pelos poros e pelos olhos ensandecidos quando a pauta do telejornal é: investigação para saber de onde partiu o tiro. Da polícia ou do traficante?

Não interessa de onde partiu o tiro! O Estado deve ser responsabilizado por privilegiar o confronto armado nas favelas. Por provocarem os bandidos, assim como fez Arruda, a acionarem seus brinquedinhos devastadores...

Enquanto isso, menos uma mãe na favela Kelson. Ou melhor, menos uma “fabricante de bandidos”, não é Sergio Cabral?

prosa poética mais pra lá do que pra onde?


(...)

o silêncio...

o silêncio seria tão agradável não fosse ele possuído por esse turbilhão de vozes...

e pior: todas carregam essa entonação muda do meu pensamento...

ao menos não ouço outras vozes...

e essas vozes vêm sempre acompanhadas de imagens altissonantes...

dizem que antes de morrer passa uma espécie de filme em sua cabeça, lembranças da vida presente que se esvai...

sei não... algo em mim está morrendo.

até porque no fundo, no fundo, existem silêncios melhores, os quais, ao passar por minha cabeça aumentam o turbilhão de vozes carregadas da entonação muda do meu pensamento junto de imagens altissonantes e a certeza de que algo em mim está morrendo em silêncio...

vídeo de macacos trepando com popozudas ao som de funk ou porque os dentistas recomendam colgate com rivotril

bruno bandido escreveu em seu blog sobre os termos de busca pelos quais as pessoas chegam nele.

sempre pensei em colocar alguns termos que levam ao ombudsman também. porque sempre me chamou a atenção como macacos + trepar são comuns por aqui - já comentei com capilo. ok, muita gente chega buscando por bukowski (é um post meu em que falo do conto dele "12 macacos alados que não conseguem trepar sossegados" e outros devaneios). mas a maioria vem atrás de sacanagem.

nem vou dar uma de moralista e dizer: 'nossa, que triste esse pessoal que procura pornografia na internet'. cara, a lógica é simples: todo mundo gosta de uma pornografia. tá bom, dizer 'todo mundo' é querer se incluir sem deixar claro. reformulemos. pornografia faz parte da vida - senão de todos, de muitos. acho que não tem nada a ver com solidão ou que seja negativo. é bom. não se recrimine. nem se envergonhe. e na internet é bom, de graça e rápido de conseguir. logo, nada mais esperado do que o fato de que ela apareça aos montes nas buscas. o que me assusta é como as pessoas são ruim de busca. não sabem procurar direito. e, francamente, o google não é a melhor via para se encontrar pornografia na rede. digo, de qualidade, claro.

vamos aos termos, antes que eu comece a indicar sites para os perdidos:

popozudas - é o termo mais comum. aparece com algumas variantes. exemplo: africanas popozudas sexo ou as poposudas de mini saia. regra um: antes de ir atrás da pornografia, conheça seu objeto de desejo e aprenda a grafia dele. isso aumenta suas chances de chegar num site que preste.

olcadil engorda - remédio de dormir é busca comum também. quer dizer, a pessoa se masturba com poposudas e depois ainda quer que a gente recomende um calmante. acho muito louco gente que se medica via google. variantes: qual remedio é melhor para dormir o olcadil ou rivotril? ou ainda olcadil com cerveja. já que é pra ajudar que estamos aqui, vamos lá: olcadil que eu saiba não engorda; se é pra dormir mesmo, com vontade, recomendo rivotril e finalmente, calmante e álcool não combinam. o dia seguinte é trágico e pode dar taquicardia.

fora povo verissimo - esse texto do veríssimo que o bodão postou rende muito. bom ver que nem só de carentes-afetivo-sexuais e depressivos está povoado essas terras de meu deus.

"funk do freud" - o funk de bodão. famoso: freud era mó doente / gostava de cheirar pó / descobriu o inconsciente comendo a ana ó (em ritmo de égua pocotó)... ou algo assim

"julio reny continua nas ruas" - não entendo como essa pessoa chegou aqui.

"quem bebe fuma e cheira agita a noite inteira" - essa tem variantes também. não entendo como essa pessoa chegou aqui.

9 em cada 10 dentistas recomendam colgate e sua variante: oral b vs colgate - buscar recomendação de pasta de dente via google é pior (ridículo) do que buscar medicamento de tarja preta.

cerveja+gastrite - não recomendo. mas se vc tem gastrite, não vai deixar de beber por isso né? quando tiver em crise: omeprazol. um comprimido depois do almoço e do jantar. cura tudo.

eu acho pobre ir de onibus para a praia - depois eu que sou pessimista quanto ao futuro da humanidade.

mulheres trepando com macacos gratis - uma das muitas variantes dos macacos trepando. juro que se entre a pornografia que consumo (de forma saudável e respeitosa, claro) figurasse alguma coisa com macacos eu postava aqui só pra satisfazer a galera.

grosseria tem ditongo? - é hiato!

o capeta trepando - ...
(fiquem com meu silêncio)

videos safadas mostrando tudo no funk nas festinhas das comunidades - regra dois (e última): seja mais específico.

sábado, 24 de outubro de 2009

ano novo, vida nova

decidi hoje qual será minha resolução de ano novo: não mandar mais e-mail/mensagem errada pra ninguém

ontem abri uma janela no Gtalk pra falar de trabalho com capilo e despejei pauta num colega de faculdade - jornalista também. quer dizer, ainda dei minhas ideias pra outro - com detalhes.

hoje mandei pela milésima vez uma mensagem trocada. eu sempre confundo amigos (uns 2 ou 3 que sei o número de cor) e minha irmã. se eu contar pra vocês o que já escrevi pra minha irmã de madrugada, vocês terão pena deste ser dislexo que sou eu.

uma das piores foi quando eu tava saindo (num achei expressão melhor, desculpa) com esse carinha que se vestia mal (veja bem, para eu notar, era algo inimaginável). cheguei no cinema e ao encontrá-lo redigi mensagem pra um amigo contando da tragédia no vestiário do dia. eu sempre uso o tal "contatos recentes" do celular, e daí que encaminhei a mensagem pro carinha e não pro meu amigo. o conteúdo? uma calça horrorosa que ele insistia em usar.

pensa numa pessoa em pânico. eu fiquei imaginando como seria aquilo, eu de frente pra ele, ele abre o celular, lê o SMS e eu faria o que? tensão pura. sorte que o sinal tava horrível e consegui deletar antes que enviasse. um dos piores momentos da vida.

pra não falar do e-mail que encaminhei pra um dos meus chefes (era pra capilo), sacaneando o próprio chefe que estava com dengue em casa. pânico de novo.

quando eu fui fazer prova de vestibular o único conselho que meu pai me deu foi que lesse cada questão duas vezes. porque eu sou muito "agoniada" e acabaria não prestando atenção nas perguntas. na prova de matemática, que achei fácil, não segui o conselho de papai e errei duas questões porque usei os dados errados. até hoje ele joga isso na cara.

com as mensagens ou e-mail acontece do mesmo jeito. tenho que digitar com calma, pensar antes de inserir o número e nunca, nunca mais usar os 'contatos recentes'.

é minha resolução de ano novo.

vou dar uma interrompida no meu momento pagode

...para isso:





porque é tempo de se pensar que o amor pode, de repente, chegar.

____

eu hoje dizia que a parte boa de se amar é a certeza de que em algum momento haverá dor, sofrimento, ranger de dentes e aquela vontade gostosa de se jogar da ponte. 'mas, clementina, isso não é bom'. também acho que não. bom são os porres que se tomam nessas horas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

de onde vens...

recebi um presente hoje, na forma de uma frase que me deixou bastante emocionado...

"dor de amor quando não passa, é porque o amor valeu"

se não estivesse no trabalho, eu iria me trancar no banheiro, cômodo da casa onde fico mais à vontade pra chorar... desde criança...

aliás, chorar no banheiro lá de casa é como mergulhar no passado... nado nas lágrimas presentes, banho-me com as de outrora...

pesquisei a frase, uma vez que vinha entre aspas...

descobri que se trata de uma composição de Dori Caymmi e Nelson Motta. Não consegui no youtube a gravação do velho Dorival... Dentre os vídeos relacionados, selecionei as gravações da Cristina Motta e da Mariana Aydar. A primeira porque gostei do arranjo, o áudio está limpinho, deve ser mulher do autor... enfim... A segunda, apesar do áudio não ser dos melhores, tem um arranjo bacana e além disso sei que quem me presenteou com esse afago lírico gosta muito da Mariana Aydar - inclusive desconfio que é essa a procedência da frase...

Pois então, posto os dois links...

Beijos pra Mulher - com M maiúsculo - que vive pelas bandas da Costa Verde...








quarta-feira, 21 de outubro de 2009

elegia ao amor de hoje

elegia:
poema lírico de tom terno e triste

perfume que eu sinto até dentro do ônibus lotado em dia de verão
mão no cabelo
mancha na nuca

nuca

nuca e um beijo
lóbulo da orelha solto

falha na sobrancelha
dedos gordos
óculos velho


mania de cheirar a comida

copo de cerveja perdido
flauta transversal

gaita também


uma coçadinha no nariz
covinhas nas costas
sorvete de côco

assovio desafinado
calça pescador verde-musgo
um cigarro com uma bala na boca

vento nas mãos

onda quebrando
céu de outono

dia amanhecendo
som do pandeiro

sentar na calçada

agenda em branco
allstar azul marinho furado

e o curioso hábito de ler revistas de trás pra frente

agora, depois de listar tudo que me faz pensar em você
é só compor versos hexâmetros e pentâmetros alternados

(...)

Existem momentos na vida que, de tão intensos, comovem o tempo... E a vida lhes concede (alguma) eternidade...

**********

Um desses momentos me ocorreu e nunca mais dormi hoje. Ao menos até agora. No entanto, diferentemente da usual insônia que vem me acometido nos últimos meses – ou ao menos se intensificou nesse período – não fiquei irritado ou fritando na cama. Levantei, muni-me de algum dinheiro, fui ao posto de gasolina perto de minha casa e comprei algumas cervejas para me fazer companhia, mais o cigarro que anda me matando mais visivelmente nos últimos dias, e, bebendo, tossindo, fumando, tossindo, bebendo e pensando, mergulho em meu projeto literário noturno... Cá estou eu, batucando teclas e balbuciando sentidos tortos como minha pessoa.

Ao menos não chove, nem minha rua está alagada... Do contrário apelaria novamente pro apagão neuroquímico dos rivotris da vida.

Chega de rivotril!!!!

Se é pra ficar acordado, escrevo então, ora bolas!!!!

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Escrever não esvazia... Pelo contrário... Reinventa. Infla! Quase sou um padre voador quando escrevo, sem GPS nem bússola. Digo quase, porque também sem deus ou coisa que o valha. Quando é prosa, não tenho fé no que escrevo... Apenas escrevo...

Poesia é outra parada, é quase mediúnica... Prosa não, ainda mais de blog em noite de insônia...

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Um sentido leva ao outro.

E um novo sentido não apaga da memória, nem da história, o antigo. Pelo contrário, ambos passam a conviver de mãos dadas, quase amantes. Nós é que andamos, nos separamos, nos reinventamos e lançamos mão de sentidos outros. Ou inventamos... Reinventamos...

A vida é que segue e vai. Os sentidos se amontoam, embora o novo pareça sobrepor o antigo por conta de seu brilho ainda misterioso e gritante...

Nem museu, nem progresso científico... Antes teias, sinapses e curtos circuitos...

Assim eu vejo a vida.

Pelo menos agora...

(e lembro-me da pergunta idiota do facebook, “no que você está pensando agora?”, como se o pensamento desse pause e esperasse calmamente você descrevê-lo; antes, o que você descreve já é outro pensamento tão diferente do agora de antes quanto do agora do enter...)

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Não, não é mau humor insone... Apenas... É também metafísica de lúpulo... e nostalgia (pra não dizer saudade)...

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Acabei de adicionar ao dicionário o vocábulo rivotril...

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Blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá...

Está achando chato???? Então vai dormir porra!!!!!

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E já que eu falei de metafísica, momentos intensos e eternidade, um poema antigo...


METAFÍSICA DO ORGASMO MÚTUO

Além da tênue fronteira
de nossos corpos entrelaçados,
dançavam os fluidos
na consistência etérea de nossas almas...

Além dos lábios, suores e hálitos
nós, como dois países fronteiriços,
transcendíamos nossas posições continentais
na união indissolúvel
dos vapores espirituais
que o ardor de nossas labaredas íntimas
exalavam...

Nesse inefável instante
todo o fogo, carne e alma
regozijaram-se
diante da cálida contemplação da Eternidade.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

caça às bruxas... agora é foda!!!!!





Governo critica sobrinho de Oiticica por perda de obras

A secretária municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Jandira Feghali, criticou diretamente o curador do Projeto Hélio Oiticica e sobrinho do artista, César Oiticica Filho, conhecido no meio artístico como Cesinha. "Na minha opinião, nós perdemos um acervo por uma atitude fechada do herdeiro, particularmente. A gente conversou foi com o sobrinho", disse, referindo-se a César Oiticica Filho.

Na opinião da secretária, falta um marco regulatório no País que dê maiores condições ao Estado de dar acesso público e cuidar de obras de artistas mortos. Pela legislação atual, as obras são propriedade privada dos herdeiros dos artistas e seu uso depende de autorização deles.
"Meu lamento é profundo, até porque tentamos que fosse de outro jeito. Eu pessoalmente conversei com o sobrinho dele para a gente ter a cessão do acervo para o Centro Hélio Oiticica, por comodato. A gente não tem orçamento para comprar US$ 200 milhões. Poderiam não ceder todo o acervo, mas uma parte. Há que haver uma nova forma de lidar com isso e aí é uma legislação nacional", afirmou a secretária.

Por contrato realizado na gestão do ex-prefeito Cesar Maia, já vencido e não renovado, o Projeto Hélio Oiticica ficaria abrigado no Centro Municipal Hélio Oiticica, nas imediações da Praça Tiradentes, e receberia R$ 20,5 mil por mês. De acordo com Jandira, "não era o projeto que recebia R$ 20,5 mil por mês. Era o Cesinha, que montou um escritório privado num espaço público e recebia para ele. Essa relação do Cesinha com a gestão anterior é no mínimo polêmica e obviamente não pudemos manter. O acervo não estava lá desde 2002", disse.

"Ele recebia em nome de um projeto que não se cumpria", disse. "Ela (Jandira) está tentando fugir das responsabilidades que são dela por não renovar o contrato", respondeu por e-mail César Maia.

Procurado pela reportagem, César Oiticica Filho disse que, se a declaração de Jandira fosse publicada, ele processaria a secretária. "É impressionante como ela mente. Ela tem o contrato com o Projeto Hélio Oiticica", disse. Afirmou que o Projeto Hélio Oiticica gasta muito mais que R$ 20 mil por mês, sendo R$ 8 mil apenas para Museologia e Pesquisa. Também disse que o Projeto fez exposições históricas no Centro que tinha proposto um programa para continuidade da exposição e a Secretaria não aceitou.

Oiticica Filho ironizou a declaração da secretária de que na França, por exemplo, o Estado tem prioridade na compra da obra quando um artista morre: "Quem dera que o Brasil fosse como a França. Acredito que a Jandira quase nunca deva ir a exposições de artes plásticas". Também alfinetou: "a primeira ação de Jandira no Centro foi demitir a museóloga e até hoje não colocou ninguém para o lugar".

http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=22328889

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

do sumido...






















meu amor se foi

mas eu ainda estou aqui

cheio de ternura, carinho e calor

pra dividir


se ela se foi

fazer o quê

chorei bastante

cansei de sofrer


a lua me disse

cheia e reluzente

que uma lua nova

ia me deixar contente


e quem sou eu

pra duvidar da lua

filho da madrugada

e cria da rua


se a lua cheia me disse

a lua cheia não mente

se não for lua nova

vai ser minguante ou crescente...


****************


o samba ainda não está pronto, e postado assim, sem voz, fica morno... mas ainda assim aproveito seu teor otimista que revela minha recente ressurreição para a vida amorosa para arriscar linhas tortas como eu...


****************


estava em Belém quando abateram o helicóptero da PM. nem precisei ver os telejornais para antecipar as falas e notícias: que a resposta será contundente ou na mesma medida; que precisamos de mais veículos bélicos-blindados; que os traficantes festejariam em alguma favela do Rio a queda do helicóptero; que descobririam dentre os mortos moradores que nada tinham a ver com a questão; que haveria ampla e negativa repercussão na imprensa internacional... enfim... o que estava anunciado para até 2016 já começou.... tiro, porrada e bomba.


quando vi os noticiários no dia seguinte ficou um misto de deja vù e eu sabia no ar...


triste 'deja vù'... macabro 'eu sabia'...


e a população apóia a guerra, obviamente, afinal, vê se pode derrubar um helicóptero...


mas a pergunta de fundo que não quer calar é: como é que entram granadas, fuzis de diversos calibres, .30, artilharia antiaérea dentro das favelas... quando abriram a fábrica da Colt no morro dos Macacos?... ou da Sigsauer no São João?...


pois é, tem gente ganhando e muito com essa 'guerra'... e sabe-se lá porque nada acontece no combate às armas de fogo.... o diabo são as drogas e, como diria Marina Maggessi, os desdentados do Comando Vermelho e demais facções...


e tem muita gente perdendo também... toda a população perde, mas podem me dizer o que quiser que, dentre eles, quem mais perde eu sei muito bem quem é: o morador das favelas, refém da tirania delinquente do tráfico, da tirania estigmatizante da mídia e da (argh) opinião pública e da tirania pseudo-pacificadora das forças de segurança pública...


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Acabei de chegar de Belém e a chuva inundou de tal forma minha rua que quando chego à janela parece que ainda estou no Veropeso à beira daquele mundo d'água... mantendo as devidas proporções...


Lembro de quando era moleque e ganhava uns trocados empurrando carros enguiçados nessas pequenas enchentes e chegava em casa feliz da vida, nem ligando pros cascudos e esporros e castigos proclamados...


bons tempos...


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e, como não poderia ser, que que foi o Pet ontem, hein????!!!! Hein????!!!! Puta que pariu!!!! Das duas uma ou as duas: rumo à Tóquio e rumo ao HEXA!!!!


foguinho, me aguarde, foguinho...


ou melhor, guarde o chororô pra domingo!!!!


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última nota, agora séria e lastimável: Hélio Oiticica (da obra retrada no topo da postagem, da série cosmococa) morre pela segunda vez. Prefiro não apontar culpados específicos, família, poder público, curadores em geral, sei lá: a culpa é de todo mundo junto...

o que eu sei que isso jamais poderia ter acontecido... ao menos não dessa forma, com tamanho descaso, desmando e despreparo no cuidado com a cultura e a história brasileira...


definitivamente, lamentável...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

eu queria manifestar publicamente minha admiração por capilo e seu inesquecível comportamento nesses dias de maratona etílica em comemoração por seu aniversário. ele só deitou na mesa no último dia, no último bar e já na hora de ir embora. eu penso que ele deve ter deitado apenas para tirar a clássica foto em que aparece com os braços cruzados e a cabeça entre eles, tudo isso sobre a mesa e com um copo do lado. difícil encontrar um amigo de capilo que não tenha uma dessas no celular.

reconheço teu esforço, meu caro. receba minhas sinceras congratulações.

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noto que descobri maria gadú meio tarde. de cada 5 pessoas com quem falo dela, 4 já estão viciados na moça há um tempo. o cd dela - que coisa rara em tempos que nêgo faz disco como se fosse enlatado, é todo bom - toca em todos os lugares. na casa do amigo no domingo a noite. no carro de todo mundo que dá carona. no trabalho. no mp3 do rapaz sentado ao lado. impressiona mesmo o tal cd. todas as faixas são excelentes.

impressiona também como ela tem sido assunto recorrente. descobri hoje que tá pegando a luiza possi - contou-me um amigo e a piada é inevitável ainda que óbvia: tal mão, tal filha. outro me passou seu twitter, onde ela trocava amabilidades com sandy. outro alguém convida para o show num sei quando, num sei aonde. e nisso tudo descubro uma gravação primorosa de 'baba baby', clássico daquela imaculada expoente da cultura brasileira, kelly key. é de se perguntar se esse país não seria diferente se o joão gilberto gravasse latino. nem tudo está perdido.

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por sms:

- disposto ainda a fazer quase tudo pra não te perder
- acho que vc escreveu pra pessoa errada
- drika?
- fernanda
- desculpe-me
- tira esse quase e manda de novo
- não fica parecendo que estou correndo atrás demais?
- fica parecendo que está correndo atrás. e você não está?
- estou
- assuma-se

e ele desistiu daquele casamento que levava do nada a lugar nenhum. mandou um sms para a drika combinando de pegar o que era seu. ligou decidido para o Lipe, seu colega de faculdade e dono de um belo peitoral. que se danem os almoços de domingo, filhão!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

feriadão em 10 atos

1. um vidro de nutella para a sexta a noite e suas provocações
2. braços doendo, mas janelas lavadas
3. quatro caixas e uma vida dentro
4. um chão brilhando e as mãos ressecadas de cêra (tem acento?)
5. uma estante para livros em promoção na etna: quem precisa de guarda-roupa?
6. chop com colegas de faculdade e a dose anual de papos sobre a profissão
7. o churrasco de capilo lá e eu aqui com alergia
8. 3 sacos grandes de tranqueiras no lixo: de cartazes de despedida (os bolivianos são carinhosos) a dúzias de bolsa de congresso
9. uma caixa de tranqueiras que ficam: de garrafa de cerveja vazia a bonequinhos de argila bolivianos
10. uma singela extorsão policial na madrugada e voltas em botafogo na busca por um caixa eletrônico

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um alô para o seu domingos, o homem do frete que não sabe dar ré na kombi, não enxerga direito, mas cobra barato.

domingo, 11 de outubro de 2009


se eu fosse relatar os fatos de acordo com a minha visão deles, eu diria que desde sempre ele soube que a vida não era pra ele. mas isso é só o meu ponto de vista.

na verdade, ele era um bom sujeito para você rever as suas concepções de problema. tinha uma vida boa - pelo menos pra mim - que de nada adiantava. assim mesmo vivia largado como que quicando de parede em parede. aliás a imagem que me viria à cabeça se o tivesse que definir seria daquelas bolinhas malucas que você solta no chão e ela não para de quicar - essas bolinhas faziam sucesso na minha infância.

enfim, a vida não era pra ele. eu acho mesmo que esperar nascer o sobrinho era uma meta. um neto na família, na cabeça dele, poderia fazer os pais sentirem menos o seu sumiço. e nasceu o menino, arthur. semana passada, 3 meses antes de arthur fazer um ano ele amarrou uma bexiga no pescoço e foi viver seu caminho: ser peixe fora d'água - coisa que sempre foi.

eu não imaginaria diferente: nem carta, nem drama, nem nada. um livro dedicado para a mãe. dois cadernos com anotações diversas, direcionados "à quem possa interessar" e tudo o que precisava devolver reunido numa mochila: o casaco da gabriela; dois cds e um chinelo para maurício.

há quem diga que viver é coisa para corajosos e deixar de viver é algo de covarde. talvez não seja assim tão simples.

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para andrélima do quaseblog:

"Em algum lugar deve haver uma lixeira onde estão amontoadas as explicações. Uma só coisa inquieta neste justo panorama: que possa ocorrer o dia em que alguém consiga explicar também a lixeira".

é julio cortázar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

roubos, música e serviçais: ou tudo que você precisa saber numa noite de terça que não tem nada demais

eu tenho uma regra na vida: se alguém vem me roubar eu passo tudo com um sorriso no rosto.

ontem foi assim. cara chegou, mexeu na cintura e pediu o dinheiro. se eu pensei que ele nem tava armado? pensei. e eu estava há 5 metros do bar que frequento quase que diariamente e que todo mundo me conhece e que o dono ia pular o balcão e espancar o meu ladrão? certamente. mas isso iria contra minha regra.

vendo que dinheiro não ia rolar, o cara pediu o relógio. assim na boa. sem grito. se ele foi educado, eu não tinha porque não ser. tirei o relógio na boa e passei adiante.

louco é que você conta para as pessoas e todo mundo pergunta se tava armado, se me agrediu etc. as pessoas meio que querem saber se havia como "escapar". eu não parto desse pressuposto. se o cara chegou pra me roubar eu nem penso em escapar. eu só penso em acabar com esse pequeno fato inoportuno o mais rápido possível e fico ali, na tranquilidade.

é preciso saber a hora que você perdeu. perdeu, perdeu. parte pra próxima.

_a graça do assalto:

eu vinha andando com minha irmã e o cara parou na minha frente e pediu o dinheiro e ela seguiu andando como se não houvesse amanhã. eu pensei: nossa, como minha irmã é sagaz, salvou a bolsa e eu vou perder o relógio e/ou celular.

depois do assalto, ela pra mim: porra, desculpa ter te deixado. eu nem parei porque achei que era um desses mendingos que você conhece aqui do bairro e fica batendo papo ou alguém pedindo dinheiro e como você gosta de conversar com essa galera segui andando.

rá!

pós assalto: "maneiro é que agora também nêgo não tem mais o que te roubar, tu não anda com bolsa, nunca tem dinheiro, nem bijouteria...."

verdade. agora volto a ser uma andante que não desperta o interesse de bandidos pelo flamengo. porque, cara, o bandido que vier me roubar merece ser preso por burrice. agora REALMENTE não tem mais o que levar.

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estou numa fase de descobertas musicais. v-i-c-i-e-i numa tal de mariana aydar. mas hoje no almoço o tema foi uma tal de maria gadú. se liga na música abaixo, ouve de olho fechado e depois vê a cara da moça e me diz se você não se surpreendeu. você ouve e pensa, sei lá, na gal costa, abre o olho e vê a cantora da bandinha de rock que sua filha gosta. ok, leitores desse blog não têm filhos (eu sei porque são só 4 conhecidos nossos). enfim, você vê a cássia eller.
é isso: hora de rever seus conceitos, camarada.



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pra acabar: estou me mudando para um prédio onde o regulamento (sim, minha irmã pegou o regulamento e leu atentamente) diz assim: é expressamente proibido que a entrada principal e o elevador social sejam utilizadas por serviçais.

decidido: não perco uma reunião de condomínio. posso prever como serei feliz na minha nova comunidade.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

notas sobre a inteligência

tem uma propaganda de uma marca de comida para gatos (whiskas) que sempre que vejo fico imaginando que não faz sentido. daí hoje eu vi de novo e consegui entender porque não faz. na propaganda o gato recusa um prato de um chef francês (ou coisa que o valha) e vai na direção do prato de whiskas. ora, é óbvio que o gato iria para o prato de qualquer ração para gatos se a outra opção fosse fígado de ganso, com queijo de cabra e molho de maracujá (todo meu conceito de comida francesa aqui exposto). guardadas as devidas proporções, porque os homens pensam e têm curiosidade, seria o mesmo que colocar um sertanejo entre um prato de feijão e um prato com o fígado de ganso, queijo de cabra e etc. o sertanejo iria no feijão, claro - e aqui me permito generalizações. veja bem, não é uma regra que diz respeito a pratos e sim a costumes. porque o paladar, como tudo aquilo que nos é permitido optar e fazer voluntariamente, está enraizado em hábitos.

hábitos são coisas que se baseiam em muitos fatores. mas hábitos são antes de tudo culturais e sociais. quando nascemos, muitos dos hábitos que vamos adquirir já estão determinados pela vida que levam nossos pais e pelo local onde nascemos. e, certamente, uma das coisas mais difíceis de se apreender (não apenas aprender) na vida é justamente que esses costumes são sociais e culturais. porque o fato de já nascermos com eles (neles) os naturaliza de uma forma arrebatadora.

mudando de assunto, mas seguindo no mesmo, esta semana li em um blog um texto em que a autora explicava o seu conceito de idiota. o conceito de idiota infelizmente não é o que aqui me interessa. de todos modos os argumentos expostos por ela me estimularam a pensar o oposto. a pensar o que seria um conceito de inteligente. e não estou falando em saber, conhecimento. não me refiro a pessoas cultas.

eu dividiria os idiotas e os inteligentes em duas categorias maiores: os idiotas são aqueles que não merecem que eu dispense atenção; os inteligentes são os que merecem. de novo, o idiota pode ser doutor em harvard e o inteligente pode ser o sertanejo do primeiro parágrafo. saber, classe social e corte de cabelo não estão aqui incluídos.


retomando o raciocínio e motivada pelo post já citado, eu diria que uma pessoa inteligente é aquela que consegue estabelecer uma relação crítica com os hábitos. é a pessoa que é capaz de perceber que entre o fígado de ganso e o prato de feijão ela vai no feijão porque assim foi educada (no sentido pedagógico mesmo) e não porque o feijão é "melhor" - as comidas são aqui utilizadas como metáforas de duas coisas opostas (como para o gato), pois é perfeitamente sensato que um ser humano do século XXI coma ganso e feijão.

o inteligente é aquele que sabe que a vida é um processo e por mais redundante que pareça, é viva. não pode falecer presa a um conjunto de convenções e saberes que se mostram rígidos como uma rocha e naturais como a chuva. o inteligente olha pra si e vê hábitos, não regras. olha pro mundo e vê a oportunidade de adquirir novos hábitos. para o inteligente não é preciso "concordar" com o que acontece ao redor. se o que acontece não está em sintonia com seus valores, ele repensa seus valores, para depois avaliar o acontecido.

e aí, eu resgato uma máxima de um cara que nem admiro, mas que mereceria minha atenção: paulo francis. dizia o velho que pessoas inteligentes são contraditórias. e isso faz todo sentido pra mim. porque a posição do inteligente não é um todo monolítico. mas é algo a ser repensado e reconstruído sempre. é por isso que o inteligente tende a liberdade, a meu ver. porque a primeira prisão que experimentamos é essa, a dos costumes, a da pedagogia cotidiana.

daí que hoje eu fui ver o monólogo da fernanda montenegro baseado nas cartas de simone de beauvoir para sartre. num dos trechos ela diz que os homens têm medo da liberdade porque ela é assustadora. e assusta justamente porque precisamos experimentar esse exercício de desnaturalizar tudo, desde o paladar até as maiores certezas dessa vida - esse exercício na maioria das vezes pode não ser bem visto pelos que nos rodeiam. é por isso que simone diz que ser livre exige "coragem moral".

cheguei até aqui para lhes demonstrar que o gato da propaganda não era corajoso. portanto, entre um fígado de ganso e um pote de whiskas, apenas pense antes de ir no whiskas.

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a peça é maravilhosa. recomendo demais. um texto primoroso - ok, é simone de beauvoir. vai de camus a sartre numa leveza deliciosa. é libertário. é real.

justamente nesse trecho que citei, em que fala de liberdade, fernanda emenda na crítica que simone faz ao casamento. ela diz que exatamente porque sua ideia de liberdade é essa que o casamento é imoral. porque não há como nem se admitir que algo possa ser para a vida toda. veja bem, a ideia de casamento católica, não a ideia de amar alguém e "desejar" que dure para sempre.

"como vou dizer que o eu de amanhã vai querer o que o eu de hoje quer, se eu nem conheço quem serei eu amanhã?" (ou algo assim). enfim, um dos muitos trechos brilhantes.


tem três pontos altos, eu diria: a descrição do processo que foi para ela romper com sua criação católico-conservadora (alguém aqui se identificou?); toda a descrição da relação dela com sartre e as orgias e as mulheres e homens que tinham pelo meio (amor livre não é pra qualquer um) e finalmente, a relação dela com o universo masculino e toda a crítica que ela faz ao lugar que é dado à mulher no mundo (que é sua face mais conhecida, por conta do feminismo). sobre este último item eu queria muito escrever. mas fica pra outro dia. requer alguma reflexão.

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no teatro o texto de uma francesa. uma peça repleta de jacques, pierres, jours e eurs. no jantar que veio depois uma mesa ao lado com 2 francesas e suas amigas brasileiras.

tudo no mundo lembrando que o oceano atlântico está aí para ser desbravado. e que do outro lado tem abraço quente.

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apenas uma menção à mercedes sosa. "sólo le pido a dios que el dolor no me sea indiferente".

um bom descanso.

domingo, 4 de outubro de 2009

depois do homem de bem...

Este blog, que já sofreu até processo dos "classemedios" e teve que ficar um tempo fora do ar é bem bacana. Vale conferir:
Classe Média Way of Life

sábado, 3 de outubro de 2009

das coisas que eu gostaria de participar

Revista M...

Na edição, entrevista com Sidney Magal além de uma entrevista com um ilustre desconhecido, por Silvio Lach, a burocracia de se escrever o que se quer até nos classificados (no caso, na parte de serviços sexuais). Não li tudo, mas gostei. A cara é boa. E tem até um OmbudsM...