domingo, 31 de maio de 2009

nós circulamos


é clichê, eu sei, mas é bastante sincero: qualquer coisa que eu disser vai ser incapaz de descrever o dia de ontem e o que aqueles que estavam lá puderam sentir.

o que tinha de nêgo me dizendo que não queria ir embora, me fez a perder a conta. e as bandas brigando porque queriam ficar? e capilo se fazendo de bebum porque queria dormir lá?


a história não foi muito diferente das outras vezes. o négocio é que dessa vez tinham atrações especialíssimas. tipo: uma orquestra e seus instrumentos de sopro descendo a rua, tocando, entre outras coisas, zé keti e jimi hendrix? ou a galera dos instrumentos suecos e música indiana? foi bem louco. tinha mais gente do que das outras vezes também. talvez porque dessa vez nos organizamos mais. na sexta, eu e capilo comentávamos que se todo mundo que 'prometeu' ir, fosse, o morro não ia caber. pois foram. e ainda foram uns outros tantos que não tinham prometido. eu fiquei impressionada como ia andando na rua e encontrando gente. ou como meu celular tocava com nêgo perguntando como chegar lá.

- oi hugo, você pega o 623 na estação do metrô em del castilho.

- pego o que?
- cara você tá vindo de onde, porque você pode ir pra leopoldina.
- de botafogo. mas é que eu estou no rio há poucos dias, não conheço nada. você tem que explicar com detalhes.


o que leva um cara que não conhece o rio, sair de sua casinha para um lugar tão 'perigoso' como o morro do alemão? será que esse louco não vê jornal?

bodão, comentário que rolou o dia todo: 'porra, bodão tinha que estar aqui'. e ficamos fazendo mil planos pra quando você voltar. dia 4 de julho vamos comemorar a independência dos eua em grande estilo, prometo.


vão rolar centenas de fotos, certamente. como sempre, tinham dúzias de fotógrafos. depois coloco umas aqui. esse post é só uma tentativa sonolenta de externar uma satifação profunda. como eu ainda estou sem forças para sair por aí gritando que o circulando foi fantástico, resta-me esse blog.

clê

sexta-feira, 29 de maio de 2009

eu circulo, tu circulas, nós...

dá uma ansiedade, confesso. mas do jeito que tá todo mundo louco, vai ser uma delícia.


circulando 6, no morro do alemão.
www.eventocirculando.blogspot.com
foto: dhani borges

Carlos Marques... unmaking-of


Fiquei dias pensando no que escrever aqui. Queria falar do Marques, de NY, da realidade... bem, bebi uma garrafa de vinho e estou na minha segunda caipirinha-rabo-de-galo... acho que é a hora, então, devidamente esclarecido, faço e não espero acontecer...

A piada do Marques não deu certo. Quando achei esse boneco nas coisas do casal de professores donos da casa aqui em Springfield onde eu e minha gatinha estamos, ainda na pilha da morte da família mickey, pensei: ‘taí o alter-ego que eu queria para debochar dos americanos’, já que tenho um missão aqui, enquanto pseudomestre em Piada Coletiva e correspondente internacional do ombudsmandocapeta para cobrir a crise do capitalismo. E foi lindo, pois juntou com uma vontade antiga de fazer algo tipo ‘Amelie Polain’ e aquele anãozinho de jardim que fazia tour na Europa... mas não deu, vide posts anteriores...

‘Menos, Bodão, menos...’. pensei.

Por outro lado tirar as fotos nas ruas é o maior barato. Os gringos ficam olhando sem entender direito. Alguns reconhecem e riem... Pelo menos estes entendem a piada... Não devem ser marxistas... definitivamente, muito pelo contrário – ou não...

Resolvi fazer assim então: posto uma foto ou mais fotos relacionadas a um tema de cada vez, desviando o foco central do formato besteirol e relatando as divagações que me acometem. Até porque são muitos temas e infinitos devaneios...

Então, mantendo a promessa, primeiro capítulo...



Marques, WTC e a realidade

O WTC, como podem ver atrás de Marques, virou um grande canteiro de obras. Não pude fazer a foto encostado nas suas abstratas e inexistentes pilastras, tal como encomendado por nosso companheiro Faveleiro. ... Até porque, ao que parece aqui, pior do que sacanear o acontecimento é ficar no meio do caminho da pressa e da força de trabalho dos corpos e almas explorados...

Mas... agora acho que foi até melhor assim. Porque, conforme colóquio com Marques (não dá, ele virou meu amigo imaginário...), esse evento não tem nada a ver com golpe no capitalismo... No imperialismo yankee até pode ser...

Explico: não acho que esse tenha sido um golpe no american way of life, pelo contrário, foi suplemento alimentar, polivitaminínico... fortaleceu seus panfletos hollywoodianos e seu blá blá blá freedom e os caralho...

Penso que apesar do que rola no Oriente Médio, esse ataque foi briga de cachorro grande, capitalistas yankees – e judeus, é verdade – versus capitalistas árabes... Osama Bin Laden e Al Qaeda não representam de forma alguma o proletariado islâmico. Foi mais disputa por mercados e petróleo do que insurreição política... Vide apoio político da CIA ao supracitado quando ainda existiam (será???) dois blocos...

Parece mais manipulação de sheiks do que esclarecimento, e essa figuração ostensiva dos mártires somente reforça uma perspectiva individualista, a meu ver (nosso!!, grita Marques)...

Além do que, aquela hora do dia somente devia haver trabalhadores no prédio, nenhum CEO ou coisa que o valha... E megaindustrial não viaja de boeing...
Simbólico, sim... mas de um simbolismo de certa forma alienado...

Realidade...

Ando vendo muitos filmes sobre o terrorismo (claro, é o must do momento!) e, em geral, independente da nacionalidade do diretor, recheado por discussões rasteiras... Parecem dinâmicas de grupo... falsamente neutras e buscando uma pluralidade faz-de-conta que de saída me provocam esgares – pra não mencionar as inúmeras e estúpidas precariedades formais e epistemológicas, na medida torta em que se pretendem verdadeiras. Bem afeitas ao nosso modelo hegemônico, perverso-pragmático, famigerante e esquálido de democracia...

Pois bem, Clê, o real...

Na real... (tin-tim!), eu acho o seguinte (e Marques diz que vai ao banheiro, em protesto...): o grande problema de se pensar a realidade como totalidade e a história, a partir dessa apreensão hermenêutica, como sobre-determinada, ainda que pelas condições materiais e contextuais, segundo um sujeito (racional) histórico, sujeito a sínteses dialéticas, é que se considera a possibilidade de super-ação de um modelo de pensamento. Superação que a meu ver, independente se por argumentos lógicos ou bélicos, me é eticamente incorreta – para não dizer improvável.

Melhor dizendo, a ideia de uma verdade mais verdadeira do que outras, enquanto leituras de mundo, me parece por demais arrogante e absolutista, positivista, armadilha que o proprio Marx denunciou ao atacar o hegelianismo, embora sem deixar de pensar sob suas bases epistemolologicas... E que arrisca derrapar num totalitarismo, vide a supressao de outros enunciados segundo esse imperativo megalômano.

Nesse ponto, acho que vale reler e re-operar a inversão feuerbachiana sobre Marx, agora...

E pensar os embates sob o prisma da diferença e da convivência... pacífica... democrática... plural no sentido de incorporar o dissenso como norma operante das relações políticas...

Porque eu posso sucumbir... posso... mas não me tornarei mais ou menos esclarecido ao incorporar a verdade que me contam... ainda que o sinta na pele – vide gabriela, eloá e joão vitor, dentre outros exemplos escrotos...

Exercitar a pluralidade enquanto impossibilidade de síntese... e potencializar a irrupção de reais outros...

‘Por um mundo onde caibam muitos mundos’... tal como nos ‘desaliena’ o Sub-comandante...

Por enquanto é isso...

E na realidade... eu já estou bem bebo... (tin-tim)!!!


BUM!!!!!!!
Bumpaticumbumprugurundum...

(ouvindo Alpha Blondy - Jerusalem)

quarta-feira, 27 de maio de 2009




minha mochila.

tem 3 mil músicas no computador e nenhuma que eu queira ouvir.

eu queria ler caio fernando abreu agora.


revistou minha mochila.

o celular continua desligado e a vida melhorou.
liguei a torradeira de 110 volts na tomada de 220 e meu jantar ficou pronto bem mais rápido.


um policia revistou minha mochila.

eu não almocei hoje.

jantei um sanduíche.

agora toca backstreet boys.


um policial revistou minha mochila hoje.

o barcelona ganhou do manchester.
eu vi o gol do messi no intervalo da aula.

semi-finais da copa do brasil rolando agora. eu quero ver.


um policial do core revistou minha mochila hoje.

saiu a programação da flip. eu quero ir (todo ano é isso).

eu ainda estou com fome.
eu não sei se capilo não gostou de alguma coisa e desistiu de ver o jogo no bar - era a minha esperança de comer.

um policia do core, com um fuzil na mão, revistou minha mochila hoje.

meu pai de verdade ligou hoje se oferecendo pra vir no meu aniversário - meu aniversário tem as manhas de ser uma data agradável.

eu falo pro meu aniversário que não gosto dele, mas ele insiste em vir todo ano.

um policial do core veio num carro com outros tanto policiais, com um fuzil na mão, me parou e revistou minha mochila hoje.

amanhã, ainda bem, já é quinta.
ansiosa por sábado.

querendo nutella ainda.

impaciente - como sempre.
preciso fazer a sobrancelha.
amanhã é dia 28.


um policial do core veio num carro com outros tanto policiais, com um fuzil na mão, me parou e revistou minha mochila hoje, na maré.

a pilha de livros da direita é o que tem que ser lido.

a da esquerda é o que já começou a ser.
a da direita convive com o milagre do crescimento - ahh a direita.
a da esquerda avança a parcos modos - esquerda!

ele colocou a mão na minha cintura enquanto conversava sobre um assunto qualquer.
a mão me desequilibrou.

nem ouvi o assunto.

nem fui capaz de falar algo que reagisse à mão na cintura.

odeio.

um policial do core veio num carro com outros tanto policiais, com um fuzil na mão, me parou e revistou minha mochila hoje, na maré. ele perguntou onde eu morava. perguntou o que eu fazia. mexeu nos meus livros, agenda e pacote de absorvente. passou aquela mão porca no meu dinheiro - limpo - e nas minhas anotações. me disse que deveria evitar lugares como a maré e falou que a polícia estava fazendo uma operação grande lá dentro, por isso a revista. eu pensei em pessoas. em mortes. na praia. não necessariamente nessa ordem.

me resignei.

me irritei.
mandei uma mensagem para capilo:

- core acaba de me revistar.
- e você estava limpa?
- sim. deixei o bagulho no seu carro ontem.

c`est la vie e bola pra frente!!!




acabei de ver esse filme do Alain Resnais e vim correndo pra cá. muito bom!! mesmo. o original se chama `coeurs`' , coraçóes... no Brasil deve ter ido com esse título `nada a ver`americano traduzido literalmente, 'medos privados em locais públicos`... realmente nada a ver...
além de todas as jogadas de câmera e da sensação de que o diretor está ali junto dos atores e da trama e do cenário dizendo coisas, aquele ar meio deprê meio c'est la vie dos filmes franceses ( ao que eu emendaria 'e bola pra frente' carioquíssimamente) me fez bem agora. muito melhor que os happy ends americanos (ao que eu remendaria, meio mineiramente, 'ah, tá bom, então`)...
aliás, as diferentes tramas parisienses enredadas me lembraram, muito de leve, um leblon a la domingos oliveira ou a los angeles de magnólia... definitivamente os franceses brincam com o cenário e o nonsense muito melhor... chuva de sapos foi difícil de engolir...
realmente foi um achado... veria de novo!!!
revi, copiei as falas e transcrevo abaixo um diálogo primoroso!!!! (em inglês, conforme as legendas... estou meio sonolento para traduzir agora... mas é fácil, dá pra entender tranquilo... afinal, somos todos cucarachas subdesenvolvidos pequeno-burgueses e temos alguma noção de inglês, ainda que superficial, certo?...)
LIONEL : I wish i had your inner strength. Your faith. The confort it brings you. But i'm afraid i can't. God up there somewhere in his heaven, and hellfire waiting for us below. I can't believe all that. I'd like to. But i can't. I suppose we pass through life alone.
CHARLOTTE : If i may say so, Lionel... I think it's more complex than that. I'm not a great believer in hell either. Or in any other form of damnation. But if hellfire exists, it's burning within us. And we feed it with our weakness and failings. If we don't try to put it out... It consumes us. And even worse, consumes others too.
LIONEL : It's within us?
CHARLOTTE : I'm convinced of it.
LIONEL : Even within you?
CHARLOTTE : I must go.
******
E eu também Charlotte...
(e vou dormir com a sensação de que se a gente assimilasse efetivamente o sentido latente gritante desse diálogo, teria muito psicanalista passando fome a essa hora)

domingo, 24 de maio de 2009

o duro que eu dou

Eu acho esse título do filme do Simonal muito bom: ninguém sabe o duro que eu dei. Se um dia eu chegasse a ser uma pessoa digna de ter uma biografia editada, eu ia gostar bastante se o título fosse esse. Simonal talvez tivesse gostado também.

Eu nem vi o filme ainda. Gostaria de ter visto. Mas ando no auge do sucesso com o processo de baixar filmes. Ainda mais agora que consegui resolver o problema das legendas – VLC é o nome da solução. A facilidade de conseguir certos títulos desmotiva a ida ao cinema.

Mas eu comecei falando do Simonal porque eu não agüento mais ouvir falar do Simonal. É sempre a mesma coisa: desenterra um personagem e satura a platéia abobalhada com ele. É uma mobilização generalizada. Fizeram um filme, está tocando nas rádios, está no Ancelmo Gois, os programas de ‘entretimento’ levam os filhos dele e quando você se dá conta, todo mundo está cantando: nem vem que não tem, nem vem de garfo que hoje é dia de sopa... Tenho quase certeza que daqui uns dias tem uma minissérie no ar. Ou um desses programas de homenagem. E olha que eu mal vejo televisão. Mas leio jornal, não tem jeito.

O diferencial do Simonal para, por exemplo, o Cazuza ou a Maysa é que ainda tem toda essa discussão de como o cara foi injustiçado. O que eu fico pensando é que a história não se repara fazendo documentários. Na verdade, eu nem acho que a história se repare. Mas isso dá pauta. Dá público e faz dinheiro. Eu não tenho dúvida de que ele foi um bom cantor. É por isso, por exemplo, que eu já o escuto há um tempo, mesmo não sendo da ‘minha época’ – sem precisar de documentário ou coluna do Ancelmo. Até acho a ideia do documentário interessante, mas a comoção que o segue, o debate como se fosse uma grande questão nacional e todo esse discurso esdrúxulo do injustiçado são ridículos.

É preciso entender o contexto dos fatos. Ele mandou um policial do Dops bater num outro cara. Esse coitado foi torturado. No auge da repressão ele queria se explicar para o país inteiro? Faça-me o favor. Ele já era perseguido porque cantava iê-iê-iê ao invés de cantar música de protesto? Altamente compreensível. O país se fudendo e sem os otários que protestavam estaríamos nessa até hoje, se duvidar. Nossos reis do iê-iê-iê só fizeram história na música tupiniquim porque havia uma boiada colocando a cara para bater. A realidade é dialética e os fatos só existem, porque coexistem. Por isso, as reações ao compositor de ‘País Tropical’ são compreensivas, assim como o contrário. A cultura não pode se resumir ao protesto político.

Boicotá-lo foi demais? Enterrar sua carreira foi injusto? Eu não sei. Simonal cometeu erros e por eles pagou o preço que o seu momento histórico cobrava. Se foi alto ou baixo, não interessa. Não dá para separar a realidade segundo nossos interesses. Achar que o músico é uma pessoa e o cidadão é outro. Não misturar a arte com a política. A realidade é um todo bem consistente. Achar que se pode pular fora dela é uma estupidez. Talvez ele não tenha se dado conta disso. Mas tudo isso não faz dele um artista melhor ou pior. Faz dele um cara normal, como eu e você, desses que ninguém sabe o duro que dá. O resto é besteira para preencher páginas de jornal e outras bossas.

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há uns dias eu estava em um bar e tinha um cara vendendo umas tranqueiras. falei que não tinha dinheiro e desejei sorte. ‘Estou precisando mesmo’, foi o que ele respondeu. perguntei se a vida não estava boa. ele disse que não era a vida, é que ele estava no lugar errado. ouvi um pedaço da história do cara e me lembrei de uma vez que cheguei a Brasília de ônibus e tinha um cara desesperado por uma passagem, porque queria voltar pra cidade dele. eu e mais um outro cara completamos a passagem do infeliz. na época, acho que dei uns 30 reais e o sujeito partiu.

o lugar errado é sempre duro. o lugar errado sozinho é tipo ter 3 anos e nadar sem bóias. dá angústia.

passagens e bóias.

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com muita vontade de pegar um pote de nutella e ficar uns 3 anos comendo-o, deitada numa cama com vista para o céu de outono, num ambiente com isolamento acústico, perdido no infinito. e há quem diga que a felicidade é inatingível. é tão simples: eu sou capaz de colocar a minha em três linhas.

tudo junto!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

eu jurei que não ia postar nada hoje, mas... resolvi furar meu programa de recuperação e vou fazer uns breves relatos antes de ir para wall street. para controlar minha blogadicção, aí váo pequenas notas e comentários:

não dá para ler esses manuscritos de 1844. consigo ver um valor histórico tanto pelos textos em si, quanto pelas partes retiradas, os fichamentos, enfim, vale muito para alguém que pretende ser um comentador de marx, o que não é o meu caso... vou procurar outra coisa dele aqui, ou vou me ater ao zapatismo e paul auster... não, meus caros, isso não quer dizer que abandonei as aventuras de carlos marques...

***

ontem rolou um rango aqui em casa muito bom. veio um casal amigo da amana, andrea e greg, ela uma americana de origem germânica muito simpática com excelentes dons culinários - trabalhou com alguns bons chefs na adolescência, aquela coisa americana de trabalhar nas férias... - e ele um crítco de música em algumas revistas e colecionador de vinis. o cara tem um gosto super eclético e bom, viu. ouvi de fela kuti a astrud gilberto, passando por jair rodrigues 1971 e martinho da vila (little martin from the village) das antigas...

antes da comida ficar pronta ela soltou a pérola 'to cook for me is like a kind of mix between art and chemistry, you know`... no, andrea, mas agora eu tô sabendo... show de bola... e melhor de tudo: amana ficou observando o preparo, o que garante futuras aventuras culinárias da minha gatinha... e do seu bode lariquento!!!

***

esse promete ser um final de semana de muito calor. às vezes não acredito que vou passar meu segundo verão deste ano. tem um psicólogo social famoso que fez aquela experiência sobre as prisões (que deu origem a um bom filme alemão, 'a experiência')... pois bem ele fez uma palestra na rutgers e amana me contou uma pérola, no mau sentido, de sua fala. ele diz estar pesquisando as diferentes possibilidades de´elaborar projetos de vida e planos de futuro entre diferentes sujeitos de diferentes países e continentes com uma escala de merda lá que ele inventou e tem a hipótese de que as pessoas do hemisfério norte teriam maior facilidade para elaborar um planejamento a médio e longo prazo porque as estações do ano são mais bem definidas, o que favorece uma percepção apropriada da passagem do tempo... é, a distribuição desigual do capital, a exploração imperialista, os genocídios e colonizações do passado e presente, isso não entra na escala do filho da puta e tudo cai, pra variar, na conta do indivíduo...

bem, eu então com dois verões não quero saber de futuro, presentificação total (uh-ru!!!)

***

hoje vou numa festa não sei aonde só sei que é em ny... agora é sério, vou me afastar por alguns dias... não, não vou procurar computadores para acessar o blog na rua... se bem que vou ter que trabalhar um pouco mais em um artigo que tenho que terminar... sinistro ter que encaixar meus pensamentos em um número de laudas pré-estipulado... sou verborrágico...

e além do que, tenho que controlar minha blogadicção se não daqui a pouco estou roubando para pagar dívidas em lan houses e similares...

enquanto isso:
clementina, vê se ajeita esse layout, please... vou ver se acho um carlinhos marquinhos pra você também...

faveleiro, menos faveleiro... posta ae cara, qualquer coisa...

capilo, cadê você????

leitores, me aguardem...

(já tô indo, marques, caralho, esse filho da puta está ansioso demais para conhecer wall street... o que será que está planejando???...)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

direito de resposta, cerveja e saudades

bem, cheguei em casa agora e aproveitando que Marques está dormindo, vou postar alguma coisa.

antes de mais nada, tenho que falar uma coisa: Faveleiro, você me surpreendeu... Pensei que você fosse me sacanear, falar que eu não entendo nada de Marx, marxismo, só falei besteira, e tal. É, você na verdade disse que achou horrível. Até aí tudo bem, faz parte, e eu até esperava que você fizesse isso. Mas me fazer quase um apelo para eu não escrever a parada... Não entendi. Bom, deve ter ofendido. Sinto muito, mas vou tirar fotos do Marques em NY, sim!!! Afinal, é um boneco (produto bem capitalista não acha??? Parece camisa do Che... da Osklen)

Realmente nunca li Marx, aliás, estou até lendo agora... Ele quase me obrigou de tanto que falou que eu não entendo nada do que ele está me dizendo... Comecei pelos Manuscritos de 1844... E o bom é que apesar de ser em inglês o autor está aqui para tirar minhas dúvidas...

Na verdade eu escrevi pensando em vocês que dizem tanto ser marxistas, pra cutucar, brincar... Aí você pega e parece que lê a parada como se fosse um sacrilégio... Menos, Faveleiro...

Se você for ver, na maior parte do tempo em que escrevo e posto aqui são bobagens... A maior parte do tempo eu estou falando sobre porra nenhuma... A maior parte do tempo, eu me dedico a falar merda...

Ah, antes de dormir Marques ficou aqui me cutucando e dizendo que você está enganado, ele não é deus...

**************

Bem, censuras à parte, descobri finalmente a minha cerveja predileta aqui nos states. Diretamente da Filadelfia, terra de RockyBalboa e cream cheese, Yuengling!!!!!!





Bem, ia agora postar uma análise antropológica das cozinhas americanas e a relação dos americanos com os afazeres domésticos, lixo, ambientalismo e como tudo aqui no fundo, no fundo fede a sangue, exploração e imperialismo...

Mas ia ser muito etnográfico... do jeito que Faveleiro prefere...

Também não escrevo, só de sacanagem...


Tintim!!! Saudades!!!!

Vou dar uma folga procês...

Amanhã vou pra NY levar o Marx para conhecer o umbigo da Besta imperialista yankee...

Só não vou tirar foto dele no memorial do WTC porque tenho medo de apanhar... Mas que vai passar a mão na bunda do touro da wall street vai, ah isso eu agarantchio!!!!

seguinte:

- eu NUNCA mexi no layout desse blog. logo, não fui eu que tirei o tal diabo. vocês deveriam parar de ficar se zuando e postando um diabo mais feio do que o outro e resolver essa merda desse layout. isso porque esse blog tá rídiculo. essa imagem com um endereço na frente tá feio, assim como essas linhas vermelhas. só salva o nome e essa parada embaixo: poemas, devaneios e desvarios. de resto, é lixo. que tal experimentar se falarem e ir melhorando?

- marx não seria flamenguista, nunca. o futebol aliena, oculta as lutas de classes com seu discurso 'democrático' e finalmente: marx era um cara esclarecido - pra não falar em caráter.

- a acidez de faveleiro até arrepia.

dirty speech


uma seda, um fuminho, um cigarrão...


ensaiando versos infames bêbados na madrugada in english...


i hit a small joint
and it smells great like skunk


i hit another one
and have fun

i hit and feel
like i've got stoned

but

after

another

small one

i just feel like

i might

hit

another one...

high fun...

*********

vou tentar traduzir alguma poesia minha pro inglês pra recitar nas partys...
rolam vários eventos de poesia no central park...
e a galera gostar e eu tiver doido com certeza vou me arriscar no stage...

aaaaahhhh muleke!!!!

(e Marques fica rindo ao meu lado socializando uma caipivodka com svedka - vodka sueca - e limões sicilianos)

cheeba cheeba!!!!

(ouvindo Sharon Jones & the Dap-kings, '100 days, 100 nights')

quarta-feira, 20 de maio de 2009

chega logo, dia 30!

meu caro amigo



lembram-se de sexta feira passada, quando comprei um litro de red label e postei uma foto do copo com o laptop ao fundo, no ombudsman, lembram...

pois é...

depois de mais algumas doses resolvi fritar alguma coisa para comer e reduzir um pouco a doideira e a concentração alcóolica.

fiquei um tempo na cozinha e estava comendo um mixto com ovo quando ouvi um barulho na sala e tive a impressão de ver um livro correndo, subindo as escadas. já tinha matado o mickey, a minie, os sobrinhos do rato, náo poderia ser outro roedor capitalista desprezível da disney... bem, levando um livro só poderia ser algum rato metido a besta, tipo ratatouille. ou poderia ser o jerry, pensei já correndo para conhecer o famoso camundongo.

estava subindo as escadas olhando para as portas dos quartos ao longo do corredor, quando ouvi, vindo do quarto de hóspedes, um grunhido estranho, mas humano e aparentemente feliz. pensei que podia ser algum cientista maluco que se encolheu, sei lá, corri pra ver.

qual não foi minha surpresa quando me deparei com a cena mais inusitada, eu diria, de toda minha vida. deitado na cama, apoiando a cabeça numa almofada e lendo um livro sobre o zapatismo, 'The Zapatista Reader', o grande filósofo alemão, Karl Marx...


(tudo bem, se formos tomar ao pé da letra, nem tão grande assim...)


fiquei estupefato, sem palavras a princípio, petrificado.
ele fechou o livro calmamente e ficou me olhando em silêncio como um lutador estuda seu oponente antes de uma luta. gelei...
ele quebrou o gelo e se apresentou como Carlos Marques, dizendo que prefere ser atualmente chamado assim... eu ainda não conseguia pensar direito, o cumprimentei meio assustado ainda e ele riu.
começamos a conversar e ele foi me explicando o que fazia aqui. veio encontrar o casal de professores, segundo ele notórios militantes da esquerda húngara (o marido) e indiana (a mulher), aproveitando a posição estratégica para estudar os efeitos da crise atual do capitalismo. ficou surpreso quando não os encontrou em casa.
expliquei minha viagem, falei do mestrado e tal, da galera do ombudsman, ele ficou bem feliz de saber da nossa criação e de nossas opiniões e posições políticas. ao dizer onde trabalho perguntou "e o que vocês observam lá", cheio de sotaque... me enrolei um pouco mas expliquei o que eu fazia, que se tratava de uma ONG e tal. ele respirou fundo e ficou um clima meio pesado.
ofereci então uma dose de whisky e ele me respondeu que preferia beber cerveja. fomos comprar. chegando no mercado, ele quis que eu comprasse budweiser, segundo ele, cerveja preferida dos trabalhadores americanos. nem discuti.


ficamos bêbados e deu a hora marcada para encontrar Amana para irmos ao bar em New Brunswick. convidei-o para me acompanhar e ele não titubeou, já meio alegrinho e com uns olhos vermelhos e intensos.
Amana ficou paralisada no começo, mas depois se soltou. assim como Marques, na foto abaixo soltinho querendo ser fotografado ao lado do trabalhador que nos servia.


chegamos em casa e matamos o whisky. Fui preparar a cama para ele e, doido como o que, preparei a cama e uma peça para ele. forrei uma camisa com notas de dólar e botei um cartão de crédito como travesseiro. ele, ao ouvir a palavra 'crédito' começou a rir descontroladamente e gritou 'um viva à hipoteca!!!!! hahahahaha'... muito doido.
ele não aceitou dormir, mas deixou eu tirar uma foto dele na cama. enquanto eu fotografava ele grunhia bêbado 'das kapital, das fucking kapital'...


perguntei se ele queria um pijama, podia arrumar alguma coisa tipo um maço de cigarros vazio, sei lá, ele falou que gosta de sua roupa, estava tranquilo... comentei que a combinação de vermelho e preto são as cores do flamengo, time que eu torço e tal...
aí, eu chorei de emoção... tudo bem que eu estava bêbado, e tal, mas não consegui segurar o choro quando ouvi Marques cantar üma vez Flamengo, sempre Flamengo"...
sim, ombudmaníacos!!!! Karl Marx, ou Carlos Marques como pretende ser chamado agora torce pelo Flamengo!!!!!
falei que meus companheiros de blog iriam ficar bolados e relacionei os ombudsmen com seus respectivos times. ele disse então que jamais torceria pelo botafogo ou fluminense, times da elite financeira carioca, sua paixão era pelo povo, pelos trabalhadores, e, por conta disso, pelo Flamengo. afirmou ainda que nutria certa simpatia pelo Corinthians também, mas que a torcida do Flamengo é apaixonante.
- "quando vi na maracanã, pensei, que torcida é essa" contou ele, visivelmente emocionado.
rimos e conversamos e cantamos o hino e outros cantos da torcida do Flamengo até dormirmos.
por fim, combinamos de ir para Nova Iorque neste final de semana e nos outros. eu propus e ele topou que suas idas comigo e Amana e nossas conversas, análises e divagações comporiam uma série de postagens no ombudsmandocapeta, chamada "As aventuras de Carlos Marques na barriga da Besta".
considerem portanto essa postagem uma breve introdução para nossas aventuras na big apple...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Livros, filmes, tv & outros passatempos caseiros


Tenho passado um bom tempo aqui vendo filmes. Os donos da casa tem vários filmes indianos e europeus, o que tem preenchido minhas tardes, quando Amana vai estudar na biblioteca da Rutgers e fico só em casa, ou mesmo quando ela estuda em casa. Eu realmente adoro ver filmes, mesmo no Brasil, e essa rotina tem sido show de bola.

Aqui na casa a tv fica no porão, junto com aparelhos e vídeos e livros de yoga e pilates. Aliás, essa casa é quase uma biblioteca, tem livros em quase todos os cômodos. Basicamente livros sobre política e sociologia, movimentos sociais, muita coisa sobre a Índia, muita mesmo, além de clássicos e livros sobre o movimento negro americano, zapatismo, feminismo, yoga, culinária indiana, etc. Como meu inglês não é também lá essas coisas, tenho ido aos poucos, por conta da quantidade de palavras desconhecidas e termos técnicos, além de meu interesse limitado – afinal, sou turista, certo.

Tenho melhorado meu inglês com a soma de situações irremediáveis (quando toca o telefone, estou numa festa, vou fazer compras, bebo e puxo papo com outras pessoas, etc), lendo (jornais, Paul Auster e o livro sobre o movimento zapatista com textos de Octavio Paz, Gabriel Garcia Marques, Eduardo Galeano, entre outros) e vendo filmes com legendas em inglês.

Aqui nos EUA tem uma locadora muito interessante, a Netflix. Ela é toda gerida pela internet e os filmes chegam pelo correio num envelope em que vem o dvd dentro de um porta-dvd de papel onde encontramos a sinopse e um breve quadro técnico do filme e um outro envelope, este destinado para a a devolução do dvd. Não tem propriamente uma data para devolução, o que acontece é que você envia uma lista de filmes e conforme os filmes são vistos e devolvidos pelo correio, eles lhe enviam os próximos filmes listados. Muito bacana.

Vi coisas muito boas, mas alguns não sei se são fáceis de achar no Brasil, dentre outros mais antigos que já vi em diversas locadoras cariocas. Eis então uma breve lista dos melhores filmes vistos até agora:

- ‘Torremolinos 73’ – essa comédia é excelente... um vendedor de enciclopédias e sua mulher são chamados para fazer filmes de educação sexual para serem veiculados na Dinamarca, Suécia e demais países escandinavos, mas acabam sendo transformados em estrelas-pornô. Muito bom!!

- Antes da chuva – esse acho que tem no Brasil. O filme versa sobre conflitos étnicos na Albânia e Macedônia enquanto mescla sua história com a de um fotógrafo macedônio que vive na Europa e é especializado em fotografar áreas de guerra e conflitos armados. Tem uma mistura de imagens escatológicas e sangrentas com outras bucólicas e estonteantes, enredando uma série de cenas bacanas num ritmo bem poético. Adorei a forma como foi editado, com (não sei o nome certo) trajetórias de câmeras não lineares, ou melhor que brincam com a linearidade. Bem, não sei explicar, só vendo para entender melhor – o filme e meus gestos que preenchem minha falta de palavras.

- Kitcshen Stories – muito doido, um filme sueco sobre um processo de pesquisa de cozinhas desenvolvido por uma empresa especializada em ‘standards kitchens’ que pretende expandir seus negócios na Noruega. Poucas palavras e uma expressividade teatral e poética simplória, comovente e muito elegante.

- Paradise Now – filme sobre dois homens-bomba palestinos numa ação meio atrapalhada em Tel Aviv. Diálogos versam sobre dilema democracia versus terrorismo, com alguma imparcialidade... Ou melhor, exposição de bons argumentos de ambos os lados, sem fechar propriamente com nenhuma das idéias, sem bater o martelo – o que, sem dúvida, aponta para uma posição democrática. Vejam e discutam... Eu e Amana debatemos por horas... Afinal, é seu estudo atual, a posição democrática e liberal e suas contradições.

***********
Eu andei fazendo diversas anotações sobre os programas de tv... deixa eu ver... lá vai:

Antes de mais nada, uma coisa tem de ser dita, sintetizando todas minhas anotações: o lixo que se consome aí é o mesmo trash que se consome aqui.

O que eu quero dizer é que a TV aberta aqui é composta por programas similares aos da tv aberta brasileira, fato que qualquer assinante da Net, Netcat ou TVA da vida já consegue entrever. Até versão mexicana de escolinha do professor raimundo ou do golias tem aqui. Terrível!

Tem um programa bizarro aqui, apresentado por juízes vestidos de togas num tribunal de auditório, em que você resolve alguma pendenga judicial, em geral problemas de vizinhos, casais ou casos como uma menina negra de cabelo liso que queria processar o pai por danos morais por ele ter ficado bêbado e estragado sua festa de debutante. Dá pena das situações realmente constrangedoras de exposição total das vidas privadas... O pior é que, como são juízes de verdade, o que fica decidido tem peso de uma decisão judicial. Assustador!!

(Clê, prosecco e festas de casamento aqui podem dar cadeia rsrsrs)

Nos intervalos, rola uma interação com os telespectadores, quando eles fazem perguntas para serem respondidas por telefone. O programa que eu consegui ver por mais de um bloco perguntava 'você procura a polícia quando percebe pessoas com comportamento estranho ou usando drogas nas ruas da sua vizinhança?' Terror total!!

Mas tem umas coisas interessantes, vez por outra. Ontem passou um programa de três horas sobre os anos 60, mais especificamente sobre JFK, o caso dos mísseis soviéticos em Cuba, do movimento social de afirmação dos direitos civis dos negros e como Kennedy comprou essa idéia – foi promessa de campanha ao movimento negro, mas não conseguiu levar adiante, por conta dos WASP (White Anglo-Saxon Protestants) - a Guerra do Vietnam, sua morte no Texas, e tal. Fiquei pensando a merda que seria se naquela época tivesse um idiota como Bush no poder... Não tenho certeza se essa mula texana seria capaz de deflagrar uma guerra nuclear... Mas...

Interessante foi o telejornal de domingo que trouxe imagens de uma atividade de simulação de uma ataque terrorista no metrô de NY, desenvolvida pelas instituições relacionadas à segurança pública e defesa civil (policiais, bombeiros, paramédicos, entre outros), contando com a ajuda de diversos voluntários que se passavam por vítimas do pseudo-ataque a bomba.

Não quero aqui apontar uma paranóia estúpida nem uma previdência necessária, ou como o civismo americano é exemplar, assim como suas instituições públicas. O interessante era a forma como os voluntários teatralizavam sua participação, especialmente para as câmeras dos telejornais que cobriam a atividade. Disgusting... Eles agem como um misto de palhaços-idiotas-com-esgares-de-dor-e-pânico e consciência cidadã que, sei lá, acho que eu jamais me prestaria a esse papel.

Bem, paranóias a parte, nesse final de semana morreu a primeira vítima da gripe suína em NY. Vou pra lá sexta feira e passarei o final de semana na casa de meus amigos dominicanos no Brooklyn. Já imagino a quantidade de pessoas com máscaras de proteção nas ruas.

************



Ontem finalmente consegui comprar um fuminho bom. Vem da Califórnia e essa quantidade aí da foto (mais ou menos uns dez gramas) custou $60. Mas valeu a pena... Dá uma onda bacana... Depois é só preparar a larica, tomar um vinhozinho personalizado (sul-africano), ver um filminho, ouvir um sonzinho ou jogar conversa fora.



Encontrei um amigo inusitado aqui em Highland Park... Jamais sequer imaginei encontrá-lo por essas bandas.
Bem, estou preparando sua postagem há dias... Vocês vão ficar realmente surpresos.

Mas, por enquanto, um pouco de suspense (...)

quem bebe, fuma e cheira

agita a noite inteira

sou de Niterói!!!!

êêêhh êêêêhhh

bota pra fuder!!!!





uma banda de olcadil
couve com maçã

ou gotinhas de rivotril?


estou aqui refletindo se tomo rivotril ou olcadil pra dormir. ou se não tomo nada e encaro a madrugada de peito aberto - e olhos também.


fui ler o blog de uma poeta que gosto e sei que é insone. renata nassif. quer dizer, nem sei se ela é. pode ser que só escreva sobre. de lá, achei vários blogs de pessoas insones como eu. a certeza de saber que tem mais gente sofrendo por aí dá um alívio momentâneo.

tem um que entra no bate-papo do uol com nicks sugestivos e curte a insônia contabilizando pessoas que o procuram para fazer sexo. como tem gente que quer. achei meio contraditório. porra, quer transar sai de casa. faz mais sentido.


tem um que cita napoleão: os homens devem dormir 4 horas, as mulheres 6 e apenas os imbecis dormem 8. conclusão: quando eu durmo bem, durmo como homem. em muitas noites sou um ser sem identidade: nem homem, nem mulher, nem imbecil.

mas o melhor foi: SUCO ANTIINSÔNIA
Ingredientes: 3 folhas de couve, 4 cenouras, 1/2 maçã, 1 punhado de salsa
Modo de preparo: Centrifugue a couve, as cenouras e a maçã. No suco já preparado, acrescente a salsa, mexendo com a colher.


já tomei remédios algumas vezes. nunca continuamente. medo de ficar dependente. mas suco pode né? é natural. e parece delicioso. maçã com couve e salsa de madrugada deve cair super bem.

me deu foi inveja de quem tem recursos para a maldita. queria fazer alguma coisa como o cara do bate-papo ou a renata nassif (que escreve bem demais). eu não faça nada quando insone. escrevo alguns lixos não menos piores do que o que se lê aqui. xingo todas as minhas gerações e fico procurando as razões que não me deixam dormir: a costura do pijama pegando em um dos ombros; a textura do lençol; a luz do modem; o bate-papo dos meus sapatos embaixo da cama e muitos outros. raramente consigo resolver todos.

vou lá ver qual o remédio que tem. vou procurar couve também. de repente tomo os dois e durmo como uma imbecil.

boa noite

domingo, 17 de maio de 2009

meninos eu vi...

...o fenômeno ao vivo, em carne (muita) e osso.
corinthians e botafogo, enegenhão, 17 de maio de 2009.

sábado, 16 de maio de 2009

eu sou brasileira e desisto às vezes

eu não desisto:

1. de pegar ônibus errado
2. do menino do sinal
3. de tomar cerveja (muita)
4. de comer hambúrger
5. do rio de janeiro
6. de ler adorno, jameson e tantos outros
7. de decorar os perfumes
8. de manter os amigos, mesmo distantes
9. da bahia
10. do chico buarque
11. do botafogo
12. do céu de outono
13. das noites de terça e quinta - as melhores desde que o samba é samba
14. de você
15. do amor


eu já desisti:

1. de fazer bonito
2. do obama
3. da opinião pública
4. de curar a rinite e a gastrite
5. de lembrar dos nomes
6. do caetano veloso
7. de ter bom caráter
8. de manter a sobriedade
9. de não engordar
10. de aprender a nadar
11. de beber socialmente
12. de te agradar
13. de falar menos
14. de ir e vir
15. do amor

Da Folha

CLÓVIS ROSSI

Brasileiro desiste, sim

SÃO PAULO - Lembra-se daquela história de que “brasileiro não desiste nunca”, muito usada na propaganda do governo? Pois não é que um dos garotos propaganda da história desistiu do Brasil? Chama-se Ronaldo Nazário de Lima, mais conhecido como Ronaldo Fenômeno, e confessou ontem, durante a sabatina Folha, que prefere educar os filhos na Europa.
Por dois motivos básicos: segurança e educação. Ronaldo contou que, quando seu filho vem ao Brasil e se junta a garotos brasileiros da mesma faixa etária, é impressionante a quantidade de palavrões que dizem os amigos do filho.

(...) É nessas horas que o Brasil dói na gente. É quando uma pessoa inteligente, informada e que teve a oportunidade de comparar o país com outro (ou outros) desiste de criar os filhos nestes tristes trópicos.

________


Clóvis Rossi é um asno. Ronaldo é um poço de civilidade e bom gosto europeu (clique).

Eu tenho excelentes lembranças dessa propaganda 'brasileiro não desiste nunca'. Lá pelos idos de 2004 eu lia 'a ideologia alemã' e realizei um excercício com ela. foi com a tal propaganda que aprendi o que é ideologia. daquele dia em diante eu não fui mais a mesma: me tornei uma chata anacrônica falante. foi deus que fez um milagre um mim.

então, mas rossi é a expressão do horror na nossa república colonial de bananas. como não temos aristocracia, fabricamos os asnos e eles saem por aí destilando seu gosto refinado, com pontas de pessimismo. é uma ausência de sensatez repugnante.

sobre ronaldo, não dá pra dizer nada. se você esperar de um jogador de futebol como ele, algo mais do que o senso comum é capaz de sacar, o idiota é você.

ele continua ídolo, caralho. e o clóvis rossi que vá pá puta que o pariu.

com o perdão dos palavrões.

para batman

tu dizes aos quatro ventos
que de agora em diante
haverá de ser outro

diferente

mas nem tu mesmo acreditas nisso

e por mais que negues
aos teus amigos moderninhos com barbas por fazer
e outras alegorias
que nâo se trata
agora

de mais uma historinha
das que estás habituado
a persuadir as audições mais pueris
e úmidas

mais
uma
de tantas
outras
estórias

por mais que cegues
os que procuram ver saídas
entre as diversas entradas
com quase-placas dizendo
no way out
nem rotas de fuga

propagas o medo
e a crença
que é por aí
que está bom

“chega ae!!!”

não

tu não consegues mais
com esse sorriso pálido
dissuadir a tempestade
persuadir os entreatos atônitos
e vocábulos bêbados
que se encharcam cotidianamente
no esgar estúpido
de uma massa
imensa
enganada
por livre e espontânea malevolência
e egoísmo escroto
do que
quem sabe
poderia ser refúgio
ou saída
para todos

- se é que
‘todos’
existe

aaaaaaahhhhh
tudo bem

não me entendes

então façamos assim:

dá-me um dinheiro
ou uma garrafa
cheia
lógico
e te revelo a forma
como se dribla
o inexorável...

sim

eu sei

melhor que tu

- até porque
o sentido
e o significado das palavras
nunca foram teu forte

morte,
entendes?

sorte?
tem um preço,
lembras?

duvido


duvido que entendas isso

como aliás,
tudo na vida

dizes não
haver sentido
nenhum na vida

ora...

não foi isto que ensinaste
a mim e aos teus
(que havia,
e mais,
que sabias??)

quisera eu ter uma Glock PT380
para fuzilar tua pusilanimidade
e ver tua vida esvaindo
ao mesmo tempo em que
soluças
essas palavras
incompreensíveis
em meio ao sangue que te engasga
e sufoca

talvez
as únicas palavras
raras
que em toda tua vida
fizeram
algum
sentido

foda-se!!!!!

perdão é o caralho!!!

morra!!

pode deixar...

após teu último suspiro
rezarei um pai nosso
e darei graças a Deus
enquanto me sirvo com mais uma dose de whisky barato

e digo para minha mulher ao telefone
que já estou indo pra casa

sexta-feira, 15 de maio de 2009

I just called to say i'm high too!!


Sexta feira de sol em highland park e cá estou eu bebendo meu whisky, ouvindo john lee hooker - 'i got the mad man blues, man, don't you know, don't you know' - fumando meu marlboro e me preparando para uma ida a new brunswick, no ale 'n ' wich pub, um bar que serve pintcher de cerveja a preços justos - uma jarra que dá mais ou menos cinco pints ou calderetas de cerveja a mais ou menos $10, dependendo da marca.
Os preços das bebidas aqui, mesmo whiskies, não são tão diferentes do Brasil. Paguei$31.99 num litro de johnnie walker red label... façam as contas. Aliás, comprar cerveja aqui também não é uma tarefa simples. São tantas marcas e variações de preço e teor de malte e tal... estou experimentando todas...
Ainda não cheirei aqui. Tinha até meio que combinado com um cara de pegar um pó no sábado passado. Ele diz que só cheira aos sábados, fazer o que, né... Custa $50 o grama. Mas também nem sei se vale a pena aqui. Com essa casa cercada de michael myers, jason e outros traumas cinematográficos, é melhor não. Além do que, minha gatinha não gosta, eu ia ficar meio anacrônico e dissonante na parada. Bebo então, tranquilo. Além do que um conhecido em ny falou que arruma a $60 o grama, e acho que lá vai valer mais a pena, ouvindo jazz, falando pra caralho, interagindo com a fauna doida de lá.
Às vezes me dá um pensamento tipo ‘a vida fica bem melhor sem pó, mais tranquila, relax’... Mas... nada que não se dissipe na primeira rapa, tipo ‘aaaahhhh, agora sim!!!!!’, saca.
A maconha que eu fumei em NY parece uma variação de skunk outdoor, sem ser plantado em estufa, o que a torna mais light. Não tenho certeza. Mas pelo cheiro e gosto e onda da planta, tem tudo para ser assim. Esqueci de perguntar a procedência. Só sei que era do Brooklyn, que os drugdealers entregam em casa e que o primeiro trafica conectado falou que não poderia fazer a entrega no local onde estávamos porque não era a área dele, problema que foi facilmente contornado com uma consulta aos contatos do celular da galera e uma segunda ligação para outro cara que chegou em uma hora e trouxe cerca de 10 gramas por $60. Bem carinho o bagulho aqui, viu. Mas tá valendo.
Bem, é isso. Ia escrever outra parada, tipo análise metida a séria da crise da imprensa escrita americana metida a besta, tomei duas doses caprichadas e mudei de idéia.
TIN-TIM!!!!! SAÚDE!!!!! E...
ACORDA CAPILO QUE JÁ ESTÁ AMANHECENDO!!!!!! RSRSRS

quinta-feira, 14 de maio de 2009

pra acabar por hoje

visitante de número 10 mil paga uma caixa de cerveja para os 4 editores.
printa a página, esperto, pra não ficar sem o prêmio.
olha, a história toda do tal Batman (o miliciano) seria bem engraçada se não fosse trágica. em entrevista hoje, logo depois que foi preso, ele ria como criança:

- eu fiquei feliz de ser preso pela CORE [Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil], porque tenho admiração pelo trabalho do doutor Rodrigo [delegado titular da CORE] apesar de não conhecê-lo pessoalmente.

essa é só a cereja do bolo. tem todo o enredo da fuga pela porta da frente do presídio e tal. a novidade é que descobri hoje umas entrevistas dele, que foram postadas no youtube quando o cara tava foragido. muito senso de mídia. rodrigo batman deve ter uma super assessoria de imprensa.

vale assistir. não só pra termos dimensão da merda em que estamos afundados - sim, porque a bárbarie, vocês sabem, cedo ou tarde chega. e mais, porque é de um cinismo que faz rir.




nesse aqui tem pérolas como elogios ao secretário beltrame: "o melhor secretário que o rio já teve".

"eu nunca paguei propina, porque eu procurei andar sempre dentro da lei"

"eu não seria capaz de matar policial nenhum"

"para crescer a liga da justiça [milícia] recorreu à exploração do transporte alternativo e segurança privada"

"a liga é uma invenção da imprensa"

na parte dois, ele conta como fez pra fugir pela porta da frente: "contei com a solidariedade de dois companheiros para recuperar o que era meu e proteger minha família".

coincidência ou não, agora que a concorrência toda já morreu e ele retomou boa parte dos negócios, foi preso - com direito a espectáculo. vai lá para o mato grosso, onde já estão os irmãos jerominho. escritório novo da liga: agora com filial no centro-oeste brasileiro. fernandinho beira-mar tá lá também.

acho justo. abaixo o monopólio de bangu.


eu diria que o mato grosso agora sedia o ministério do planejamento do crime carioca. crime organizado, raros leitores.

organizado pela polícia.


dia-a-dia


sentei na van na última fila de bancos. fones no ouvido. pearl jam tocando no talo. entrou um rapaz logo depois de mim. sentou no primeiro banco da primeira fila. ele estava do lado de fora de papo com a cobradora.

papo vai, papo vem, ela estica o braço e se apóia no encosto do banco dele. ele apóia a perna no banco da frente - que é o banco do carona. os corpos se apontam, mas não se tocam. dá pra notar a timidez de ambos.

o papo segue. rola um esporro do motorista na parada na passarela 3. 'grita aí, tem passageiro'. a perna dele se recolhe rapidamente. ela se debruça na janela. 'botafogo, rio sul, copacabana. perimetral direto'. não entra ninguém.

o carro arranca. 'senhores passageiros, poderiam estar adiantando a passagem'. cobra da van inteira numa rapidez de quem está com dor de barriga. trocos dados. papo recomeça lentamente. em 2 minutos o braço dela está apoiado no encosto dele. as pernas dele voltam pro banco da frente. com mais um pouco ele inclina parte do tronco na direção da janela e apóia o braço na porta. os corpos ainda não se tocam. por muito pouco. eu no banco de trás, exatamente de frente pra ela já estou numa ansiedade sem tamanho. 'abaixa um pouco o braço que vai pegar no braço dele'.

mudo de pearl jam para travis, no talo. trilha mais adequada. ele dá o golpe de misericórdia. depois de braços e tronco já atirados no corredor da van, ele atira a perna. ela encaixa daqui e dali. enfim se tocam. nas pernas. os dois de short. ela então abaixa um pouco o braço e toca no dele. tudo por acidente. acaso.

perimetral parada. ôh glória. e lá se foram 20 minutos. ele e ela encostados sem querer, num papo que despertava nela sorrisos de todo jeito. ele passava a mão na cabeça. não ouvi uma única palavra. o diálogo era o de menos.

bem perto do local onde eu deveria descer, ela riu muito. se mexeu. se desgrudaram e numa reação dessas que temos quando rimos, passou a mão na cabeça dele, meio que de brincadeira. 'vou descer no rio sul'.

iria até o ponto final sem o menor problema. dois corpos conversando são bonitos de se ver.



* a foto não é das melhores, a van trepidava demais. mas dá uma pequenina dimensão dos fatos.

___________

hoje tive meu primeiro contato na vida com a revolução francesa, dentro de uma sala de aula. pela primeira vez um professor explicou pra mim - ainda que rapidamente - o que eram jacobinos e gerondinos. sobre como eu venci na vida e hoje tenho terceiro grau 'completo' sem ter feito o segundo grau, eu explico outro dia.

dizia ele que maria antonieta, esposa do então rei dra frança - ambos foram decapitados pelos revolucionários - perguntou, certa vez, porque o povo estava se rebelando. alguém respondeu:

- porque eles não têm pão, majestade.
- não têm pão?
- não têm.
- mas, então, por que eles não comem brioche?

me lembrou uma anedota que por vezes surge entre os amigos da maré.

- mas por que você não mora em um outro lugar mais limpo e menos perigoso?

alienação que diverte.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Don’t try

Nem ia postar nada agora, pois meu último texto criticando o diabo pedófilo do boitatá estava alinhado a foto do dito cujo. Além disso,tinha me prometido que hoje à tarde iria a bilioteca da universidade onde Amana está estudando adiantar um artigo que tenho que escrever. Mas acordei meio ressaqueado, sei lá, e além disso não tenho dormido tão bem aqui. Dia sim, dia não entro numas nóias com a casa, tenho pesadelos, e tal. O problema é que as casas aqui em Highland Park são tipo Springfield, saca, sem muros, devassadas, sem muitas trancas, com garagens e porões e quintais nos fundos e, sendo de madeira, estalam. Aí, já viu... E pra completar tem um jardineiro doido aqui que enche o saco e está meio em atrito conosco... Liga um alerta para serial killers em meu corpo e fico meio tenso. Incrível o que o cinema americano fez comigo... Além de processar o Spielberg por me impedir de surfar por conta de ‘Tubarão’, tenho que incluir na lista de coisas que tenho que fazer antes de morrer pedir um ressarcimento por danos morais ao John Carpenter. Pesquisei meu subconsciente e a nóia aqui se refere diretamente ao Michael Myers, de ‘Halloween’...

Bem, o fato é que eu comi pra caralho, fumei um baseado, comprei umas cervejas e fiquei viajando...

Vai rolar um petit comiteé aqui em casa no sábado, tipo festinha de final de período. Muitas das amigas da Amana vão aproveitar as férias de verão para passarem um tempo em seus países de origem – Índia, Vietnam, Alemanha, etc – e ela mesma volta pro Brasil. Por conta disso estou baixando freneticamente músicas brasileiras para rolar na festa. Acabei não trazendo nada de casa nos pendrives.

Entre um disco e outro, perambulo na rede. Fui pesquisar sobre Bukowski, ler uns poemas. Acabei dando uma olhada no wikipedia e fiquei maravilhado com uma curiosidade sobre Buk. Em seu túmulo, na lápide, está escrito: “Don’t try”. Achei fantástico.

Explico...

Há uns dias atrás, lendo o Nytimes, encontrei um texto sobre o desemprego que tinha um final interessante. Era escrito por um jornalista que havia sido demitido por telefone enquanto passeava com os filhos em um domingo, no carro, ao volante, enquanto retornavam de uma partida de beisebol em que seu time saiu vitorioso. Ele criticou a sociedade americana, o mundo capitalista em geral, discutindo os conceitos e mitos de losers e self-made men que povoam obsessivamente todas as dimensões subjetivas da sociedade americana.

Mas o que importa é que no final do texto ele justifica a forma como ocultou dos filhos a demissão e todas essas críticas com uma tirada moralista e hipócrita que acaba por sintetizar o próprio processo de educação e manutenção de mitos e obsessões na sociedade americana e, acredito, qualquer cultura, ou, mais especificamente, as ocidentais.

Anotei a frase no meu caderno de campo... Pois é arrumei um caderno de campo para registrar meus pensamentos e curiosidades encontradas em minhas caminhadas triviais e aventuras etílico-etnográficas, seguindo conselho e demanda de nosso companheiro Faveleiro – que continua sumido das postagens, embora, reconheço, progrediu bastante no que tange aos comentários, o que nos indica que ele continua nos lendo...

A frase é a seguinte:

“Unless the children think the game is winnable, even when it’s not, they might not play” Walter Kirn, Nytimes, 10 de maio.

(Traduzindo mal e porcamente, ‘a menos que as crianças pensem poder vencer, mesmo quando de fato não podem, elas podem desistir ou nem querer jogar o jogo)

Exatamente o oposto do que, segundo minha interpretação, o velho safado quis expressar. Ainda que isso possa reforçar a idéia de um loser, perdedor, uma vez que o mito do anti-herói e a imagem de alcóolatra podem ser usadas para reforçar uma dimensão individual da derrota e da vitória na vida, seja lá o que isso signifique, a forma como Buk parece cagar para tudo isso é de uma dignidade admirável.

Estou ainda pensando nessa coisa que é tão presente nas ruas, nas casas, na arquitetura, na forma como as pessoas bebem, trabalham, servem e se relacionam aqui. Não quero ser precipitado... preciso conhecer e ver mais pessoas e lugares. Enquanto isso, tomo nota e de vez em quando mando alguma digressão ou devaneio como esse.

Mas agora, um pouco de Buk:

Poema nos meus 43 anos


Terminar sozinho
no túmulo de um quarto
sem cigarros
nem bebida —
careca como uma lâmpada,
barrigudo,
grisalho,
e feliz por ter
um quarto.
… de manhã
eles estão lá fora
ganhando dinheiro:
juízes, carpinteiros,
encanadores, médicos,
jornaleiros, guardas,
barbeiros, lavadores de carro,
dentistas, floristas,
garçonetes, cozinheiros,
motoristas de táxi…
e você se vira
para o lado esquerdo
pra pegar o sol
nas costas
e não
direto nos olhos.

fonte:http://www.germinaliteratura.com.br/bukowskipoemas.htm

Poem for my 43rd birthday

To end up alone
in a tomb of a room
without cigarettes
or wine —
just a lightbulb
and a potbelly,
gray-haired,
and glad to have
the room.
… in the morning
they’re out there
making money:
judges, carpenters,
plumbers, doctors,
newsboys, policemen,
barbers, carwashers,
dentists, florists,
waitresses, cooks,
cabdrivers…
and you turn over
to your left side
to get the sun
on your back
and out
of your eyes.

*************

Old Man death in a room

Quando minhas mãos pálidas
deixarem cair a última caneta
em um quarto barato
eles vão me achar lá
e nunca saberão
meu nome
minha intenção
nem o valor de minha fuga

http://epicosubmundo.wordpress.com/2007/01/21/poemas-de-charles-bukowski/