terça-feira, 29 de janeiro de 2008

sei lá não sei entende

Nada como uma bela cutucada pra fazer as letras e idéias e humores reaparecerem... Valeu Clê...

Confesso que ando meio sem assunto. Não! Esse texto não versa sobre esse lugar comum dos cronistas. Até porque não tenho propriamente obrigação de escrever. Escrevo, aqui, por prazer, por diversão. E é exatamente sobre isso que escrevo, aqui.

Temas interessantes não faltam... lamentar o despejo do Bola Preta, protestar contra as recentes reportagens do Fantástico, especialmente aquela sobre uma pesquisa para mapear o cérebro de adolescentes infratores, comentar o descaso do prefeito da cidade para com o carnaval de rua, falar mal do BBB, ou de como é estranho fazer 35 anos, deixar fluir poemas bêbados, enaltecer o bom começo rubro-negro no campeonato carioca... Enfim...

Mas, sei lá...

Tô a fim de ficar quieto e deixar pra explodir no carnaval.

E pra não ficar nesse blá blá blá insólito e insosso, uma poesia:




o tempo é curto não há tempo

não há tempo e nada
faz sentido

nada faz sentido e o tempo é curto

― não há tempo para dar sentido
nisso tudo que acontece
no pouco tempo em que estou vivo...

o tempo é curto não há tempo

não há tempo e nada
faz sentido

nada faz sentido e o tempo é curto

― não há tempo para dar sentido
nisso tudo que acontece
no pouco tempo em que estou vivo
e permaneço inerte...

o tempo é curto

não há tempo não há tempo

nada faz sentido nada
faz sentido e o tempo

é curto

― não há tempo para dar sentido nisso tudo que acontece no pouco tempo em que estou vivo e permaneço

inerte.

Já que ninguém escreve nada...

Esse blog anda caindo das pernas. O surpreendente é que mesmo assim ainda temos leitores, visto que este contador aqui do lado não pára. Ok. Não são 100 leitores por dia, nem 10. Digamos que sejam 3. Fato é, que todo dia alguém entra aqui. Ok. Podem ser os próprios autores. Mas, fiquei pensando: Faveleiro não entra mesmo, porque não quer nada; Bodão se entrasse, escreveria; Capilo nem entra no blog, porque vive ocupado com seu outro blog e sua minúscula cidade onde sonha ser prefeito ou secretário de cultura, quem sabe. Daí, conclui que há pelo menos duas pessoas que acessam esse blog. Pessoas queridas, este post é pra vocês.

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Há uns dias atrás eu falava em ausência. Lamentava a ausência. Chorava a ausência. Nada como encontrar a ausência e ver que ela não tem nada demais. Pior, tá feio, gordo, mal cuidado e pegando barangas. Para a ausência bem vivida e bem passada, Carlos Drummond de Andrade:

No mármore de tua bunda

No mármore de tua bunda gravei o meu epitáfio.
Agora que nos separamos, minha morte já não me pertence.
Tu a levaste contigo.


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Mas, nem só de ausências e lamentações se vive a vida. Há também o riso, a paródia, a alegria e a cachaça, é claro. Estamos há poucos dias das celebrações momescas. Sendo assim, deixemos de lado a vergonha, as incertezas, a dignidade (aqueles que ainda tem, claro) e nos juntemos a Momo na festança da carne e da folia.

MÁSCARA NEGRA
(Zé Keti-Pereira Mattos, 1966)
Quanto riso oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O partido da imprensa e o prefeito

Eu adoraria escrever sobre o assunto, mas li artigo do Gilson Caroni na Carta Maior sobre o tema e desanimei. Qualquer coisa que escrevesse seria influenciado pelo que li. Trata-se da relação entre o maior partido brasileiro: Organizações Globo e o prefeito do Rio de Janeiro, o DEMOcrata César Maia. Pra quem não sabe, César anda ressentido com O Globo que anda noticiando e muito o descontentamento da população carioca com o absoluto descaso do prefeito. A contenda mais recente foi a que diz respeito ao boicote ao IPTU organizado pela população. O Globo deu página inteira hoje, com um box que elogiava as formas de organização e protesto da sociedade civil!!!! Só acreditei porque li, se tivessem me contado diria que era mentira, pois não é coerente com a conduta do jornal que geralmente classifica como baderneiros e criminosos os movimentos sociais brasileiros.
Transcrevo abaixo um trecho e logo depois, o link.

Após anos de uma gestão de total descaso com a saúde e educação públicas, o prefeito, acuado, contra-atacou hoje em seu "ex-blog", boletim eletrônico distribuído diariamente: "Os estudiosos dizem que a "doença infantil do jornalismo" é não entender qual seu campo de atuação e sua função, e atuar como um partido político. Ou seja, disputando poder pelo poder, apoiando ou denegrindo. O Globo atua como um partido político no Rio. Não aceita um governante com autonomia e independência. Gosta de governantes submissos, reativos à suas matérias, que se sentem à mesa com intimidade"

Há coisas que só acontecem em brigas de quadrilha ou durante separações litigiosas. O que temos acima é algo inédito e impensável: o DEM denuncia o PIG (Partido da Imprensa Golpista). Ainda que, cautelosamente, lhe defina como agremiação regional. Que as arestas serão aparadas não há dúvidas. Mas que a partidarização da imprensa foi explicada didaticamente, ninguém pode negar. E por um aliado fez dela sua cabeça-de-ponte em várias ações entre amigos. Só podia ser da Globo....

cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14782

Esbregue arriscado

Explico porque do arriscado: envolve pessoas mui próximas e cientes desse presente veículo inútil (graças a deus)de devaneios, urros, esculachos e gargalhadas...

Outro dia desses, obedecendo ao rotineiro intimato conjugal do 'vem pra casa AGORA!', sem nenhuma conotação erótica, ainda que de possível negociação, adentrei meu lar e liguei a tv. Estava passando BBBunda... Justamente no momento em que as novas bestas de plantão estavam acomodadas defronte ao oráculo de plasma de onde relincha nosso repórter metido a poeta, ex-marido de atriz-ladra-mulher-que ama-demais,nosso irrefutável porta-voz da mediocridade, Pedro Bial.

Ele, querendo fazer uma gracinha e tirar uma onda de letrado, questionou a bicha-barbuda-psiquiatra-chato-pra-caralho sobre a viadagem transmitida em rede nacional, em que o pederasta alienista denominava cada idiota da casa com o nome de um deus grego mitológico.

Ah, Bial...

eis que nosso pretenso poeta-apresentador-pau-no-cu-do-BBBunda nos agraciou com uma pérola digna de sua imbecilidade global arrogante.

Querendo demostrar ilustração, disse ao doutor peroba que Dionísio era a tradução romana para Apolo.

PUTA QUE PARIU!!!!!

Se errasse somente a língua traduzida eu perdoava, mas isso não!!!!

Bem, pra quem não sabe, Dionísio é o correspondente GREGO para Baco, este sim, romano, deus do vinho e da orgia, sentido aproximado de Dionísio para a Grécia. Apolo, deus da beleza e retidão, significa na mitologia GREGA justamente seu oposto.

Ah, Bial...

Pior: comentei essa estupidez para duas colegas de trabalho, uma psicóloga e outra pedagoga, profissões nomeadas por radicais gregos,diga-se de passagem, e estas ficaram me olhando como quem espera o desfecho da piada, sem entender patavina.

Obviamente não riram nem perceberam a magnitude da gafe.

Sacanagem, não...

Olha, cá pra nós, penso que pessoas com tais formações, filiadas às ditas Ciências Humanas, assim como o pretenso poeta-apresentador-pau-no-cu-do-BBBunda, repleto de assessores subservientes, teriam, minimamente, a obrigação de perceber algum desses equívocos.

Mas não.

A educação está uma merda!

A televisão fede!

E a única saída é contar essas histórias escrotas e rir pra não chorar...

Isto é...

Se é que vocês me entenderam...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sobre a ausência (para Clê) (ou não) (TOMARA!)

Clê...

esses teus versos quentes sobre a ausência me remeteram a essa poesia do mineiro de Itabira que divaga no posto 6 de Copa (apesar de não ser fâ de praia, ao que me consta).

São versos frios e resignados... diferentes dos teus... mas lindos como (sei lá) o quê...

AUSÊNCIA

Carlos Drummond de Andrade


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Sobre a arte de legislar

Hoje de manhã o governador Sérgio Cabral foi a uma formatura de inspetores penitenciários e falou muita besteira. Vamos a elas.

Ontem o Instituto de Segurança Pública divulgou dados que reúnem números da violência no Rio de Janeiro. Segundo o relatório, o número de mortes em confronto policial subiu 18,53%, confira em:
www.isp.rj.gov.br/resumoaisp/2007_12/web/estado/estado.htm

Questionado sobre as mortes e a notável política de “guerra” adotada em seu governo, Sérgio Cabral disse que a polícia não matou tanto e apelou, como costuma fazer, para o bizarro: “Se a criminalidade reagisse entregando as armas e pedindo desculpas pela barbaridade”. Em seguida, entrou no barco da espetacularização midiática e relembrou os casos de João Hélio e o do médico Lídio Toledo Filho. É como se dissesse que perseguir criminosos descalços e desarmados fugindo como pintos na favela da Coréia é necessário para que nossa sociedade justa e praiana se vingue e se faça cada vez mais justa e praiana.

Ao falar do Lídio Toledo, o governador boa praça (vive nas colunas sociais, é amigo de apresentadores narigudos e elogiado por eles em eventos de empresários donos de barcos de luxo) defendeu lei que pretende criar, proibindo que motos andem pelas ruas do Rio de Janeiro com duas pessoas. O diretor do Denatran nem deve ter dormido essa noite, se acabando de rir do nível de insanidade do governador. Pois bem, hoje o diretor afirmou aquilo que todos já sabem: lei insana, inconstitucional e só existe na cabeça do Cabral (até rimou).

Tentando defender sua lei, o governador afirmou que o diretor é um “burocrata de plantão” ao invocar a ilegalidade da tal lei, que vai contra o Código Nacional de Trânsito. Mais uma vez, Cabral questionou a falta de autonomia dos Estados e como só ele sabe fazer, apelou - à bestialidade: “Como pode o Rio e São Paulo ter a mesma legislação de Rondônia?” Fosse eu jornalista e lá estivesse, teria respondido que pode, porque isto é um país, uma R-E-P-Ú-B-L-I-C-A F-E-D-E-R-A-T-I-V-A e que é natural que algo tão irrelevante como legislação de trânsito seja nacional.

Eis o estilo de governar do mandatário. Crimes hediondos que valem espetáculo e que assolam as elites ou a classe média, resultam em lei. Matam João Hélio, ele levanta a bandeira da redução da maioridade penal. Assaltam Lídio Toledo Filho e o deixam tetraplégico, ele inventa a lei da moto-só-pra-um. Imagino que se essa não der certo ele vai lançar uma que proíbe motoqueiros. Mas, se me perguntasse, eu daria a seguinte sugestão: proibamos que as pessoas andem pelas ruas, assim não haverá mais risco de assaltos. Afinal, com Internet, quem precisa sair de casa? (Nem vou lembrar do dia em que ele defendeu o aborto como forma de combater a violência, porque vão pensar que quero ridicularizá-lo).

Sem falar na desculpa absurda da falta de independência estatal no momento em que seus devaneios são barrados pela legislação nacional. Cariocas, uni-vos para dar graças à constituição, vossa protetora.

Fosse o Rio de Janeiro quintal do Cabral e não unidade da federação viveria-se num paraíso: combate eficaz ao crime, maconha liberada, escritórios de frente pra praia de Copacabana com rede wi-fi como cortesia do Serginho e motos mais folgadas. Sobrou algum problema?


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P.S.: nada a ver com o post, mas a música do momento chama-se Desafinado, de João Gilberto. Todo mundo deveria escutar, eu disse, todo mundo.

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Da ausência

Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?
Marcel Proust

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Abstrato


Combustão

Tua ausência é copo vazio
Sofro sem um gole de você
De quem me entorpece
Me cerveja como um vadio
Me martini na medida certa
Me conhaque nos dias de frio
Me tequila nos instantes de loucura
Me vinho nas noites solitárias
Você que me tortura
Você que me entorta
Me embriaga
Me suporta
E numa dose me cachaça