domingo, 11 de outubro de 2009


se eu fosse relatar os fatos de acordo com a minha visão deles, eu diria que desde sempre ele soube que a vida não era pra ele. mas isso é só o meu ponto de vista.

na verdade, ele era um bom sujeito para você rever as suas concepções de problema. tinha uma vida boa - pelo menos pra mim - que de nada adiantava. assim mesmo vivia largado como que quicando de parede em parede. aliás a imagem que me viria à cabeça se o tivesse que definir seria daquelas bolinhas malucas que você solta no chão e ela não para de quicar - essas bolinhas faziam sucesso na minha infância.

enfim, a vida não era pra ele. eu acho mesmo que esperar nascer o sobrinho era uma meta. um neto na família, na cabeça dele, poderia fazer os pais sentirem menos o seu sumiço. e nasceu o menino, arthur. semana passada, 3 meses antes de arthur fazer um ano ele amarrou uma bexiga no pescoço e foi viver seu caminho: ser peixe fora d'água - coisa que sempre foi.

eu não imaginaria diferente: nem carta, nem drama, nem nada. um livro dedicado para a mãe. dois cadernos com anotações diversas, direcionados "à quem possa interessar" e tudo o que precisava devolver reunido numa mochila: o casaco da gabriela; dois cds e um chinelo para maurício.

há quem diga que viver é coisa para corajosos e deixar de viver é algo de covarde. talvez não seja assim tão simples.

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para andrélima do quaseblog:

"Em algum lugar deve haver uma lixeira onde estão amontoadas as explicações. Uma só coisa inquieta neste justo panorama: que possa ocorrer o dia em que alguém consiga explicar também a lixeira".

é julio cortázar.

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