quarta-feira, 21 de outubro de 2009

elegia ao amor de hoje

elegia:
poema lírico de tom terno e triste

perfume que eu sinto até dentro do ônibus lotado em dia de verão
mão no cabelo
mancha na nuca

nuca

nuca e um beijo
lóbulo da orelha solto

falha na sobrancelha
dedos gordos
óculos velho


mania de cheirar a comida

copo de cerveja perdido
flauta transversal

gaita também


uma coçadinha no nariz
covinhas nas costas
sorvete de côco

assovio desafinado
calça pescador verde-musgo
um cigarro com uma bala na boca

vento nas mãos

onda quebrando
céu de outono

dia amanhecendo
som do pandeiro

sentar na calçada

agenda em branco
allstar azul marinho furado

e o curioso hábito de ler revistas de trás pra frente

agora, depois de listar tudo que me faz pensar em você
é só compor versos hexâmetros e pentâmetros alternados

2 comentários:

Rodrigo Bodão disse...

só passei pra dizer que me deu um silêncio terno

Anônimo disse...

clementina está ficando cada vez melhor.