quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Devaneio, desvario e poesia

A mídia tupiniquim "lavou a égua e ensaboou o jeguinho" (como diria minha vó), com essa história do julgamento dos "mensaleiros" (não concordo, mas não há palavra melhor para me fazer entender) pelo STF.

O espetáculo foi completo. Os ministros, até alguns dias atrás desconhecidos, viraram celebridades (se duvidar dqui há uns dias estão na Caras ou na Hebe). Roberto Jefferson, como sempre, rendeu pano pra manga. Disse que não entendia porque estava no banco dos réus. "Deveria era ser testemunha de acusação". Mas, a cereja do bolo foi a fotografia da conversa, pela intranet, de dois ministros. Nem precisa explicar o que foi, porque todo mundo já sabe.

"E quando eu penso que já vi de um tudo" (minha vó de novo), vem a Folha de São Paulo e coloca O Globo no chinelo (coisa que não é difícil de acontecer). Uma repórter da Folha, estava em um restaurante e ouviu uma conversa do minitsro Ricardo Lewandowsk (um dos pivôs da conversa fotografada, coitado). A conversa, claro, foi publicada na edição de hoje.


Muito bem. Poderíamos passar horas falando de invasão de privacidade, de "Big brother", de como a CIA rastreia nossas conversas, de como a tecnologia é ruim etc. Mas, isso deve passar no Fantástico, no domingo. Típico debate da "polêmica" que a mídia cria e ela mesma discute. Falemos, então, da conversa do ministro.

O ministro dizia no telefone que votou com "a faca no pescoço" e que, eles, os ministros do STF estavam acuados pela imprensa. Será que estavam mesmo?

Ora, como não estar acuado se o julgamento foi transformado em um espetáculo? Câmeras, flashes, microfones e gravadores perseguem e acuam os ministros há dias, por conta do tal julgamento. Suas conversas pessoais são monitoradas, suas vidas rastreadas, seus perfis, com detalhes sobre seus passados, publicados no jornal de domingo. O Globo fez questão de delimitar uma fronteira entre TODOS os ministros, os de "esquerda" e os de "centro", valendo-se do passado deles, meio que alertando: "Olha, esses - de centro - vão votar a favor, com certeza. Mas, esse aqui que era comunista em 64, deve votar com o PT. Pressionemos.

Ao mesmo tempo, o que a mídia faz é dar a SUA opinião, transvestindo-a de opinião pública. E qual é a opinião da mídia? Resumamos: o PT é uma quadrilha e Dirceu era o chefe dela.

Quem, em sã consciência, vota contra a grande mídia, topando correr o risco de ver sua vida devassada no jornal do dia seguinte? Quem se arrisca a passar semanas lendo editoriais e colunas com todo tipo de ofensa porque votou contra a mídia? Sim, porque é corriqueiro que as editorias de "Opinião" dos jornais sejam uma sessão vale-tudo. Não sei quem toparia. Mas, sei que os ministros não toparam. Bom pra eles. Ganharam editorial elogioso no dia seguinte, afirmando que com este julgamento "o Brasil chega a outro patamar".

O devaneio:

Outro patamar seria se não renovássemos pelo menos uma das muitas concessões PÚBLICAS de rádio e TV que vencem agora em outubro.

O desvario:

Fico me perguntando porque o governo fez a clara opção de negociar com a grande imprensa (vide Hélio Costa, ministro da Comunicação) e aguentar ser açoitado, ao invés de partir "pro pau" de uma vez.

E a poesia. Porque sem cachaça e poesia, a gente não aguenta esse rojão:


À cores

Ela coloriu o caos
O caos
O caos de mim
O caos em mim
Ela coloriu

Não há caos com ela?
Há caos colorido
Seja o que for a vida
Há ela comigo
Porque ela coloriu o caos

PS: agora tenho foto no perfil, linda!

2 comentários:

Anônimo disse...

Globo, Folha, Estadão e outros tantos, são tudo farinha do mesmo saco. Cansei!!! Cansei da mídia.
E parabéns clementina.

Rodrigo Bodão disse...

Pois é, minha querida Clementina...tem uns jornalistas que são um lixo...se ainda fossem garrafa pet dava pra reutilizar...imagina...fazer um puff com o Ali Kamel...ou então amarrá-lo (amordaçado, é óbvio) junto com o Diogo Mainardi, Luiz Garcia e outras "chulidades" e construir um deck tipo aquela casa daquele maluco no mangue ao lado da Linha Vermelha (lembra)...sucesso garantido, e bem seguro até, porque merda não afunda.

Bodvéi