quarta-feira, 8 de agosto de 2007

...e tenho dito...

leio Darwin

regozijo-me macaco


penso em Einstein

ejaculo energia


e se Freud

hoje em dia

cheira talco


é efeito

do que em Marx

mais valia


das maçãs desabam Newtons

e eu prefiro Adão e Eva


quando ao banho eurekas gritam

“quem tem seda” e “dá uma cerva”


sai daqui vê se anda ô ‘logos’

xô se manda que agonia


deixa eu ser assim sem nome

sem nem terminologia


se eu grito humanidades

não me enche sou poeta


pouco importam suas verdades

nem sua metodologia


quero ser pra ti silêncio

e aos meus, algaravia


bolinar axiomas

penetrar com minhas rimas


quero o cu do Inominável

clitóris do Indizível


a língua do Inefável

o espasmo Inconcebível


e se eu falar besteira

deixa eu ser desprezível


quero estar onde eu estava

haver onde eu já havia


vou comer água da chuva

mergulhar na luz do dia


sem conceito

introdução

revisão

bibliografia


torto o meu rio corre

certo é palavra fria


quero louco

onde são

letra oculta

poesia


e se você disser que não

foda-se sua teoria


e vem cá olha pra mim

não me diz que estou errado


porque se falei assim

eu não quis falar assado


sou poeta sim eu sei

mas poeta desbocado


se não gosta do que escrevo

guarda pra limpar seu rabo


pois meu verso é luz no breu

do teu cu mimeografado



Rodrigo Bodão

Um comentário:

Cacau disse...

Excelente! Palmas!