- ei...
(...)
- ei... oi.
- hum...
- opa.
- ãhn.
- acorda mariana.
- putaqueOpariu!
- calma...sou eu! sua metade.
- metade porra ninhuma. tu é um encosto. só pode.
- é. metade é pouco, porque sem mim, tu é um corpo moribundo e vazio pairando por aí.
- ah é? e você, amada mente, sem um corpo, é o quê? uma idéia pairando sobre a cabeça dos homens. feuebarch não diria melhor.
- ah, não vem não com esse papo hegeliano.
- ué, mas você é toda chegada num idealismo.
- pára! não sou não. me chama de rubro-negra, mas não me chama de idealista.
- tá. boa noite, rubro-negra.
- não, péra aí. oww, acorda aí. tou com insônia.
- ãhn? vira de lado na cama.
- já virei.
- vira de ponta cabeça.
- não dá, aí eu dependo de você. porque revirar aqui dentro, eu já revirei umas 3 vezes.
- se eu virar, você vai dormir?
- bom, aí não sei. só tentando.
- ai meu deus. fica quietinha, minha linda, que o sono vem.
- você é uma pessoa difícil né? não sei como dei o azar de nascer num corpo assim, que não me compreende.
- a mesma coisa lhe digo. lá se vão anos em que eu acordo pregado por sua culpa. azar foi o meu, de ter ganho uma mente que não pára, que não dorme e que se ocupa de tanta besteira.
- tá, eu não quero brigar.
- e eu quero dormir. olha só, amanhã tem que acordar cedo. aí sobra pra mim. porque eu levanto, ando pra pegar o ônibus, passo a manhã de olhão aberto e músculos cansados. e você lá, amarradona, dormindo por detrás dos olhos espertos. incapaz de lembrar o número do ônibus.
- quem vê você falando assim, pensa que essa situação é porque eu quero.
- ai que mania de se fazer de vítima. vai...vamos lá, que que podemos fazer pra embalar esse sono?
- então, tava pensando em comer.
- não! pensa outra coisa. comer não dá, depois o estômago começa a trabalhar e quem não dorme sou eu.
- imaginei que você não fosse querer. mas, não consigo pensar em mais nada.
- tou fudida mesmo. tenho uma mente que só pensa em comer.
- mentira!! eu penso em muitas outras coisas. você sabe.
- tudo bem, pequeno gênio. vamos lá, outra coisa pra fazermos.
- bom, assim rápido, lembrei que ainda tem 4 itaipavas na geladeira...
- má, nem pensar!!! de maneira alguma. cerveja? às 2 da manhã de domingo?
- ué, que que tem? eu durmo bem depois de uma itaipava e isso nem vai te tirar o sono.
- não tira o sono, mas engorda.
- (risos) vai bancar a vaidosa agora? a essa altura das olimpíadas?
- engraçada que só ela. vamos logo, antes que eu desista. cerveja não!
- podemos ir assistir um pouco das competições olímpicas. quem sabe me distraindo não consigo dormir...
- dormir com tv? isso nunca funcionou... não que eu me lembre.
- é. não mesmo...
- além do mais, tem o mala do pedro bial se achando nelson rodrigues. melhor não.
- mas que mania de falar mal do bial. eu gosto dele.
- mentira. você gosta é de big brother.
- gosto mesmo e daí?
- ainda bem que a boca é diligência minha. se eu saísse por aí expondo seus gostos e insanidades, seríamos um desastre,
- ai que ódio essa censura que você me impõe. ai que ódio.
- você devia era me agradecer. e não é censura. eu apenas faço uma pequena seleção do que vamos mostrar de nós para o mundo. é assim que funciona com todos: nem tudo que se pensa, pode ser dito.
- tá, tá. não quero discutir a relação agora. nosso terapeuta disse para focarmos as discussões e vontades. nada de querer resolver tudo numa tacada só.
- disse? nem ouvi. foi na última sessão?
- eu fico revoltada com esse seu descaso com o terapeuta.
- eu fico assustada com essa sua crença de que freud pode te ajudar. ainda sou a resistência materialista desta mulher.
- que mané freud. deixa de baixar o nível da discussão quando não tem argumentos. opa! Esqueci, você não pensa.
- sem ofensas, por favor.
- e além do mais, o materialismo chegou aqui por minha causa. baixa a bola.
- baixei. mas abre teu olho, não foi só eu que avisei. tu bem viu o bodão falando na sexta que enquanto a gente fica lá falando da nossa vida, o tal freudiano bonitinho de cabelo grisalho tá é ouvindo ipod ou fazendo lista de compras.
- ai chega. esse assunto não está mais em discussão. o combinado foi que eu colaborava no futebol e você nos levava pro terapeuta. eu estou cumprindo minha parte. jogadas ensaiadas, bola matada no peito no tempo certo, roubada de bola sem truculência. tudo isso é obra minha. agora, se você quiser, rompemos o combinado.
- não! claro que não. eu estou adorando. gosto do terapeuta. aquele divã é gostosinho, dá uma relaxada. a vista também agrada aos olhos. pra mim, na minha humilde condição de corpo, é até bom.
- então pronto. assunto encerrado.
- encerrado.
- acho que eu queria ler.
- jura?
- porra, preguiçoso hein? pra ler você só tem que passar as páginas e guiar os olhos. o esforço é quase todo meu.
- na verdade, não queria levantar. o torcicolo de ontem me derrubou. e achei aqui uma posição agradável.
- tá. não sei então...
- posso colocar uma música. Nunca mais fizemos isso.
- é uma!
- lembra que antigamente você gostava de dormir com o som ligado?
- é mesmo. tentemos.
- tentemos e boa noite. qualquer coisa me chama.
- te chamo.
6 comentários:
agora fala a verdade: a conversa era entre o corpo e a mente ou entre Tico e Teco, os dois neurônios????
ah, esqueci de dizer: muito bom rsrsrs
entre o corpo e a mente. corpo esperto esse... heheh!
neurônio eu só tenho um.
ainda bem que não converso com meu corpo. ele ia querer acabar comigo...
inda mais depois dessa foto...
agora eu entendi pq o buteco é pessoal... é tipo medida de segurança...
sacanagem não...
prefiro desmaiar na lapa e colecionar inimigos e desafetos... do tipo que chamam o SAMU e ficam indignados de eu despertar agressivo da sarjeta...
Cajibrina, Cajibrina... ê ê...
bodão é otimo...hahahaha!!! a foto é "pesada" mesmo
Postar um comentário