sábado, 27 de junho de 2009

+ou- 6:00 AM, 06/27/09

o céu do brooklyn agora
que chego do harlem
depois de uma madrugada
de jazz e descobertas
é de um azul assim

tão azul...

um azul
tão azul que
tão azul assim
eu nunca vi
nenhum azul
ou céu de outrora

(muito embora talvez
em são tomé das letras)

um azul de picasso
de um azul que
de escasso
só tem a rima

e mesmo a rima
é de falsa riqueza
na medida mesma
em que toda riqueza é falsa

um esquilo
atravessa um fio
por sobre o verde
e as grades do quintal
no fundo da casa

e de outra parte do mundo
traz a lembrança
dos gambás do sujinho
dos sariguês da praia vemelha

ainda bem que a cerveja que
agora bebo (e posso) é pilsen
de um amarelo ouro
que junto ao verde
das árvores do quintal
do fundo da casa
onde sopro a fumaça azulada
do meu cigarro

e junto da estrela d`alva
brilhando altissonante
sendo Vênus como em qualquer outro canto remoto desse planeta
me sugere e grita
meu país e sua bandeira

ai que saudade
da ordem e do progresso
que nunca se realizam
e apenas divisam
nossa alegria e inveja pós colonial...

afinal
sem carnaval
quanto vale toda essa funcionalidade
e perfeição mecânica
que come gente
e garante que o trem
saia pontualmente
às quatorze e dezessete
ou às dezesseis e
quarenta e três...

eu

sou mais carnaval
e faço mais gosto
do rosto
alegre do meu povo
do que esse azul
metálico tão forte
que quando se vai
mais parece
anúncio de morte

ou de um picaso escasso
fosco e sem calor

rico

mas de um rosto
(pra mim)
sem gosto nem
cor

e no
mais
agora

eu

poetizei poetizando
porque
pra mim poetizar é
sempre poetizando
enquanto invento agoras...

na medida certa em que o poeta se faz

no
`quando????`- das horas!!!

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