quarta-feira, 10 de junho de 2009

ugolino and his sons


olha... estou até agora sob a emoção destroçante dessa escultura. nem vou comentar muito... também não pude postar todas as imagens disponíveis na net... pesquisem e imaginem... o mármore vira carne, mermão, puta que pariu...

essa escultura retrata ugolino e seus filhos (google: ugolino and his sons metropolitan nyc), uma personagem do inferno de dante que por ser considerado traidor foi condenado a uma espécie de masmorra da fome... segundo o audio do museu, a expressão talhada procura expressar o desespero dele e sua luta contra a tentação de comer seus filhos. assim, o pai é talhado máscula e contorcidamente em contraposição com seus filhos, carnudos, formosos e... apetitosos...

bem... ainda não dormi e nem dá pra chorar, pois a emoção imposta no meu mármore sanguíneo é tensa, pungente e incontornável...

eis a obra, um fragmento, nota do clássico de dante e a resenha da obra no metropolitan, não necessariamente nessa ordem... tudo capturado na internet...
A
MAS POR FAVOR!!!!!

de modo algum dêem-se por satisfeitos... o bagulho é sério!!! até porque náo consegui postar inúmeros detalhes, como os pés, o filho mais novo, e outras expressões que apesar de não substituírem de forma alguma a contemplação real da obra in loco, transmitem parcialmente o que estou falando e sentindo!!!

aliás... que museu, o metropolitan... indescritível... voltarei lá para rever e ver coisas que num dia só não cabe... museu pra ir a vida inteira...















Ugolino and His Sons, modeled ca. 1860–61, executed in marble 1865–67 Jean-Baptiste Carpeaux (French, 1827–1875)Saint-Béat marble H. 77 in. (195.6 cm)Signed (incised in script at right front facet of base): Jbte Carpeaux./Rome 1860; (incised at right end facet of base) JBTE CARPEAUX ROMA 1860Purchase, Josephine Bay Paul and C. Michael Paul Foundation Inc. Gift and Charles Ulrick and Josephine Bay Foundation Inc. Gift, and Fletcher Fund, 1967 (67.250)
Dante's Divine Comedy has always enjoyed favor in the plastic arts. Ugolino, the character that galvanized peoples' fantasies and fears during the second half of the nineteenth century, appears in Canto 33 of the Inferno. This intensely Romantic sculpture derives from the passage in which Dante describes the imprisonment in 1288 and subsequent death by starvation of the Pisan count Ugolino della Gherardesca and his offspring. Carpeaux depicts the moment when Ugolino, condemned to die of starvation, yields to the temptation to devour his children and grandchildren, who cry out to him:
But when to our somber cell was thrownA slender ray, and each face was litI saw in each the aspect of my own,For very grief both of my hands I bit,And suddenly from the floor arising they,Thinking my hunger was the cause of it,Exclaimed: Father eat thou of us, and stayOur suffering: thou didst our being dressIn this sad flesh; now strip it all away.
Carpeaux's visionary composition reflects his reverence for Michelangelo, as well as his own painstaking concern with anatomical realism. Ugolino and His Sons was completed in plaster in 1861, the last year of his residence at the French Academy in Rome. A sensation in Rome, it brought Carpeaux many commissions. Upon his return to France, Ugolino was cast in bronze at the order of the French Ministry of Fine Arts and exhibited in the Paris Salon of 1863. Later it was moved to the gardens of the Tuilieries, where it was displayed as a pendant to a bronze of the Laocoön. This marble version was executed by the practitioner Bernard under Carpeaux's supervision and completed in time for the Universal Exposition at Paris in 1867. The date inscribed on the marble refers to the original plaster model's completion.

FRAGMENTO

Canto XXXIII

O pecador virou-se, afastou a boca daquela terrível refeição, limpou seus lábios nos cabelos do crânio que devorava, e falou:
- Queres que eu me recorde de um terrível pesadelo. Mas, se o que eu disser puder trazer uma infâmia maior a este traidor de quem arranco as peles, tu ouvirás o meu relato e o meu pranto. - e prosseguiu - Eu não sei o teu nome, nem de onde és, mas pareces florentino. Tu deves saber que eu fui o
conde Ugolino, e que este outro é o arcebispo Ruggieri. Por causa de sua perversa astúcia, por confiar neste desgraçado eu fui traído, detido e morto, como vês. Mas antes saibas da forma cruel como fui morto para que possas julgar-me. Se o pensamento do que agora vou dizer não te tocar o coração, como tu és cruel! E, se não chorares, será que alguma vez choras? Eu fui preso com meus quatro filhos em uma cela para morrer de fome. Todos os dias meus filhos choramingavam e me pediam pão, e o pão nunca chegava. Eu ouvi o portão da torre lá embaixo ser lacrado com pregos e então olhei para as faces dos meus, e não lhes disse nada. Eu não chorei. Me transformei em pedra por dentro. Eles choravam e meu pequeno Anselminho falou "O que tens, meu pai, o que é que há?" Não respondi e nem uma só lágrima caiu durante todo o dia, nem durante toda a noite seguinte. Quando um raio de sol clareou aquele cárcere doloroso por um instante, me vi refletido nos quatro rostos, e mordi minhas mãos de desespero. E eles, pensando que eu mordia minhas mãos de fome, me disseram: "Pai, nós sofreremos menos se comeres de nós. Tu nos vestisse com estas míseras carnes e tu podes tomá-las de volta!" Fiquei quieto para não me tornar mais triste. Durante esse dia, e o outro, ninguém falou nada. No quarto dia, Gaddo lamentou aos meus pés "Pai meu, por que não me ajudas?" e depois morreu. Depois eu os vi morrendo um a um, do quinto ao sexto dia, os outros três. Por mais dois dias, já cego, chorei sobre seus corpos mortos, até que no oitavo dia a morte me levou.

NOTA

Conde Ugolino della Gherardesca, originalmente de família guibelina era, junto com o seu neto Nino dei Visconti, um dos líderes guelfos que exerciam a sua autoridade sobre a cidade de Pisa. Ugolino estava insatisfeito em ter que dividir o poder com Nino, então, traiu seu partido e aliou-se ao arcebispo guibelino Ruggieri degli Ubaldini que era apoiado pelos Lanfranchi, Sismondi, Gualandi e outras famílias gibelinas. Juntos, eles tramaram a expulsão ou prisão de todos os seguidores de Visconti e Ugolino assumiu o poder. Mas o conde sempre achava que poderia ser traído e por isso tratou de eliminar aqueles dos quais suspeitava. Teria mandado envenenar o seu sobrinho, o conde Anselmo da Capraia, temendo que a popularidade do sobrinho reduzisse sua autoridade. Percebendo que os guelfos estavam enfraquecidos no governo de Ugolino, o arcebispo Ruggieri aproveitou a ocasião para traí-lo, divulgando pela cidade a notícia de que o conde Ugolino havia traído a população, e que havia entregue seus castelos aos povos de Florença e Lucca. Conseguiu provocar uma revolta popular que culminou com a invasão do castelo de Ugolino, que foi forçado a se render. Ruggieri, vitorioso, mandou prender Ugolino numa torre posteriormente chamada de "torre da fome". Prendeu também, na mesma cela, Uguccione e Gaddo, filhos de Ugolino, Anselmuccio e Brigata, netos do conde. Meses depois os pisanos lacraram a torre e atiraram a chave no rio Arno. Em poucos dias todos morreram de fome.

2 comentários:

Clementina disse...

do caralho

Anônimo disse...

só digo uma coisa: é muito bom de ler quando você escreve sobre o que vê em ny