sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

biscoito de maizena

Tem dias que são assim. Você lembra das coisas.

Estava em minha peregrinação por algumas favelas cariocas essa semana (coisa de trabalho). Nessas idas e vindas, muita coisa nova fui percebendo – o trabalho, não vem ao caso explicar, mas é mais de observação, o que me dá tempo de pensar, bater papo. Na verdade, acabei vendo muita coisa bonita (e feia também), conversei com muita gente que nunca mais vou ver (será?), mas falaram comigo como se fosse um amigo de algum tempo. Isso é interessante nesses espaços.

Talvez esteja achando isso estranho porque me desacostumei à simpatia. Vida em cidade grande, onde é cada um por si e ninguém se conhece. E foi justamente de tempos remotos que me lembrei. Tempos da infância. Uma das coisas que mais me marcaram nesses dias de visitar as favelas foi um senhor, chamando por uma criança e dando a ela um punhado de biscoito de maizena. Isso mesmo. Lembrei de mim, pequeno, comendo o tal biscoito de maizena. Pegava num pote um punhado e saia pela rua comendo (doido pra ninguém pedir).

Não me lembro de nada específico que tenha acontecido alguma vez que eu estivesse comendo biscoito de maizena. Apenas que comia isso e não como mais. Até uns anos atrás, meu pai mantinha um pote de biscoito de maizena. Mas eu nunca comia. Nem provava. Tinha pra mim que não gostava mais. Na verdade era birra. Era um biscoito muito simples, e depois papai deu uma melhorada nos rendimentos (ou os biscoitos baratearam) e descobri o passatempo (e biscoitos recheados) o que me levou a deixar de lado o de maizena e de água e sal. Coisa de criança. E meu papai e mamãe, sempre querendo agradar, sempre faziam a vontade dos filhinhos.

Mas não fosse a criança (uma gracinha por sinal), talvez ainda estivesse achando que não gostava do biscoito. Mas ontem me deu uma vontade de comer o danado do de maizena que estou com água na boca até agora. Minha vontade era ter pedido pra garotinha unzinho, mas lembrei de mim, que ficava torcendo pra ninguém pedir. O biscoito de maizena é bom justamente porque é simples, sem firulas. E geralmente (pelo menos comigo) são nos lugares mais simples que encontramos pessoas sem nenhuma arrogância ou prepotência, que nos acolhem sem qualquer pretensão. Nos recebem e pronto. Simples.

MARDITA!!!!!!!

Bem... diante dos últimos acontecimentos, pode até ser eu...

No entanto:

quanto ao primeiro: não sou negro, não tenho bicicleta e sou gordo...

quanto ao segundo: não moro na europa, nunca pisei em chão tão limpo e sou gordo... apesar de gostar de Mozart...



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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

tem que se cuidar

Falaram prum amigo meu que a vida dele num tava legal, que ele precisava se cuidar. Perguntou porquê.

– Ah, você sabe, a gente lê no seu blog o que você anda fazendo.

– Pô - argumentou - nem tudo que escrevo é verdade verdadeira gente.

– Ah, fica tranqüilo, somos amigos. Ficaram desapontado com ele. Não sei se por não aceitar que estava mal, por realmente não estar mal, ou porque falava mentira no blog e deixava eles achando que era verdade. Começou a tentar se defender.

– E você, falou que bateu a cabeça e tomou 12 pontos? Duvido, deve ter tomado só uns 2 pontinhos e fica valorizando a queda.

– 12 pontos sem contar que fiquei sem mexer o lado direito todo do corpo. (Pensou com ele, por isso que deve ser esquerdista ao extremo como é) Foi pro segundo da mesa:

– E você malandro, conta que foi preso no reveion porque tava mijando numa cabine policial. Aposto que era numa rua afastada e se bobear nem tava mijando, devia estar deitado no chão de tão bêbado. O cara levanta e mostra o boletim de ocorrência com o auto de infração, “fazendo necessidades fisiológicas em cabine de trabalho do policial militar, além de alcoolizado”, que ele anda com uma cópia no bolso para essas ocasiões.

O amigo ficava intrigado. Será que era o único que mentia? Continuou a rodada, e ainda apostou um chopp nessa, que imaginou não podia ser também verdade.

– E essa história de que levantou sonâmbulo, abriu a porta do guarda-roupa e mijou em tudo que tava dentro, acordando com sua mulher gritando seu nome (que vou omitir aqui, por fins óbvios)?.

– Ué, liga pra minha esposa que ela confirma. Perdeu um chopp, mas como todo bom apostador (na verdade bom apostador aqui é aquele que insiste em apostar até ganhar, e raramente ganha), apostou dois chopps com o próximo da fila.

– Rá, e você que falou que chegou em casa e mijou na parede da sala e sua avó gritando e você falando, peraí, peraí... Isso eu não acredito? (esqueci de contar que estavam na casa desse amigo) Surge aquela voz lá do fundo, inesperada. Era a avó. “Mijou sim, e ainda sentou no mijo depois de tão bêbado”.

Antes disso, uma amiga do meu amigo, até há pouco assaz crítica ao Big Brother, assumia que tinha virado fã do programa, que era viciante e não perdia nada. Esta nem tinha participado de toda essa conversa, porque tinha saído pra ver o BBB, era dia de “prova do líder” ou algo assim.

É, meu amigo chegou à conclusão que ele era o único que inventava historinhas no blog pessoal dele, que todos os seus amigos eram super sinceros, que sua vida era menos interessante que a dos demais (muito menos acontecimentos relevantes, ele tinha que inventar isso), mas pelo menos ficou satisfeito de, embora ninguém tenha acreditado nele, de que ele era o menos “errado” de todos, apesar das mentiras. Na verdade, ficou aliviado com as mentiras. Ficou é preocupado com os amigos, eles precisam se cuidar, essa vidinha não leva nada a ninguém...
Gente, só eu tou vendo que esse blog tá estranho? Todo desconfigurado, a coluna da direita tá lá embaixo. Bodão, meu querido, faz alguma coisa.

Todo mundo tem que...

Todo mundo tem que ler Rubem Braga. Comer morango com chocolate. Suar muito dançando sem saber dançar. Chorar por uma partida de futebol. Beber vinho branco no calor. Ler Carlos Drummond e decorar versinhos. Sair com amigos para lugar que não iria se não fosse com os amigos. Matar uma bola impossível na sinuca. Ler um livro sentado de frente pro mar. Ter uma mala extraviada. Beber cerveja e comer fritura. Tomar banho ouvindo música alta. Atravessar uma passarela da avenida Brasil às 6 da tarde e entender o significado da palavra urbano. Brigar e fazer as pazes. Pegar ônibus errado. Fazer a coisa errada. Ler Nelson Rodrigues. Assistir o mesmo filme 5 vezes. Tomar açaí puro e gelado. Comer x-tudo depois de um dia cansativo. Ouvir música com fone na maior altura e deixar que o mundo se exploda a seu redor. Trabalhar com alguém bem mala. Escrever poemas ruins. Andar descalço. Receber beijos na nuca. Dar beijos em qualquer lugar. Usar meias coloridas. Roubar um jornal antes que sejam entregues aos assinantes. Fumar um cigarro chupando bala de hortelã. Colocar um halls de morango na boca quando o chiclete perder o doce. Ler Hemingway.

Não esquecer que se não der tempo de fazer tudo: ler Rubem Braga é fundamental.


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Isso foi o que de melhor absorvi de uma runião chata e burocrática com gente chata e burocrática. Mentira, não eram chatos, apenas burocráticos.
A DÍVIDA PÚBLICA NÃO ACABOU!

Acúmulo de Reservas Cambiais = Farra dos Especuladores e Explosão da Dívida Interna

Rodrigo Vieira de Ávila
Economista da Campanha Auditoria Cidadã da Dívida
Rede Jubileu Sul Brasil
22/02/2008

Depois de divulgar amplamente o pagamento antecipado ao FMI, em 2005, dia 21 de fevereiro de 2008 o governo anunciou mais um suposto marco histórico: o de que os ativos do país no exterior, constituídos fundamentalmente pelas reservas internacionais, superaram a dívida externa pública e privada. Alega o governo que esta é uma evidência da superação do problema da dívida.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar que este suposto recorde não passa de manipulação estatística, originada em 2001, durante o Governo FHC, e perpetuada no governo Lula: a exclusão dos empréstimos intercompanhia (dívidas de filiais de transnacionais no Brasil com suas matrizes no exterior) do cálculo da dívida externa. Estes empréstimos dobraram em 2007, passando de US$ 20 bilhões para US$ 42 bilhões, mas são ignorados pelo governo, para que possa propalar um suposto marco histórico.

Em segundo lugar, o que está por trás deste acúmulo desenfreado de reservas cambiais? Uma verdadeira farra dos especuladores nacionais e estrangeiros, que trazem seus dólares em massa ao Brasil para comprar títulos da dívida “interna”, em busca dos juros mais altos do mundo. O resultado disto é a explosão da dívida interna, que atingiu R$ 1,4 TRILHÃO em dezembro de 2007, tendo crescido 40% em apenas 2 anos!

Em 2007, o governo federal gastou R$ 237 bilhões com juros e amortizações da dívida interna e externa (sem contar o refinanciamento, ou seja, a chamada “rolagem” da dívida), enquanto apenas gastou R$ 40 bilhões com a saúde, R$ 20 bilhões com a educação e R$ 3,5 bilhões com a Reforma Agrária. E o governo ainda tem coragem de afirmar que a dívida não é problema!

Conforme denunciado na 3ª Edição da Cartilha “ABC da Dívida” (que estará sendo lançada em breve pela Campanha Auditoria Cidadã da Dívida / Rede Jubileu Sul Brasil), a recente isenção fiscal de Imposto de Renda sobre os ganhos dos estrangeiros, o estabelecimento e a manutenção de taxas de juros altíssimas, e a total liberdade de movimentação de capitais têm gerado as condições para um verdadeiro ataque especulativo contra o Brasil. Os investidores estrangeiros trazem seus dólares para investir na Bolsa e em títulos da dívida interna, e assim forçam a desvalorização do dólar frente à moeda brasileira (o Real). Os bancos e empresas nacionais também se aproveitam disso, tomando empréstimos no exterior (mais baratos devido às baixas taxas de juros) para emprestar ao governo brasileiro, por meio da compra de títulos da dívida interna, recebendo uma fortuna em troca disso, devido às altíssimas taxas de juros do Brasil.

Não há limite algum para estas operações, e o Banco Central (BC) compra estes dólares e fornece títulos da dívida interna de acordo com o fluxo de moeda estrangeira ao país. Quando recebem seus lucros e juros em reais, os investidores podem trocá-los por maior quantidade de dólares – uma vez que a moeda brasileira se valorizou – e assim cumprir seus compromissos com o exterior, tendo um lucro extra.

Em 2007, o Real se valorizou 20% frente ao dólar. Portanto, o investidor estrangeiro que no início de 2007 trouxe dólares para aplicar na dívida interna brasileira ganhou, durante o ano, 13% em média de juros, e mais 20% quando converteu seus ganhos em dólar. Portanto, em 2007, os estrangeiros ganharam uma taxa real de juros (em dólar) de mais de 30% ao ano!

Por outro lado, o Banco Central, comprando a moeda estrangeira trazida pelos especuladores, termina ficando com o mico, ou seja, o dólar, que está se desvalorizando. O BC também aplica os dólares (recebidos dos investidores e exportadores) , só que em títulos do Tesouro Americano (que ajudam Bush a financiar seu déficit e suas políticas, como a invasão do Iraque), que rendem perto de um terço dos juros pagos pelo governo brasileiro pelos títulos da dívida interna. Além do mais, como o dólar está em forte desvalorização, os juros pagos pelo Tesouro Americano são, na realidade, negativos para nós.

O resultado disto tudo é um imenso prejuízo para o Banco Central: chegou a R$ 58,5 bilhões apenas de janeiro a outubro de 2007. Este prejuízo é bancado pelo Tesouro Nacional, e correspondeu ao dobro de todos os gastos federais com saúde no mesmo período. Por outro lado, os banqueiros, que se beneficiam desta manobra, não páram de bater recordes de lucro.

Portanto, este suposto marco histórico divulgado pelo governo esconde, na realidade, uma verdadeira reciclagem do velho mecanismo de espoliação da dívida externa, com uma nova máscara: o endividamento “interno”. Este mecanismo é altamente rentável aos investidores estrangeiros, uma vez que, desta forma, eles ficam imunes à desvalorização da moeda americana, recebendo seus lucros e juros em uma moeda que não pára de se fortalecer frente ao dólar.

Além do mais, quando o governo alega que possui recursos para pagar toda a dívida externa, faz uma apologia ao pagamento de uma dívida ilegítima e já paga várias vezes com o sangue e suor do povo, desde os anos 80, quando os EUA, de modo unilateral e ilegítimo, multiplicou as taxas de juros incidentes sobre a dívida externa, levando o Terceiro Mundo à recessão e ao desemprego.

Não há saída para o endividamento sem uma ampla e profunda auditoria, que quantifique quantas vezes já pagamos esta dívida e a que custo social e ambiental. Somente assim poderemos nos libertar dessa amarra que continua nos aprisionando, apesar do governo prosseguir em sua manobra diversionista, tentando sistematicamente, através da divulgação de dados manipulados e parciais, desqualificar os movimentos sociais em favor da auditoria da dívida, na tentativa de esconder que o endividamento continua
sendo, cada vez mais, o centro dos problemas nacionais.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Papo fora

Parecia cronometrado. Cheguei do trabalho (tarde), coloquei uma lasanha no forno (tava sem comer desde o almoço), tomei uma chuveirada (tava precisando!), saí do banho (lógico), tirei a lasanha do forno (praticamente pronta, mas não dava pra esperar até o totalmente), passei prum prato e pensei: "vou ligar a TV". Antes lembrei que ela não está funcionando direito. Mas insisti e arrisquei (tem mais de quatro meses que ela está com problema, mas vira e mexe ela liga, apesar duma faísca que sai de sua traseira e de um barulho - que deixa de incomodar se aumentar o volume). A danada ligou. E o que estava começando no exato momento em que liguei? Rá, Big Brother - "está començando mais um Big Brother, e hoje é dia de trilogia". Pensei comigo, se alguém entra vai pensar que fiz tudo cronometrado (será meu subconsciente?). Entre as opções de canais, fui passando, antes de continuar no Big. Rede TV, com um pessoal de auditório com as mãos para cima. Passei. Band, intervalo. A próxima, não sei o canal, mas um programa religioso, por isso nem procurei saber o canal. Depois paro na Record e uma novela. Um cara no bar, vem uma morena com a coxa grossa, pergunta se ele está pagando. Ele diz que sim. Pelos olhares trocados me empolguei em continuar assistindo. Aí ele paga o lanche e levanta. Boiola, pensei. Ficaram as coxas e deu intervalo. Outro canal, SBT no jornal. Cansado hoje, num queria saber de notícia. Deu pra ver que desabou um prédio no centro do Rio, coisa de vazamento de gás. Amanhã me informo, se necessário. Caí na Globo de novo. Vejo o "nosso repórter metido a poeta, ex-marido de atriz-ladra-mulher-que ama-demais, nosso irrefutável porta-voz da mediocridade, Pedro Bial" (aspas para Bodvéi). E não é que de cara escuto a seguinte frase: "Bom, vamos agora jogar mais papo fora. Ou melhor papo dentro... da casa...". Aí num deu mais. Ou melhor, deu Ombudsman.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


Para um bom bebedor, pelo menos uma por dia é o mínimo. No buteco pessoal não é diferente. Todo dia, o dono do bar serve uma história para seus clientes/leitores. Ainda tem um serviço de atendimento ao cliente, onde esses podem contribuir com sugestões ou mesmo só reclamar.
Já ia esquecendo (depois que bebo é foda!), o link é www.butecopessoal.blogspot.com.

paulatinamente


PARADA CARDÍACA

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Paulo Leminski

Antes TARDELLI do que nunca!!!!!!! CCRRRRÉÉÉÉÉÉÉUUUUUUU!!!!!!!!!!!!

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BICAMPEÃO!!!!!!!! BICAMPEÃO!!!!!!!!!!

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!
VICE DE NOVO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


CHORAAAAA (CACHORRADA!!!), NÃO VOU LIGAR!!!!!!!

NÃO SABE PERDER, NÃO TORCE PORRA!!!!!!!

MEEEEEEEEEEEEENNNNNNNGGGOOOOOOOOOOO!!!!!

Não agora, sério, seus eternos injustiçados....

1º se queria a camisa do Fábio Luciano era só pedir depois do jogo, OTÁRIO!!!!!!

2º nunca vi juiz voltar atrás de marcação nenhuma, então PRA QUE RECLAMAR IGUAL UMAS BICHAS DESVAIRADAS, OTÁRIOS!!!!!!!!

3º depois do empate, o time do Botafogo parecia time de vôlei, era só chegar na área do Mengão que os otários davam peixinho forçando pênaltis... tch, tch, tch... OTÁRIOS!!!!!!!

4º Lúcio Flávio desequilibrado!!!!! Nem precisava de cartão amarelo pra ser expulso naquela entrada criminosa!!!!!! Fez valer o nome!!!!!! OTÁRIO!!!!!!!

5º Bebeto, vai tomar no cu!!!!!!! OTÁRIO!!!!!!!!!!!


Ah, eternos injustiçados, perseguidos, roubados, devolvam então o Carioca de 89 (falta de Maurício sobre Leonardo) e o Brasileiro de 95 (gol do Túlio impedido)!!!!

OTÁRIOS!!!!!!!!!

MMMMMEEEEEEEEEEENNNNNNNGGGOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

A renúncia de Fidel Castro e as implicações para a América Latina.















Entrevista especial com Emir Sader


Aos 81 anos, sendo 49 deles no poder, Fidel Castro anunciou ontem (19/02/08) sua renúncia ao cargo de Presidente da República de Cuba. Afastado dele desde 2006, devido a complicações no seu estado de saúde, Fidel começou sua luta pela transformação da sociedade cubana bastante jovem. Depois de se graduar em Direito, pela Universidade de Havana, intensificou sua luta contra o governo cubano, denunciando as corrupções e atos ilegais cometidos pelo poder. O golpe de estado de 1952 o convenceu sobre a necessidade de buscar novas formas de ação para transformar o país. Para realizar a Revolução Cubana, em 1955 foi até os Estados Unidos em busca de apoio dos emigrantes cubanos. Com os combatentes reunidos, dirigiu-se à Sierra Maestra, onde permaneceram por dois anos à frente do Exército Rebelde Cubano. Fidel, então, guiou a tática e a estratégia da luta contra a ditadura batistiana, financiada e apoiada pelos estadunidenses. Em 8 de janeiro de 1959, marchou até Havana e consolidou a vitória da Revolução. Por mais que sofresse um embargo econômico dos Estados Unidos e, depois, com o fim do regime socialista na URSS, Fidel manteve-se a frente de Cuba até o dia 1 de agosto de 2006. Nesta data, delegou o seu cargo ao irmão, Raul Castro.

Muitos aguardavam sua renúncia, outros não esperavam por tal notícia, tanto que os maiores jornais do Brasil não noticiaram o fato em suas primeiras edições do dia. Ao povo, Fidel diz em sua carta-renúncia: "Prepará-lo para a minha ausência, psicológica e politicamente, era minha obrigação depois de tantos anos de luta. Nunca deixei de assinalar que se tratava de uma recuperação 'não isenta de riscos'. Meu desejo sempre foi de cumprir o dever até o último alento. É o que posso oferecer”.

Para repercutir o assunto, a IHU On-Line conversou, por telefone, com o doutor em Ciências Políticas Emir Sader, que nos atendeu por telefone desde a Bolívia, onde participa de um congresso. Atualmente, Sader atua como coordenador do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais e é professor da Universidade de Oxford e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Pensando na perspectiva da esquerda latino-americana e mundial, quais são os aspectos do pensamento de Fidel que o senhor considera ainda hoje pertinentes?

Emir Sader – Pode-se falar de uma esquerda latino-americana de antes e depois de Cuba e Fidel. Ele introduziu a questão do socialismo no coração da América Latina, na vigilância dos Estados Unidos. Também introduziu questões fundamentais, como a de que apenas uma sociedade não fundada no mercado pode terminar com o analfabetismo, universalizar direitos de saúde, de educação e culturais para toda a população. Isso tudo fazendo com que um pequeno país sem grandes produtos de exportação, com baixo valor de carteira no mercado internacional, pudesse ter a projeção que teve. Essa é a posição interna. Cuba acredita que deve seguir sendo o país mais solidário do mundo, uma referência em saúde no mundo todo e o que tem mais médicos trabalhando ativamente fora do país. Isso para não falar na escola latino-americana de Medicina, que está formando as primeiras gerações de médicos pobres, provenientes inclusive do Brasil. Possui também a Operação Milagro, que é a recuperação de milhões de latino-americanos de forma gratuita. A sociedade cubana tem um grande espírito de solidariedade totalmente contraditório com o espírito mercantil que o capitalismo difunde pelo mundo afora. Então, o Fidel é um marco da história da América Latina, da história da periferia do capitalismo.

IHU On-Line – O que significa a renúncia de Fidel para a América Latina?

Emir Sader – Na verdade, a renúncia veio a partir de uma transição, pois o Fidel foi deixando aos poucos de assumir funções. A renúncia foi só uma formalização. Significa que a América Latina hoje não pode preferir Cuba. Na verdade, ela tem outros regimes que estão construindo sociedades alternativas, como Equador, Bolívia, Venezuela, e que estão na esteira, no caminho que foi plantado por Fidel. Então, a atualização dele hoje é a atualização presente, por exemplo, na ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), em que se constrói a experiência mais avançada, aquela que o Fórum Social Mundial pregava: a de um comércio justo, em que cada país oferece o que tem e recebe o que necessita, e assim por diante. Tudo isso feito a partir desse espírito de solidariedade que contém. Então, o Fidel se retira, mas a presença do que ele sonhou é constante, ou seja, continua contemporâneo na América Latina. Esse é um final de carreira digno de quem construiu uma trajetória extraordinária.

IHU On-Line – Podemos esperar algum tipo de mudança na forma de Raul Castro conduzir a política cubana e as articulações com os outros países da América Latina?

Emir Sader – Nada significativo.

IHU On-Line – A renúncia de Fidel tem relação com a nova estrutura da esquerda na América Latina, que está sendo chamada de Nova Esquerda?

Emir Sader – Não, não tem nenhuma relação. A história específica da esquerda na América Latina não tem ligação com a renúncia de Fidel. A renúncia de Fidel representa a continuidade do sistema político mais além do seu grande líder fundador, não mais do que isso. Fidel já instruiu aqueles que irão dirigir a Revolução Cubana.

IHU On-Line – De que forma a renúncia de Fidel pode influenciar a esquerda atual que está se formando na América Latina?

Emir Sader – Fidel está fora da presidência há um ano e meio, então não tem nada para influenciar agora. O que tinha para influenciar já influenciou. O que ele sonhou já está tendo continuidade em outros governos.

IHU On-Line – Então, Cuba continua sendo um modelo socialista para a América Latina?

Emir Sader – Uma referência, não um modelo. Estão sendo construídos diversos modelos novos influenciados por Cuba, por isso é uma referência.

IHU On-Line – Qual é a sua opinião sobre a declaração de Bush de que a renúncia de Fidel deva ser um começo para a democracia cubana?

Emir Sader – O fim do governo Bush pode ser o começo para a democratização dos Estados Unidos. Eu não tenho previsão para as eleições, até porque não sou especialista, mas creio que todos os candidatos, de alguma maneira, rejeitam o governo Bush. Bush sairá do poder sozinho, como ele mesmo disse, só ele e seu cachorro, o que não é o caso do Fidel. Este sai com o apoio do povo cubano.

Não é o início do fim do socialismo. Artigo de Frei Betto
"Ilude-se quem imagina significar a renúncia de Fidel o começo do fim do socialismo em Cuba. Não há nenhum sintoma de que setores significativos da sociedade cubana aspirem o retorno ao capitalismo", escreve Frei Betto em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 20-02-2008.

Eis o artigo.

Fidel Castro, de 81 anos, renunciou às suas funções de presidente do Conselho de Estado de Cuba e comandante-chefe da Revolução. Entregue aos cuidados de sua saúde, prefere manter-se fora das atividades de governo e participar do debate político - que sempre o encantou – por meio de seus artigos na mídia. Permanece, porém, como membro do Birô Político do Partido Comunista de Cuba.

No próximo domingo, Raúl Castro, de 77 anos, será eleito, pelos novos deputados da Assembléia Nacional, para ocupar a função de primeiro mandatário de Cuba.

Esta é a segunda vez que Fidel renuncia ao poder. A primeira ocorreu em julho de 1959, sete meses após a vitória da Revolução. Eleito primeiro-ministro, entrou em choque com o presidente Manuel Urrutia, que considerou radical as leis revolucionárias, como a reforma agrária, promulgadas pelo conselho de ministros. Para evitar um golpe de Estado, o líder cubano preferiu renunciar. O povo saiu às ruas em seu apoio. Pressionado pelas manifestações, Urrutia não teve alternativa senão deixar o poder. A presidência foi ocupada por Osvaldo Dorticós e Fidel voltou à função de primeiro-ministro.

Estive em Cuba em janeiro deste ano, para participar do Encontro Internacional sobre o Equilíbrio do Mundo, à luz do 155.º aniversário de nascimento de José Martí, figura paradigmática do país. Retornei em meados de fevereiro para outro evento internacional, o Congresso Universidade 2008, do qual participaram vários reitores de universidades brasileiras.

Nas duas ocasiões encontrei-me com Raúl Castro e outros ministros cubanos. Reuni-me também com a direção da Federação Estudantil Universitária (FEU), estudantes da Universidade de Ciências Informáticas, professores de nível básico e médio e educadores populares.

Ilude-se quem imagina significar a renúncia de Fidel o começo do fim do socialismo em Cuba. Não há nenhum sintoma de que setores significativos da sociedade cubana aspirem o retorno ao capitalismo. Nem os bispos da Igreja Católica. Exceção a uns poucos que, em nome dos direitos humanos, não se importariam que o futuro de Cuba fosse equivalente ao presente de Honduras, Guatemala ou Nicarágua. Aliás, nenhum dos que se evadiram do país prosseguiu na defesa dos direitos humanos ao inserir-se no mundo encantado do consumismo...

Cuba não é avessa a mudanças. O próprio Raúl Castro desencadeou um processo interno de críticas à Revolução, por meio das organizações de massa e dos setores profissionais. São mais de 1 milhão de sugestões ora analisadas pelo governo. Os cubanos sabem que as dificuldades são enormes, pois vivem numa quádrupla ilha: geográfica, única nação socialista do Ocidente, órfã de sua parceria com a União Soviética e bloqueada há mais de 40 anos pelo governo dos EUA.

Malgrado tudo isso, o país mereceu elogios do papa João Paulo II por ocasião de sua visita, em 1998. No Índice de Desenvolvimento Humano de 2007 da ONU, o Brasil comemorou o fato de figurar em 70.º lugar. Os primeiros 70 países são considerados os melhores em qualidade de vida. Cuba, onde nada se paga pelo direito universal à saúde e educação de qualidades, figura em 51.º lugar. O país apresenta uma taxa de alfabetização de 99,8%, conta com 70.594 médicos para uma população de 11,2 milhões (1 médico para 160 habitantes), índice de mortalidade infantil de 5,3 por cada 1 mil nascidos vivos (nos EUA são 7 e, no Brasil, 27) e 800 mil diplomados em 67 universidades, nas quais ingressam, por ano, 606 mil estudantes.

Hoje, Cuba mantém médicos e professores atuando em mais de 100 países, incluindo o Brasil, e promove, em toda a América Latina, a Operação Milagros, para curar gratuitamente enfermidades dos olhos, e a campanha de alfabetização Yo si puedo (Sim, eu sou capaz), com resultados que convenceram o presidente Lula a adotar o método no Brasil.

Haverá, sim, mudanças em Cuba quando cessar o bloqueio dos EUA, forem libertados os cinco cubanos presos injustamente na Flórida por lutarem contra o terrorismo, e se a base naval de Guantánamo, ora utilizada como cárcere clandestino - símbolo mundial do desrespeito aos direitos humanos e civis - de supostos terroristas for devolvida.
Não se espere, contudo, que Cuba arranque das portas de Havana dois cartazes que envergonham a nós, latino-americanos, que vivemos em ilhas de opulência cercadas de miséria por todos os lados: "A cada ano, 80 mil crianças morrem vítimas de doenças evitáveis. Nenhuma delas é cubana”; "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma é cubana".

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Será?


Se nao der pra ler, clique na imagem que ela abre maior, facilitando a leitura

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Camões


Lá do blog do Nassif:


'Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
Dor que desatina sem doer'

Camões



Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
Tomavas uns antipiréticos,
Uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
Consultavas a Internet
E descobririas que essas dores que sentias,
Esses calores que te abrasavam,
Essas mudanças de humor repentinas,
Esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
Mas somente falta de sexo!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

BBB - curtinhas - nem tanto

E num é que a minha amiga do ônibus (post aí embaixo, antes do Créu-rubro-negro) tinha razão? O tal pitboy saiu mesmo do BBB. Ela deve estar orguhosa, afinal dos milhões de votos que o tiraram do programa, ela é responsável por uma boa parcela. Não, eu não votei. Maaas, assisti o programa de ontem. Todinho. Notei que minha amiga tinha razão, de novo. O cara é mesmo muito machista, muito grosseiro. Teve até um quadro do programa todo dedicado a ele. Em um quadro de 1 minuto ele chamou a menina com quem tá de namorico de: mulher minha, cachorra, idiota... Mas, o melhor foi quando ele definiu as qualidades necessárias em uma mulher:

- Bunda é fundamental, peito é um plus e coxa tem que ter! [fiquei arrasada!! Pensei em entrar no chat que rola depois do programa e perguntar se....humm... pés bonitos podem ser um plus]

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Vocês sabem que moro num hospício né? As vezes parece um circo, mas tá mais pra hospício. Pois bem. Ontem, a diretora conversava com a paciente do quarto ao lado:

- Não foi hoje que seu Zé ficou de vir? Hoje é quarta?
- Não sei, mãe. Hoje é dia de paredão.
- É tá certo, antes de ontem foi a indicação. Ele vem amanhã então.

Hospício em sua fase temática BBB8. Mas, garanto que na época do BBB do Alemão era pior.

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Será que depois de 8 edições o público continua caindo no conto do vigário ou melhor, do Big God?? Gente, a edição do programa é discarada. Nem vejo, mas já posso dizer quem tá na final: o médico que parece um urso. Repara só como a câmera fecha nele em momentos importantes. Repara como ele é o cara que sabe tudo e o resto é um bando de abobado (Jean Willys [nem sei se escreve assim] fez história). Tem outras coisas, mas vou guardar minha avaliação de comunicóloga recém formada pra quando encontrar outra pessoa no ônibus, ou na fila de banco, ou no balcão da xerox que esteja afim de um bom papo. Sabe como é, não que me sentir fora do assunto como da última vez.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Ê BACALHAU, Ê BACALHAU...




CRRRÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉUUU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

DANÇA DANÇA
DANÇA DANÇA DA BUNDINHA
NO MARACANÃ
BACALHAU VIROU SARDINHA!!!!!!!!

NÃO GANHA NADA
TIME DE CUZÃO
EU SOU FLAMENGO
CAMPEÃO DO MUNDO
PENTACAMPEÃO!!!!!!!!!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mania infeliz

Ou: Amanhã é dia de paredão



Tem gente que que só dorme com uma almofada entre as pernas; tem gente que guarda tudo em saquinhos de pano, desde livro até celular; tem gente que conta os degraus ao subir e eu pego ônibus errado. Pode soar estúpido, aliás, é estúpido, mas comigo é recorrente.

Explico. Acontece que sou bastante impaciente, apressada, aperriada, agoniada. Daí, quase sempre quando tenho que pegar ônibus e estou sob pressão, ela potencializa minha agonia e acabo subindo no "bonde errado". Vamos a um exemplo: saio de casa atrasada para ir ao cinema, sei quais são os ônibus que me servem, mas nem sempre sei os que NÃO servem. Então, se passa um que eu ACHO que serve, eu entro sem pensar. Isso acontece normalmente se chego ao ponto e tem um ônibus lá. Naquela agonia, com a pressão do relógio, e o ônibus parado, penso (ou não) rápido e se achar que pode servir, entro. Nessa brincadeira já peguei ônibus expresso pra Bangu, sendo que queria ficar na metade da Avenida Brasil. Gastei 4 horas da minha vida para sair de casa, ir a Bangu e admirar a Avenida Brasil duas vezes.

Hoje, saí do trabalho apressada* para ir ao dentista. Pra piorar estava chovendo e eu não tinha guarda-chuva. Pressão dupla: o horário e a chuva. Não deu outra: cheguei no ponto, tinha um ônibus parado, o 322. Pensei rápido, li a placa do ônibus, tentei lembrar se o que me servia era o 322 ou 326 ou 327. Enquanto lembrava fui entrando, sem perguntar, claro.

Quando entrei no ônibus, me deparei com a seguinte cena: ônibus cheio, procurei um lugar, notei que havia um no banco que fica colado no cobrador. A menina sentada no banco batia um papo frenético com ele. Medo. Odeio papo com desconhecidos. Esses papos chatos de fila de banco, de ônibus ou de balcão da xerox. Sentei e logo pus em prática o primeiro passo da estratégia de quem quer fugir de papos inconvenientes. Evitei contato visual. Busquei um ponto, a catraca, e fixei meu olhar nela.

Com o olhar atento na catraca, pensei em escutar música no celular. Percebi que havia deixado o fone em casa. Então, sem ter o que fazer, me pus a admirar a catraca e pensar na morte da bezerra. Mas, foi impossível não escutar a conversa escandalosa que acontecia do meu lado. Falavam de Big Brother e do atual "paredão". Papo vai, papo vem, a garota disse que estava fazendo campanha contra um dos caras que está no "paredão". A resposta do cobrador foi:

- Mas eu pensei que a mulherada gostasse dele. Fortão, bonitão, apaixonadinho.
- Quê isso!! Ele é muito grosso. Quer mandar na mulher, que nem é dele ainda.
- Ai ai... é difícil agradar as mulheres. É por isso que eu gosto de conversar com todo tipo de mulher, faço pesquisa de mercado.

Como é? Pesquisa de mercado? Eu não aguentei. Dei uma olhadela para o tipo, apenas para recordar que a figura não justificava o papo malandro. E cometi um erro fatal: dei uma risadinha de canto de boca. Apenas a risadinha é pior do que o contato visual, porque ela significa que você está ouvindo a conversa, curtindo a conversa. Ou seja, soa quase que como um pedido pra entrar na conversa. O cobrador:

- Achou engraçado? Mas, é verdade. Eu aprendi que pra entender de mulher, tem que conversar com mulher. Então eu converso sobre tudo com a mulherada e quando quero uma, é muito mais fácil.

Concordo com a cabeça. A menina toma o turno da conversa:

- Cara, homem é foda né? Me diz, tu também não acha que o Fernando tem que sair?
- [não dava pra eu pular a janela, então entrei no papo] Olha, eu não tenho visto muito essa edição, trabalho e tal, mas...
- Eu te digo como ele é... [ela contou algum episódio do tal pitbull retardado (redundância, eu sei)]
- É, se ele é tão machista assim, eu o tiraria do programa também.
- Então vota nele menina [reconsiderando pular a janela: cara de paisagem]. Olha, eu entendo seu pouco tempo, mas é rapidinho pela internet e de graça. Vota lá. Nós mulheres temos que nos unir nessas coisas.
- Voto sim. Pode deixar. [fazendo cara de choro para o cobrador voltar ao papo com a garota]

Silêncio. Como o besta do cobrador foi incapaz de falar qualquer coisa, a menina volta com todo gás:

- A mesma coisa é com eleição pro governo. Pensa bem, as pessoas não votam, votam em qualquer candidato. Não pensam que é de voto em voto que o cara ganha. Por isso que eu tô te falando, não deixa de votar. Não pode pensar assim: 'ah, é só um voto, não faz diferença'. Porque no fim, faz.

Como diria um amigo meu: 'meu Deus que não existe'!!!!! Como assim a garota transforma o Big Brother numa causa feminista? Como ela consegue fazer ligação com as eleições e superdimensionar um jogo estúpido?

- Você é boa de argumentos. Vou votar sim, pode deixar. E você, vai votar em quem? - passo a bola para o cobrador e volto meus olhos para a catraca.

Enquanto o cobrador desenvolvia sua argumentação, vi entre os ferrinhos da catraca a Avenida Rio Branco. 'Puta que me pariu. Ônibus errado' - pensei. 'Ok, desço na Carioca e pego o metrô'.

- Vocês só pensam nisso, né? É por isso que eu digo, homem faz sexo, mulher faz amor.

Antes que ela virasse o rosto buscando minha concordância, apertei o botão do ônibus. Imagina o que viria depois daquela frase original e profunda.

- Tchau gente e vamos votar, hein!

Desci e peguei outro ônibus. Sem pressão. Fiquei na chuva, atrasada 10 minutos pro dentista, na maior calma esperando o ônibus que me servia. Barulho de rua é música para meus ouvidos.

__________

* me atrasei porque fiquei escutando o podcast do Diogo Mainardi. Hilário. Engraçado como poucas coisas na vida. Eu não leio Veja, eu não leio Diogo Mainardi, eu acho Diogo Mainardi uma besta que quer causar polêmica, mas de tão ridículo e boçal ele ficou engraçado. Fazia muito tempo que não lia nada dele. Fui ouvir o podcast por conta da briga dele com Nassif que voltou à tona com a série de textos do Nassif sobre a imundice que é Veja. Gente, é muito bom. Porque no podcast ele trata de assuntos mais triviais do que na coluna e trata de linkar isso com seus temas favoritos: falar mal do governo Lula, falar mal do Brasil e exaltar o neoliberalismo. Tudo isso, decorado com boas doses de boçalidades, bem no estilo Mainardi. Vale a pena: http://veja.abril.com.br/idade/podcasts/mainardi/

Ah, o Nassif também vale: http://www.projetobr.com.br/blog/5.html

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Festival de Berlim

Vou evitar as piadas de mal gosto. Guardar minha indignação no meu coraçãozinho e dissolvê-la em chops. Afinal, o Urso de Ouro já é do Capitão Nascimento mesmo. Em tempo, discordo de Cora Rónai (como siempre): o fato do Costa-Gravas ter presidido o júri do Festival não quer dizer muita coisa não. Primeiro porque ele não faz o júri sozinho, segundo, porque mesmo cineastas brilhantes podem errar. Costa-Gravas, acredito eu, nunca esteve no Complexo do Alemão, na Rocinha ou no Borel. E não venha me dizer que o filme não tem nada a ver com a realidade, com política ou qualquer coisa...Papo pra boi dormir.

Com a palavra, Latuff:

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cotidiano II

Roda da Associação Lagoa Azul Capoeira. Toda sexta, na Lagoa. Com sorte, tem lua, pra ficar melhor ainda. Bonito de ver. Gostoso de ouvir.

Ê me leva pra Bahia
Ê leva pra Bahia

Lá tem macumba
No pé de iroco velho
Na da casa de Pai Xangô
No Axé Opô Afonjá

Ê me leva pra Bahia
Ê leva pra Bahia


Se pedir com jeitinho, eu levo...


PS: faltou dizer que a roda é da Suzana, do blog amigo e bom de ler resolviescrever

Sala de espera, espera, espera...

Sala de espera. De médico. 10 pessoas. Além das revistas antigas, Veja e Caras, obviamente, um tal de Gabriel. Uns 5 anos. Vai dum lado pro outro, vem, te olha, faz careta. Fala, grita, chora. O pai, fica jogando no celular, com uma música talvez mais irritante que o filho. A mãe, fica falando “Gabriel... Gabriel.... Não passa disso.

A secretária/recepcionista, provavelmente mais impaciente que eu, entregou à mãe do Gabiru um brinquedo. Na minha época o nome era tela mágica, ou algo assim. Você rabisca/escreve/desenha e apaga com facilidade. Antes de pegar, o garoto já gritava “e meu, é meu, é meu...”. Os pais: “não, é emprestado, ... não, é emprestado”. E o moleque gritando “é meu!”. Santo saco.

Nem brincou, mas não queria devolver. A mãe foi no banheiro, o filhotinho foi atrás e desandou a bater na porta. Enchendo o saco! O pai. Ah, o pai nem deu um pause no game do celular, apenas falava: “Gabriel, ... Gabriel...”. E a bateção continuava. Isso em 15 minutos. Enfim foi chamado pra consulta. O Gabriel, eu continuei esperando. Deve ter passado na frente de muita gente, mas ninguém reclamou. Tava todo mundo querendo ele fora dali o mais rápido possível. Da sala de espera, vem o choro de dentro do consultório. Nem de lá o danado dá sossego. Pelo menos a música do jogo do celular parou, ficamos só com a voz da Ana Maria Braga na TV.

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Antes da TV tava lendo, pensando. Aí durante a bateção na porta comecei a escrever, pra não gritar com os pais da criança. Um desabafo silencioso. Aí percebi a TV e a Ana Maria, sem escutar muito bem que, ainda bem, estava baixo. Mas vi várias sandálias e o pessoal que as desenhava, explicando o processo de produção. Primeiro os caras desenhom no papel, depois fazem uma maquete na cartolina. Aí começa a produção. A alergia, meu motivo de vivenciar esse momento, continua a mesma. Mas saí mais culto, sabendo como se produz uma sandália feminina. Viva a TV

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Pela impaciência com o Gabriel, podem pensar que sou assim com todas as crianças. Maldade de vocês. Acho criança um negócio lindo. Dos outros, claro. Agora mesmo, ainda esperando, tem duas gatinhas, também de uns cinco anos cada, que estão brincando com a tela mágica deixada na cadeira pelo Gabiru. Acabaram de se conhecer e estão DIVIDINDO o brinquedo. Numa amostragem (sem qualquer critério) de 3 crianças, duas são legais. Culpa dos pais que uma não seja.

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Eu achava que já sabia tudo de sandálias mas a matéria continua. Acho que nem de produção de sandálias eu sei mais...

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Aparece o querido Gabriel novamente. Quer tomar das meninas a tela mágica. Lá vai ele: “é meu!, é meu!” e puxa o brinquedo. O pai reclama. Ele chora, deita no chão. Volta pra tomar. O pai pergunta a uma das garotinhas (num tom bem incisivo): “Num quer jogar mais não?!!”. A garotinha nem responde, mas passa pro Gabriel o brinquedo. Meio minuto e ele solta no chão a tela mágica. Sorte do pai que não sou de violência, e mais sorte ainda que é bem maior do que eu.

Mentira. Se fosse o contrário, eu mais forte, nada aconteceria...

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Mas criança é realmente legal. Até o Gabriel, depois de deixar no chão o brinquedo que foi apanhado pela garotinha, ficou lá assistindo ela desenhando. Quando saiu pra fazer um exame, ainda falou com elas “eu já estou voltando tá?”. Ou ele já é malandro, e tá pensando no futuro, ou ainda tem salvação. Os pais é que não têm mais jeito...

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Mudando (um pouco) de assunto. Porra, uma hora sentado nessa merda e não sou atendido. Tinha desistido do médico e vim por acaso. Isso porque tava marcado desde dezembro (hoje é fevereiro), desmarcaram e marcaram de novo. Daqui a pouco levanto e vou embora.

Pura pressão. Já esperei uma hora, agora fico até o fim, quero ver quem é esse médico difícil de encontrar. Vai que resolve a porra da minha alergia?

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Carái. Pra que marcar oito e meia se vai atender às 10 horas? Tá igual uns médicos de São Paulo, esses especialistas em coração. Marcam pra uma da tarde e atendem às seis da noite.

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Pelo menos serviu pra escrever. Bom tempo que não fazia isso. Mas já escrevi e não fui atendido...

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Entro na consulta. Solução é passar a faca no nariz. O danado é grande, mas por dentro é todo embolado. E ainda só resolve problema de respiração, a alergia só saberei depois de outras horas de espera...

Cotidiano

Casa lotérica em dia dia de "Bolsa Família"

15.02.08 - Maré, Rio de Janeiro





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

é... pois é...

o meu desejo primeiro e - de tão guardado e adiado - abandonado, era escrever uma exaltação do carnaval como momento de encontro entre diversas galeras, classes, origens, posições e opiniões num mesmo intuito de beijar, pular, cantar e beber até cair...

pensava ainda em dar uma cutucada no nosso ensandecido-filho-da-puta prefeito, abarcando nessa saraivada todas as secretarias que contribuíram para uma cidade caótica e fétida, com a proliferação de engarrafamentos, a incrível falta de organização da cidade e a repetida e já até esperada falta de banheiros públicos...

sem falar no descaso para com o carnaval de rua da Rio Branco, onde os tradicionais Cacique de Ramos, Bafo da Onça, Embaixadores da Folia, Boêmios do Irajá, e o fabuloso Cordão do Bola Preta, mobilizaram e arrastaram milhares de foliões sem um enfeitezinho sequer nos postes e nas calçadas... apenas uma reles arquibancada e palanques de tapumes de madeira...

... pensei ainda em comentar o desfile das superescolas no sambódromo, de como não dá mais pra confiar nessa apuração da Liesa, do bicheiro de honra de Nilópolis em carreata sobre carro dos bombeiros, sobre como é um absurdo e injusto o super investimento da prefeitura da cidade nessa festa em detrimento do abandono e descaso com o carnaval de rua, esse sim, fiel aos ditames momescos, irreverente, profano, sacana e feito por pessoas normais de carne e osso, sem silicone, botox, aminoácidos, lipoaspirações e outras doideiras mais...

mas penso que esses temas acima já foram muito explorados nos textos pós-carnaval, nas famigeradas cartas de leitores e nas manchetes da mídia carioca, que, diga-se de passagem, resolveu descer a madeira em nosso lamentável alcaide... aliás, outro tema que instigou minha verve...

mas não... venho tratar de outro tema... surgido nas cartas de leitores dos jornais, nos botequins, na volta ao trabalho e na boca de amigos... tema que, aliás, compete com os outros acima como dos mais recorrentes e repetidos do período...

ainda não sabe????? nem um chute?????? bom...

o tema em questão é o papo de elevador e portaria mais falado no momento, mais até que considerações climáticas: a eterna ladainha dos workaholics, patrões, empresários de setores que não lucram com a festa e rabugentos em geral, dizendo que agora (até que enfim, proclamam altissonantes) o ano começou...

tudo bem... faz até sentido... mas o que me irrita é a expressão austera, moralista, como quem reprova tal comportamento e já vem com a legenda: é por isso que esse país não vai pra frente...

ê cambada!!!!

reconheço logo de onde vêm tais papos chatos: de aposentados sem assunto que vivem de olho no que poderia ter sido, mas não foi; de pessoas que odeiam ser brasileiras, veneram o trabalho e desconhecem um troço chamado mais-valia; de amigos marxistas que esquecem o que é a mais-valia, embriagados que ficam na compulsão de reclamar e reclamar e reclamar; de amigos marxistas que querem começar a revolução, mas antes precisam que o carnaval de Santa Teresa acabe; dos que não têm vida própria e fazem do trabalho sua própria vida; dentre outros muquiranas e péla-sacos de plantão...

pois é, o ano para essa galera nunca começa porque não acaba...

explico: porque esses digníssimos desgraçados reclamam sem freio o ano inteiro...

do Natal, por ser uma festa fútil e comercial que perdeu seu sentido religioso verdadeiro; do futebol por, junto com o carnaval ser o ópio do povo; dos feriados, porque impedem o nosso desenvolvimento; do calor; do frio; de ver tudo como conseqüência direta do aquecimento global enquanto, muitos, nada fazem para impedi-lo... dentre diversas outras motivações mesquinhas...

e vou parar por aqui porque reclamar me dá uma sede danada!!!!!

Bodão

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Diálogos

Conversavam mãe e filha.

- Filha, ligou um tal de Davi pra você à tarde.
- Hum.
- Quem é?
- Deve ser o Davi, amigo meu do colégio.
- Que você mal conhece e já sai dando o telefone?
- Mãe! Davi é gordo, negro...
- [a mãe assustada, como se aquilo fosse surpreendente e nada tivesse a ver com os 18 anos anteriores]. E daí?
- E gay. Tem nada a ver.


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Uma moça, dia desses, pegou uma dessas vans que saem da Zona Sul em direção à Zona Norte da cidade. O ponto final da van é em uma favela do Rio de Janeiro, que chamaremos de Vale das Pedrinhas. Assim que entrou na van, seu celular tocou:

- Alô. Não...tou indo pro trabalho, chegando lá eu ligo.

Na van, além dela, só estava o cobrador. Era impossível que ele não escutasse o diálogo. Ao vê-la desligar o telefone, ele olhou surpreso e perguntou:

- Você está indo trabalhar?
- Estou.
- Onde?
- No Vale das Pedrinhas.
- Hum. Normalmente é o contrário né? Quem mora lá é que trabalha aqui. Não vejo muito gente que mora aqui trabalhar lá.
- Tem razão.
- Você mora por aqui mesmo? Em Copacabana?
- Copacabana é um pouco antes. Moro aqui pelo Catete.
- Você não quis morar em Copacabana?
- Eu gosto do Catete. É um bairro que tem tudo que eu preciso.
- Mas, eu acho que se eu morasse aqui eu não ia querer trabalhar lá no Vale das Pedrinhas.
- É, entendo.
- Mas, ao mesmo tempo acho que ia sentir falta de umas paradas que tem lá. Tipo, o baile... - E pôs-se a falar dessas coisas que só existem no nosso lugar...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dinheiro da CIA para FHC

Texto de Sebastião Nery publicado na Tribuna da Imprensa de 9 de fevereiro de 2008

"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap".

Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69.

Fundação Ford
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos.

E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.

Agente da CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.

Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias.

Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.

Quem pagou
Acaba de chegar às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: "Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura", da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro).

Quem "pagava a conta" era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas:
"Consistente e fascinante" ("The Washington Post"). "Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" ("Spectator"). "Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente" ("The Times").

Milhões de dólares
1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA... As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153).

2 - "O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça..." (pág. 152). "A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria" (pág. 443).

3 - "A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147).

FHC facinho
4 - "Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante" (pág. 123).

5 - "Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil" (pág. 119).

6 - "A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Manual do Jornalismo Tapioca

Entre um bloco e outro; depois do Quizomba e antes do Bafo de Onça; algumas latinhas depois; eis que posto nesse blog abandonado por conta das folias momescas.
Recebi de um amigo, direto do blog do Nassif (http://www.projetobr.com.br/blog/5.html) que anda curtindo o carnaval de Pernambuco, (lugar que pretendo estar ano que vem).

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Critérios de noticiabilidade do Jornalismo Tapioca

1. Proximidade: pense numa "crise" que pode estar mais próxima. Por exemplo: esqueça a febre amarela, que já não rende notícia. Vá atrás, mesmo no outro lado do mundo, de tapiocas, diárias, cartões corporativos, etc.

2. Relevância: Mostre que as questões mais banais e prosaicas podem ser tratadas como se fossem relevantes. Afinal, não é dado ao jornalismo tapioca levar o leitor a pensar em coisas realmente sérias.

3. Curiosidade: não tenha vergonha de fazer coberturas curiosas. Por exemplo, faça seriamente (e de preferência com ar grave) perguntas em coletivas sobre, digamos, o preço das tapiocas.

4. Interesse Humano: dramatize se necessário, para tentar vender o peixe. Por exemplo, sugira que uma visita protocolar de um ministro a outro país pode esconder coisas graves, muito graves, graves mesmo, talvez mesmo gravíssimas. Não tenha medo do exagero.

5. Descobertas na Ciência e Inovação tecnológica: entre a complexidade da reativação de um parque industrial militar e a composição da tapioca, fique com o último se assim o determinar o editor.

Obs. Não esqueça de praticar o jornalismo crítico, cuja matriz popular é realmente a inteligência criadora das vizinhas faladeiras.