sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sala de espera, espera, espera...

Sala de espera. De médico. 10 pessoas. Além das revistas antigas, Veja e Caras, obviamente, um tal de Gabriel. Uns 5 anos. Vai dum lado pro outro, vem, te olha, faz careta. Fala, grita, chora. O pai, fica jogando no celular, com uma música talvez mais irritante que o filho. A mãe, fica falando “Gabriel... Gabriel.... Não passa disso.

A secretária/recepcionista, provavelmente mais impaciente que eu, entregou à mãe do Gabiru um brinquedo. Na minha época o nome era tela mágica, ou algo assim. Você rabisca/escreve/desenha e apaga com facilidade. Antes de pegar, o garoto já gritava “e meu, é meu, é meu...”. Os pais: “não, é emprestado, ... não, é emprestado”. E o moleque gritando “é meu!”. Santo saco.

Nem brincou, mas não queria devolver. A mãe foi no banheiro, o filhotinho foi atrás e desandou a bater na porta. Enchendo o saco! O pai. Ah, o pai nem deu um pause no game do celular, apenas falava: “Gabriel, ... Gabriel...”. E a bateção continuava. Isso em 15 minutos. Enfim foi chamado pra consulta. O Gabriel, eu continuei esperando. Deve ter passado na frente de muita gente, mas ninguém reclamou. Tava todo mundo querendo ele fora dali o mais rápido possível. Da sala de espera, vem o choro de dentro do consultório. Nem de lá o danado dá sossego. Pelo menos a música do jogo do celular parou, ficamos só com a voz da Ana Maria Braga na TV.

__


Antes da TV tava lendo, pensando. Aí durante a bateção na porta comecei a escrever, pra não gritar com os pais da criança. Um desabafo silencioso. Aí percebi a TV e a Ana Maria, sem escutar muito bem que, ainda bem, estava baixo. Mas vi várias sandálias e o pessoal que as desenhava, explicando o processo de produção. Primeiro os caras desenhom no papel, depois fazem uma maquete na cartolina. Aí começa a produção. A alergia, meu motivo de vivenciar esse momento, continua a mesma. Mas saí mais culto, sabendo como se produz uma sandália feminina. Viva a TV

__


Pela impaciência com o Gabriel, podem pensar que sou assim com todas as crianças. Maldade de vocês. Acho criança um negócio lindo. Dos outros, claro. Agora mesmo, ainda esperando, tem duas gatinhas, também de uns cinco anos cada, que estão brincando com a tela mágica deixada na cadeira pelo Gabiru. Acabaram de se conhecer e estão DIVIDINDO o brinquedo. Numa amostragem (sem qualquer critério) de 3 crianças, duas são legais. Culpa dos pais que uma não seja.

__


Eu achava que já sabia tudo de sandálias mas a matéria continua. Acho que nem de produção de sandálias eu sei mais...

__


Aparece o querido Gabriel novamente. Quer tomar das meninas a tela mágica. Lá vai ele: “é meu!, é meu!” e puxa o brinquedo. O pai reclama. Ele chora, deita no chão. Volta pra tomar. O pai pergunta a uma das garotinhas (num tom bem incisivo): “Num quer jogar mais não?!!”. A garotinha nem responde, mas passa pro Gabriel o brinquedo. Meio minuto e ele solta no chão a tela mágica. Sorte do pai que não sou de violência, e mais sorte ainda que é bem maior do que eu.

Mentira. Se fosse o contrário, eu mais forte, nada aconteceria...

__


Mas criança é realmente legal. Até o Gabriel, depois de deixar no chão o brinquedo que foi apanhado pela garotinha, ficou lá assistindo ela desenhando. Quando saiu pra fazer um exame, ainda falou com elas “eu já estou voltando tá?”. Ou ele já é malandro, e tá pensando no futuro, ou ainda tem salvação. Os pais é que não têm mais jeito...

__


Mudando (um pouco) de assunto. Porra, uma hora sentado nessa merda e não sou atendido. Tinha desistido do médico e vim por acaso. Isso porque tava marcado desde dezembro (hoje é fevereiro), desmarcaram e marcaram de novo. Daqui a pouco levanto e vou embora.

Pura pressão. Já esperei uma hora, agora fico até o fim, quero ver quem é esse médico difícil de encontrar. Vai que resolve a porra da minha alergia?

__


Carái. Pra que marcar oito e meia se vai atender às 10 horas? Tá igual uns médicos de São Paulo, esses especialistas em coração. Marcam pra uma da tarde e atendem às seis da noite.

__


Pelo menos serviu pra escrever. Bom tempo que não fazia isso. Mas já escrevi e não fui atendido...

__


Entro na consulta. Solução é passar a faca no nariz. O danado é grande, mas por dentro é todo embolado. E ainda só resolve problema de respiração, a alergia só saberei depois de outras horas de espera...

Um comentário:

Rodrigo Bodão disse...

Meu caro...

o nariz... algum tempo me acomapanhandona noite eu conserto ele e vc ainda aprende a não dormir no ombro da a vó dos outros...

quanto ao infante...

o que eu tenho a dizer pode desagravar pessoas de cabelo vermelho e me jogar na miséria!!!!

no mais...

EXCELENTE!!!!!!!!!!

PUTA QUE PARIU O GABRIEL!!!!!!!!

Me fez relembrar porque criamos esse danado desse blog!!!!!

SHOW!!!!!

Bodvéi