Tem dias que são assim. Você lembra das coisas.
Estava em minha peregrinação por algumas favelas cariocas essa semana (coisa de trabalho). Nessas idas e vindas, muita coisa nova fui percebendo – o trabalho, não vem ao caso explicar, mas é mais de observação, o que me dá tempo de pensar, bater papo. Na verdade, acabei vendo muita coisa bonita (e feia também), conversei com muita gente que nunca mais vou ver (será?), mas falaram comigo como se fosse um amigo de algum tempo. Isso é interessante nesses espaços.
Talvez esteja achando isso estranho porque me desacostumei à simpatia. Vida em cidade grande, onde é cada um por si e ninguém se conhece. E foi justamente de tempos remotos que me lembrei. Tempos da infância. Uma das coisas que mais me marcaram nesses dias de visitar as favelas foi um senhor, chamando por uma criança e dando a ela um punhado de biscoito de maizena. Isso mesmo. Lembrei de mim, pequeno, comendo o tal biscoito de maizena. Pegava num pote um punhado e saia pela rua comendo (doido pra ninguém pedir).
Não me lembro de nada específico que tenha acontecido alguma vez que eu estivesse comendo biscoito de maizena. Apenas que comia isso e não como mais. Até uns anos atrás, meu pai mantinha um pote de biscoito de maizena. Mas eu nunca comia. Nem provava. Tinha pra mim que não gostava mais. Na verdade era birra. Era um biscoito muito simples, e depois papai deu uma melhorada nos rendimentos (ou os biscoitos baratearam) e descobri o passatempo (e biscoitos recheados) o que me levou a deixar de lado o de maizena e de água e sal. Coisa de criança. E meu papai e mamãe, sempre querendo agradar, sempre faziam a vontade dos filhinhos.
Mas não fosse a criança (uma gracinha por sinal), talvez ainda estivesse achando que não gostava do biscoito. Mas ontem me deu uma vontade de comer o danado do de maizena que estou com água na boca até agora. Minha vontade era ter pedido pra garotinha unzinho, mas lembrei de mim, que ficava torcendo pra ninguém pedir. O biscoito de maizena é bom justamente porque é simples, sem firulas. E geralmente (pelo menos comigo) são nos lugares mais simples que encontramos pessoas sem nenhuma arrogância ou prepotência, que nos acolhem sem qualquer pretensão. Nos recebem e pronto. Simples.
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2 comentários:
Então, se vc, assim como fael e eu, trabalhasse aqui no Colégio Estadual Theodorico Fonseca (Valença/RJ) sua vontade estaria saciada.
Biscoito de Maizena é o mais assíduo lanchinho para os professores na hora do recreio.
vou ver se arrumo uma visita a vocês aí na hora do recreio...
abração!
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