sábado, 1 de março de 2008

Cartões corporativos e meu instinto jornalístico

Estou aqui, sabadão, super trabalhando. Ando tão empolgada que tratei de apurar dados para minha pauta com o maior afinco. Visitando o site da presidência na busca por dados sobre o PAC, avistei o link para o Portal Transparência. Daí, me lembrei que com toda essa baboseira da imprensa em sua odisséia para melar o Lula por causa de tapiocas e afins, saía direto no jornal os dados do Portal. Fiquei curiosa pra ver como era que funcionava e acessei as contas do governo.

Comédia minha gente. Porque o cara recebe o tal cartão e tudo, tudo o que ele faz com o cartão vai para o site que tem acesso liberado. Mas, tem gente que é burra, ou melhor, não consegue entender a complexidade dos fatos. Notei que pouquíssimos ministros têm cartões em seu nome. Alowww, aprendemos quando criança que a melhor maneira de se safar de confusão é jogar a culpa no irmão mais novo. Orlando Silva e Matilde Ribeiro se fuderam porque foram otários.

Tem gente esperta como a Marina Silva que tem cartão, mas que quase não passa débito e quando o faz, só usa em coisa de fácil explicação. Todos os débitos dela são em hotéis, nada exorbitante. Como todo esperto, ela usa os saques. Rola muito saque. Muito. Vi uns de R$ 2000 (não na Marina, que fique claro, ela gasta pouco). Isso porque o cartão é pra despesas emergenciais. Aqui no meu hospício se surgir uma despesa emergencial de 2000 conto, eu morro sem grana. Quero ressaltar que esse tipo de coisa não acontece no Exército Brasileiro, essa instituição transparente, essa ode à honestidade. O Exército possui apenas UM cartão, com o qual foi feita apenas UMA operação bancária: um saque de 4 reais. Tá lá, pode conferir.

Notei que gastos com material de construção, papelaria e informática são os mais comuns. Fiquei curiosa pra saber o que tanto compram em loja de material de construção. Papelaria e informática eu até entendo. Se bem que R$ 1543,00 (cartão de um funcionário do IBGE) é um pouco demais pra se gastar numa papelaria.

Tem umas coisas engraçadas também. Como um funcionário da presidência da república, um tal de José Henrique Souza que deve gostar de comida boa, porque gasta horrores em padarias e mercados em Brasília (esse é dos meus, sabe apreciar o que é bom). Entre junho e dezembro de 2007 ele gastou R$ 114.944,73. No extrato consta uma compra de R$ 288,00 no Pão Italiano, uma padaria que ficava perto da minha casa, quando eu morava no planalto central. Lá tem uns croissants doces dos deuses. Mas, isso não é o melhor. O bruto gastou mais de R$ 8000 num espaço de 3 meses no La Palma, mercadinho que fica na Asa Norte em Brasília.
Pra completar a odisséia gastronômica brasiliense, o tal assessor ainda tem gastos enormes num espécie de açougue de luxo, a Reisman Carnes. Dá pra ver também muitas compras na Cia Brasileira de Distribuição, que nós conhecemos como rede Pão de Açúcar e num tal de Wine Company. O cara tem bom gosto, vai.

(Clica na imagem pra ampliar)


Interessante mesmo foi descobrir que o pessoal do Ipea utiliza os mesmos técnicos de informática que eu chamava quando morava lá, os caras da High Tech. Léo e Valtinho devem estar bem de vida. Mas, merecem, são bons profissionais e ralam pra caramba.

3 comentários:

Daniel disse...

Ótima matéria Clementina. Esse país é uma vergonha.

Anônimo disse...

eu quero gastar 288 na pão italiano!! mas como meu pai é militar, só da pra comprar dois sonhos com 4 reais...

Anônimo disse...

Eu gasto 288 na pão italiano! Pois minha mãe é viúva de militar...
Todos deveríamos ter mais vergonha... "Esse país é nós"...