quinta-feira, 13 de março de 2008

O Segredo



Eu e Capilo estamos fazendo um trabalho pra uma empresa aí que nem vale a pena falar o nome. O trabalho é editar um livro. O livro é de fotos das ações da companhia e depoimentos. Os depoimentos são de muita gente: quem fez o trabalho e quem foi beneficiado por ele. Nada muito complicado, não? Errado!

Seria simples se não tivéssemos que aturar a diretora da tal empresa. Na verdade nem sei se a mulher é diretora. Não deve ser. Mas ela é o nosso contato lá, foi ela que nos contratou.

Pensa numa pessoa chata. Pensa bem.
...

Pensou?

Ela é pior. Ela fica mandando centenas de e-mail por dia com explicações esdrúxulas do que temos que fazer. Odeio gente exageradamente didática. Porra! Explica, se não deu certo, aí você aprofunda. Não dá pra trabalhar com alguém que depois de um mês não percebeu que você é tem o tele-encéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor. Ou seja, é capaz de repetir um mesmo processo sem que ela mande intermináveis tabelas de Excel.

Pra terminar a descrição - senão vou ficar horas aqui externando meu misto de ódio e cansaço –, a criatura tem a divertida mania de chamar todo mundo pelo nome e sobrenome. Muito engraçado. É Juliana Paixão, Fernando Simões, João Ferraz, Juliana Coutinho (esses são os sobrenomes com os quais me ambientei depois de um mês). Aí agora, quando eu ligo pra ela, ao invés de dizer: aqui é Clementina; eu digo: Oi, aqui é Clementina Silva. Imagino ela delirando do outro lado da linha. Pois não deu outra. Hoje tivemos uma reunião e ela me apresentou à Juliana Coutinho como Clementina Silva. A-D-O-R-E-I. Só pode ser TOC.

Sim, mas o que eu queria contar é que hoje era dia de encontrá-la e como na semana anterior Capilo já tinha passado por esse martírio, eu me ofereci. Depois de uma hora me explicando d-i-d-a-t-i-c-a-m-e-n-t-e o que íamos fazer, entrei no assunto do livro propriamente dito. Falamos sobre diagramação e edição (com o material que eu já havia preparado com Capilo pela manhã – pra vocês verem o que tenho que agüentar). Quando terminei de falar, ela comenta:

- Tem que ter muito cuidado com essa coisa de combinar os depoimentos com as fotos.

- Fica tranqüila. É justamente isso que faz o editor. Nossa idéia é reduzir bem os textos e carregar nos depoimentos, para ficar melhor de ler mesmo – tentei passar um pouco de segurança pra ela.

- Tem até um livro que foi todo feito com depoimentos, que eu gosto bastante. Assim, é bem diferente do nosso, mas é uma referência de como usar bem depoimentos.

- Hum... – comecei a sentir medo.

- É meio de auto-ajuda, mas eu gostei bastante. [comecei a suar frio e procurar uma maneira rápida de fugir do cubículo onde estávamos depois que ela repetiu que gostou] Você já deve ter ouvido falar, O Segredo.

Ahhhhh!!!! The Secret, O Segredo. O clássico do nosso tempo. Aquelas 150 páginas arrebatadoras e capazes de consertar qualquer coisa, curar qualquer doença. Só podia. Até jeito no nosso livro O Segredo pode dar. É a força da mente.

Prendi a respiração. Usei a força da mente. Mandei uma mensagem pra Capilo, apenas para pontuar que a próxima vez é dele. E pensei aliviada: Ombudsman nela!

3 comentários:

Vitor Castro disse...

ui, vou comprar o livro amanhã... eca!

Rodrigo Bodão disse...

O segredo... putz... nem sei se o melhor modo de se vingar dessa porta seja contar pra todo mundo essa aparente confidência ou relegá-la - depois desse trampo e dessa postagem - ao esquecimento...

segredo de cu é (alguma) rola...

Suzana disse...

achei o comentário do bodão bem... conveniente.