quarta-feira, 29 de outubro de 2008

rumo a sampa

Eu sempre tive muita sorte com amigos. Desde criança. É impressionante. Não que eu tenha muitos – não faço a linha popular. Mas digamos que tenho alguns e da mais alta qualidade.

Quando vim pro Rio, arrumei um trabalho temporário no aeroporto do Galeão. Trabalhava a cada três meses numa pesquisa com turistas, feita pela FIPE. Vinham sempre uns 2 ou 3 supervisores de São Paulo e os pesquisadores eram contratados aqui no Rio.

Numa dessas pesquisas, veio um supervisor meio estranho. Cara desajeitado, desorganizado e meio maluco. Nessa primeira vez que ele veio, lembro inclusive de uma crise de síndrome do pânico – que até hoje não sabemos se foi mesmo.

Fato é que ficamos amigos. Conquistei-o com chops diários em Copacabana e com uma picanha na chapa em Santa Tereza. Ele me conquistou com o bom papo, a esquisitice e a simpatia.

Na pesquisa seguinte, o sistema mudou e passou a ser mensal. E foi esse supervisor que assumiu de vez. Paulo, então, passou a vir todo mês, passar de 10 a 15 dias no Rio. Ano de 2006. Inesquecível.

Juntos, descobrimos a cidade. Ou uma parte bem interessante dela. Os pastéis de feijão do Mineiro, a carne de javali do Belmonte, a vista do aeroporto Santos Dumont, inferninhos na Lapa, o sanduíche do Lamas, o forró na Feira de São Cristovão e por aí vai.

Tem muita história. Tem a da caipirinha de banana (isso mesmo) na pizzaria Guanabara às 5 da madrugada que quase me matou. Tem o do cara no bar que `perdeu` 50 reais e depois achou escondido no saco (o que fica resguardado pela cueca). Tinham as rodas de música na casa que ele ficava hospedado em Santa Tereza. O dono era argentino e tinha vários amigos latinos e músicos. Juntávamos esse povo na casa. Foda.

Me lembro que planejávamos sempre sair do bar até as 5 pra pegar o nascer do sol no Joá. Nunca dava tempo. Quando se chegava lá o sol já tinha nascido. Tinha também o esquema da caipirinha no Mangue Seco, lugar onde ficamos amigos do garçom. Ele marcava uma na comanda e trazia duas. Reinventamos a dose dupla.

Como trabalhávamos de madrugada ou até meia noite, cansei de brigar com os rodos pela saideira. Cansei de beber a saideira já na calçada.

Foi com ele que fiz amizade com Alfredinho do Bip Bip. Também com ele aprendi a gostar de cigarro de palha; que garçom a gente chama pelo nome – e se não sabe é Alfredo, assoviar só em último caso -; aprendi que entre os chops uma dose de vodca com gelo vai muito bem e que bar bom é aquele que tem comidinhas boas: incluam moela, um bom pernil e iguarias que colocam a empada do Belmonte no chinelo.

Paulo não tem marca de cigarro favorita. Quem a determina é sua companheira no momento. Ficava com uma amiga minha que fuma Malboro Light. Fumou esse cigarro durante meses, até conhecer a futura namorada que fumava filtro amarelo. Acabou com essa e a seguinte ia de Carlton, ele também. Hoje, não faço idéia do que anda fumando. Faz quase dois anos que não nos vemos.

Me lembro de uma viagem que fiz pro sul e na volta meu vôo era pra SP. Liguei e disse que descia em Congonhas 6 da tarde e que poderíamos nos encontrar, porque eu pretendia pegar um ônibus meia noite. Uma hora da manhã entramos no apartamento de um amigo dele com cervejas, depois de ser expulsos de um bar. Ligamos no aeroporto e ele passou uma passagem de volta no cartão sem perguntar o valor – que demorei horrores pra pagar e ele ligando desesperado porque não tinha dinheiro. O vôo saía às 7 da manhã. Embarcamos na cerveja e no Pink Floyd. Às 6 da madrugada, tomei o último gole:

- Tá na minha hora, eu acho.

Quase perdi o vôo. Cheguei no Rio e fui trabalhar, direto. Com a roupa de ontem de manhã e 10 horas de cerveja. Fiquei meia hora no trabalho, claro.

Bom, mas os tempos de saudade terão um merecido fim. Amanhã estou partindo para Sampa. Dá até frio na barriga.

Prometo que volto para contar a marca do cigarro que ele anda fumando e outros relatos.

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Triste é não ir a feijoada da Portela com meus companheiros de blog. Aliás, Paulo ia adorar conhecer as figuras. Ele nem sabe da existência dessa porra, mas certamente falarei de Bodão, Capilo e Faveleiro com ele. Um já estava ocupado do primeiro porre quando todos seus amiguinhos se preocupavam com o primeiro beijo. Capilo num viveu nem 30 anos, mas já tem 15 de alcoolismo. O tricolor é o rei da boa iguaria de bar – ainda mais se for na Maré. E Bodão dispensa qualquer descrição, né?

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O que foi Capilo hoje de manhã me perguntando se bebemos pra comemorar um ano de blog?

4 comentários:

Vitor Castro disse...

14 anos, sem exageros, por favor...

Faber disse...

que gostoso de ler...

e eu tb queria a feijoada...mas tenho que dar 12 tempos de aula, o que é muito mais divertido (deixa eu pensar assim pra me sentir melhor, tá?).

Suzana disse...

nossa, mas assim, eu me sinto até meio culpada de ter perdido tempo com tantas outras coisas que não acompanhando vcs por aí...
bons amigos esses que vc arruma ;)
volta logo que tá foda.

Anônimo disse...

Muito boa retrospectiva! Tempos idos, corridos e muito bem vividos na tua companhia. Amiga queridíssima. Sabes que o palheiro foi só contigo (huáhaha)Bjs