domingo, 30 de novembro de 2008

coisas

hoje encontrei o lugar perfeito para a festa de natal do ombudsman. já até contratei o grupo de samba. então, acho melhor nos reunirmos (os editores) para decidirmos na terça no beco do reto.

se der certo, fim de semana que vem, samba de natal do capeta!!

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hai kai de quem não tem o que fazer:



olho para a janela
não há nada
tão belo como ela



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areditar, eu não
se você diz que me ama
passa manteiga no pão

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Saudades daquelas e daqueles sambas

"(...)Favela, queremos teu samba
Teu samba era quente
Fazia meu povo vibrar
Até a lua a lua cheia Sorria, sorria(...)" - Zé Keti

Nesses dias, ouvindo alguns sambas de Jovelina Pérola Negra e Clementina de Jesus, percebi o quanto faz falta a presença dessas mulheres e de mulheres como essas no mundo do samba. Aquele samba favelado, aquelas vozes, aquela habilidade no improviso do partido alto...
Seria imprudencia não considerar novos talentos que surgem na atual cena musical do batuque: Roberta Sá, com sua doce voz afinadíssima e bela interpretação; Tereza Cristina, negra maravilhosa que vem interpretando o que há de melhor no samba; Martinália ... e mais algumas outras vozes femininas. Porém, me soam como um samba... meio assim... comportado, clean. Sinto falta mesmo é daquele jeito debochado, desbocado e cômico de cantar. Aquele jeito afiado de versar sobre qualquer tema, de tirar um sarro da cara dos homens... habilidades de mulheres como a negona Jovelina, que não ficava atrás de ninguém nas rodas de partido alto.

"(...)Mudaram toda a sua estrutura, te impuseram outra cultura, e você nem percebeu(...)" já dizia Nelson Sargento. O samba agora foi adotado por setores da sociedade que outrora o marginalizava, com isso recebe uma nova estética. E o jeito favelado de executar o samba vem se perdendo... A favela está mais ocupada em estilos mais transfigurados: Pixote, Gaiola das popozudas e outros. Enquanto a classe média adota aquele samba mais original, porém ao seu jeito, sob sua estética...

Discutiremos mais sobre isso, mais adiante... por ora, só devo dizer que...


O RAÇA RUIM TA AÍ PRA RESISTIR!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Porque os dentistas recomendam Colgate mas usam Oral B?

oxente!

Há uns dias eu voltava de madrugada de carona com um amigo e ele me perguntou alguma coisa (não lembro bem). Só sei que falei:
- Deixei meu casaco na porra do carro.
- Meu carro não é porra – respondeu ele de sacanagem.

Eu poderia ter explicado o sentido daquela ‘porra’ ali. Mas deu preguiça.

Lembrei dessa história porque, cara, uma das melhores coisas de vir ao nordeste é o ‘reencontro’ com o sotaque. Porra, rei, é fantástico.

Estou em Recife, desde ontem, até quinta. Pois bem, logo que cheguei já senti a parada. Vim batendo altos papos com o taxista do aeroporto até o hotel. Apesar da entonação ser diferente, os pernambucanos têm muita coisa parecida conosco. Mas o negócio ficou bom mesmo, quando encontrei meu anfitrião (vim a trabalho e esse cara ta me acompanhando): o danado é baiano. Baiano do bom, que não perde o sotaque.

Rapaz, eu me acabei hoje. Pense... ‘Porra, velho`; ‘Ó paí, rei’; ‘Rapaz, aí você me lenha’; ‘Poorrra, lá é Babilônia’; ‘Mas num vou nem cum a porra’; ‘Foi na barrada’; ‘Colé de merma?’; ‘Tá me tirando, velho?’

E outras tantas... o essencial é que estou usando porra como se fossem vírgulas e todo mundo acha normal. Dia desses explico pra vocês o sentido de cada porra falada pelo baiano. Agora não vai dar tempo porque tô indo pruma porra duma festa que chama ‘Terça Negra’: maractu e côco, com umas bebidinhas... hum! Quem gosta de samba e cerveja aqui?

*clementina acha uma sorte da porra ter nascido baiana e não pode reclamar do seu trabalho.

domingo, 23 de novembro de 2008

Se eu pudesse




Atravessaria o Atlântico a nado. Comeria borboletas. Abriria um bar nas Ilhas Maurício. Iria a praia de meias. Leria todos os livros. Carregaria as minhas orelhas nas mãos – para apertá-las o dia todo. Se eu pudesse, compraria novos pés. Deixaria o sol ligado mais duas horas. Proibiria a cruel existência do adoçante e das balanças. Abriria todas as janelas. Ficaria mais um instante. Estaria em vários lugares ao mesmo tempo. Experimentaria o gosto do chão do sertão. Desentortaria as árvores do cerrado. Cantaria pra você. Cortaria os temperos bem pequenininhos. Falaria mais devagar. Falaria mais. Pularia da janela três vezes ao dia. Se eu pudesse, eu juro que acabava com as formigas; e trocava metade do meu olfato ou do paladar - que fosse -, por um tato elevado ao quadrado.

* a imagem é daqui óh

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

assessores de jornalistas

Participo eu cá de uma lista de email (na verdade mais de uma, mas quero falar de uma específica) de jornalismo investigativo. Pouco se discute sobre o tema, mas é utilizada também para que os coleguinhas (como os jornalistas se chamam entre si) se ajudem também, com indicação de pautas interessantes (relacionadas a jornalismo investigativo) e muitas vezes uns solicitam contatos de pessoas, que geralmente alguns têm. Coisa simples, as pessoas perguntam se alguém tem o contato do Bodão, e alguém responde com o contato do Bodão.

Bom, aí que pediram por lá o contato do jornalista Caco Barcelos. Algúem respondeu com o contato da assessoria dele. Outra alguém perguntou se jornalista tinha assessor de imprensa (que é também jornalista). E um quarto alguém respondeu, ironicamente, assim:

Ô se tem.

O Daniel Castro na Folha, aos domingos, tem uma sessão em sua coluna chamada "Pergunta Indiscreta". Olha essa de 30 de setembro de 2007:

Pergunta indiscreta
FOLHA - Sua assessora de imprensa nos procurou propondo que fizéssemos uma pergunta indiscreta para você. Ela até sugeriu "Por que você nunca colocaria silicone?" e "Você está mesmo carente de um namorado?". Mas eu queria te perguntar outra coisa: você realmente precisa ter uma assessora de imprensa?

LUCIANA LIVIERO (jornalista, apresentadora do "Fala Brasil", na Record) - Acho que sim. Não porque as coisas deveriam ser assim, mas porque funcionam assim. Hoje em dia, a mídia tem um poder muito grande. Então, muitas vezes, o que tem mais peso não é a competência das pessoas, mas se elas estão na revista ou não estão. Não adianta ser ótima. Se não estiver na revista, não vale nada. Já perdi uma oportunidade na Band porque não tinha mídia.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

sobre telefones, analistas e amores

O e-mail de uma amiga que mora em SP, com quem não consegui me encontrar quando lá estive, me fez pensar em algumas coisas. Dizia ela:

"Acho que você não conseguiu me ligar porque mudei de celular. Nem mandei e-mail avisando às pessoas porque fiquei alguns meses sofrendo de esquizofrenia telefônica (...) eu ando muito relapsa com telefone, desenvolvi um asco tremendo desse aparelhinho por excesso de uso nos últimos meses"

- Problema de telefone fixo é que depois que privatizou e ele deixou de ser um luxo, todo mundo acha que a função dele é permitir que as pessoas batam papo sem sair de casa. Não é

- Lugar de papo é no bar, na praia ou no terapeuta

- Celular: as pessoas acham que porque você tem um, não existe razão para não ser encontrado na hora que elas bem entendem. Ainda inventaram o SMS: te ligam, você não atende, manda um SMS. Pronto! A obrigação aumenta, porque você já está 'informado'

- Tenho amigos que não têm o menor constrangimento em não atender seus respectivos. Eu confesso que não me agrada não ser atendida, por isso, não deixo de atender. Acho que tem que haver bom senso de quem liga

- E tem que ser sem ressentimentos. Não ser atendido, não quer dizer que o amor acabou, o afeto se foi. Quer dizer simplesmente que não dá pra falar agora

- Mas bom senso é coisa para poucos

- Moacyr Luz diz que a melhor cerveja é aquela que se toma antes do meio-dia, porque ainda não deu tempo de receber nenhuma ligação chata. Eu concordo

- Problema é que as ligações chatas vão chegando cada dia mais cedo. A solução tem sido manter o telefone desligado em horário não comercial

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Ontem conversava com um amigo que é psicólogo. Ele me falava sobre contra-transferência e outras dessas coisas da psicanálise que só existem pra te fazer surtar. No fim, concluímos que fazer análise é mesmo muito bom - ainda que surtante -, porque conhecer a si próprio ajuda a conviver consigo mesmo (construção estranha). Tudo fica mais saudável.

Daí hoje, li a coluna do J.P. Cuenca no Globo e ele fala de analista também. No fim dela, ele resume o que eu e meu amigo concluímos ontem: “a experiência psicanalítica não serve pra trazer felicidade ao ser humano [como a maioria das pessoas pensa], mas para ajudar um sujeito a ficar mais confortável com a tristeza que carrega”.

Acho que é por aí. As tristezas fazem parte do espetáculo. E, na minha opinião, vão passar, como tudo na vida. Só que quando elas passarem, outras já terão chegado. O grande lance é conviver com todas elas como se fossem os caroços de uma laranja.

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Cuenca também escreve sobre o ‘eu te amo’. E cita Roland Barthes, lembrando que segundo ele, 'eu te amor' só tem algum significado na primeira vez que é dito.

Cuenca se referia a ‘Fragmentos de um discurso amoroso’, de Barthes. O que me fez lembrar que é um livro fantástico. Há quem diga que se lido durante uma paixão, é melhor ainda. Li parte dele apaixonada – vaga lembrança -, mas acho que com paixão ou sem paixão, é fabuloso.

Lembrei que Barthes diz que ‘eu-te-amo’ é uma palavra só. E dentre muitas coisas interessantes, tinha uma teoria que o ‘eu-te-amo’ perfeito seria dito simultaneamente, sem eu também, sem troca, sem obrigação de se dizer, sem espera e sem cobrança.

Bom, mas só lembrei mesmo.

“O proferimento simultâneo funda um movimento cujo modelo é socialmente desconhecido, impensável; nosso proferimento, que não é troca, nem dom, nem roubo, surge de fogos cruzados, designa um gasto que não recai em lugar nenhum e do qual todo pensamento de reserva é abolido pela própria comunidade: entramos um pelo outro no materialismo absoluto”.

O materialismo absoluto!

domingo, 16 de novembro de 2008

papo-cabelo, quer dizer, cabeça

Fui lá cortar o cabelo. Minhas últimas experiências não tinham sido boas em Copacabana. Nas últimas quatro vezes, cheguei no trabalho e escutei um “quem cortou seu cabelo?”. Quando perguntava porque (até o segundo corte) a resposta é que estava esquisito, um lado maior que o outro. Na primeira vez, voltei no mesmo camarada, e ele, ao invés de apenas cortar um lado (que estava gritantemente maior), fez o favor de cortar muito tudo. E continuou um lado maior. Tive que recorrer a uma prima fora do Rio pra melhorar o visual. Da segunda à quarta vez eu mesmo pegava uma tesoura e aparava o erro dos barbeiros das tesouras.

Mas eis que corto o cabelo novamente, num quinto barbeiro/cabeleireiro. Aparentemente está uniforme o corte, mas ainda não fui ao trabalho. Amanhã, segunda, logo que chegar vou cumprimentar o Paulinho pra ver se ele vai falar alguma coisa. Na primeira vez ele veio meio sem graça, falando baixo, com medo de que me incomodasse o comentário dele. Na última vez, ele já chega rindo e nem precisa falar do que se trata.

Bom, mas fui falar do corte porque estava lá, e o barbeiro da vez, João, como a maioria desse povo que corta cabelo, gosta de conversar. – Preparado para o feriado?, foi o nosso primeiro contato, antes mesmo de perguntar como seria o corte, etc. e tal. Tentei ser simpático e mandei um “claaaaro”. Aí falou de que era o último feriado do ano, que Natal nem conta, etc. etc. Falava sozinho, até que ele desistiu. Mas já estava – eu – menos incomodado com ele. Na verdade fiquei com pena dele mudo, e eu que nada respondia. Resolvi puxar um assunto, pra alegrá-lo. Afinal, era meu cabelo em jogo.

João – esse é o nome dele – tem um sotaque meio diferente. Pergunto se ele é carioca. É paulista, mas mora aqui há trinta anos. Pergunto se corta cabelo há trinta anos. Não, já trabalhou com outras coisas na vida. Aí começa a filosofar, que a vida te leva para caminhos diversos, que embora se forme em uma coisa, acaba trabalhando em outra, que já fez outras coisas na vida, e que só a apenas (?) doze anos corta cabelo por aqui. fiquei esperando ele falar o que fazia antes, mas não falava. Tive que perguntar.

– E aí, é formado em quê?

– Contabilidade.

– Ah, legal. Também já trabalhei com contabilidade.

– E faz o que hoje?

– Fiz jornalismo.

Aí João começa a falar mal do jornalismo, que é uma atividade instável, que você não tem opções, que existe muita concorrência, que bom mesmo é contabilidade. Não que eu seja a favor do jornalismo. Mas a contabilidade é muito melhor do que o jornalismo porque você nunca fica desempregado. Acabou o corte, peguei o óculos, olhei, tá legal, vou levando, quanto é?, e ele empolga a falar que a carreira de contabilidade é a melhor possível, que sempre tem trabalho, que paga bem, etc. Eu ali, já de pé, esperando ele finalizar pra sair saindo, e ele continua falando.

Minha vontade de ir embora era grande, eu apenas concordava, anram, também acha, é verdade, com certeza, pago onde, ali?, obrigado, é, isso mesmo. Estava já incomodado, doido pra sair, o cara falando. Paguei os 14 reais, recebi 12 moedas de cinqüenta de troco, enchi o bolso, a bermuda deu uma descaída com o peso, e já do lado de fora falo, “contabilidade só não é melhor mesmo do que cabeleireiro né?”.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Carta para Obama

recebi esse texto por email.
não conferi a procedência, até porque, independente disso, achei muito bacanas o teor e o conteúdo da carta.

Enfim, assino embaixo.


CARTA O BERRO.

Nossa Carta a Obama

Se os EUA querem reconquistar o respeito dos outros povos do mundo, se querem resgatar a imagem, que se deteriorou, devem se considerar como um país entre outros, e a eles igual, não como uma potência eleita para a missão de impor a ordem imperial e os interesses capitalistas no mundo. Devem permitir que progrida o espaço de um mundo multipolar, em que todos os países participem das decisões fundamentais.

CARTA MAIOR

(Essa carta está aberta a adesões de veículos da pequena grande imprensa alternativa de todo o mundo.)

O seu governo pretende resgatar a imagem dos EUA no mundo e mudar sua relação com a América Latina. É preciso que o sr. saiba que a imagem do seu país no mundo é a imagem da maior potência imperial da história da humanidade. Que à horrível imagem de potência intervencionista no destino de outros países, de exploradora das suas riquezas, ao longo de todo o século passado, se acrescentou no século XXI a política de “guerras humanitárias”, invasões que mal escondem os interesses de exploração e opressão de outros territórios e povos, de que o Iraque e Afeganistão são os exemplos mais recentes.

Não basta retirar as tropas do Iraque imediatamente – embora isso seja um começo indispensável para o resgate proposto. É necessário fazer o mesmo com o Afeganistão, assim como terminar com o apoio à ocupação israelense dos territórios palestinos, reconhecendo o direito à existência de um estado palestino soberano. No caso da América Latina, é imprescindível terminar com a Operação Colômbia, que militariza os conflitos naquele país, e os que ele provoca, com graves riscos de produção de crises regionais, pela dinâmica belicista do Exército e do governo colombiano.

Para demonstrar que mudou de atitude, os EUA devem, sobretudo, terminar definitivamente com o bloqueio a Cuba, desativar sua base de interrogatórios ilegais e torturas na base de Guantánamo e devolver esta incondicionalmente a Cuba, terminando com a prepotente e juridicamente insustentável usurpação de território cubano, que dura já mais de um século. Deve retomar relações normais entre os dois países, respeitando as opções do povo cubano na definição soberana dos seus destinos.

Os EUA devem reconhecer publicamente o grave erro de terem apoiado o golpe militar de abril de 2002 contra o presidente Hugo Chavez, legitimamente eleito e reeleito pelo povo venezuelano. Devem terminar definitivamente com articulações golpistas nesse país, na Bolívia e no Equador e comprometer-se, publicamente, a nunca mais desenvolver atividades de ingerência nos assuntos internos de outros países.

Se quiserem ter relações cordiais com a América Latina, o novo governo dos EUA devem destruir imediatamente o muro na fronteira com o México, legalizar a situação dos trabalhadores imigrantes nos EUA e favorecer a livre circulação das pessoas, como tem pregado a livre circulação de mercadorias e de capitais.

Além disso, os EUA devem deixar de utilizar organismos internacionais como a OMC, o FMI, o Banco Mundial, para propagar e tentar impor suas políticas, as mesmas que levaram ao fracasso dos governos que seguiram as suas receitas, assim como à crise financeira internacional que hoje grassa no planeta. Os países da América Latina e do Sul do mundo devem ter liberdade para encontrar suas próprias alternativas e soluções à crise, gerada nos EUA, que devem assumir suas responsabilidades e não permitir a exportação de seus efeitos negativos.

Se quiserem voltar a ser respeitados, os EUA devem deixar de tratar de favorecer ou forçar a exportação de sua mídia, de sua indústria cultural, de sua forma de vida, que pode ser boa para os EUA, mas pode ser nefasta para outros países. Essas fórmulas, muitas vezes impostas, favorecem formas ditatoriais de imprensa, formas estereotipadas de ver o mundo, modos consumistas de viver. Que os EUA deixem cada país escolher suas formas de se pensar a si mesmo, de ver o mundo, de viver e de produzir arte e cultura.

Se o sr. quiser fazer um governo diferente, deve abandonar qualquer idéia de querer impor o que os EUA considerem que seja democrático. Que cada país, cada povo, defina seu próprio caminho. Os EUA nem inventaram a democracia, nem são mais democráticos que muitos outros países.

Os EUA devem abandonar suas pretensões de ser um império mundial que zele pela ordem imperialista no mundo. Devem dar espaço para que progrida o espaço de um mundo multipolar, em que todos os países participem das decisões fundamentais. Neste sentido, devem apoiar o fim do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, devem dar lugar à democratização desse órgão. Devem obedecer as decisões da ONU de terminar o bloqueio à Cuba, em favor do direito do povo palestino a um estado próprio e independente, entre tantas outras decisões, bloqueadas pelo veto norte-americano. Se vetos de outros países há, isso deve ser combatido pela suspensão universal do direito ao veto.

Em suma, se os EUA querem reconquistar o respeito dos outros povos do mundo, se querem resgatar a imagem do seu país que se deteriorou, devem se considerar como um país entre outros, e a eles igual, não como uma potência eleita para a missão de impor a ordem imperial e os interesses capitalistas no mundo. Devem respeitar as decisões que outros povos tomem no sentido de escolher caminhos antiimperialistas e anticapitalistas. Devem assinar o Protocolo de Kyoto, aceitando reduzir suas emissões de gases poluidores, condição básica para iniciar uma nova etapa na luta contra a destruição ambiental no planeta. Devem diminuir seu orçamento militar, revertendo essas verbas para o campo social. Devem combater os monopólios privados da mídia, a indústria tabagista, a da segurança para-militar, devem colocar como seu objetivo principal construir uma sociedade justa, a começar pela de seu próprio país, aquele em que, dentre aquelas do centro do capitalismo, a desigualdade mais cresceu nos últimos anos.

Se o sr. fizer tudo isso, ou pelo menos se mover nessa direção, pensamos que poderá contar com o respeito e com relações cordiais por parte dos governos populares e dos povos da América Latina.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O capeta está à solta

O mundo está em crise nessas últimas semanas. Eu estou em crise – financeira – há pelo menos seis meses. Ninguém deu importância. Mas era um prenúncio do que nos esperava. A única vantagem é que a crise não me afeta em nada (pelo menos até agora), porque já estava preparado para o pior. Pior mesmo se o pior ficar pior ainda. Mas de nada adianta ficar sofrendo por antecipação. Vou deixar pra me preocupar quando não tiver mais nenhum amigo que possa pagar a cerveja do dia.

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Tou pra escrever pra cá, e nada. Falta tempo, e quando paro – como agora – com a intenção de escrever, nada surge. Só que o trabalho cansa. Estou cansado num é de hoje. Tirei duas semanas de férias que pouco adiantou. Só serviram mesmo pra desorganizar meu relógio biológico e só conseguir dormir depois das quatro. Já estou voltando ao normal, tenho dormido antes das duas (quando estou em casa. No bar espero esvaziar e diminuir o burburinho pra cochilar na mesa).

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Única vantagem do trabalho é quando algo que se fez com gosto dá certo. Uma galera organizou um encontro de comunicação e Clê e eu entramos na parada. Ajudamos carregando uns pesos, lavando umas alfaces, participando de umas reuniões super chatas, mas o legal foi a interferência que deu pra fazer no evento. Articulamos umas pessoas legais pra falar e para se apresentarem. Melhor ainda foi levar um bando de jovens pro Alemão (a imensa maioria que nunca tinham entrado em uma favela, menos ainda lá, a favela “mais violenta do rio” segundo nossos (?) principais jornais).

Mas foram. Uns 40 cidadãos, interagiram, gostaram, e acho que dos que estiveram lá, a maioria discordaria do nobre João Ubaldo Ribeiro, autor de crônica preconceituosa e escrota publicada no dia seguinte ao encontro, no domingo último. Eu, que não leio jornal a um bom tempo – e o João Ubaldo há mais tempo ainda – não tive o desprazer de ler. Mas a Clê fez questão de mencionar aqui (inclusive a importância que ele tem para a literatura latinoamericana(!)).

Pensando bem, dá uma certa pena dele. Coitado, vai morrer (figa) sem entrar no Morro do Alemão (figa de novo).

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Clementina tá cheia de teorias. Primeiro veio com a de que “a gente é o que é” (óbvio?), que por mais que tente mudar, tem algo que está sempre ali. Em seguida a dos “ímãs” e a terceira do “tem que morrer antes de fazer merda”.

Mas tem coisas que dão pra melhorar né minha cara – não consigo viver sem acreditar nisso. To pensando aqui especificamente em preconceito, como esse do escritor internacionalmente relevante para a literatura citado acima. Não penso nele, que ele eu não levaria a lugar nenhum. Mas no povo que esteve no Alemão sábado, alguma coisa mudou, não é possível. Ou sua teoria diz que a pessoa não mudou, mas algo que já existia dentro dela desabrochou, que ela já era isso? Sei lá. Agora também duvido que os opostos se atraiam. Essa idéia seria mais verdadeira se dissesse que os opostos têm curiosidades um sobre o outro. Se atraem até certa medida, e depois, naturalmente, se afastam.

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Ah Clê, deixa de ser ingênua. Acha que Faveleiro, aquele prego, vai escrever alguma coisa aqui? Só bêbado mesmo pra ele falar um negócio desse. E chama o Paulo paulista pra uma cerveja no Alemão.

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Wlado, cadê você. Tava esperando um comentário seu elogiando a trajetória do Corinthias, campeão (antecipado) da segundona. Tou torcendo pelo Santos, pra nos encontrarmos no próximo Brasileiro. Difícil vai ser se a arbitragem continuar prejudicando o peixe.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

eu e minhas teorias

“Seria hipócrita eu estar aqui fingindo que não sei da minha importância no conjunto dos escritores brasileiros e latinos-americanos. Eu tenho a evidência disso. (...) eu sei da minha importância na literatura brasileira. Seria hipócrita e bobo, fingindo que é uma grande surpresa. Não é surpresa nenhuma”.
João Ubaldo Ribeiro em discurso após receber o prêmio Camões 2008



Tenho uma amiga com quem desenvolvi uma teoria. Na verdade, já nem me lembro se fui eu que desenvolvi, se foi ela, se o fizemos juntas ou se alguém nos disse e a gente se apropriou. A tal teoria vale para pessoas que fazem ou fizeram coisas legais, mas depois de um tempo começam a perder a mão. Elas passam do ponto e seria melhor se tivessem parado de produzir no auge. Na real, sempre dizemos é que deviam mesmo ter morrido, quando ainda eram legais.

Vamos a um bom exemplo: Caetano Veloso. Cacete! Caetano Veloso tinha que ter morrido no final dos anos 70. Cara legal, bom músico, baiano de boa cepa (redundância) que fez, inovou e aconteceu... pero já no es assim. De uns anos pra cá, o cara só abre a boca pra falar besteira. Seu ídolo já não é mais James Brown e sim Mangabeira Unger e daí pra baixo. Caetano devia ter morrido há uns 30 anos atrás. O problema é que viveu pra desconstruir um bando de coisa que fez.

Ontem me lembrei dessa teoria lendo a coluna do João Ubaldo no Globo. Pela teoria, João deveria ter morrido também. Não sei bem quando, porque li pouca coisa dele. Mas acho que ali próximo a "Viva o povo brasileiro" tava de bom tamanho, não precisava nem esperar “A casa dos budas ditosos”.

Eu quase nunca leio a coluna dele, porque depois de ler o Veríssimo, que vem logo acima, agüentar o velho fica difícil. Parece que ele toma pílulas diárias pra ficar mais reacionário e chato. Chato porque vem cada vez mais caindo no senso comum. O que é lamentável para um cara que já fez tanta coisa boa.

Daí que ontem a coluna falava de como Itaparica - uma ilha na Bahia, onde ele nasceu, perto de Salvador -, anda violenta. Ele relata sua ida à ilha para colocar grades na casa que tem lá. Conta que há muitos roubos em Itaparica, que já não se pode sair a rua sozinho. Enfim, essas situações que raramente acontecem em tudo quanto é centro urbano.

Um parêntese para aqueles que não lêem João Ubaldo: desde os escândalos do primeiro governo Lula, o cara não fala de outra coisa. Eu até entendo: ele, cara meio de esquerda, todo intelectual, contra o conservadorismo e temeroso do contrário, depositou suas esperanças de 'um-mundo-melhor-com-meus-privilégios' no Lula, claro. Ele e toda uma geração de 'meio intelectuais, meio de esquerda'. Os escândalos de corrupção do governo messiânico do PT estão para essa galera quase como está a queda do muro de Berlim para os comunistas arnaldo-jaborianos. Problema é que o cara surtou, não escreve sobre outra coisa e sua literatura anda pelas tabelas.

Fecha parêntese. Ele falou do Lula como de hábito - culpando-o de alguma forma -, reclamou da violência à vontade e concluiu dizendo que Itaparica já não é mais o mesmo paraíso. Por isso, ele aconselha a quem deseja ir até lá, fazer antes um treinamento no Morro do Alemão!

Opa!

Vamos ao óbvio: será que João Ubaldo já foi ao Alemão? Continuemos no óbvio: será João Ubaldo tão ingênuo a ponto de achar que a violência a qual estão submetidos os moradores do Alemão pode, mesmo que ironicamente, ser comparada ao roubo de casas em Itaparica? Não sei, porque odeio perguntas óbvias.

Fato é, que no me gustó! Não gostei porque sábado, coincidentemente (rá), passei o dia no Alemão. Aquele esquema de sempre: uns amigos, cerveja no Laerte, comida quentinha no Máscara, vista maravilhosa... Duro abrir o jornal no dia seguinte e ver o cara falando de um lugar que ele não conhece e pior, levantando conclusões distorcidas sobre a realidade.

O bom João Ubaldo foi incapaz de comentar os muitos déficits com os quais os moradores da ilha têm de conviver. Lá é um lugar razoavelmente pequeno, que vive do turismo. População só aumenta, muita gente de fora, turismo e políticas públicas inexistentes: nada de novo.

Não satisfeito, Ubaldo afirma que pra conviver com a violência de Itaparica – que deve ser inimaginável – o sujeito deve fazer uma espécie de 'estágio' antes no Alemão. Mas ignorância é um dom, nunca um defeito. Só porque somos ignorantes é que podemos aprender. E João Ubaldo precisa aprender que passar o dia no Alemão, não ensina a ninguém sobre como lidar com a violência - afirmo com a certeza de quem lá encontra um dos ambientes mais agradáveis do Rio.

A situação me fez lembrar um cara com quem conversei semana passada no Jardim Ângela, favela de São Paulo. Perguntei se o bairro dele era violento. Ele: - Eu não acho. Fácil falar que favela é violenta, mas ninguém fala da violência que a favela sofre.

É por aí. O cara tem uma coluna em um dos maiores jornais do país e faz uma comparação absurda, como se tivesse contando piada no almoço de domingo. Ele não precisa transformar a coluna dele em um debate sociológico e político sobre violência e desigualdade social. Mas, pelo menos, tem a obrigação de não falar besteira - como ele mesmo diz, é um dos principais escritores brasileiros. Ou deveria ter, se pensarmos qual é o papel de um jornal. Mais do que isso: qual o impacto no nosso cotidiano daquilo que sai no jornal?

Pois bem. João Ubaldo prefere falar de uma realidade que desconhece como se conhecesse – se eu faço isso, ninguém liga, problema é João Ubaldo fazer e fazer no Globo de domingo. Ele ainda desconsidera os muitos moradores que vivem lá e a relação que eles têm com seu território. Fico imaginando como ele, baiano que é, se sente se o chamam de 'paraíba' ou do 'norte'. Pode parecer loucura, mas tem muita gente que se orgulha de ser do Alemão.

Finalmente, quando simplesmente afirma que aquele espaço é violento, ele tira de contexto a própria violência, desconsiderando uma política de segurança pública assassina; esquecendo da indústria lucrativa que é o tráfico de drogas; e negligenciando o cenário de desigualdade cruel no qual estamos inseridos.

O detalhe, como disse o parceiro lá de São Paulo, é que nunca falam da violência que a favela sofre. É um mero detalhe. Só que é no detalhe, que vive o diabo.

Mais um personagem para minha teoria. Vamo que vamo!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

notas de uma fase do cão

duas coisas fundamentais:

- a gente é o que a gente é e ponto. a gente pode tentar sufocar, adaptar, moldar, aparar. mas, cara, no fim das contas, noves fora, a gente é isso aqui mesmo. não tem jeito.

- e outra, opostos que se atraem é só imã. nós gostamos mesmo é dos iguais.

e podem discordar, cheguei a essas conclusões depois de muito refletir.

tem sinteco no chão

eu estou há uns 4 dias num diálogo que eu comecei a escrever super empolgada. mas empacou. e eu super me controlando pra só postar de novo quando ele acabasse - sim, porque eu gosto de escrever neste blog. mas eu acho que não vai acabar não. a parada tá grande já e eu nem sei o que quero dizer mais. o começo, entretanto, é bom. vou guardar algumas idéias pra usar em outra coisa.

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o obama ganhou. ok! eu só acho meio chato essa comoção que rola ao redor disso. sim, porque pra mim, pra você e pro porteiro aqui do prédio, muda nada. é claro que há um valor simbólico na eleição de um negro, mas acho que fica nisso mesmo. valor simbólico. e sendo sincera, eu estou cansada de simbolismos. cansada de 'é melhor que'; cansada do 'menos pior'; do 'antes isso que aquilo'! por que feitas as contas e noves fora, o menos pior não muda nada, apenas alenta nossos sentimentos especulatórios de que o 'pior' nos levaria à barbárie ou ao caos. e isso é apenas sentimento. porque na prática, o menos pior não faz nada para frear esse processo.

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o ano acabou para o botafogo. e acabou mal. é a verdadeira crise financeira. mas o alviverde tá no páreo. já vislumbro o pentacampeonato. seria o melhor acontecimento de um ano que era promissor e se revelou caótico (adoro balanços de fim de ano).

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com essa música na cabeça, há dias: nem vem que não tem (wilson simonal)

Nem Vem Que Não Tem
Nem vem de garfo
Que hoje é dia de sopa
Esquenta o ferro
Passa a minha roupa
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...

Nem Vem Que Não Tem
Nem vem de escada
Que o incêndio é no porão
Tira o tamanco
Tem sinteco no chão
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...

escutem! é boa e deu preguiça de postar aqui.

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alan brado: vai tomar no cu - com detalhes!

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favelereiro ontem, depois de umas cervejas, prometeu reaparecer. é só pra lembrar mesmo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

voto nulo

há um tempo atrás, se não me engano nas últimas eleições presidenciais, a MTV veiculou uma propaganda que fazia uma crítica à política em geral e meio que estimulava o voto nulo.

algumas organizações aqui do Rio, pessoas que inclusive eu conheço, ficaram indignadas, dizendo que esse tipo de coisa afastava a juventude da política e do exercício da democracia...

eu tentei, na época, argumentar que o voto nulo seria uma escolha tão legítima quanto qualquer outro voto... por vezes melhor do que o voto pragmático, geralmente realizado nos segundos turnos...

de nada adiantou.

publicaram uma nota de repúdio contra a MTV que respondeu com um daqueles programas ridículos de debate comandados pelo Lobão.

Puta merda, a sociedade civil por vezes se presta a cada coisa... ridículo.

Bem, eis abaixo uma resposta, tardia mas em tempo.

Vitória esmagadora dos nulos obriga TSE a convocar novas eleições em dois municípios do RJ
Fonte: Agência Petroleira de Notícias (
www.apn.org.br)

Em Bom Jesus de Itabapoana, no Estado do Rio de Janeiro, os votos nulos alcançaram 89,23% da preferência do eleitorado e o candidato único à Prefeitura, João José Pimentel, do PTB, apenas 6,3%. Eram 26.863 eleitores, mas apenas 1.692 votaram em Pimentel. Em Santo Antônio de Pádua, Maria Dib, do PP, obteve 10.074, o equivalente a 37,9% dos votos, enquanto os nulos totalizaram 16.527, o equivalente a 60,35%.

De acordo com as regras eleitorais, nenhum candidato pode tomar posse quando os nulos e brancos vencem as eleições, alcançando um coeficiente maior que a soma dos votos dos candidatos. Nos dois municípios, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá que convocar novas eleições e os dois candidatos rejeitados pela população ficarão inelegíveis. As duas cidades tiveram outros concorrentes, mas suas candidaturas foram impugnadas. Agora será estabelecido um novo prazo para inscrições, propaganda eleitoral e os eleitores terão que voltar às urnas.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) já está com esquema todo preparado para realizar novas eleições para prefeito em Santo Antônio de Pádua e em Bom Jesus de Itabapoana. A intenção do presidente do TRE, desembargador Alberto Motta Moraes, é convocar o novo pleito ainda este ano, antes da diplomação dos prefeitos eleitos no estado. Pelo calendário eleitoral, a data-limite para os juízes diplomarem os vencedores das eleições deste ano é 18 de dezembro. Sua intenção é evitar que os presidentes de câmaras municipais sejam obrigados a tomar posse, interinamente.

Em Bom Jesus e Pádua, os eleitores deram uma lição de cidadania, demonstrando que o voto nulo é também uma forma de expressar opinião, quando as opções disponíveis não atendem às expectativas.

domingo, 2 de novembro de 2008

em sampa

comunidade do jardim ângela. quebrada na zona sul. boa música, muito sol e uns mano boa gente.


camisa do palmeiras de 72 (seleção). tava pendurada na parede de um restaurante. linda.


bar do cidão. cheio de palmeirense lá. tremozos (grão português) de tira-gosto.


o rapa na praça da sé.


aqui no rio não tem dessas. se encontro um cara vendendo atestados no meu primeiro ano de faculdade, tinha me formado em 2.

fundo de banca de revista na augusta. nessa mesinha da esquerda, foi tomada a primeira cervejnha da viagem.


livraria cultura na paulista. 3 andares de livros em tudo quanto é idioma. uma delícia.
na cultura, um clássico da literatura internacional. Doar: como cada um pode mudar o mundo. de bill clinton. Doem. Doemos. Dói.


na avenida paulista. taxista me disse que tinha nêgo comprando por 2000 paus.


telefone público de paulista.



detalhista.


dona ivone lara ao vivo e de graça. f-o-d-a.