segunda-feira, 23 de março de 2009

eu também quero entrar pro clube

eu não sei se vocês já viram, mas existe uma campanha da nextel que tá direto na televisão: clube nextel. eu vi os primeiros e não gostei do espírito da coisa. aí vi um com uma mulher. ela fala que fuma charuto, bebe e nunca gostou de boneca. conta que todo mundo dizia que ela não ia casar (olha que sorte) e enfim, mostra como estava fadada a ser uma fudida, mas aí vem a redenção: casei, tenho filhos e dirijo uma das maiores empreses de cosmético de num sei aonde... e claro: tenho um nextel.



ahhh má vá! vátomarnocu. desde quando casar e ser empresária significa alguma coisa além de casar e ser empresária? ok, a publicidade faz isso o tempo todo. mas os tais filminhos pegam uns estereótipos bem sacanas. é um discurso nojento.
e
m 30 segundos o vídeo reproduz coisas bem cruéis. e eu não estou falando só de estereótipos e preconceito. eu estou falando de signos que abarrotam o nosso cotidiano como se vivêssemos dentro de um grande pinico. quem disse que uma mulher precisa de filhos ou um casamento para se realizar? o que tem demais uma mulher que bebe? mulheres que usam calças e andam sem rebolar só merecem respeito se forem grandes empresárias?


cara, essas porcarias estão aí e de certa forma ditam as regras do jogo. além de claro, influenciar o consumo. e em tempos que consumir significa ser gente, isso é um pouco relevante - na minha modesta visão dos fatos.

eu tenho pensado muito em como o capital - o mercado, que seja - consegue devorar a cultura, as diferenças e as manifestações de qualquer gênero que o ser humano possa gerar. tudo pode vir a dar lucro, tudo é incorporado pela indústria. de certa forma a propaganda da nextel se conecta com isso... o mercado não só tem solução pra tudo, como ele tem espaço pra tudo. isso fica mais fácil de visualizar se pensarmos nas muitas lutas de diversos grupos sociais que viraram mercadoria - ainda que essas lutas sejam atuais e que esses grupos convivam com o preconceito do próprio mercado. os melhores exemplos pra mim são: negros e homossexuais. de bandeira de luta por direitos, viraram 'segmento' da indústria da moda, de cosméticos, de turismo etc etc.

sim, mas o que eu ia contar desde o começo e ainda não consegui, é que agora a pouco vi na tv o comercial dessa campanha da nextel com a fernanda young. deprimente. sempre fui estranha, pintei cabelo de rosa, quis me suicidar...mas hoje? hoje eu sou uma nova mulher: escrevi num sei quantas séries, tantos livros e bla bla bla! e adivinha? tenho três filhas.



duas observações
1. faltou ela dizer que foi figurante em novela da globo (clica aqui)

2. meu estimado leitor, conselho de quem entende do assunto: começa a escrever o primeiro livro, porque pelo perfil dos leitores que eu conheço daqui, quem não quis se matar, é dislexo. quem não se enquadra em nenhuma das duas categorias fez coisa muito pior. então, pra chegar aos 40 e comprar um nextel, começa logo a correr atrás. pronto, avisei!

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os acentos chegaram. obrigada, daniel!

3 comentários:

Daniel disse...

De nada.
Gostei da propaganda da Fernanda Young, mas chorei de rir com seu comentário "...pelo perfil dos leitores que eu conheço daqui, quem não quis se matar, é dislexo. quem não se enquadra em nenhuma das duas categorias fez coisa muito pior."

Vitor Castro disse...

acabo de ler e na sequencia leio um email, sobre o programa Atitude.com, da TV Brasil. Na contramão da nextel, o programa que será exibido no dia 22 abril é sobre jovens que não "querem ou não pretendem casar de forma alguma". Inclusive, se alguém quiser participar do programa, entre em contato. A gravação será na sexta, dia 27.

Faber disse...

vc ja viu um comercial ridiculo do Doritos? Sao amigos num carro e eu nao lembro bem como mas um dos amigos parece dar indicios de que é homossexual. E ai os amigos olham repreendendo o cara. E ai vem a moral da historia. Quer dividir algo com os amigos? Entao divide um doritos.

Tosco.