sábado, 10 de janeiro de 2009

Deus é naja e a vida é minha

São 22:55. Estava num bar aqui nas proximidades do hospício com dois bons conhecidos (num dá pra chamar ainda de amigos) e depois papai me ligou de um outro para que eu o encontrasse. Fui ao encontro de papai e tomamos uns quantos chops e comemos umas empadas e viemos cantando sambas da Portela caminhando pra casa.

Escrevo porque no primeiro bar, conversava com os dois conhecidos sobre a vida de um outro. Fofoca. E aí falávamos sobre certas desgraças que se abatem sobre certas vidas e desenvolvemos uma teoria (meio macabra, na verdade): nós poderíamos ter controle sobre o fim de nossas vidas, porque para muitos, viver muito é uma tormenta. Não falo de suicídio, essa coisa emotiva e triste. Seria algo mais sóbrio, uma decisão mais madura baseada na simples constatação de que a vida não tem mais muito pra onde ir. E também não podia rolar essa coisa de se jogar da ponte ou cortar o pulso. Tinha que ser algo menos pessoal, digamos. E a coisa ficou mais macabra quando pensamos num ‘serviço prestado’ de morte.

Enfim, tudo isso me lembrou o ótimo texto, do excelente Caio Fernando Abreu, sobre o ‘Jamanta Express’ – um serviço de Jamanta que você chama para lhe esmagar quando a vida estiver muito ruim.

Bom, como diria um conhecido meu: ‘um dia conseguimos escarrar todo esse moralismo’ e a morte deixa de ser algo menos mítico ou quixotesco, que seja. E passa a ser simplesmente o fim da vida, ou o fim do tormento, para muitos.

* é preciso dar créditos na vida: o texto do Caio Fernando me foi apresentado por uma boa amiga. Aquela que 'desistiu de escrever'.

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