sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Parem o mundo que eu quero descer

Eu queria falar do Renan Calhorda e sua absolvição. Depois, pensando no calhorda lembrei de um poema do Brecht. E depois, não consegui escrever mais nada, porque o mundo tá complexo.

Finalmente, li um trechinho lindo do Fernando Pessoa hoje pela manhã, que vale ser compartilhado. Meus companheiros de blog que perdoem minha fase sensível (leia-se TPM), daqui a pouquinho passa...

Vamos ao Brecht...

Expulso Por Bom Motivo

Eu cresci como filho
De gente abastada. Meus pais
Me colocaram um colarinho, e me educaram
No hábito de ser servido
E me ensinaram a dar ordens. Mas quando
Já crescido, olhei em torno de mim
Não me agradaram as pessoas da minha classe e me juntei
À gente pequena.

Assim
Eles criaram um traidor, ensinaram-lhe
Suas artes, e ele
Denuncia-os ao inimigo.
Sim, eu conto seus segredos. Fico
Entre o povo e explico
Como eles trapaceiam, e digo o que virá, pois
Estou instruído em seus planos.
O latim de seus clérigos corruptos
Traduzo palavra por palavra em linguagem comum,

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E o Pessoa...

Eu quero um colo, um berço
Um braço quente

Em torno ao meu pescoço
E uma voz que cante baixo
E pareça querer me fazer chorar
Eu quero um calor no inverno
Um extravio morno da minha consciência
E depois em som
Um sonho calmo
Um espaço enorme
Como a lua rodando entre as estrelas

Um comentário:

Anônimo disse...

o brecht fortalece e o pessoa derruba...