sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Parcialidade

Bom, antes da porrada, um pouco de contexto...

Dentro da perspectiva dos direitos humanos e da cidadania, compreendida, grosso modo, no rol de direitos civis, políticos e sociais, que têm como exemplo a liberdade de expressão, o direito de escolher seus representantes ou mesmo concorrer a um cargo político e o direito de acesso à moradia, saúde, educação, dentre outros serviços básicos, respectivamente, encontramos uma alternância que, a meu ver, melhor sintetiza as diferenças primordiais entre um sistema capitalista de inspiração liberal e outro, de cunho socialista. Noção esta de cidadania, engendrada e instaurada a partir dos ideais da Revolução Francesa, a saber: liberdade, igualdade e fraternidade.

Desse modo, a liberdade estaria mais ligada ao exercício dos direitos civis e políticos, enquanto a igualdade estaria mais diretamente relacionada com o usufruto dos direitos sociais. Talvez, a partir desse ponto de vista, podemos dizer que os governos capitalistas priorizam a liberdade em detrimento da igualdade, tendo como produto final uma sociedade extremamente injusta e desigual. Já os governos ditos socialistas, historicamente, priorizaram uma sociedade mais igualitária, com uma distribuição das riquezas mais homogeneizada, relegando, entretanto, pouco espaço e oportunidade para o desenvolvimento e realização dos anseios individuais, assim como o exercício da crítica e da expressão de contrariedades e objeções.

A fraternidade seria o sentimento e a postura que daria liga numa sociedade de homens livres e iguais que se respeitam e orientam em prol de negociar os interesses individuais e coletivos segundo o horizonte ético de um bem comum.

Segundo esse panorama traçado, o grande desafio contemporâneo está em engendrar e desenvolver uma forma de governo e sociedade que sejam liberais sem serem injustos, igualitários sem autoritarismo...

Pois bem...

No entanto, o que vemos hoje em dia nas ditas sociedades alinhadas ao paradigma neo-liberal, como a nossa, e seus templos sagrados – veículos de comunicação e parlamento – é uma distorção dos conceitos de liberdade de expressão e representação política.

No templo midiático, os ditos formadores de opinião (de merda, a meu ver), criam um ambiente editorial totalmente vinculado a algumas pseudo-verdades, direcionado para um público específico (a classe média metida a besta que come feijão com arroz e arrota caviar), e amparada por uma aura de imparcialidade. Imparcialidade que, mais do que mito, é o argumento mais imbecil que um jornal pode dar acerca dos seus posicionamentos e explanações.

Imparcialidade como critério ético chega a ser uma piada... Pois não há critério mais antiético do que afirmar ser imparcial enquanto opina...

Bom, a menos que seja uma besta... ou o Ali Kamel.

Aliás, fraternidade... A MEU VER, tem a ver com ser parcial...

Já no templo rarefeito dos parlamentos, a representação política é esculachada e transformada em moeda corrente, tipo cigarro em cadeia... Nessa nossa aberração da democracia, como prefiro acreditar, os políticos cada vez mais demonstram representar interesses particulares e nos fazem crer que a política se refere única e exclusivamente ao jogo de disputas, conquistas e manutenção do poder. “Foda-se o povo que eu supostamente represento”, deve ser o pensamento hegemônico dessa cambada...

E o pior é que o noticiário internacional nos dá mostras que isso é um fenômeno mundial, muito comum no oráculo universal da democracia, como se autodesigna a sociedade norte americana... vide maracutaias eleitoreiras do Bush, invasão do Iraque, etc.

Aliás, caro Busha, confundir APEC com OPEP não é gafe, é ato falho!!!!

Ou seja, digníssimos: civilização é a barbárie bem vestida...


Bem... leiamos Veríssimo...


Rodrigo Bodão

3 comentários:

Clementina disse...

quando eu crescer quero escrever assim tipo vc. muito bom, ainda que eu tenha algumas idéias que vão num rumo meio contrário a algumas das sua, aqui expostas.
adorei o lance do ato falho!

Rodrigo Bodão disse...

Errata;

quando disse "um sistema capitalista de inspiração liberal e outro, de cunho socialista", fique claro que o outro sistema não é uma espécie de "capitalismo de cunho socialista", como o estado de bem-estar social, ou welfare state... é um outro sistema, por princípios, não capitalista.

Nota: na verdade essa discussão e a correlação apontada entre liberdade e direitos civis e políticos, e a igualdade com direitos sociais (ou os chamados DESC, econômicos, sociais e culturais, numa acepção mais atual) podem ser perfeitamente estendidas em debates acalorados por meio de uma mesa de bar...

e tenho dito!

Anônimo disse...

Oii
eu sou a Bela do hablando com Bela .
eu não acabei de ler ainda o cabeça de porco, mas quando acabar prometo que deixo um comentário falando dele pra você, tá?
Eu acho suuuper legal porque eu simplesmente amo o trabalho do Mv Bill e do Celso Athayde. Eu já li o Falcão: Meninos do Tráfico e agora tô lendo o Cabeça de Porco.
O que eu acho ruim do Cabeça de Porco é que é um livro direcionado pro público adulto e por isso, mas difícil e pesado pra eu ler. Por isso a demora que eu tô tendo pra ler sem querer entrar na questão da falta de tempo.
Porém, eu acho que ler a opinião sobre essa questão da violência brasileira por alguém que conhece bem do assunto e trabalha com isso é muito bem vinda.
É só eu acabar de ler que deixo um comentário aqui.
Beijo *