segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ele de novo

"O álcool é provavelmente uma das melhores coisas que chegaram à Terra, além de mim. Nos entendemos bem. É destrutivo para a maioria das pessoas, mas eu sou um caso à parte. Faço todo o meu trabalho criativo quando estou intoxicado. O álcool, inclusive, me ajudou muito com as mulheres. (...) É uma liberação porque basicamente eu sou uma pessoa tímida e introvertida, e ele me permite ser este herói que atravessa o espaço e o tempo, fazendo uma porção de coisas atrevidas...
O álcool gosta de mim."
Charles Bukowski



Sei que o tema é repetido, mas é que ganhei o volume dois do "Ereções, Ejaculações e Exibicionismos", que se chama: Fabulário geral do delírio cotidiano (o homem era bom de título). E Bukowski voltou à minha vida com tudo. Eu bem estava tentando terminar um livro do Galeano sobre futebol que ganhei há uns 2 anos e nunca li os últimos textos. Mas não deu. Bukowski reina nesta mente baiana. Confesso que no início o livro não me empolgou tanto quanto o anterior, cheguei a cometer a falácia de criticá-lo levemente. Insanidade minha. Os contos do livro são excelentes, na mesma linha autobiográfica, suja, mundana, marginal e alcoólica.

Bom, mas não foi por isso que resolvi escrever aqui. É que nos últimos dias descobri que há duas peças dele em cartaz na cidade!!! Pior, descobri que a Gávea é o reino do velho
Hank no Rio de Janeiro. "Pão com mortadela" que é uma adaptação de um de seus romances mais conhecidos, "Misto quente", está em cartaz na Casa da Gávea de sexta a domingo. E a outra, que foi a grata surpresa, chama-se “Buk na Rua – Teatro noturno para adultos insones [sacaram que rola uma identificação né]” é apresentada na Praça Santos Dumont (parece que sexta e sábado - sem certeza), sempre às 22h. Essa segunda foi elogiada hoje no jornal com um comentário levemente ácido: "Não que [Bukowski] fosse gostar dos restaurantes ou do público do Baixo Gávea, tudo limpinho demais pra ele..." Achei sensacional. E o melhor, a peça é uma colagem de quatro contos, sendo o primeiro deles "12 macacos alados que não conseguem trepar sossegados", que como já comentei aqui, é brilhante.

Sexta-feira já sabem onde vão me encontrar. Estarei limpinha no Baixo Gávea, tomando uma vodca e aproveitando o que há de melhor na Zona Sul carioca. Fica a dica.

sábado, 28 de junho de 2008

23 filmes para os 23 anos

Não são os melhores, nem os favoritos. Apenas 23. Assim como os meus invernos.



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1. he-man e she-ra: o segredo da espada mágica
1986

a primeira ida ao cinema não se esquece


2. fale com ela
pedro almodóvar - 2002

sensível


3. mary poppins
robert stevenson - 1964
filme de menininha


4. edward mãos de tesoura
tim bourton - 1990
o melhor da sessão da tarde


5. os pássaros
alfred hitchcock - 1963
tenso


6. os sonhadores
bernardo bertolucci - 2003
a certeza de que eu deveria ter nascido 40 anos antes


7. tempos modernos
charles chaplin - 1936
marcante. do tempo que eu achava que burgueses eram revolucionários


8. a revolução não será televisonada
kim bartley e donnacha o'brian - 2002
desmistificação da realidade


9. juno
jason reitman - 2007
you're a part-time lover and a full-time friend


10. cães de aluguel
quentin tarantino - 1992prazer em matar


11. melhor é impossível
james brooks - 1997
humor sagaz


12. curtindo a vida adoidado
john hughes - 1986
twist and shout


13. brilho eterno de uma mente sem lembranças
michel gondry - 2004
dá até vontade de se apaixonar


14. oldboy
chan-wook park - 2003
vingança ainda que tardia


15. edukators
hans weingartner - 2004


todo coração é uma célula revolucionária


16. os intocáveis
brian de palma - 1987

as melhores cenas de tiroteio


17. morangos silvestres
ingmar bergman - 1957

bergman é cult


18. a culpa é do fidel
julie gavras - 2006 felizes os filhos dos comunistas


19. cidade baixa
sérgio machado - 2005 retrato gostoso de salvador e da lide baiana


20. o milagre do candeal
fernando trueba - 2004


música que faz batucar na cadeira do cinema


21. o grande dragão branco
newt arnold - 1988você, certamente, também viu umas 10 vezes


22. Forrest Gump
robert zemeckis - 1994rrun forrest, run


23. O Poderoso Chefão
Francis Ford Coppola - 1972


Famiglia Corleone

sexta-feira, 27 de junho de 2008

1 ano da megaoperação no Complexo do Alemão


Não há como esquecer que no dia 27 de junho do ano passado, 19 pessoas foram executadas no Alemão

_16 foram baleados nas costas
_15 destes também foram atingidos em outras partes do corpo
_3 foram mortos com tiros na nuca
_5 morreram com tiros à queima-roupa
_2 eram menores de idade: David Souza de Lima, 14 anos, que levou 5 tiros pelas costas; Pablo Alves da Silva, 15 anos, 9 tiros, sendo 4 pelas costas


A cada companheiro tombado,
nem um minuto de silêncio
Mas toda uma vida de luta!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O sonho acabou, mas ainda tem empada


- Bom dia, eu vim por conta do lance dos selos. Para pegar meu...
- Selos e documento com foto.
- Tá aqui. Cuidado que esses mais antigos estão quase rasgando.
- Documento.
- Então, perdi minha identidade, trouxe o passaporte.
- Tem foto?
- Claro.
- Então pronto. É documento com foto.
- Ok. Aqui.
- Toma esses 3 formulários. Tem que preencher tudo com caneta preta, letra de forma e legível. Rubrica todas as vias e tira uma xerox do documento.
- Tá. A senhora tem uma caneta?
- Não.
- Tem xerox aqui por perto?
- Não.
- Eu já volto.

*******

- Tá aqui. Os três formulário, letra de forma, rubricados e a xerox. Corri, porque aqui é só até às dez e meia, né?
- Rum...
- Engraçado, achei que fosse encontrar mais gente aqui.
- Rum...
- Ou pouca gente faz aniversário dia de hoje como eu ou as pessoas não fazem muita questão.
- Olha aqui, quantos anos você está fazendo?
- 23.
- Não tem direito.
- Ãhn?
- O programa de distribuição de sonhos é só até os 22 anos.
- Como?
- É. 22 anos. E acho que com esse novo código civil, vai cair pra 18. É o que dizem.
- Mas minha senhora, em lugar nenhum vocês informam isso.
- Estou informando agora, é até 22 anos. A senhorita está fazendo 23. Não tem direito. Aqui seu passaporte.
- Pera aí. Calma. Tem alguém com quem eu possa falar? Explicar a situação? Reclamar?
- Além de Deus? Eu.
- Tudo bem, não tem um gerente? Um supervisor?
- Ai, vocês humanos...sempre achando que resolvem tudo com um patrão.
- Como assim humanos? A senhora é o quê?
- Você é cega? Humana como você. Eu hein.
- Tá bom. Só quero saber se há alguém aqui além da senhora.
- Você.
- Ok. Vamos lá. Deixa eu explicar: estou há meses peregrinando por esses selos, esperando pelo dia do meu aniversário, para pegar dois ônibus e vir até aqui, entre dez horas e dez e meia para buscar o sonho ao qual tenho direito de comer por mais estes 12 meses nessa merda de vida. Não tem mais ninguém aqui. Só eu. Será que a senhora não podia abrir uma exceção?
- Senhorita, o programa é para pessoas de até 22 anos.
- Mas minha senhora, ninguém nem vai saber...
- Ai, vocês humanos.
- Tudo bem, desculpe. Veja bem, uma única exceção, por favor. Eu não tenho mais direito a sonhos. Nunca mais terei. Sabe-se lá quando terei oportunidade de conseguir outro.
- Me dá aqui os formulários.
- Nossa, muito obrigada.
- Vou avisando logo que o sonho acabou. No momento só temos empadas.
- Como assim empadas? Nunca avisaram isso.
- Estavam nas letrinhas na lateral dos selos. No caso de falta de sonhos....
- Posso ver meus selos?
- Desculpa, eles já foram protocolados. Se eu retirar do protocolo perdem a validade.
- Tudo bem. Nem pão doce?
- Empada. Com essa coisa de fazerem sonhos em lata, que mais parecem de plástico, os sonhos estão cada vez mais caros. Artigo raro. Porque pobre devora esses enlatados. O resto que circula por aí, vem tudo do Canadá. Sonho feito aqui e de qualidade não se acha mais e custa caro.
- Tá, tá valendo. Eu vou levar uma empada.
- Vai?
- Vou, ué. Por que?
- Sei lá. Normalmente mulheres não querem empadas.
- Eu não sou normal.
- Então assina aqui.
- Hum... Que foi?
- Que foi pergunto eu.
- Estou lendo antes de assinar.
- O expediente encerra em 5 minutos.
- Tá, tá bom. Só me diz o que diz aqui.
- É um termo onde a senhora se compromete que o sonho é pessoal e intransferível, que se tiver indigestão com ele ou fizer mau uso, as responsabilidades são suas. No seu caso, empada, não sonho.
- Tá, eu me responsabilizo pela minha empada. Pronto.
- Aqui está. Sua empada. Faça bom uso.
- Err... nossa. Melhor do que eu esperava.
- Feliz aniversário e até o ano que vem.
- Mas ano que vem não terei mais idade.
- Leia as letras laterais, parece que vão criar uma cota de sonhos para maiores de 25.
- Mas eu tenho 23. Como posso...
FECHADO

***************

Em tempo: Faber, também adoro diálogos. Seu comentário me fez lembrar uma frase do Tom Stoppard citado por Veríssimo há alguns dias:
"escrevo peças, porque escrever diálogos é a única maneira respeitável de você se contradizer". É mais ou menos isso.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

domingo, 22 de junho de 2008

um [bom] poema para o domingo

O burguês e a menina, de Julio Pereira. 1931



Ode ao Burguês
Mário de Andrade


Eu insulto o burguês! O burguês-níquel
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!
Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!
"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
— Um colar... — Conto e quinhentos!!!
Más nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

sábado, 21 de junho de 2008

quem me navega é o mar

E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
- Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar

Tou lá eu, ao som de Teresa Cristina (sempre maravilhosa), ensinando uma dessas amigas que não sabem dançar, quando me abraçam e me tiram pra dançar. Era ele, Bodvéi, o sambista do ombudsman. Claro que no meio do show nos perdemos, mas foi sensacional vê-lo com os olhos cheios de lágrima quando Paulinho subiu no palco. E daí depois encontrei Capilo. Deste último não tenho muitas lembranças. Com esse papo de jogar futebol no sábado de manhã, ele tá um saco. Vai embora cedo dos lugares, mal conversa com os amigos... Lanço aqui uma campanha pela volta de Capilo à boemia de sexta a noite: Abaixo futebol no sábado de madrugada, digo de manhã.

Sim, tudo isso pra dizer que ontem, alguns poucos abençoados tiveram a alegria, o sublime prazer, a inigualável satisfação de ver isso aqui ao vivo:



~~~~~~~~

Capilo e seu irmão, Cajibrina, tão doidinhos para reunir amigos de outros blogs para tomar...hum... um chá! Pois bem, minha gente: sábado que vem é dia. Aguardem e guardem - o fígado!

terça-feira, 17 de junho de 2008

mais uma...

aqui...

porque se ordenar o pensamento já é difícil,
a inspiração então, quem saberá???!!!

Obs: 5 brahmas 3 baseados e cerca de uma garrafa de dreyer [no momento ainda não é possível garantir a dosagem (a ser) ingerida]


(...)


Incomoda ser incompreendido

E mais ainda deixar ser

Na quimera de outrem





Porém
Antes
Melhor
Assim




Pois pior que ser incompreendido
É querer explicar
O que sequer vem ao caso

Pior que ser incompreendido
É perceber nos lábios da amada:

- E ai de você me acordar de meu sono dogmático!

BANDEIRA

bem, ia postar essa pérola de Bandeira abaixo da poesia que escrevi na postagem abaixo... por conta de sua leitura anterior... feito bilbiografia...

mas achei mais correto acima...

por respeito e reverência.

Sem mais...


MANUEL BANDEIRA


Poética


Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare


— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


(...)

hoje me deu essa sensação... acho que poderia ser chamada de auuuuuuuuuuuuhhhhhhhúúúúúúhh!!!!!!!!!

feito um drink breve destilado para o uivo de ginzberg...

aí vai:

nalgumas emergências
um cão cola em mim feito reflexo
da sujeição e pequenez
com que me disfarço clichê
calado frente
as ordens e vozes unívocas
da polifonia moderna
onde sempre devo querer
enriquecer
obedecer
emagrecer
parar
de beber
ficar
famoso
pegar
geral
estar
na moda
ser
são
normal
igual
diferente
bonito
inteligente
fino
educado
bem sucedido
eqüilibrado
racional
legal
o tal
o cara

- PÁRA! -

desperto

para o que eu não quero nada disso!

às vezes acho que deveria
gritar e discordar e militar e brigar
e acabar com essa merda toda de uma vez

mas não



disfarço...




e meu silêncio alheio é tão agradável!

assumo expressões ébrias
na página virada
onde acabo por deitar

e novamente o clichê do cão
abana o rabo
pra me salvar...


ah

até parece que voltei ao tempo
em que eu podia ficar invisível


divisível


inatingível


e voar!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

curtinhas

Alguma coisa já me dizia na manhã de ontem que o jogo da seleção não seria propriamente uma diversão para a tarde de domingo.

Primeiro, de saída, já se me impunha a lembrança dos últimos vexames dessa seleçãozinha blasé e meia bomba. Somado a isso, algumas declarações dos jogadores que consideravam o empate um grande resultado.

Pois é, quem entra pensando em empate quase sempre acaba perdendo. O futebol não perdoa nem salto alto nem covardia.

Mas foi feio demais. Uma seleção acuada, na retranca, sem imaginação nem vontade, sofrível. Um vexame, menos pela derrota em si, pois faz parte e a seleção do Paraguai também não é ruim, pelo contrário. Um vexame pela postura da seleção que, desse jeito, fica difícil chamar de brasileira.

***

Ainda na deprê futebolística agravada pelo temporal que desabou ontem à noite, assisti um programa interessante no Canal Futura. Chama-se "Por que democracia". Neste episódio, houve a exibição de dois pequenos documentários, um sobre uma espécie de Cid Moreira numa espécie de TV Globo sul-africana, e um outro sobre uma galera italiana que toca uma Tv independente.

Bem, os dois vídeos foram legais, mas o primeiro me chamou mais a atenção. Nele, esse tal apresentador justificava, ou tentava justificar, uma posição neutra, imparcial, quando ele lia as notícias independentemente da veracidade do que se noticiava. Dizia procurar imprimir o maior grau de credibilidade possível ao narrar o que lhe era passado mesmo sabendo da censura existente e da manipulação das notícias, afirmando se tratar de uma postura profissional. Acrescentou ainda que caso se negasse a agir assim, inevitavelmente seria demitido e não encontraria outro meio de ganhar dinheiro.

Bom...

Como diz a Clê, somos todos explorados... Mas confesso que não consigo entender bem essa ética profissional. Só posso concluir que a liberdade de imprensa é um conceito nebuloso.

***

Policiais, bombeiros e militares integrantes de milícias jogando bombas em delegacias por ordem de vereadores, torturando moradores e jornalistas, militares espancando e negociando jovens com quadrilhas de grupos rivais, delegados sofrendo atentados, sendo assassinados e ameaçados por outros policiais, fiscais da receita federal facilitando a passagem de cocaína em capas falsas de livros infantis, lins, inhos e batmans...

Dá pra imaginar como podeira ser uma possível parceria entre Bezerra da Silva e Raul Seixas:

"arrá-rá,
quando acabar, o bandido sou eu..."

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Um hino



Em qualquer botequim eu entro
Se houver motivo
É mais um samba que eu faço




segunda-feira, 9 de junho de 2008

Bem, amigos

Daí que ando numa rotina cruel e hoje, como cheguei cedo do trabalho (20h!!!!) e não tinha forças pra fazer mais nada, me esparramei no sofá para ver TV. Acabei assistindo o programa do chato-narigudo-sabichão Galvão Bueno, o tal do 'Bem, amigos'.


Pois bem, eu devia era ir dormir, já que ando cansada e amanhã levanto cedo, mas não me aguentei. O Fernando Henrique, goleiro-aracnídeo do Fluminense tava lá. Chorei de rir. Algumas considerações:

- ele é gago (acho muito engraçado, desculpa)

- Arnaldo Cézar disse que vem notando um novo estilo nos goleiros, que espalmam mais do que agarram, propriamente dito. FH respondeu: - é o meu estilo, eu sempre joguei assim [ou seja, ele não sabe agarrar - nenhuma novidade]

- o narigudo comentou que as pessoas andam falando que ele exagera nas defesas, pula demais (nunca notei!!), enfim, enfeita para aparecer. FH respondeu: - não é isso, é por causa da bola, ela vem vindo cada vez mais rápida [piada pronta - bola agora tem motor]

- o melhor mesmo foi na abertura da entrevista, foram mostrar um vídeo com suas grandes defesas (sic) e daí que nos três primeiros lances ele só saltava e a bola era chutada pra fora [zuaram]

- ninguém comentou que ele falhou no gol do Palermo no último jogo, seria indiscrição

- o nome dele não é em homenagem ao FHC, como andei informando por aí. Peço desculpas públicas ao goleirão do Flu, mas recebi esta informação de uma fonte que julgo confiável, ou julgava né??

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Uma coisa que eu não sabia: o tal juiz pernambucano que apitou Vasco e Cruzeiro ontem, NÃO errou ao marcar falta do goleiro Thiago do Vasco, viu Capilo? Diz a regra que o cara não podia mesmo pegar a bola. Vascaíno anda muito chorão, tá enchendo o saco! Deviam era se ocupar de dar um jeito de matar Eurico Miranda, sim, porque ele já provou que vivo não sai de São Januário.

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E quarta tem final entre Sport e Corinthians. A tática é assistir o jogo com Capilo, deixar ele nada sóbrio e descontar o prejuízo que levei na semi-final. Ele bebe e sai pagando. Ainda bem que o antibiótico acaba amanhã.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Não era pra ser publicado aqui, mas a intenção de publicá-lo em outro lugar, dançou. Assim sendo, ombudsman nele!


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Uma noite para apaixonados

A primeira lembrança que trago da minha infância é que sou palmeirense. Mas desde que vim morar no Rio de Janeiro tenho inexplicável simpatia pelo Botafogo. No entanto, não havia como deixar de ir ao jogo de quarta. Tratava-se de uma partida histórica e quem gosta minimamente de futebol sabe do que estou falando. O Flu de Conca, que é ex-River e de Washington, o matador, jogando contra o Boca de Riquelme – que rejeitou o Flu ano passado dizendo que nem sabia de que time se tratava – ali no Maracanã, era simplesmente imperdível. Além disso, desde 1963 que um time brasileiro não desclassifica o Boca Juniors e certamente, outra partida dessa no Maraca só meus netos verão.

Os 70 mil privilegiados que lotaram o estádio tiveram a satisfação de ver de perto um belo espetáculo protagonizado não só por Thiago Silva (que ganhou seu próprio bandeirão,) e seus companheiros, mas pela própria torcida, que descontando o irritante pó de arroz (ou talco) contagiava até quem não é tricolor. Justiça seja feita, também, à incansável e pequenina torcida do Boca Juniors, que nem depois do 3º gol parou de cantar e agitar suas bandeiras. No campo, o time bem armado do Fluminense suportou de forma surpreendente a pressão do Boca, que dominou o primeiro tempo, mas sem boas chances de gol. O segundo tempo seguiu assim até que a torcida do Boca pôde ser escutada, durante os não mais que 20 segundos de silêncio da massa tricolor depois do gol de Palermo, na falha de Fernando Henrique. Nessa hora alguém gritou: "vai ser com emoção". Foi mesmo. A torcida do Flu não sentou mais e o cenário mudou de vez com a falta cobrada pelo Matador. Quando Washington preparou-se para bater a falta, um amigo reclamou: "a não, Washington não", para segundos depois abraçar uma desconhecida comemorando o gol. Daí pra frente não havia como não torcer para o Flu - confesso que saí de casa pendendo para o lado do Boca, que para mim joga melhor e com mais raça. Me entreguei de vez depois do merecido gol de Conca – sempre o melhor tricolor em campo –, numa bola que pareceu ter entrado com um toque de Mário Filho ou Nelson Rodrigues, como bem afirmou um amigo.

Na bela noite, só incomodava o vergonhoso vazio das cadeiras brancas. Conheço muita gente que não foi ao estádio por falta de ingresso, mas as cadeiras estavam lá, sobrando ou sendo vendidas pela bagatela de R$ 100, por cambistas do lado de fora. Lembrei-me de um cambista na final do Carioca, entre Botafogo e Flamengo, que estava chateado porque havia vendido apenas (sic) 40 ingressos, pois o funcionário da Suderj que lhe repassava as entradas estava doente. Havia lugares vazios também no luxuoso camarote do banco que agora patrocina a Libertadores – que aliás, se chama "Copa banco-patrocinador Libertadores". O camarote ocupava pelo menos 10 filas nas cadeiras populares, além de duas que eram cobertas por um pano para mantê-lo isolado das outras cadeiras. Lá, os convidados dispunham de entrada exclusiva, almofadas, buffet, seguranças e um salão com DJ que tomava conta do corredor de saída. Um completo festival de absurdos.

Mas isso não foi suficiente para ofuscar um espetáculo memorável que me fez lembrar uma amiga – excelente escritora – que não gosta de futebol, mas foi ao jogo do Flu contra o São Paulo. Diz ela, que não entende quem gosta do esporte, pois trata-se apenas de uma "bola pesada e de couro que, chutada com uma força X assume uma trajetória determinada e tem seu movimento interrompido por uma rede. A rede mexe e resiste, a bola reage à força da reação da rede, volta e cai". Minha amiga, que entende de física, ainda tem muito a aprender sobre paixões. O jogo de quarta, poderia ajudá-la. Não havia como não torcer e não se emocionar. Foi mesmo uma partida histórica e fiquei feliz por estar lá. Para o Fluminense resta a ansiedade e a certeza de que a Libertadores 2008 tem tudo para acabar em pó de arroz. O Boca, por sua vez, voltou pra casa com o velho ensinamento de que no futebol nem sempre é o melhor que ganha e com uma lição que os torcedores tricolores cantaram sem parar: não é mole não, aqui no Rio, ninguém ganha do Fluzão. Só o Botafogo.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Muy bueno



Tem mais aqui

* Foi um jogaço

* Não tinha como não torcer pelo Flu

* Pó de arroz, talco, ou seja lá o que for, é irritante

* Renato Gaúcho, como sempre, joga contra e faz as piores escolhas possíveis. Maurício para quê??? Arouca marcando Riquelme, como???

* Quem não foi, além de perder uma bela partida, não viu Capilo quase (sic) bêbado, ainda no comecinho do jogo, pedindo com a educação que lhe é de praxe aos torcedores das cadeiras, um-a-um, que se sentassem para que aqueles que estavam em pé pudessem ver o jogo. Só Capilo mesmo para achar que aquela massa de gente irracional, em êxtase e gritando sem parar, atenderia a seu humilde pedido. Depois de percorrer umas 5 filas, ele voltou puto com a falta de educação alheia

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E a torcida do Flamengo hein?? Fez igual ao Ronaldinho: foi de boca e se fudeu.

É a prefeitura trablhando por você...



(coluna do Joaquim Ferreira do Globo de hoje)

terça-feira, 3 de junho de 2008

Algumas considerações sobre os últimos dias de página policial...

...e o que tem a ver a tortura dos jornalistas de O Dia com o escândalo Garotinho. E a vantagem que você pode tirar disso.


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* A agressão sofrida pelos jornalistas do jornal O Dia, assim como todo tipo de tortura que é praticado diariamente neste país, deixa claro como estamos longe de viver em uma democracia. Há muita luta pela frente para alcançarmos um patamar além do sufrágio universal

* O Rio de Janeiro inteiro sabe as comunidades que são comandadas por milícias e apenas metade dele conhece quem são seus chefes. O Rio inteiro, menos a Secretaria de Segurança

* A cobertura da mídia sobre o caso - como sempre acontece com a cobertura de crimes bárbaros e hediondos - tende à espetacularização. A exploração absurda e enfadonha dos 6 anos da morte de Tim Lopes (posso imaginar a cara dos editores com a coincidência de datas) só vem a comprovar isso

* A coluna do Ancelmo Gois de hoje noticiou que há políticos ligados à milícia da comunidade do Batan (jura
???). O Ancelmo Gois sabe quem são, a Secretaria de Segurança não

* O cowboy de bombachas que se diz secretário, se restringe a afirmar que a quantidade de milícias no Rio caiu de 120 para menos de 100. Eu não conheço uma comunidade do Rio que era dominada por milícia e deixou de ser. Você conhece
? Mas conheço aquelas em que a milícia local repassou o comando por uma quantia razoável

* E quando é que a Secretaria, a mídia e - meu-deus-que-não-existe - O MUNDO TODO, vai relacionar milícias com Garotinho e seu bando, PMDB e DEM
?

* O PMDB é o partido do governador matador e teve seu presidente estadual preso por envolvimento com lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e outros crimes de "menor importância". A lista de deputados e vereadores do Rio envolvidos com o esquema só não tem parente meu, de resto, é boa parte da bancada do PMDB e do DEM (partido do prefeito fanfarrão). Isso não chama a atenção de ninguém
?

* No dia que a batata do Álvaro Lins e do Garotinho assaram, O Globo dedicou 6 páginas ao tema e destacou 25 repórteres para a cobertura. Em nenhum dos 11 títulos nas seis páginas aparece a sigla PMDB. E em apenas um dos 14 subtítulos vemos a legenda. No dia seguinte foram 9 títulos e 12 subtítulos, sem que a sigla PMDB aparecesse em nenhum deles (com informações de Marcelo Salles do fazendomedia.com)

* Acabar com a violência na cidade não é, nem nunca foi interessante para o Estado. O plano de matança nas favelas e de reorganização urbana (leia-se PAC) têm muito mais a ver com a necessidade de conter a pressão que emana destes lugares e aprofundar o controle sobre os pobres baderneiros, do que conter a violência

* Ou ainda, como diria a professora Adriana Facina, hoje em dia, matar é preciso, uma vez que "as promessas do maravilhoso mundo das mercadorias, que agregam valor aos que as possuem, são uma realidade cada vez mais distante para bilhões de pessoas”

* A cobertura da mídia vai estar sempre aquém do esperado, uma vez que há interesses financeiros e de ordem política que vão muito além das vidas de qualquer jornalista ou cidadão que estejam sujeitos à violência

* De resto, de bom pra você, caro leitor, fica a completa certeza de que não há qualquer possibilidade de termos que suportar a esdrúxula campanha do Garotinho a qualquer coisa

* Tenho uma tia que diz que o carioca não sabe votar (ela é paraibana, mora aqui há 20 anos e discorre sobre essa tese de uma forma bem interessante, começando, se não me engano, em Lacerda, passando por Moreira Franco e acabando de forma brilhante com Rosinha Garotinho). Segundo ela, Garotinho fora do baralho dá um pouco mais de tranquilidade. A ver