Recentemente agora (se é recente, é por agora, oras), rola pela internet, em blogs de jornalistas, uma polêmica que envolve nossa querida (?) Veja, revista semanal de maior tiragem no Brasil. Diogo Schelp, jornalista da revista, escreve uma matéria sobre Che Guevara, e se baseia bastante em um livro de Jon Lee Anderson, repórter da revista New Yorker e autor do livro “Che Guevara, uma Biografia”.
O repórter estadunidense diz que respondeu foi procurado para uma entrevista durante a apuração, feita por email pelo repórter brasileiro. O brasileiro diz que não recebeu, que deve ter sido encaminhada como spam por seu email (do jornalista da Veja). Mas na sua carta resposta à Jon Lee, disse que o mesmo tem o telefone dele (o que me faz crer que ele tambémtem o telefone do jornalista dos Estados Unidos, o que me parece ser, no mínimo, apuração mal feita). O livro de Jon Lee é citado na matéria da Veja como “a mais completa biografia de Che”. Abaixo reproduzo a carta, após a veiculação da matéria, de Jon Lee Anderson (enviada para a revista Veja e para alguns jornalistas brasileiros, no dia 23 de outubro), e abaixo a réplica do Diogo Schelp. Os emails foram veiculados no blog de Pedro Dória (de Jon Lee, no dia 12/11)) e de Reinaldo Azevedo (resposta de Diogo Schelp, no dia 14/11).
Carta de Jon Lee Anderson
Caro Diogo,
Fiquei intrigado quando você não me procurou após eu responder seu email. Aí me passaram sua reportagem em Veja, que foi a mais parcial análise de uma figura política contemporânea que li em muito tempo. Foi justamente este tipo de reportagem hiper editorializada, ou uma hagiografia ou – como é o seu caso – uma demonização, que me fizeram escrever a biografia de Che. Tentei pôr pele e osso na figura super-mitificada de Che para compreender que tipo de pessoa ele foi. O que você escreveu foi um texto opinativo camuflado de jornalismo imparcial, coisa que evidentemente não é. Jornalismo honesto, pelos meus critérios, envolve fontes variadas e perspectivas múltiplas, uma tentativa de compreender a pessoa sobre quem se escreve no contexto em que viveu com o objetivo de educar seus leitores com ao menos um esforço de objetividade. O que você fez com Che é o equivalente a escrever sobre George W. Bush utilizando apenas o que lhe disseram Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad para sustentar seu ponto de vista. No fim das contas, estou feliz que você não tenha me entrevistado. Eu teria falado em boa fé imaginando, equivocadamente, que você se tratava de um jornalista sério, um companheiro de profissão honesto. Ao presumir isto, eu estaria errado. Esteja à vontade para publicar esta carta em Veja, se for seu desejo.
Cordialmente,
Jon Lee Anderson.
Resposta de Schelp
Caro Anderson,
Eu fiquei me perguntando, depois de lhe enviar um e-mail pedindo (educadamente) uma entrevista, por que nunca recebi uma resposta sua. Agora sei que a mensagem deve ter-se perdido devido a algum programa antispam ou por qualquer outra questão tecnológica. Também não recebi sua “carta” – talvez pelo mesmo problema. Tudo isso não tem a menor importância agora porque você resolveu o assunto valendo-se dos meios mais baixos – um e-mail circular. O que lhe fez pensar que tinha o direito de tornar pública nossa correspondência, incluindo a mensagem em que eu (educadamente) pedia uma entrevista? Isso, caro Anderson, é antiético. Vindo de alguém que se diz um jornalista, é surpreendente. Você pode não gostar da reportagem que escrevi; ela pode ser boa ou ruim, bem-escrita ou não, editorializada ou não – mas não foi feita com os métodos antiéticos que você usa. Eu respeito a relação entre jornalistas e fontes. Você não. E mais: parece-me agora que você é daquele tipo de jornalista que tem medo de fazer uma ligação telefônica (assim são os maus jornalistas), já que tem meu cartão de visita e conhece meu número de telefone. Se você tinha algo a dizer sobre a reportagem — e já que sua mensagem não estava chegando a seu destino — poderia ter me ligado.
Eu não sei que tipo de imagem de si mesmo você quer criar (ou proteger) negando os fatos que o seu próprio livro mostra, mas está claro agora que é a de alguém sem ética. Você pode ficar certo de que não aparecerá mais nas páginas desta revista.
Sem mais,
Diogo Schelp
Veja a matéria da Veja
http://veja.abril.com.br/031007/p_082.shtml
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Um comentário:
sugestão: em tempos de paranóia e terror, que tal buscarmos o endereço e investigarmos a história pessoal desses jornalistas de merda...
não duvido nada que esse bosta se cague todo numa abordagem mais "veemente' e grite feito um porco (fedorento)...
melhor: pra quem viu "Obrigado por fumar": sequestrar essa titica e tatuar a imagem do Che na sua testa????
E pau no cu do FBI, da CIA, INTERPOL, SCOTLAND YARD, MOSSAD, pau no cu da BOPE...
ae, integrantes da BOPE...
desse jeito vcs pensam que são elite...
nunca serão!!!!!
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