quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Brasília, o horror e Nicholas Behr

Como só eu posto nessa joça, vamos lá...

Hoje pela manhã me embrulhava o estômago ao escrever sobre a Megaoperação no Complexo do Alemão em junho e sobre as recentes execuções na Favela da Coréia. Parei de escrivinhar por um instante e fui ler o "Prosa e Verso" (caderno literário do Globo), de sábado. A matéria principal era sobre o lançamento do livro de Nicholas Behr. Ele é um poeta que vive em Brasília e tem vários poemas que tratam da cidade, sua estética peculiar e sua sujeira intrínseca.

Conheci a obra de Behr por intermédio de uma amiga que tem muito bom gosto. Ela é de Brasília, também. Então, para as saudades (e as outras coisas) de Brasília e para a indignação do Alemão, Nicholas Behr:

O HORROR, O HORROR

como, depois de ler nos jornais a notícia
da morte do menino que foi torturado
com óleo quente para revelar o paradeiro
do pai, escrever um poema?

como se olhar no espelho?
como dividir com vocês todos
esse ar que respiramos?
como ficar indiferente e passar à próxima página?
como sair na rua e desejar bom-dia
aos que passam?
como continuar vivendo?



• • •



quem mandou fechar o gás?
será que você não viu
que ainda tô vivo?



Dá pra ler trechinhos do livro dele em: http://www.linguageral.com.br/site/downloads/titulos/56.pdf

2 comentários:

Rodrigo Bodão disse...

ninguem me ama

ninguém me quer

ninguém me chama

nicolas behr...

ae, o cara é ótimo,
a última estrofe cumpre o round

e o cara me lembra uma anarquia litero-dionisíaca que embalava sentido na madrugada

de Mauá... São Tomé... Sana...

Principalmente Mauá (rock'n'roll!!)

Viva Marco Poeta, Miltão, Black, Isaías, Cris, Arnaldo, Elísio, Celme...

e VIVA capelinha com mel!!!

Unknown disse...

Totalmente por acaso, lancei Nicolas Behr no google e cá vim parar. Realmente o cara é ótimo e, melhor ainda, é gente e fácil de se encontrar em Brasília. Dá um certo sentido à louca vida nessa cidade.