Hoje pela manhã me embrulhava o estômago ao escrever sobre a Megaoperação no Complexo do Alemão em junho e sobre as recentes execuções na Favela da Coréia. Parei de escrivinhar por um instante e fui ler o "Prosa e Verso" (caderno literário do Globo), de sábado. A matéria principal era sobre o lançamento do livro de Nicholas Behr. Ele é um poeta que vive em Brasília e tem vários poemas que tratam da cidade, sua estética peculiar e sua sujeira intrínseca.
Conheci a obra de Behr por intermédio de uma amiga que tem muito bom gosto. Ela é de Brasília, também. Então, para as saudades (e as outras coisas) de Brasília e para a indignação do Alemão, Nicholas Behr:
O HORROR, O HORROR
como, depois de ler nos jornais a notícia
da morte do menino que foi torturado
com óleo quente para revelar o paradeiro
do pai, escrever um poema?
como se olhar no espelho?
como dividir com vocês todos
esse ar que respiramos?
como ficar indiferente e passar à próxima página?
como sair na rua e desejar bom-dia
aos que passam?
como continuar vivendo?
• • •
quem mandou fechar o gás?
será que você não viu
que ainda tô vivo?
Dá pra ler trechinhos do livro dele em: http://www.linguageral.com.br/site/downloads/titulos/56.pdf
será que você não viu
que ainda tô vivo?
Dá pra ler trechinhos do livro dele em: http://www.linguageral.com.br/site/downloads/titulos/56.pdf
2 comentários:
ninguem me ama
ninguém me quer
ninguém me chama
nicolas behr...
ae, o cara é ótimo,
a última estrofe cumpre o round
e o cara me lembra uma anarquia litero-dionisíaca que embalava sentido na madrugada
de Mauá... São Tomé... Sana...
Principalmente Mauá (rock'n'roll!!)
Viva Marco Poeta, Miltão, Black, Isaías, Cris, Arnaldo, Elísio, Celme...
e VIVA capelinha com mel!!!
Totalmente por acaso, lancei Nicolas Behr no google e cá vim parar. Realmente o cara é ótimo e, melhor ainda, é gente e fácil de se encontrar em Brasília. Dá um certo sentido à louca vida nessa cidade.
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