quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

fim de ano: epopeias, reformas e desesperos

Coisas pensadas pra postar aqui. Mas tá difícil. Só pra dar uma noção da parada: meu primeiro compromisso amanhã é as 8:30 da madrugada e o último está marcado pra começar às 21h. E não, o último não inclui cerveja e amigos, é trabalho mesmo.

Tenho alternado momentos em que fico me perguntando onde eu tava com a cabeça quando continuei na faculdade; com outros em que me arrependo de não ter entrado naquele estágio na TIM, há dois anos atrás. O cotidiano faz nascer em mim um ser que acha que eu poderia ser feliz no mundo da comunicação corporativa.

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Você deve estar se perguntando, raro leitor, se eu que não preciso defender uma dissertação em 2 meses, estou assim, como não estará Capilo?

Eu não sei. Só sei que hoje quando saímos do trabalho me chamou para uma cerveja num bar perto da casa dele. O melhor é escutar ele dizer: ‘vou tomar uma cerveja e é hoje que vou começar a escrever essa danada’. Eu fico pensando: se cerveja ajudasse a escrever, Capilo não só já tinha a dissertação como Bodão era autor de enciclopédia.

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Reforma ortográfica

Estou adorando. Vai acabar o trema!!! Acho ótimo. Sempre achei trema inútil. Na verdade, eu nunca coloco quando escrevo a mão (baiano é vanguardista mesmo). Aqui o Word obriga. Na boa, não faz o menor sentido o uso de trema. Pra que dois fonemas que nem são dos mais usados com as mesmas sílabas? Tanto faz licuidificador ou likidificador. É claro que a pronúncia não vai mudar da noite pro dia, mas meus filhos vão aprender a dizer o nome do utensílio doméstico muito mais rápido do que eu, certamente.

Outra é o lance dos acentos agudos diferenciais. Fundamental! Não que eu goste de regras, mas se elas existem, eu me pauto por elas. Gosto mesmo é de bulas e manuais. Acho que se todo mundo seguisse regras, bulas e manuais a vida seria bem mais fácil.

Vejam só: estou eu lá aprendendo regras de acentuação. Todas as proparoxítonas são acentuadas. Oxítonas terminadas em ditongos abertos também. Além de paroxítonas terminadas em i ou u. E por aí vai... Só que daí, do nada, sem qualquer razão que estivesse presente na tabelinha do livro de português, surge a frase: ela não pára de pensar nele. Opa!!

Paroxítona terminada em a. Não tem ditongo. Logo não deve ser acentuada. O tal do acento diferencial. Inútil também. E pior, não tem como aplicar nenhuma regra. Não dá. Não gosto. Viva a reforma ortográfica.

Tudo bem, nem tudo são flores. Caem os acentos dos ditongos abertos ei e oi de paroxítonas também. Isso eu não gostei muito. Agora é ideia, epopeia e panaceia. Difícil se acostumar, até porque, pra mim, acento agudo tem uma bela ligação com ditongos abertos – com a tonicidade, na verdade. Essa coisa de forma e conteúdo. Você pensa um ditongo aberto e o que vem a sua cabeça? Um traço, claro!

Enfim, no geral, eu gosto da reforma. Acabar com o trema é um grande passo para nós que falamos este belo dialeto do terceiro mundo, além de, pelo que dizem, ajudar na integração com as outras tribos. Daqui a uns anos, quando a reforma estiver consolidada, tanto faz o leitor ser de Valença, Coimbra ou Timor: vai ler o Ombudsman do mesmo jeito.


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Eu trocava Natal e Ano Novo por mais dois dias de carnaval. Não gosto muito dessa época do ano. Acho chato, massificado e senso comum por demais. É um tempo que tem uma magia que contamina todos os espaço e mentes com duas coisas que muito me irritam: esse clima de paz, amor, perdão e votos de sucesso; e esse espírito de compremos tudo o que couber dentro do kitnet apertado ou do cartão estourado.

O estopim desse meu sentimento, este ano, se deu com a ‘decoração’ de Natal do meu trabalho. Coisa rara, porque geralmente, o circo que é armado na minha casa é responsável por isso. Vejam como ando mais tolerante – e nem era minha resolução de ano novo.



* Clementina podia estar roubando, devia estar estudando, trabalhando ou até tomando uma cerveja com Capilo, mas não. Prefere ficar aqui enrolando!

3 comentários:

Faber disse...

clementa,
eu também sou mais o carnaval!
e odeio essa coisa de 'paz, amor e união' momentâneas. tão hipócrita...

e sobre a reforma, odiei. detesto me imaginar escrevendo como esse pessoal que ainda escreve prêço, lôbo, sabe? e no fim das contas o pessoal de lisboa vai ler o ombudsman sem acentos diferenciais mas vai continuar achando que uma bicha vai ser uma fila e que uma pica trata-se de uma injeção. e não vai entender lhufas quando ler esta frase aqui, tá ligada?

Suzana disse...

discordo da reforfa.
adoro pharmácia, contacto, liqüidificador...
baiano não é vanguardista, baiano é preguiçoso. porque sabe que tem trema e não põe porque não quer.

de reforma, em reforma... a gente conjuga os verbos em uma pessoa só.
eu está com sono, tu está com sono, ele está com sono, nós está com sono, vós está com sono, eles está com sono.

enfim... acho uma apunhalada na última flor do lácio, minha língua pátria.

Anônimo disse...

Meu caso nao e preguiça, e burrice mesmo! E por tanto gostei da reforma. O contexto diz tudo, quem le sabe... Por mim nem acento agudo precisa!!! A fonetica sim, e indispensavel, mas o todo diz aquela palavra que estava escrita sem acento! E, eu sei vão dar milhares de exemplos de frases que obrigariam o acento, principalmente o agudo... ora ora, ha milhares de maneira de dizer a mesma coisa, use a criatividade! Opiniao de um mane...