sábado, 26 de abril de 2008

Troféu


Anônimo, querido, cheio de opinião e comunista, lembrei-me de você.


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Aceito sugestões de como curar/fugir da insônia, cheguei num nível insuportável. Lá se vão duas semanas em que não durmo por mais de 4 horas contínuas. Amiga minha perguntou semana passada se bebendo eu não dormia bem. Antes fosse. Daí ontem, outro amigo explicou que não dá pra ser cerveja, porque meu organismo já acostumou. Me aconselhou a tomar umas duas doses de cachaça (conselho em mesa de bar é um problema). Segui o conselho. Dormi às 3 e acordei às 7:30. Tou pensando em experimentar conhaque hoje...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ainda o Bukowski



Juro que vou parar de falar dele. Mas é que um dos contos do livro trata sobre a imprensa (o conto é maravilhoso) e aí ele assim define os jornalistas:

"Pessoal que trabalha em jornal sempre foi a escória do ramo; qualquer faxineiro que recolhe modess usado numa latrina tem mais dignidade - evidentemente".

Era um sábio esse Charles Bukowski... ah se eu tivesse lido ele antes, seria a epígrafe da minha monografia. Mas sempre há tempo...

Os doze macacos alados que não conseguem trepar sossegados e um striper da Zero Zero no meio

Acordei às 5:30 da madrugada porque a insônia que não me deixa dormir há algumas semanas só foi piorada com o lance do saque indevido em minha humilde conta bancária. Fiz hora, trabalhei, liguei pra Capilo pra falar de trabalho. Tomei um banho, peguei o livro do Bukowski que estou lendo (e adorando) e desci pro banco. Fui pronta pra guerra, pra recuperar meu dinheiro a facadas e vencer a burocracia.

Foi apenas 1 hora e meia de enfrentamento. Tive que narrar a última vez que usei o cartão e quando me dei conta do roubo, apenas 4 vezes. A primeira mulher que me atendeu era meio lenta, mas sem problemas (abaixo, leia mais sobre ela). Mau humor não combina comigo. Daí que entre uma espera e outra eu ficava lendo e chorando de rir. Adoro livros que me fazem rir.

É preciso explicar que o Bukowski é um autor atípico. O cara era um fodido na vida, alcoólatra, mulherengo e viciado em jogo. E os textos dele são sobre essa sua realidade suja. Os mais moralistas diriam que ele escreve baixaria. Pois eu ando adorando. Não a baixaria, mas o jeito escrachado, o cinismo e o humor grosseiro. Logo que cheguei ao banco, foi me dando vergonha de ler porque aquelas cadeiras de espera são bem coladas e dava bem para as pessoas do lado verem coisas como PUNHETA, MEUS BAGOS, TRÊS GALINHAS MORTAS, 12 MACACOS TREPANDO (estão assim em caixa alta no livro). Bom, mas eu tava rindo tanto que perdi a vergonha e deixei que pensasse que eu sou uma maníaca sexual carente que fica lendo contos eróticos e sujos às 10 da manhã na fila do banco.

Fiquei tão relaxada com os contos do Bukowski que quando o gerente me recebeu fui até bastante afável. Verdade seja dita, ele também foi bem simpático. Vão devolver meu dinheiro hoje mesmo. Ele viu lá que tentaram ainda gastar mais R$ 900,00. Claro que não conseguiram, não tinha limite. E viu também onde foi feita a compra que me roubaram, numa loja em Duque de Caxias. Daí ele:

- Você quer saber onde é que foi gasto?

Podia ter dito a ele que sim, pois meus capangas iriam adorar ir à Baixada reaver meu dinheiro, mas me contive e respondi apenas que não.

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Antes do gerente, tive que conversar com a tal moça meio lenta. Depois que expliquei tudo, pela primeira vez, ela abriu meu extrato no computador. Os últimos lançamentos eram meu jantar de segunda, uma compra no domingo e o roubo na terça.

- Então, é essa compra aqui que não reconheço – expliquei pra ela apontando na tela.

- Entendi. Onde foi o jantar de segunda?

- Na Parmê, esse débito de 25 – não que fosse da conta dela, mas tentei ser legal e voltei a preencher o tal formulário sobre o roubo.

- E essa ZeroZero de 80 reais?

- É meu também – respondi sem olhar pra ela.

- O que é Zero Zero?

- [eu podia mandar ela procurar na lista telefônica ou no Google, eu sei] É uma boate.

- Nossa, mas você saiu de lá no domingo às 5:20? – rindo. Fica aonde essa boate?

- Na Gávea? - pensando em mandar ela pro inferno.

- E é boa?

- Tem quem goste. Eu vou porque tenho um amigo que trabalha lá - já prevendo a próxima pergunta.

- Ele é DJ ou algo assim?

- Não, é striper.

Acabou o assunto.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quando você pensa que não há nada mais para dar errado...

...vão lá e roubam 1/4 do teu salário da tua conta bancária.
Não posso gritar porque já não tenho voz há dias (tou doente). Me faltam forças até pra esmurrar a parede. Me resta este blog...
O dia de amanhã promete. Adoro burocracia. Ainda mais a bancária. Quando me devolverem o dinheiro, juro que bebo cada centavo. Que me acompanhem os bons...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Rapidinhas...

O presidente Lula sancionou, no "Diário Oficial" de ontem, lei mudando o nome da Ordem do Mérito das Comunicações para Ordem do Mérito das Comunicações Jornalista Roberto Marinho. A insígnia foi criada por decreto na ditadura militar para ser entregue a personalidades que se destacam na área. [eu juro que eu consigo entender algumas escolhas equivocadas do presidente, afinal, o "sistema" é mais forte. mas, putquepariu, pra que homenagear bandido morto?]

Em decretos publicados anteontem no "Diário Oficial", o presidente Lula renovou as cinco concessões da Globo, que seguem agora para o Congresso. As demais outorgas vencidas em outubro, incluindo Record e Band, aguardam decreto. [isso, por exemplo, eu entendo. claro que vai renovar, não é otário nem nada. do jeito que anda esse país, pra detonar o império dos marinho só o osama]
(com infomações da Folha de São Paulo de hoje)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quando eu penso que já vi de tudo...

Diante da epidemia de dengue que mata no Rio de Janeiro, muitas soluções tem sido apresentadas. Larvicida, fumacê, tendas de hidratação, hospitais de campanha, anúncios na TV e outdoors na tentativa de esclarecer a população quanto ao combate dos focos do mosquito. Esqueça tudo isso! A salvação está num "óleo santo" distribuido pela notória Igreja Universal do Reino de Deus. Num panfleto intitulado "Proteção divina contra a dengue", a Igreja conclama os incautos a se concentrarem nas dependências da suntuosa "Catedral Mundial da Fé", onde receberão um "cálice com o óleo santo" para que "todos sejam livres desta epidemia". No verso do folheto, um espaço para que o fiel possa listar as pessoas que serão agraciadas com a "oração da proteção".























Texto e fotos de Carlos Latuff, retirados do fazendomedia.com



segunda-feira, 14 de abril de 2008

Estudo revela uso indevido de cartões de crédito do governo americano

Nos Estados Unidos, um estudo do GAO - Government Accountability Office revelou abusos no uso de cartões de crédito federais. Segundo o relatório produzido pela agência governamental independente que trabalha para o Congresso americano, servidores federais usaram cartões corporativos para gastos com lingeries, jogos, iPods e jantares.

O estudo estima que quase metade das transações realizadas com os cartões de crédito federais entre julho de 2005 e junho de 2006 foram irregulares. Das compras com cartões examinadas, 41% estavam em desacordo com as regras governamentais. Nas transações acima de US$ 2,5 mil, o percentual foi maior: 48% delas violavam as regras federais.

Entre os casos que mais chamam atenção, estão um jantar de US$ 13,5 mil promovido pelo serviço de correio em uma churrascaria em Orlando e a compra de dois iPods de US$ 400 para uso pessoal por um funcionário da NASA.

Em 2007, os cartões de crédito foram usados por cerca de 300 mil servidores americanos.
O estudo do GAO pode ser visto na íntegra em
http://abraji.org.br/midia/arquivos/file1207951970.pdf

domingo, 13 de abril de 2008

Palma pra ela

Leminski, pelos 23 anos da morena cor-de-jambo, amiga e cúmplice...

[quando eu tiver setenta anos]

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência

terça-feira, 8 de abril de 2008

dinastias midiáticas

na falta de energia e tempo, consumidas pelo trabalho, posto textos alheios...

sacanagem não... a carteira de trabalho devia trazer estampado os dizeres 'não existem quantidades seguras para consumo dessa substância'... aliás, como trabalhador em ongs, carteira de trabalho já virou lenda...

sem mais...


'As dinastias midiáticas'

EMIR SADER

Na imprensa brasileira mandam as dinastias estamentais. Os pais proprietários entregam a direção dos jornais, das revistas, das rádios e das televisões - das suas empresas - aos seus filhos, que repassam para os netos, perseverando todos no direito que se auto-atribuíram de decidir quem é e quem não é democrático, quem fala e quem não fala em nome da nação!

Assim tem sido ao longo de toda a história da imprensa no Brasil. No momento mais decisivo da história do século XX, em 1964, essas dinastias pregaram e apoiaram o golpe militar, assim como a instalação de uma longa ditadura, que mudou decisivamente os rumos do nosso país. Enquanto os militares intervinham nos poderes Judiciário e Legislativo, enquanto suspendiam todas as garantias constitucionais, enquanto fechavam todos órgãos de imprensa que discordaram do golpe e da ditadura, enquanto a maior repressão da nossa história recente se abatia sobre milhares de brasileiros presos, torturados, exilados e mortos, enquanto isso, as dinastias da imprensa mercantil se calaram sobre a repressão e apoiaram o regime militar!

Eram estes mesmos Mesquitas, Frias, Marinhos, Civitas, estes mesmos que transmitem por herança - como se fosse um bem privado - seu poder dinástico, transferindo- o para os seus filhos e netos. Os júlios, os otávios, os robertos, os victor, vão se sucedendo uns aos outros, a dinastia vai se perpetuando. Que se danem a democracia e o país, mas que se salvem as dinastias!

Mas, hoje, elas estão vendo seu poder se esvaindo pelos dedos. Conta-se que um desses herdeiros, rodando em torno da mesa da reunião do conselho editorial, herdada do pai, esbravejava irado: "onde foi que nós erramos? onde erramos?". Estava desesperado porque a operação "mensalão" não conseguiu derrubar Lula elegendo o tucano, da sua preferência.

Se ele tivesse olhado os gráficos escondidos na sua sala, teria visto que, nos últimos dez anos, as tiragens dos jornais despencaram. A Folha de São Paulo, por exemplo, que é um dos de maior tiragem, perdeu em 10 anos, de 1997 a 2007, quase cinqüenta por cento dos seus leitores! Depois de quase ter atingido 600 mil leitores, vai fechar o ano de 2008 com menos de 300 mil! Uma queda ainda mais grave se considerarmos que, nesse período, houve crescimento demográfico, aumento do poder aquisitivo, maior interesse pela informação e elevação do índice de escolaridade dos brasileiros.

Os leitores deste jornal de direita estão entre os mais ricos da população. Noventa por cento dos seus menos de 300 mil exemplares são destinados aos leitores das classes A e B, as mesmas que não atingem dezoito por cento da população brasileira. Em outros termos, nove entre cada dez leitores do jornal pertencem aos setores de maior poder aquisitivo e suas condições de vida estão a léguas de distância das do nosso povo - esse povo que gosta do programa bolsa família, dos territórios de cidadania, da eletrificação rural, dos mini-créditos, do aumento real do salário mínimo, da elevação do emprego formal, etc.

A última e mais recente pesquisa sobre o apoio ao governo Lula, que a imprensa dinástica procurou esconder, realizada pela Sensus, revela que Lula é rejeitado por apenas treze por cento dos brasileiros! É essa ínfima minoria, cinco vezes menor do que aquela dos que apóiam o governo Lula, que povoa os editoriais dessa imprensa, suas colunas, seus painéis de cartas dos leitores! Esse é o índice da influência real que a mídia mercantil - juntando televisão, rádio, jornais, revistas, internets, blogs - tem! Apesar de todos os instrumentos monopólicos de que dispõem, apesar das campanhas diárias para dominar a opinião pública, não conseguem nada além desse pífio resultado dos treze por cento que representam!

As dinastias podem continuar a ter filhos, netos e bisnetos, mas é possível que já não dirijam jornais. Esta pode ser a última geração de jornalistas dinásticos que, talvez exatamente por isso, revelam diariamente o desespero da sua impotência, assumindo o mesmo papel que ocuparam nos anos prévios a 1964. É o mesmo desespero da direita diante da popularidade de um Getúlio e do governo Jango. Nos dois casos, só lhes restou apelar à intervenção das Forças Armadas e dos EUA, estes mesmos EUA que nunca fizeram autocrítica, nem desta nem de qualquer outra das suas intervenções contrárias à democracia da qual pretendem ser os arautos! Depois de terem pedido e apoiado o golpe militar, porque ainda acreditam que podem dizer quem é democrático e quem não é?

Postado por Emir Sader às 06:01

http://www.agenciacartamaior
.com.br

domingo, 6 de abril de 2008

Dias líquidos

Porque o show deles (que eu nunca tinha ido, mas morria de vontade) era tudo que eu precisava nos últimos tempos. Divertido. Profético. Inteligente. Emocionante.



Chover (ou Invocação para um dia líquido
- acho esse segundo título excelente, inclusive..."dia líquido")

"O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove"

Chover chover
Valei-me Ciço o que posso fazer
Chover chover
Um terço pesado pra chuva descer
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê

(...)
Meu povo não vá simbora
Pela Itapemirim
Pois mesmo perto do fim
Nosso sertão tem melhora
O céu tá calado agora
Mais vai dar cada trovão
De escapulir torrão
De paredão de tapera

Bombo trovejou a chuva choveu

(...)
Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou

sexta-feira, 4 de abril de 2008

É tudo verdade?



Ontem, enfim, consegui ver um filme do Festival É Tudo Verdade. Quando cheguei em casa, procurei a programação disposta a assistir qualquer coisa. Eis que descobri que haveria a exibição de um tal Coração Vagabundo no Unibanco Artplex, que fica perto do hospício onde moro. Lá fui eu, sem saber como era o filme e sem saber se conseguiria entrar – me haviam dito que as sessões do festival estavam bem disputadas. Chegando no Artplex, dou de cara com aquele clássico cenário de cinema-em-época-de-festival-no-rio-de-janeiro, qual seja: reunião de pessoas cults, que usam óculos de aro grosso e coloridos, xadrez até na calcinha e sapatos estranhos – lembram os da minha vó, na maioria das vezes. No mundinho do cinema, todo mundo conhece todo mundo e todo mundo espera o ano todo pelos festivais. Eis a vanguarda.

Olha eu caindo na tentação de mudar o assunto. Esse texto deveria ser sobre o filme. Retomemos o fio da meada.

Coração Vagabundo é um documentário, de uma hora apenas, que acompanha Caetano Veloso nos shows da turnê do disco Foreign Sounds. Os shows aconteceram em Nova Iorque e em Osaka e Quioto (Japão).

O filme segue uma linha que tem sido recorrente nos documentários brasileiros: tratar de personalidades nacionais. Mas, me parece, que o faz de uma maneira mais original quando comparado com outros filmes. Primeiro, porque Coração Vagabundo é motivado pela turnê, o que lhe dá um ritmo diferenciado. O diretor, Fernando Andrade, teve a oportunidade de filmar seu personagem em 3 países diferentes, ao longo de 18 meses. Isso, por si só, abre algumas possibilidades que não existem em um documentário gravado em dois meses entre a casa e o restaurante favorito do protagonista, por exemplo. Segundo, porque o filme não se preocupa em colocar Caetano Veloso como uma grande personalidade musical, como um mito. Acredito que isso seja reflexo da própria atitude de Caetano, que por mais de uma vez afirma que não quer ser visto como alguém distante das pessoas, como algo a ser seguido e admirado. Ele diz que repudia o “obscurantismo” e ilustra essa idéia ao comentar a decepção que, por vezes, aflora em quem o conhece pessoalmente, depois de ver sua interpretação de Curucucu Paloma – que é perfeita e emocionante – no filme “Fale com ela” de Almodóvar. Em Coração Vagabundo, inclusive, é o próprio Almodóvar que comenta a atuação de Caetano.
A saga de Caetano é fazer, e não agradar ou marcar época. Isso ele sabia desde a Tropicália, quando introduziu a guitarra elétrica nos festivais, num tempo onde as canções de protesto eram hegemônicas – até Roberto Carlos abria mão da guitarra para cantar seu iê-iê nos festivais, substituindo-a por um violão. Caetano é um grande personagem e não precisa do rótulo de grande músico ou mito para sê-lo.

O que vemos no filme é a intimidade desse personagem curioso e determinado. Não uma intimidade banal e ridícula como podemos apreciar (sic) nos programas de domingo da TV aberta, mas a ansiedade e a visão de mundo de um cantor que fez de sua carreira um constante jogo de apostas e que não tem vegonha de trocar de roupa na frente da câmera. Monotonia e nostalgia não combinam com Caetano, o homem “pop”, como ele mesmo afirma, que não tem medo de julgamento - se sobreviveu à década de 60 cantando “tomo uma coca-cola, ela pensa em casamento”, sobrevive à tudo – , mas que fica surpreso e desconcertado ao descobrir que um monge budista em Quioto adora a canção Coração Vagabundo.

Com um bom personagem, é claro que a força do filme está nas falas de Caetano. No entanto, creio que aí há algum mérito do diretor. Fernando opta por uma câmera que dá bastante liberdade ao cantor, deixa-o discorrer à vontade enquanto caminha pelas ruas de Osaka ou Nova Iorque. Óbvio que há algum ônus por conta dessa opção. A câmera tremida e a falta de foco são coisas que não me incomodam, pelo contrário, tendem a me agradar. Acho que isso ou a sombra do microfone no casaco de Caetano ou ainda a falta de luz em uma caminhada a noite por Quioto, dão ao filme um pouco do vigor, da euforia que existem na juventude/ inexperiência do diretor. Mas há algum exagero na primeira meia hora, que beira o incômodo. A câmera excessivamente tremida e a dificuldade para vermos as expressões faciais de um personagem que tanto as usa, felizmente, são corrigidas quando o filme sai dos EUA e parte pro Japão. A passagem de uma cidade para outra, inclusive, é algo que o filme acerta – ainda que pareça pouco original. A idéia de percorrer caminhos, pegar a estrada, faz referência não só à turnê, mas também à própria trajetória de Caetano. Tanto as imagens que servem de passagem (metrôs, trens, estradas) quanto as tomadas de cada cidade, vão muito bem com as inserções musicais. O tempo dado às músicas lhes confere um tom de fala, é como se Caetano tivesse sendo entrevistado ao cantar Brasil Pandeiro durante um ensaio. Em outros momento, é simplesmente agradável, por exemplo, ver uma Nova Iorque para além dos blockbusters americanos ao som de Come as you are do Nirvana, cantado num inglês com sotaque baiano.

Aliás, o falar inglês de Caetano ilustra um traço de sua personalidade bastante interessante e que irá percorrer todo o filme. Vemos que ele fala bem inglês, mas que seu acento baiano continua presente, sem torná-lo ridículo. Essa ligação com a Bahia, parece algo bastante sincero. Não se trata de alguém que busque uma identificação artificial com sua terra natal para fazer disso um personagem. O homem pop que se lança sem medo, reafirma a todo tempo sua origem na pequena cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano. E o faz, não de forma idílica e nostálgica. O faz, sem mitificações, para esclarecer como ter vivido em Santo Amaro até os 18 anos faz dele o que é hoje, tanto quanto ter sido vaiado em um festival da canção. É o que vemos, por exemplo, quando ele admite que se deixou intimidar na entrevista para uma TV americana. Explica que não conseguiu de despir do rótulo de ser um cantor do sul do mundo lançando um disco em inglês nos EUA, algo que talvez não lhe tenha sido imposto pelos americanos, e sim pelas memórias do garoto de Santo Amaro.

Na era do mundo globalizado e “pop” ter origens e se identificar com algo que não seja a marca da calça jeans é cada vez mais raro. A efemeridade das relações e experiências, tão cultivadas nesse nosso tempo, por vezes oculta a importância que tem o passado em nossas vidas, mais do que isso, que não fazemos a vida a partir do nada, mas a partir do que está posto, do que nos é colocado.

Coração Vagabundo nos faz pensar em o que leva um personagem como Caetano contar, durante uma caminhada no Japão, que já quis ser cremado, mas que hoje o que mais deseja é ser enterrado em Santo Amaro. Talvez esteja aí o grande segredo da trajetória do cantor que pode tudo: fazer tudo sem perder suas referências.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Das ruas do Rio

"Nem o mosquito da dengue é tão perseguido quanto os camelôs do Rio de Janeiro". E dá-lhe rapa!

Da coluna do macaco simão

E a EPIDEMAIA: Urgente! Dengue News!
Diz que o mosquito chegou bêbado em casa, e a mosquita: "Você picou o Zeca Pagodinho de novo?".
E aí o mosquito chegou em casa falando: "Dois mais dois talveus seje cinco". A mosquita: "Você picou a Carla Perez?"
E como disse a mosquita: "Se você chupar a Juliana Paes, vai apanhar!".
Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou, como diz o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!