sábado, 28 de fevereiro de 2009

largar o carnaval na metade e vir pro fim do mundo nunca foi uma boa opção. nem nunca será.

mas tem lá seu lado bom.

tem o jipe 73 na garagem pra ficar dirigindo no quarteirão. tem o mesmo açougue. o mesmo piso de flor na copa onde aprendi a andar. requeijão, beijú, carne do sol, osso de patin, biscoito avoador, rabada e outras tantas iguarias. as vacas ainda morrem do mesmo jeito. eu ainda sei amolar faca. o apelido de infância ainda persiste e ao andar na rua, quem não sabe meu nome, reconhece minha mãe no sorriso fácil e nos olhos grandes.

incrível como certas coisas parecem que não saem do lugar com o passar dos anos. e mais incrível ainda é encontrar prazer naquilo que nem de longe faz mais parte do meu cotidiano.

já vim, dei um abraço no passado, me diverti com a tradição, mas ainda bem que essa noite volto pra casa.

nanuque - MG, 27/02/2009
clê

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

ele voltou... e voltou com amigos

Não estresse
Não estresse
Deus tá comigo
Não precisa GPS

O pessoal me obrigou a usar
Esse tal de GPS
Não aprendi, nem li o manual
Prefiro as minhas preces

Eu vou pra lá
Eu vou pra cá
Deus tá comigo
Não precisa celular

Porque esse padré
É mó Mané
Saiu voando
E morreu em Macaé
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Autoria de Rodrigo Bodão

sábado foi dia de ombudsman no bola preta

domingo, 22 de fevereiro de 2009

são baco fez o que podia, coitado, mas não adiantou muito. caí sem poste - e nem foi de cachaça - e nem vi meus amigos fantasiados de padre (coloquem fotos aqui).

hoje, no boitatá alguém disse que eu podia dizer que estava fantasiada de 'menina de dengue que fugiu da mãe e foi pro carnaval'. era uma boa!

sorte minha que tou indo pro fim do mundo daqui a pouco - só não posso esquecer o nebulizador.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Vem rezar comigo...

são Baco, protetor dos fracos e oprimidos pelo álcool, tu que reges as almas perdidas nos festejos momescos, olhai por mim nesse período tenebroso da minha vida. não te peço muito, ó meu santo, apenas que me permitas lembrar sempre o rumo do lar e que não me deixeis sofrer de amnésia, nem d’outros distúrbios que acometem a nós, humanos, povo santo e pecador.

te peço ainda, de coração contrito e humilde, que olhai por Capilo, Bodão, Faveleiro, Suzana e todos os meus irmãos nesses dias que se seguem. guardai a honra e a dignidade desses impuros, que como eu e Eva, não resistem aos prazeres que a serpente, transvestida de Momo, insiste em nos oferecer de ano em ano.

perdoai a nossa falta de resistência para todas as saideiras merecidas – é que se nos entregamos a elas, não voltamos nunca pra casa – e não nos deixeis cair sem um poste por perto. Amém.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

sobre o nada, sobre o amor

abro os comentários do post anterior e vejo que o amor passou por aqui. e como não podia ser diferente quando se trata de amor: piegas e nada crível.

não é que eu não acredite no amor. eu desconfio dele. sempre.

mas isso não impede que ele chegue de sola, quebrando janelas e estourando tímpanos.

tenho pensado muito em janelas ultimamente. janelas e luzes. abrir janelas e acender as luzes.

não é pra entender mesmo não.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Acho que eu devia ter uns 9 ou 10 anos. Era festa de ano novo num clube em Salvador. A cena permanece intacta em minha mente. Procurei minha mãe pelo salão e nada de achá-la. Caminhei até o fim do corredor e olhei para o andar de baixo. Lá estava ela sentada, num vestido rosa curto, belas pernas longas e finas à mostra, ombros largos e uma das mãos mais delicadas que eu já vi aportadas sobre os ombros de um caboclo de 18 anos que estava sentado a sua frente. Se eu tinha dez anos, minha mãe tinha 33, duas filhas e um casamento que durou seis anos, mas que gerou mais de 20 de problema. Era bonita, alta, delicada sem ser fresca, tinha belos peitos comprados num cirurgião plástico e um sorriso memorável. Fazia sucesso com homens em geral, para meu completo horror. Aliás, acho que é daí que procede minha insônia. Minha mãe saía de casa e eu perdia o sono.

Depois do divórcio, ela dedicou alguns anos exclusivamente as suas crias – eu e minha irmã. E depois de longos anos de seca e solidão, foi aos poucos retomando sua vida social. A retomada da vida social veio junto com meu ciúme de filha. Mas feliz era o tempo em que eu me mordia de ciúmes com as saídas noturnas. Ainda não existiam namorados ou coisas do gênero nas nossas vidas.

Eu nunca a havia visto com um homem, nem de mãos dadas. Até aquele ano novo. Lá de cima, a vi sentadinha, sorrindo, levemente ébria, com as mãos sobre o ombro do primo da esposa de um primo nosso. Das mãos nos ombros para o beijo foi um salto. Olhei pro lado e tinha uma mesa com comida. Peguei um abacaxi e pensei em jogar nos dois. Desisti e fiquei olhando aquela cena como se a dor de alguma forma fosse agradável.

Na manhã do dia primeiro, conversamos e discutimos. Dura que sou, não deixei cair uma única lágrima. Quando eu não tinha mais argumento para justificar meu egoísmo e ciúme disse apenas que não importava se eu estava certa ou não, mas aquele era o dia mais triste da minha longa existência e eu fazia questão que ela soubesse disso.

Com dez anos eu já sabia que tristeza não precisa de explicação. A dor, por si só, justifica-se, mesmo sendo irracional ou indevida. Sabia também, que podia atingir minha mãe com minha tristeza e não esperava com isso fazer com que ela se arrependesse. Queria apenas que o desconforto fosse mútuo.

Algumas vezes nesses treze anos que se seguiram, eu lembrei desse momento. Hoje, inclusive. Com alguma intensidade. Não é que eu esteja profundamente triste – ou não só isso –, mas quero desconfortos mútuos.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

e de repente, não mais que de repente, fez-se o carnaval.

e ainda bem que eu tava lá pra ver!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

das minhas razões II

25 razões para acreditar em deus:

1. Morango com chocolate

2. Raul Seixas

3. X-tudo

4. Cera de depilação

5. Clássico no Maracanã

6. Samba

7. Tênis All Star

8. Eça de Queiroz

9. Cerveja

10. Horário de verão

11. O Poderoso Chefão

12. Clementina de Jesus

13. Brecht

14. Avenida Contorno em Salvador

15. O som da cuíca

16. A pista do Santos Dumont

17. Amigos

18. Sorvete de côco verde

19. A invenção do ar condicionado

20. Praia

21. Acarajé

22. O disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles

23. Covinhas nas costas

24. Beijo na nuca

25. O céu de Brasília



25 razões para não acreditar em deus:

1. balança

2. Paulo Coelho

3. Colesterol

4. dor de fazer depilação

5. Vitória do Flamengo no Maracanã

6. Música eletrônica

7. sandália de plataforma

8. amor não correspondido

9. cirrose

10. acordar antes das 10h

11. "Se eu fosse você 1 e 2"

12. trabalho assalariado

13. fascismo

14. Elevado da Perimetral no Rio

15. preconceito

16. pólvora

17. trânsito

18. plantação de eucalipto

19. chapinha de cabelo

20. poluição das praias

21. ressaca

22. Faustão e Gugu

23. celulite

24. ciúmes

25. o céu de São Paulo

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

entrando na onda...

... da Clê, e não da Cora:

1. Uma palavra de quatro letras: vida

2. Um nome masculino: Vitor

3. Um nome feminino: Vitória

4. Uma profissão: vidente

5. Uma cor: Vinho

6. Algo de vestir: vi...va...vo..ve.vu...

7. Uma bebida: vodca

8. Uma comida: vodca

9. Algo que se ache no banheiro: vaso

10. Uma cidade: Viena

11. Um motivo de atraso: vagareza

12. Um grito: vaipraputaqueopariu

13. Uma cantora: Vanessinha da Mata

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

vi no blog da cora ronai e não aguentei, só por conta da resposta de número 12.

a proposta é responder tudo com a primeira letra do seu nome:


1. Uma palavra de quatro letras: moto
2. Um nome masculino: Marco
3. Um nome feminino: Marylin Monroe
4. Uma profissão: músico
5. Uma cor: marrom
6. Algo de vestir: meias
7. Uma bebida: mate
8. Uma comida: macarrão
9. Algo que se ache no banheiro: merda
10. Uma cidade: mumbai
11. Um motivo de atraso: medo
12. Um grito: macacos me mordam! (rá!!)
13. Uma cantora: Mara Maravilha

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as segundas-feiras andam cada vez mais divertidas...

o céu de brasília

bicos de seios
apontam a direção
do monumento na
cidade plana
sem seios
sem desejos

nicolas behr, sempre ele



- Então, não é a coisa mais bonita que você já viu?
- O que?
- Como assim o que? Eu te trouxe aqui pra ver o céu. O céu é uma das coisas mais bonitas de Brasília, meu amor.
- Ah! Essas nuvens todas e essas cores misturadas... Bonito mesmo.
- É maravilhoso. Você já viu algo mais bonito?
- Ah, tem muita coisa bonita no mundo.
- O que, por exemplo?
- Ah, sei lá. Se for, tipo assim, A coisa mais b-o-n-i-t-a do mundo, eu podia dizer o Halley.
- Você já viu um cometa?
- Não, Tchuco, cometa não. O Halley da novela. Quer dizer, o Cauã Lindo Reymond. E não fica com ciúme que você é bonito também. Mas o Halley, né? Vamo combinar.
- Já pedi pra não me chamar de Tchuco. E eu estou falando de coisas naturais...
- Mas amor, aquilo lá é o que? Aqueles lábios não são silicone não, meu querido.
- Tá bom. O Halley é lindo. Mas curte o céu de Brasília que também é maravilhoso. Presta atenção que você nunca viu um céu assim.
- Nunca mesmo não. É muita cor.
- Viu?
- E as nuvens parecem fumacinha...
- Então, shhh...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

a vida é mesmo feita de contradições. salve, jovem marx.

às vezes, é fantástico e prazeroso notar que certa coisas continuam exatamente iguais há anos. estáticas. paradas no tempo. e muito boas!

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nem tudo que é torto é errado
vejas as pernas do garrincha
e as árvores do cerrado
nicolas behr
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Ahh o cerrado!!!! continua no mesmo lugar.
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confesso que bebi!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

é tão bom...

... incorporar, de novo, o samba da pedra do sal à rotina. dentre outros motivos, porque não há segunda-feira em que a roda não toque:




* eu queria colocar a versão que eu tenho com a roberta sá, que é maravilhosa. mas fiquei com preguiça de fazer o upload. além do que, achei essa versão com o autor, elton medeiros - sem concorrência.

vem, que o sol raiou
os jardins estão florindo
tudo faz pressentimento
que este é o tempo ansiado
de se ter felicidade.