quarta-feira, 27 de maio de 2009




minha mochila.

tem 3 mil músicas no computador e nenhuma que eu queira ouvir.

eu queria ler caio fernando abreu agora.


revistou minha mochila.

o celular continua desligado e a vida melhorou.
liguei a torradeira de 110 volts na tomada de 220 e meu jantar ficou pronto bem mais rápido.


um policia revistou minha mochila.

eu não almocei hoje.

jantei um sanduíche.

agora toca backstreet boys.


um policial revistou minha mochila hoje.

o barcelona ganhou do manchester.
eu vi o gol do messi no intervalo da aula.

semi-finais da copa do brasil rolando agora. eu quero ver.


um policial do core revistou minha mochila hoje.

saiu a programação da flip. eu quero ir (todo ano é isso).

eu ainda estou com fome.
eu não sei se capilo não gostou de alguma coisa e desistiu de ver o jogo no bar - era a minha esperança de comer.

um policia do core, com um fuzil na mão, revistou minha mochila hoje.

meu pai de verdade ligou hoje se oferecendo pra vir no meu aniversário - meu aniversário tem as manhas de ser uma data agradável.

eu falo pro meu aniversário que não gosto dele, mas ele insiste em vir todo ano.

um policial do core veio num carro com outros tanto policiais, com um fuzil na mão, me parou e revistou minha mochila hoje.

amanhã, ainda bem, já é quinta.
ansiosa por sábado.

querendo nutella ainda.

impaciente - como sempre.
preciso fazer a sobrancelha.
amanhã é dia 28.


um policial do core veio num carro com outros tanto policiais, com um fuzil na mão, me parou e revistou minha mochila hoje, na maré.

a pilha de livros da direita é o que tem que ser lido.

a da esquerda é o que já começou a ser.
a da direita convive com o milagre do crescimento - ahh a direita.
a da esquerda avança a parcos modos - esquerda!

ele colocou a mão na minha cintura enquanto conversava sobre um assunto qualquer.
a mão me desequilibrou.

nem ouvi o assunto.

nem fui capaz de falar algo que reagisse à mão na cintura.

odeio.

um policial do core veio num carro com outros tanto policiais, com um fuzil na mão, me parou e revistou minha mochila hoje, na maré. ele perguntou onde eu morava. perguntou o que eu fazia. mexeu nos meus livros, agenda e pacote de absorvente. passou aquela mão porca no meu dinheiro - limpo - e nas minhas anotações. me disse que deveria evitar lugares como a maré e falou que a polícia estava fazendo uma operação grande lá dentro, por isso a revista. eu pensei em pessoas. em mortes. na praia. não necessariamente nessa ordem.

me resignei.

me irritei.
mandei uma mensagem para capilo:

- core acaba de me revistar.
- e você estava limpa?
- sim. deixei o bagulho no seu carro ontem.

6 comentários:

Anônimo disse...

muito bom.

Iolanda disse...

ai...caralho... que ódio!!! (baldes, muitos baldes)

Anônimo disse...

E capilo, foi preso?

Rodrigo Bodão disse...

gostei do texto num crescendo misturando verdades do universo e a prestação que vai vencer...

não gostei de saber dessa operação, uma vez que a core so age em situações realmente sinistras...

fiquei surpreso de você ter deixado o bagulho no carro do capilo na véspera...

prometo que posto alguma coisa interessante o mais breve possível...

e com certeza, vcs três tinham que estar aqui pra ver também...

Clementina disse...

bodão: tenho deixado o bagulho com capilo sempre. ele nunca se lembra mesmo...

o elogio vindo de vc me fez dá um risinho. é um texto que eu gostei de escrever.

iolanda: não há balde que dê conta.

Clementina disse...

eu queria dizer que as vezes em que aparece 'um policia' são erros de digitação desta que vos fala.