Tenho passado um bom tempo aqui vendo filmes. Os donos da casa tem vários filmes indianos e europeus, o que tem preenchido minhas tardes, quando Amana vai estudar na biblioteca da Rutgers e fico só em casa, ou mesmo quando ela estuda em casa. Eu realmente adoro ver filmes, mesmo no Brasil, e essa rotina tem sido show de bola.
Aqui na casa a tv fica no porão, junto com aparelhos e vídeos e livros de yoga e pilates. Aliás, essa casa é quase uma biblioteca, tem livros em quase todos os cômodos. Basicamente livros sobre política e sociologia, movimentos sociais, muita coisa sobre a Índia, muita mesmo, além de clássicos e livros sobre o movimento negro americano, zapatismo, feminismo, yoga, culinária indiana, etc. Como meu inglês não é também lá essas coisas, tenho ido aos poucos, por conta da quantidade de palavras desconhecidas e termos técnicos, além de meu interesse limitado – afinal, sou turista, certo.
Tenho melhorado meu inglês com a soma de situações irremediáveis (quando toca o telefone, estou numa festa, vou fazer compras, bebo e puxo papo com outras pessoas, etc), lendo (jornais, Paul Auster e o livro sobre o movimento zapatista com textos de Octavio Paz, Gabriel Garcia Marques, Eduardo Galeano, entre outros) e vendo filmes com legendas em inglês.
Aqui nos EUA tem uma locadora muito interessante, a Netflix. Ela é toda gerida pela internet e os filmes chegam pelo correio num envelope em que vem o dvd dentro de um porta-dvd de papel onde encontramos a sinopse e um breve quadro técnico do filme e um outro envelope, este destinado para a a devolução do dvd. Não tem propriamente uma data para devolução, o que acontece é que você envia uma lista de filmes e conforme os filmes são vistos e devolvidos pelo correio, eles lhe enviam os próximos filmes listados. Muito bacana.
Vi coisas muito boas, mas alguns não sei se são fáceis de achar no Brasil, dentre outros mais antigos que já vi em diversas locadoras cariocas. Eis então uma breve lista dos melhores filmes vistos até agora:
- ‘Torremolinos 73’ – essa comédia é excelente... um vendedor de enciclopédias e sua mulher são chamados para fazer filmes de educação sexual para serem veiculados na Dinamarca, Suécia e demais países escandinavos, mas acabam sendo transformados em estrelas-pornô. Muito bom!!
- Antes da chuva – esse acho que tem no Brasil. O filme versa sobre conflitos étnicos na Albânia e Macedônia enquanto mescla sua história com a de um fotógrafo macedônio que vive na Europa e é especializado em fotografar áreas de guerra e conflitos armados. Tem uma mistura de imagens escatológicas e sangrentas com outras bucólicas e estonteantes, enredando uma série de cenas bacanas num ritmo bem poético. Adorei a forma como foi editado, com (não sei o nome certo) trajetórias de câmeras não lineares, ou melhor que brincam com a linearidade. Bem, não sei explicar, só vendo para entender melhor – o filme e meus gestos que preenchem minha falta de palavras.
- Kitcshen Stories – muito doido, um filme sueco sobre um processo de pesquisa de cozinhas desenvolvido por uma empresa especializada em ‘standards kitchens’ que pretende expandir seus negócios na Noruega. Poucas palavras e uma expressividade teatral e poética simplória, comovente e muito elegante.
- Paradise Now – filme sobre dois homens-bomba palestinos numa ação meio atrapalhada em Tel Aviv. Diálogos versam sobre dilema democracia versus terrorismo, com alguma imparcialidade... Ou melhor, exposição de bons argumentos de ambos os lados, sem fechar propriamente com nenhuma das idéias, sem bater o martelo – o que, sem dúvida, aponta para uma posição democrática. Vejam e discutam... Eu e Amana debatemos por horas... Afinal, é seu estudo atual, a posição democrática e liberal e suas contradições.
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Eu andei fazendo diversas anotações sobre os programas de tv... deixa eu ver... lá vai:
Antes de mais nada, uma coisa tem de ser dita, sintetizando todas minhas anotações: o lixo que se consome aí é o mesmo trash que se consome aqui.
O que eu quero dizer é que a TV aberta aqui é composta por programas similares aos da tv aberta brasileira, fato que qualquer assinante da Net, Netcat ou TVA da vida já consegue entrever. Até versão mexicana de escolinha do professor raimundo ou do golias tem aqui. Terrível!
Tem um programa bizarro aqui, apresentado por juízes vestidos de togas num tribunal de auditório, em que você resolve alguma pendenga judicial, em geral problemas de vizinhos, casais ou casos como uma menina negra de cabelo liso que queria processar o pai por danos morais por ele ter ficado bêbado e estragado sua festa de debutante. Dá pena das situações realmente constrangedoras de exposição total das vidas privadas... O pior é que, como são juízes de verdade, o que fica decidido tem peso de uma decisão judicial. Assustador!!
(Clê, prosecco e festas de casamento aqui podem dar cadeia rsrsrs)
Nos intervalos, rola uma interação com os telespectadores, quando eles fazem perguntas para serem respondidas por telefone. O programa que eu consegui ver por mais de um bloco perguntava 'você procura a polícia quando percebe pessoas com comportamento estranho ou usando drogas nas ruas da sua vizinhança?' Terror total!!
Mas tem umas coisas interessantes, vez por outra. Ontem passou um programa de três horas sobre os anos 60, mais especificamente sobre JFK, o caso dos mísseis soviéticos em Cuba, do movimento social de afirmação dos direitos civis dos negros e como Kennedy comprou essa idéia – foi promessa de campanha ao movimento negro, mas não conseguiu levar adiante, por conta dos WASP (White Anglo-Saxon Protestants) - a Guerra do Vietnam, sua morte no Texas, e tal. Fiquei pensando a merda que seria se naquela época tivesse um idiota como Bush no poder... Não tenho certeza se essa mula texana seria capaz de deflagrar uma guerra nuclear... Mas...
Interessante foi o telejornal de domingo que trouxe imagens de uma atividade de simulação de uma ataque terrorista no metrô de NY, desenvolvida pelas instituições relacionadas à segurança pública e defesa civil (policiais, bombeiros, paramédicos, entre outros), contando com a ajuda de diversos voluntários que se passavam por vítimas do pseudo-ataque a bomba.
Não quero aqui apontar uma paranóia estúpida nem uma previdência necessária, ou como o civismo americano é exemplar, assim como suas instituições públicas. O interessante era a forma como os voluntários teatralizavam sua participação, especialmente para as câmeras dos telejornais que cobriam a atividade. Disgusting... Eles agem como um misto de palhaços-idiotas-com-esgares-de-dor-e-pânico e consciência cidadã que, sei lá, acho que eu jamais me prestaria a esse papel.
Bem, paranóias a parte, nesse final de semana morreu a primeira vítima da gripe suína em NY. Vou pra lá sexta feira e passarei o final de semana na casa de meus amigos dominicanos no Brooklyn. Já imagino a quantidade de pessoas com máscaras de proteção nas ruas.
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Ontem finalmente consegui comprar um fuminho bom. Vem da Califórnia e essa quantidade aí da foto (mais ou menos uns dez gramas) custou $60. Mas valeu a pena... Dá uma onda bacana... Depois é só preparar a larica, tomar um vinhozinho personalizado (sul-africano), ver um filminho, ouvir um sonzinho ou jogar conversa fora.
Encontrei um amigo inusitado aqui em Highland Park... Jamais sequer imaginei encontrá-lo por essas bandas.
Bem, estou preparando sua postagem há dias... Vocês vão ficar realmente surpresos.
Mas, por enquanto, um pouco de suspense (...)
Um comentário:
dois comentários...
1- eu reviso meu texto. Não o estilo propriamente, que flui fácil quando escrevo, gostem ou não gostem, mas erros de portuguës, pontuação, digitação, concordância. Bem, se virem um erro é ignorância mesmo, não é desleixo...
pois bem achei engraçado no primeiro parágrafo quando eu digo'eu realmente adoro...' é uma expressão típica do inglês daqui ' I really love... saca? Engraçado. Tô pegando o sotaque ou que nome se dá pra isso?
2- não consigo ver a imagem do diabo pedófilo do boitatá... Olha, eu não mexi nele não - já vou logo dizendo... Eu troquei a charge megalomaníaca e anacrônica do Faveleiro pensando ser Deus por uma imagem que achei interessante, mas o diabo tarado eu não cheguei nem perto...
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