lembram-se de sexta feira passada, quando comprei um litro de red label e postei uma foto do copo com o laptop ao fundo, no ombudsman, lembram...
pois é...
depois de mais algumas doses resolvi fritar alguma coisa para comer e reduzir um pouco a doideira e a concentração alcóolica.
fiquei um tempo na cozinha e estava comendo um mixto com ovo quando ouvi um barulho na sala e tive a impressão de ver um livro correndo, subindo as escadas. já tinha matado o mickey, a minie, os sobrinhos do rato, náo poderia ser outro roedor capitalista desprezível da disney... bem, levando um livro só poderia ser algum rato metido a besta, tipo ratatouille. ou poderia ser o jerry, pensei já correndo para conhecer o famoso camundongo.
estava subindo as escadas olhando para as portas dos quartos ao longo do corredor, quando ouvi, vindo do quarto de hóspedes, um grunhido estranho, mas humano e aparentemente feliz. pensei que podia ser algum cientista maluco que se encolheu, sei lá, corri pra ver.
qual não foi minha surpresa quando me deparei com a cena mais inusitada, eu diria, de toda minha vida. deitado na cama, apoiando a cabeça numa almofada e lendo um livro sobre o zapatismo, 'The Zapatista Reader', o grande filósofo alemão, Karl Marx...
(tudo bem, se formos tomar ao pé da letra, nem tão grande assim...)
fiquei estupefato, sem palavras a princípio, petrificado.
ele fechou o livro calmamente e ficou me olhando em silêncio como um lutador estuda seu oponente antes de uma luta. gelei...
ele quebrou o gelo e se apresentou como Carlos Marques, dizendo que prefere ser atualmente chamado assim... eu ainda não conseguia pensar direito, o cumprimentei meio assustado ainda e ele riu.
começamos a conversar e ele foi me explicando o que fazia aqui. veio encontrar o casal de professores, segundo ele notórios militantes da esquerda húngara (o marido) e indiana (a mulher), aproveitando a posição estratégica para estudar os efeitos da crise atual do capitalismo. ficou surpreso quando não os encontrou em casa.
expliquei minha viagem, falei do mestrado e tal, da galera do ombudsman, ele ficou bem feliz de saber da nossa criação e de nossas opiniões e posições políticas. ao dizer onde trabalho perguntou "e o que vocês observam lá", cheio de sotaque... me enrolei um pouco mas expliquei o que eu fazia, que se tratava de uma ONG e tal. ele respirou fundo e ficou um clima meio pesado.
ofereci então uma dose de whisky e ele me respondeu que preferia beber cerveja. fomos comprar. chegando no mercado, ele quis que eu comprasse budweiser, segundo ele, cerveja preferida dos trabalhadores americanos. nem discuti.
ficamos bêbados e deu a hora marcada para encontrar Amana para irmos ao bar em New Brunswick. convidei-o para me acompanhar e ele não titubeou, já meio alegrinho e com uns olhos vermelhos e intensos.
Amana ficou paralisada no começo, mas depois se soltou. assim como Marques, na foto abaixo soltinho querendo ser fotografado ao lado do trabalhador que nos servia.
chegamos em casa e matamos o whisky. Fui preparar a cama para ele e, doido como o que, preparei a cama e uma peça para ele. forrei uma camisa com notas de dólar e botei um cartão de crédito como travesseiro. ele, ao ouvir a palavra 'crédito' começou a rir descontroladamente e gritou 'um viva à hipoteca!!!!! hahahahaha'... muito doido.
ele não aceitou dormir, mas deixou eu tirar uma foto dele na cama. enquanto eu fotografava ele grunhia bêbado 'das kapital, das fucking kapital'...
perguntei se ele queria um pijama, podia arrumar alguma coisa tipo um maço de cigarros vazio, sei lá, ele falou que gosta de sua roupa, estava tranquilo... comentei que a combinação de vermelho e preto são as cores do flamengo, time que eu torço e tal...
aí, eu chorei de emoção... tudo bem que eu estava bêbado, e tal, mas não consegui segurar o choro quando ouvi Marques cantar üma vez Flamengo, sempre Flamengo"...
sim, ombudmaníacos!!!! Karl Marx, ou Carlos Marques como pretende ser chamado agora torce pelo Flamengo!!!!!
falei que meus companheiros de blog iriam ficar bolados e relacionei os ombudsmen com seus respectivos times. ele disse então que jamais torceria pelo botafogo ou fluminense, times da elite financeira carioca, sua paixão era pelo povo, pelos trabalhadores, e, por conta disso, pelo Flamengo. afirmou ainda que nutria certa simpatia pelo Corinthians também, mas que a torcida do Flamengo é apaixonante.
- "quando vi na maracanã, pensei, que torcida é essa" contou ele, visivelmente emocionado.
rimos e conversamos e cantamos o hino e outros cantos da torcida do Flamengo até dormirmos.
por fim, combinamos de ir para Nova Iorque neste final de semana e nos outros. eu propus e ele topou que suas idas comigo e Amana e nossas conversas, análises e divagações comporiam uma série de postagens no ombudsmandocapeta, chamada "As aventuras de Carlos Marques na barriga da Besta".
por fim, combinamos de ir para Nova Iorque neste final de semana e nos outros. eu propus e ele topou que suas idas comigo e Amana e nossas conversas, análises e divagações comporiam uma série de postagens no ombudsmandocapeta, chamada "As aventuras de Carlos Marques na barriga da Besta".
considerem portanto essa postagem uma breve introdução para nossas aventuras na big apple...
4 comentários:
HAHAHA!
Marx seria Botafogo, meu caro: símbolo da contra-hegemonia no Rio de Janeiro. Time dos resistentes, nem dos burgueses, nem hegemônico.
Se bem que no Brasil ele torceria mesmo pelo Colorado: vermelho e com nome em homenagem à Internacional Comunista.
Meu caro bode amigo,
tú bem sabes que gosto de tuas produções literárias, mas permita-me que eu faça aqui um pequeno espaço "opinião do leitor". Sinceramente, não gostei desta ficção que você está tentando dar continuidade... achei um tanto quanto... forçassão (é assim que se escreve?)de barra. Não ficou bom! Prefiro os teus relatos psicoetnólogo que nos conduzem com muito mais impulso a uma viagem literária, coisa que essa historinha não conseguiu (considere que esta é opinião pessoal)... sei lá... talvez falte um pouco mais de conteúdo, um pouco mais leitura de Marx... não sei, só sei que tú forçou uma barra. Talves a Clê domine melhor essa habilidade. Prefiro os teus textos ácidos e perspicazes de cotidiano urbano. Ainda mais com essa tentativa de convencer que Marx era flamenguista.
Um grande abraço
Em tempo: Alguem terá que dar conta do meu capeta! Não adianta se esquivarem! Vocês estavam de implicancia desde que eu o convidei... tanto que fizeram, que jogaram no buraco negro a charge e agora o capeta sacana! Bodão é o suspeito no.1, seguido da Sra. Clementina. Pode ser que o Capilo seja o mordomo...
olha eu até toparia parar... mas agora eu quero ver vc convencer o Marques a n'ao ir comigo a wall street amanhã...
continuarei, portanto, mesmo sem leitura...
seus apelos foram em vão...rsrsrs
abaixo os ídolos!!!!!
é proibido proibir!!!
viva a revolução!!!!
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