Fiquei dias pensando no que escrever aqui. Queria falar do Marques, de NY, da realidade... bem, bebi uma garrafa de vinho e estou na minha segunda caipirinha-rabo-de-galo... acho que é a hora, então, devidamente esclarecido, faço e não espero acontecer...
A piada do Marques não deu certo. Quando achei esse boneco nas coisas do casal de professores donos da casa aqui em Springfield onde eu e minha gatinha estamos, ainda na pilha da morte da família mickey, pensei: ‘taí o alter-ego que eu queria para debochar dos americanos’, já que tenho um missão aqui, enquanto pseudomestre em Piada Coletiva e correspondente internacional do ombudsmandocapeta para cobrir a crise do capitalismo. E foi lindo, pois juntou com uma vontade antiga de fazer algo tipo ‘Amelie Polain’ e aquele anãozinho de jardim que fazia tour na Europa... mas não deu, vide posts anteriores...
‘Menos, Bodão, menos...’. pensei.
Por outro lado tirar as fotos nas ruas é o maior barato. Os gringos ficam olhando sem entender direito. Alguns reconhecem e riem... Pelo menos estes entendem a piada... Não devem ser marxistas... definitivamente, muito pelo contrário – ou não...
Resolvi fazer assim então: posto uma foto ou mais fotos relacionadas a um tema de cada vez, desviando o foco central do formato besteirol e relatando as divagações que me acometem. Até porque são muitos temas e infinitos devaneios...
Então, mantendo a promessa, primeiro capítulo...
Marques, WTC e a realidade
O WTC, como podem ver atrás de Marques, virou um grande canteiro de obras. Não pude fazer a foto encostado nas suas abstratas e inexistentes pilastras, tal como encomendado por nosso companheiro Faveleiro. ... Até porque, ao que parece aqui, pior do que sacanear o acontecimento é ficar no meio do caminho da pressa e da força de trabalho dos corpos e almas explorados...
Mas... agora acho que foi até melhor assim. Porque, conforme colóquio com Marques (não dá, ele virou meu amigo imaginário...), esse evento não tem nada a ver com golpe no capitalismo... No imperialismo yankee até pode ser...
Explico: não acho que esse tenha sido um golpe no american way of life, pelo contrário, foi suplemento alimentar, polivitaminínico... fortaleceu seus panfletos hollywoodianos e seu blá blá blá freedom e os caralho...
Penso que apesar do que rola no Oriente Médio, esse ataque foi briga de cachorro grande, capitalistas yankees – e judeus, é verdade – versus capitalistas árabes... Osama Bin Laden e Al Qaeda não representam de forma alguma o proletariado islâmico. Foi mais disputa por mercados e petróleo do que insurreição política... Vide apoio político da CIA ao supracitado quando ainda existiam (será???) dois blocos...
Parece mais manipulação de sheiks do que esclarecimento, e essa figuração ostensiva dos mártires somente reforça uma perspectiva individualista, a meu ver (nosso!!, grita Marques)...
Além do que, aquela hora do dia somente devia haver trabalhadores no prédio, nenhum CEO ou coisa que o valha... E megaindustrial não viaja de boeing...
Simbólico, sim... mas de um simbolismo de certa forma alienado...
Realidade...
Ando vendo muitos filmes sobre o terrorismo (claro, é o must do momento!) e, em geral, independente da nacionalidade do diretor, recheado por discussões rasteiras... Parecem dinâmicas de grupo... falsamente neutras e buscando uma pluralidade faz-de-conta que de saída me provocam esgares – pra não mencionar as inúmeras e estúpidas precariedades formais e epistemológicas, na medida torta em que se pretendem verdadeiras. Bem afeitas ao nosso modelo hegemônico, perverso-pragmático, famigerante e esquálido de democracia...
Pois bem, Clê, o real...
Na real... (tin-tim!), eu acho o seguinte (e Marques diz que vai ao banheiro, em protesto...): o grande problema de se pensar a realidade como totalidade e a história, a partir dessa apreensão hermenêutica, como sobre-determinada, ainda que pelas condições materiais e contextuais, segundo um sujeito (racional) histórico, sujeito a sínteses dialéticas, é que se considera a possibilidade de super-ação de um modelo de pensamento. Superação que a meu ver, independente se por argumentos lógicos ou bélicos, me é eticamente incorreta – para não dizer improvável.
Melhor dizendo, a ideia de uma verdade mais verdadeira do que outras, enquanto leituras de mundo, me parece por demais arrogante e absolutista, positivista, armadilha que o proprio Marx denunciou ao atacar o hegelianismo, embora sem deixar de pensar sob suas bases epistemolologicas... E que arrisca derrapar num totalitarismo, vide a supressao de outros enunciados segundo esse imperativo megalômano.
Nesse ponto, acho que vale reler e re-operar a inversão feuerbachiana sobre Marx, agora...
E pensar os embates sob o prisma da diferença e da convivência... pacífica... democrática... plural no sentido de incorporar o dissenso como norma operante das relações políticas...
Porque eu posso sucumbir... posso... mas não me tornarei mais ou menos esclarecido ao incorporar a verdade que me contam... ainda que o sinta na pele – vide gabriela, eloá e joão vitor, dentre outros exemplos escrotos...
Exercitar a pluralidade enquanto impossibilidade de síntese... e potencializar a irrupção de reais outros...
‘Por um mundo onde caibam muitos mundos’... tal como nos ‘desaliena’ o Sub-comandante...
Por enquanto é isso...
E na realidade... eu já estou bem bebo... (tin-tim)!!!
BUM!!!!!!!
Bumpaticumbumprugurundum...
(ouvindo Alpha Blondy - Jerusalem)