segunda-feira, 26 de outubro de 2009

prosa poética mais pra lá do que pra onde?


(...)

o silêncio...

o silêncio seria tão agradável não fosse ele possuído por esse turbilhão de vozes...

e pior: todas carregam essa entonação muda do meu pensamento...

ao menos não ouço outras vozes...

e essas vozes vêm sempre acompanhadas de imagens altissonantes...

dizem que antes de morrer passa uma espécie de filme em sua cabeça, lembranças da vida presente que se esvai...

sei não... algo em mim está morrendo.

até porque no fundo, no fundo, existem silêncios melhores, os quais, ao passar por minha cabeça aumentam o turbilhão de vozes carregadas da entonação muda do meu pensamento junto de imagens altissonantes e a certeza de que algo em mim está morrendo em silêncio...

Um comentário:

Mulher A disse...

Poema de Natal

Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da
poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.