Existem momentos na vida que, de tão intensos, comovem o tempo... E a vida lhes concede (alguma) eternidade...
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Um desses momentos me ocorreu e nunca mais dormi hoje. Ao menos até agora. No entanto, diferentemente da usual insônia que vem me acometido nos últimos meses – ou ao menos se intensificou nesse período – não fiquei irritado ou fritando na cama. Levantei, muni-me de algum dinheiro, fui ao posto de gasolina perto de minha casa e comprei algumas cervejas para me fazer companhia, mais o cigarro que anda me matando mais visivelmente nos últimos dias, e, bebendo, tossindo, fumando, tossindo, bebendo e pensando, mergulho em meu projeto literário noturno... Cá estou eu, batucando teclas e balbuciando sentidos tortos como minha pessoa.
Ao menos não chove, nem minha rua está alagada... Do contrário apelaria novamente pro apagão neuroquímico dos rivotris da vida.
Chega de rivotril!!!!
Se é pra ficar acordado, escrevo então, ora bolas!!!!
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Escrever não esvazia... Pelo contrário... Reinventa. Infla! Quase sou um padre voador quando escrevo, sem GPS nem bússola. Digo quase, porque também sem deus ou coisa que o valha. Quando é prosa, não tenho fé no que escrevo... Apenas escrevo...
Poesia é outra parada, é quase mediúnica... Prosa não, ainda mais de blog em noite de insônia...
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Um sentido leva ao outro.
E um novo sentido não apaga da memória, nem da história, o antigo. Pelo contrário, ambos passam a conviver de mãos dadas, quase amantes. Nós é que andamos, nos separamos, nos reinventamos e lançamos mão de sentidos outros. Ou inventamos... Reinventamos...
A vida é que segue e vai. Os sentidos se amontoam, embora o novo pareça sobrepor o antigo por conta de seu brilho ainda misterioso e gritante...
Nem museu, nem progresso científico... Antes teias, sinapses e curtos circuitos...
Assim eu vejo a vida.
Pelo menos agora...
(e lembro-me da pergunta idiota do facebook, “no que você está pensando agora?”, como se o pensamento desse pause e esperasse calmamente você descrevê-lo; antes, o que você descreve já é outro pensamento tão diferente do agora de antes quanto do agora do enter...)
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Não, não é mau humor insone... Apenas... É também metafísica de lúpulo... e nostalgia (pra não dizer saudade)...
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Acabei de adicionar ao dicionário o vocábulo rivotril...
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Blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá...
Está achando chato???? Então vai dormir porra!!!!!
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E já que eu falei de metafísica, momentos intensos e eternidade, um poema antigo...
METAFÍSICA DO ORGASMO MÚTUO
Além da tênue fronteira
de nossos corpos entrelaçados,
dançavam os fluidos
na consistência etérea de nossas almas...
Além dos lábios, suores e hálitos
nós, como dois países fronteiriços,
transcendíamos nossas posições continentais
na união indissolúvel
dos vapores espirituais
que o ardor de nossas labaredas íntimas
exalavam...
Nesse inefável instante
todo o fogo, carne e alma
regozijaram-se
diante da cálida contemplação da Eternidade.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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