quinta-feira, 12 de novembro de 2009

uma das coisas que ainda faltavam na minha nova residência era instalar o filtro de água. compramos uma torneira nova para a pia da cozinha, dessas que vem com o filtro integrado.

hoje acordei disposta a ajeitar as coisas e fui instalar o varal, para em seguida arrumar a torneira. tive problemas com o varal e o deixei para a tarde. ocorre que em frente ao meu prédio tem uma dessas galerias que tem de tudo, desde cortinas até jogo do bicho. rumei para a galeria em busca de um bombeiro que trocasse minha torneira. ocorre, que para meu azar, ao lado do meu prédio tem um bar (pausa para vocês acharem que em vez de ir procurar o bombeiro parei no bar e agora escrevo bêbada).

não, não parei. preciso mencionar o bar, para explicar a quem não o conhece, que é um local que frequento (meus amigos também) há muito tempo. o dono, um português teimoso, me trata com muito carinho. o garçom também é parceiro. enfim... desço eu e quando entro na galeria dou de cara com o tal português.
- minha filha, bom dia.
- opa, seu fulano.
- não foi trabalhar?
- nada. estou ajeitando umas coisas. vim aqui procurar um bombeiro para trocar uma torneira.
- ah, mas não precisa. vão querer te tirar aí 50 reais. faço isso pra você.
- é que eu quero fazer logo. não precisa se incomodar.
- faço agora.
e saímos os dois direto pro meu apartamento. perguntei se não ia precisar de ferramentas. "seu porteiro, conheço, é o fulano. pego uma chave com ele". e assim foi. pegamos a chave com o porteiro e subimos.

quando chegamos na minha cozinha, novinha, limpinha, com eletrodomésticos novinhos, o português procurou o registro, claro. porque para se trocar uma torneira é preciso fechar o registro. só que o registro estava sem a cabecinha. sabe aquela cabeça de torneira? ele não tem. o cretino do outro proprietário só pode ter arrancado e enfiado no **.

diante do problema, o português começou a tentar fechar o registro com a chave ou com um alicate. ele nem se mexeu.

pensei: ele vai levantar, vai embora, eu vou na galeria e perco 50 reais para um bombeiro que vai dar jeito. mas não. o português é teimoso. qual não foi minha surpresa quando ele suando horrores, levantou e me disse: vamos fazer sem fechar mesmo, só preciso de um pano para segurar a água. oi??? até onde eu sei pano não apara água. quem conhece o velho vai entender melhor, mas eu não tinha como dizer não, não vai fazer. ele já foi pegando um pano, encostou a porta que dá pra sala e começou a folgar a torneira. tentei, com a voz trêmula, dizer que não. mas nada. minha gente, se vocês nunca viram uma cena dessas, nunca queiram ver. quando o velho tirou a torneira foi um jato de água que eu vi projetado na minha parede e em seguida no meu fogão, geladeira, teto, armários, que me deu vontade de chorar.

como era de se esperar, o pano não aparou porra nenhuma. e quando ele conseguiu, com o dedo, segurar o jato e encaixar a torneira nova, cadê que a danada entrava? nada. devolve essa e recoloca a velha. desespero. ódio. calor. preguiça. vontade de deitar na minha cama e pedir pro mundo dá uma paradinha enquanto eu me preparo pra vida.

foi aí, recomposto e ensopado, que meu amigo português notou que tentou encaixar a torneira com o adaptador que aumenta em meia polegada o seu tamanho:
- ahh, é só desenroscar isso aqui que cabe.
- nem pensar, seu fulano. olha o tanto de água. deixa aí que vou chamar o bombeiro.

como se eu não tivesse dito absolutamente nada, ele abaixou de novo no registro para tentar fechar. desarrumou o armário, tirou prateleiras e eu enxugando a cozinha. suando como uma condenada. depois de cerca de meia hora, quando ele notou que o registro não ia se mexer mesmo:
- o único jeito é fazer de novo.
- seu fulano, por favor. precisa não.
- como não? já tá tudo molhado mesmo.

ignorei e fui ao quartinho pegar mais um pano, crente que ele ia entender a mensagem.
do quartinho ouvi um jato jato. o danado tirou a torneira de novo. dei uma olhada pela fresta da porta e vi tudo que estava em cima da bancada boiando no chão. água e mais água. teto, piso, sala, janela, porta, eletrodomésticos, meu celular... tudo molhado. dessa vez ele conseguiu encaixar a torneira. apertou tudo. pegou a pochete e saiu pingando pelo meu corredor:
- agora é só enxugar.

isso foi às 11 da manhã, amigos. agora são 13h. ainda deixei um lado do fogão meio molhado. cansei de torcer panos.

8 comentários:

Mulher Ativa disse...

Agora eu pergunto: Posso eu viver sem esses relatos de Rainha Quelé?? Num posso...

johnny dumb disse...

kkkkkkkkkkkkkkk..
português, né... ta explicado.

"agora é só enxugar" foi demais.
XD

Faber disse...

Do seu ponto de vista não tem graça nenhuma, mas, caralho, tô rindo muito aqui. Ainda bem que tô vendo a partir do meu ponto de vista.

Monique Carvalho disse...

Essa história é muito boa!!! Tudo isso faz parte da nova etapa da vida...

Clementina disse...

mulher ativa: quelé? rainha? perdoe-me, mas fiquei sem entender.

johny dumb (??!!): XD? fiquei sem entender.

faber: eu vou revender esses jogos do Wii na uruguaiana, tou avisando

Mulher Ativa disse...

É como era chamada Clementina de Jesus, minha conterrânea... Essa da fotinha e cujo o nome te serve de alcunha, ora! Foi uma maneira de te homenagear pelo texto que, desculpa, tá hilário...

Clementina disse...

ôh mulher ativa, fiquei com vergonha agora... desculpa minha ignorância :-/

agora aprendi. rainha quelé com orgulho!

Mulher Ativa disse...

Magina... Vergonha nenhuma.