quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"deu mãozinha no milagre"

Estou lendo - e descobrindo como é bom - o Febeapá do Stanislaw Ponte Preta. Lendo devagar pra demorar a acabar olivro, que é curto. Já lá pra depois da metade, um dos contos é o que dá título a esta postagem. Lendo lembrei logo da Clementina e das discussões nos bares e de alguns textos que a mesma já deixou por aqui.

A crônica conta a história de um padre de Goiânia que disse que a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo começara a chorar de desgôsto. "Foi o quanto bastou para que a plebe ignara ficasse mais assanhada que um galo velho no galinheiro das frangas. Uma grande romaria mandou-se para o local", com palavras do Stanislaw. Mas e aí?

Bom, aí Ponte Preta lembra de Eça de Queiroz, em A Relíquia, quando fala da "coragem de afirmar" ("o negócio é ter peito para afirmar, o resto pode deixar que a crendice popular funciona melhor do que o melhor dos 'public relations'"). Ainda não deu pra entender?

Seguinte, Clê sempre fala da notícia, da manchete, que mesmo mentirosa, vai ficar na mente das pessoas. Tá dito, tá dito, e é quase impossível voltar atrás. Ainda mais quando nem se tenta.

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Voltando pro livro, mas mudando de assunto. Mas muitas tiradas boas, que acho que até fora de contexto são interessantes. Vão algumas, aleatórias:

* dentro dele vários passageiros, inclusive, e muito principalmente, uma lourinha dessas carnudinhas, mas nem por isso menos enxutas, uma dessas assim que puxa vida...

* armada a traquitanda, êle olhou outra vez para a dieita, para a subversiva, para a frente, para trás e, ratificada a ausência da lei, aponhou uns potes e abriu [o camelô]

* não era nenhum estouro de mulher, mas também não era como aquela que o gato cheirou e cobriu de areia

* ao atingir a puberdade, o Batalha já era tão feio que - francamente - eu estava vendo a hora que êle ia acabar Presidente da República

* o Carlão era um cara meio trapalhão, dêsses que cruzam cabra com periscópio pra ver se arrumam um bode-espiatório

um desses sujeitos assim cujo complexo de inferioridade é tamanho que, ao se olhar no espelho, sente-se mal ao deparar sua própria imagem, or considerá-la superior ao original

* conheci um que o pessoal chegou a apelidar de Zé Complexo. Um dia ele me confessou que, ao sair de casa, tinha ímpetos de deixar o elevador pra lá e descer pela lixeira.

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