quarta-feira, 26 de agosto de 2009

reflexão enferrujada de um blogadicto sumido...







(A Clê falou que não vinha aqui há muito tempo e que era para eu escrever qualquer coisa... Escrevi isso aí então...)
Outro dia desses assisti ao começo de Superman IV, em algum canal por assinatura da TVA. Assisti somente ao começo, até onde tive estômago e humor...

Fora o alter-ego de Kal’El, Clark Kent ou o apresentador do RJ TV, ser a personagem mais escrota e desinteressante de todas as HQ’s já publicadas, o teor moralista e imperialista desse super-herói é deprimente. Não era à toa que eu sempre torcia pro Lex Luthor, pensei... Ainda mais que o Gene Hackman é infinitamente superior ao Christopher Reeve, que já parecia tetraplégico desde aquela época.

A cena derradeira para minha paciência de Kripton é quando o Super Homem, atendendo a uma carta de uma criança americana, vai à ONU, que fica em Metrópolis, e diz que vai acabar com as armas nucleares de destruição em massa do mundo, sendo ovacionado por todos os líderes mundiais presentes e saindo dali direto para sua missão de paz...

Não sei se pelo caráter tolo e inverossímel dessa cena, ou pela assepsia moralista puritana yankee, ou ainda pela lembrança da visita recém realizada à sede da – meio conversa para boi dormir, meio caô imperialista – ONU, localizada em terreno doado pelo Rockfeller, eu não agüentei mais ver esse filmeco.

Apesar de mudar de canal imediatamente, fiquei um tempo pensando nesse poder midiático e cultural norte-americano.

Tem horas que eu penso que a gente desenvolve um anti-americanismo por vezes juvenil, como outro dia um camarada acenou para mim no Facebook... Sem dúvida, os caras são foda do ponto de vista cultural e, mais especificamente, da cultura pop...

Não é á toa que o ‘King of Pop’, Michael Jackson, era americano e daquele jeito louco meio ficção científica meio maníaco depressivo da Augusto Severo...

Toda minha vida e percepção estética foi influenciada pela cultura pop estadunidense, de Woodstock a Gotham City, passando por todo o universo Marvel, Disney, todos os grandes cantores e as grandes divas do jazz, do blues e do soul, do hip hop, os poetas da geração beat, Bukowski, Ginsberg, Ferlinghetti, Kerouac, os ácidos da aventura hippie, o álcool e a maconha punk rock californianos, a cocaína pura do Scarface, os bang bangs à italiana, os filmes de
gângster, os filmes de ação, os filmes de guerra, os filmes e os filmes e os filmes de Scorcese, Woody Allen, Tarantino, irmãos Coen, Joel Shumacher, etc, etc, etc...

Temos que tirar o boné pros caras nesse aspecto.

Não quero justificar a arrogância que em geral permeia as falas e análises que vêm de lá e parece que vêem o mundo como se fosse seu grande playground... O imperialismo deles é nojento... Mas é compreensível... E é até natural essa postura de certo modo...

Mas não podemos esquecer de que eles são capazes de gerar um Milton Freedman e um Noam Chomsky...

Generalizar, renegar, menosprezar, pura e simplesmente negar o valor dos caras, está mais do que por fora... E digo isso para mim, mais do que para os possíveis leitores desse blog...

Cabe a nós, antes, virar o jogo e construir nossos heróis de quadrinhos e cinema, de Zumbis a Besouros Mangangás, de Otelos negros, capitães de areia e até mesmo também os Nascimento, de Gabrielas a Mandrakes e Filhos do Samba e de Gandhi...

O Brasil também é pop de POPULAR!!!

E é mais que sabido que somos super respeitados lá fora por isso...

Só temos talvez que perder aqui dentro do país essa nossa vergonha de nós mesmos e esse complexo de inferioridade ridículo...

Que por vezes se manifesta como um anti-americanismo juvenil, tolo e ressentido...


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