quarta-feira, 26 de agosto de 2009

isso que está escrito não é nada, não, tá...

confesso que estava com saudade de escrever aqui. mesma saudade que sentia de minha casa, de minha mulher que viajava pelo nordeste, de meus cds e mp3's, do net-virtua meio lento, mas ágil o bastante para minha velocidade mental e de teclado. assim como confesso alguma saudade da comidinha pronta quando chegava na casa da minha mãe em Niterói e dos inúmeros canais da tv por assinatura disponíveis...

escrevi um texto abaixo daqueles que me dá vontade de excluir logo depois. menos pelo tema e mais pelo seu desenvolvimento. aliás, um dos motivos desse presente texto é fazer um quase mea culpa acerca da sua fragilidade retórica. Quase, porque esse texto abaixo fora escrito desde semana passada, quarta ou quinta feira, quando realmente comecei a ver o Superman IV, e que na verdade é uma espécie de colcha de retalhos de curtas brechas no trabalho, que anda tenso.

minha bola está quicando seriamente na beira do precipício, que bem pode virar um grande campo florido, mas penso que não é hora de arriscar...

sabe quando você vê que sua vida está prestes a se autodestruir em trinta segundos e isso parece que pode ser bom, pois junto vem a sensação de que pela frente pode vir coisa melhor...

até porque já vivi isso antes...

mas por agora, melhor me aquietar e preparar a virada!!!

pois bem, o outro motivo é um disco que ganhei de minha gatinha do Antônio Nóbrega, repleto de poemas do Suassuna que ouço agora depois de assistir à tortura diária noturna do horário nobre dos telejornais. lembrei que quando estava nos states, uma coisa que me angustiava era a televisão e como os telejornais e a (grande) imprensa em geral do mundo todo é parecida em sua ladainha ideológica de afirmação de uma realidade não ideológica não sei se por cinismo ou ignorância mesmo... a merda é geral...

aliás, não leva a mal, mas se tem um bicho ignorante no mundo é jornalista toupeira que pensa que sabe das coisas... quanta banca, quanta soberba e quanta superficialidade...

ainda bem que estava ainda digerindo a galinha cabidela com que me refelestei na janta... sofre-se menos ouvindo as toupeiras de barriga cheia...

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um outro, ou talvez o grande motivo dessas linhas mal escritas é a busca por algo que me inspire, por uma conjunção de palavras e fonemas interessante, por comunicação com gente que preste e valha a pena, por preencher meu tempo com o som de meu catar de milhos acelerado nestes teclados quebrados de casa... a busca por um sentido novo nessa vida que parece bola quicando num beco sem saída, mas onde o muro cinza bem pode virar uma passagem secreta para outra dimensão menos vazia de sentido do que a que vivo agora e que somente encontra nexo nas palavras do Suassuna no sorriso da minha gatinha e no seu ronronar presente enquanto pesco ênfases nesse dicionário disperso da página em branco na lacuna da tela vazia do blog que ainda me inspira esperança de que a vida vale a pena...

e de que aqui tem gente que presta e vale a pena e o esforço da pesca...

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uma poesia antiga então...

ÚLTIMO DRINQUE

Se o acaso quiser
que eu caia inconsciente
num canto qualquer,
deixe-me lá:

a Morte convidou-me para um drinque.

E não me impeça
se eu quiser tomar um porre:

é que meu espírito quis trocar de roupa.



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e o beco se ilumnia um pouco... e eis que percebo que o muro é ou já foi branco antes de cinza...

e do outro lado está sol e crianças brincam..

3 comentários:

Clementina disse...

existe uma máxima que eu não sei de quem é, mas que já ouvi mais de uma vez: quem me diz que não tem ideologia, já está me dizendo qual é a sua ideologia.

sobre o 'deixe-me lá': não dá pra simplesmente deixar.

Mulher Ativa disse...

Tem quem valha sim. Leio muito. Continua, vai...

Rodrigo Bodão disse...

poxa mulher ativa...

com essa alcunha não tem como duvidar que vc valha a pena...

pena, somente ser, no fundo, anônima...

mas

já escrevo pensando em você...