Mulher no celular. Dentro de um ônibus cheio. Cheio mesmo. Ela ligou ou o namorado ligou pra ela. Não sei quem começou. – Ah, não posso te cobrar nada?!; – Você não presta; – Só queria saber se a gente ia se encontrar hoje; – Olha, estou num ônibus cheio; – Cheio, cheio ora. Num dá pra ficar brigando com você aqui; – Te ligo quando chegar em casa; – Então me liga quando você chegar em casa; – Então me liga na hora do intervalo; – Então fica difícil, me liga amanhã, porra!; – Olha, não dá pra ficar falando aqui, tá todo mundo me olhando; – Problema meu não, vou desligar; – Ó, vou desligar; – Ó, vou desligar; – Ó, vou desligar; – Ó, vou desligar.
Puxei a cordinha, gritei pro motorista abrir a porta mesmo fora do ponto (já estava há uns cinco minutos parado no engarrafamento). Ela: – Peraí que vou sentar aqui; – Peraí que vou sentar. Antes de descer ainda ouvi um “agora dá pra falar, vamos...”.
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