sábado, 31 de maio de 2008

Por ali...

Mulher no celular. Dentro de um ônibus cheio. Cheio mesmo. Ela ligou ou o namorado ligou pra ela. Não sei quem começou. – Ah, não posso te cobrar nada?!; – Você não presta; – Só queria saber se a gente ia se encontrar hoje; – Olha, estou num ônibus cheio; – Cheio, cheio ora. Num dá pra ficar brigando com você aqui; – Te ligo quando chegar em casa; – Então me liga quando você chegar em casa; – Então me liga na hora do intervalo; – Então fica difícil, me liga amanhã, porra!; – Olha, não dá pra ficar falando aqui, tá todo mundo me olhando; – Problema meu não, vou desligar; – Ó, vou desligar; – Ó, vou desligar; – Ó, vou desligar; – Ó, vou desligar.

Puxei a cordinha, gritei pro motorista abrir a porta mesmo fora do ponto (já estava há uns cinco minutos parado no engarrafamento). Ela: – Peraí que vou sentar aqui; – Peraí que vou sentar. Antes de descer ainda ouvi um “agora dá pra falar, vamos...”.

Por aqui...

– Não pode sair atravessando assim não meu lindo, tem que ver se vem carro! – falou uma senhora ao meu lado. Não pra mim, mas pra quem a acompanhava. O acompanhante respondeu: – au, au!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Por aí...

Ontem, eu e Capilo comentávamos das coisas que escutamos na rua. Das coisas engraçadas e absurdas, claro. Ele falou que sempre pensa em colocar no blog, mas acaba esquecendo. Então, pra não esquecer, aí vai uma boa que acabo de ouvir (depois de uma cerveja com o próprio Capilo).

Eram dois garis correndo atrás do caminhão de lixo e uma senhorita bem apessoada atravessando a rua.

- Com uma mulher dessa, eu casava e era corno feliz.
- Ah, então tu nasceu pra ser corno mesmo. Porque eu com uma dessa, ela não tinha nem tempo, nem força pra outro... (batendo com uma mão na outra - aquele gesto de "dar no couro").

O melhor...

... é ganhar. Indiscutivelmente.

Mas até a vitória, algumas coisas acontecem.
***
Botafoguense chato, gritando com você durante qualquer torcida para o Corinthians. “Sai daqui”, “vai pra casa”, pra falar os mais faláveis. Foi aí que comecei mesmo a torcer pro Coringão. Tinha que ganhar só pra ver a cara desse babaca. E vi.

Mas ele era mesmo chato. Óculos de grau, magro, meio louro, cabelo que vai durar no máximo mais uns três anos, bêbado. E botafoguense (não que não goste de botafoguense, entre os melhores amigos, têm alguns que são alvinegros cariocas). Não satisfeito com a derrota nos pênaltis, estou lá, depois de já demonstrar que sou uma cara pacífico, aceitar suas gracinhas, tentar conversar, escuto “ão, ão, ão, segunda divisão!” umas cinco vezes. Olho. Ele escondido atrás da namorada/esposa/maluca que estava com ele, e rindo. Fui, cumprimentei. Ele se calou. Ganhamos.

***
Antes disso, estou no banheiro dando a urinada comum de quem bebe. Para do meu lado um rapaz. – E aí. Botafoguense?. – Pior que não, corinthiano. – Eu também. Aí virou meu amigo. Acabei, fui embora. Depois vi o cara nem torcendo pro Corinthians. Desconfio que se eu falo que sou botafoguense ele ia dizer “eu também”. Sei não.
***
Cara Clê, ao sair do Planalto, fui parar no Lamas. A conta por lá ficou em 42 reais. Depois deposita na minha conta. Aposta é aposta.

O pior...

...não é perder nos pênaltis pro time de Capilo (e de quebra perder a aposta). Pior mesmo é aguentar Bodão te ligando e cantando:

não ganha nada
time de cuzão
eu sou flamengo
campeão do mundo
tetracampeão

Vamo tomar uma cerveja juntos pra esquecer...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Até que enfim!!!! Até que enfim!!!!

Pois é... até que enfim...
Já fazia muito tempo que eu não postava nem escrevia nada que prestasse.
Pior, nem me dava ao trabalho(toc, toc, toc).
Mas ontem, numa aula na Uerj, durante um devaneio, nasceu esse desvario:


Pequenas Megalomanias

quando pequeno
sonhava ser artista
e ria tarde e noite afora
deitado num colchão de aplausos

vez por outra
flagrava delírios de entrevistas
num teatro improvisado
em fantasias de menino

hoje prefere o silêncio
de paisagens impressionistas
que a brisa apronta
quando menos se espera

diz contentar-se
com o aplauso de amigos
familiares

amantes
e bêbados ocasionais


mas

vez por outra

durante o banho
no meio
de um pileque
ou do caminho de volta pra casa
ainda se flagra gesticulando
altivo e imponente
em insondáveis colóquios marejados
por não sabe bem que coisa é essa que se dá

êta prosa maluca sô


ao poeta

sem métrica nem beira

sobrevivente
de naufrágios não vividos

resta

uma lembrança doce

de tudo aquilo
que poderia ter sido

se fosse

terça-feira, 27 de maio de 2008

Ferreira Gullar

[Cantada]

Você é mais bonita que uma bola prateada
de papel de cigarro
Você é mais bonita que uma poça dágua
límpida num lugar escondido
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobrás
de noite
mais bonita que Ursula Andress
que o Palácio da Alvorada
mais bonita que a alvorada
que o mar azul-safira
da República Dominicana

Olha,você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro
em maio
e quase tão bonita
quanto a Revolução Cubana

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nem gosto tanto de ferreira gullar. mas ao ler o poema ontem a noite me lembrei do bodão, pelo estilo, não pela revolução cubana (hehehe).

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perdão aos raros leitores pelo post aí debaixo, sobre minhas decisões erradas. esse blog não é um diário e sim um depósito de desvarios, o que valida a postagem mas não justifica. teho dito.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Piada que já vem pronta

(tudo bem que já tem uma semana do acontecido, mas só descobri hoje, então lá vai)

Globonews noticia falsa queda de avião

Toda orgulhosa, a Globo News noticiou em primeira mão a queda de um avião na zona sul de São Paulo.

“Um avião da companhia aérea Pantanal se chocou com um prédio da Avenida Santo Amaro, altura do 2006, há poucos minutos. Há fogo e fumaça no local. O acidente aconteceu próximo ao aeroporto de Congonhas.”

No entanto, nenhum avião caiu! Era apenas um incêndio na capital paulista.

Para justificar o erro, o canal Globo News emitiu um comunicado oficial, horas depois, dizendo que a prática de divulgar um acontecimento, enquanto apura-se a veracidade do fato, é um artifício normal no jornalismo.

(blog poltrona.tv)

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Aí depois não entendem quando eu digo que jornalismo no Brasil é igual salsicha: se soubéssemos como é feito, não consumiríamos. O pior, é que Record News, Terra, IG e mais uma galera "cobriu" a mesma pauta. É assim que funciona por aqui: se a quadrilha dos Marinho dá uma notícia, todo mundo vai atrás.

Ombudsman do Capeta é muito mais informação!!!


sábado, 24 de maio de 2008

Tomar decisões erradas...

...é uma coisa normal. O duro é ficar amargando elas depois.


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Em dois dias, ouvi 3 vezes que eu gosto de confusão. Na terceira, tive que admitir. Mas com ressalvas. Sou uma pessoa que não abro mão da minha opinião e também não gosto nem de imaginar que vão mexer ou pensar em mexer com quem eu gosto. Viro bicho. E se isso é gostar de confusão, desculpa, gosto mesmo. Tô nem aí, tem gente que gosta de coisa pior, te garanto.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

mais curtas

Rádio CBN, comentarista ao final do jogo Botafogo x Corinthians:

“O resultado foi justo, assim como seria se o Corinthians tivesse vencido”

Comentarista (mulher) durante falta de um jogador do Chelsea em Cristiano Ronaldo. Recebeu cartão amarelo

"Na minha opinião isso não é falta para cartão amarelo, mas para cartão vermelho. Mas ficou de bom tamanho"

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Curtinhas

No almoço hoje.

- E o que tem o Flamengo em comum com o Ronaldinho?
- Os dois são Bi?
- Não. Foram pra uma noite achando que iam arrasar e tomaram de três.

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No teatro.

- Filho, meu cabelo tá bom?
- Relaxa mãe, numa peça que tem a Juliana Paes, ninguém vai reparar no seu cabelo.


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Na van.

- Olha esse gordo aí na rua, parece um mutante.

Pensei: nossa, que cobrador astuto, comparação inusitada.

-
É mesmo. Devia até tá na novela (todos riem).
- Cara, vou te falar, nem vejo novela da Globo mais, tudo a mesma coisa. Os mutantes são muito foda.
- Tou sabendo que a Record já superou a Globo, rapaz.

Motorista culto também, entende tudo de mídia.

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A quem interessar possa:
O Glorioso está nas semi-finais da Copa do Brasil contra o Corinthians (time de Capilo). Pois bem, o jogo de volta será em Sampa na quarta-feira da outra semana, dia 28. Eu e Capilo apostamos a conta do bar. Quem perder banca. Fica o convite para os amigos que quiserem assistir o show de bola do Glorioso na companhia de dois agradáveis torcedores.

PS: a noite parece ser boa, porque nosso amigo Cajibrina (que não tem time, bebe pra comemorar qualquer vitória) prometeu que vai.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sem Tela



Uma sessão como poucas do cineclube Sem Tela no morro do Alemão ontem. Lotada e bem bonita. Vista impagável do alto da laje que dá de frente pro morro do Adeus, criançada feliz, o chão cheio de pipoca e a boa cerveja gelada (e barata) de sempre. Memorável.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Reunião de trabalho

Depois do expediente de sexta (post aí abaixo), ficou combinado que tínhamos reunião ontem.

Há muito que os 4 editores/ escritores/ poetas/ vagabundos desse blog não se encontravam. Ontem foi o dia tão esperado. A noite rendeu. Despidos de nosso moralismo barato e surpresos com o nível de intimidade que alcançamos (claro que a caixa de cerveja contribuiu), a reunião foi de Bukowski a Durkheim de uma forma alucinada, passando claro pelo funk do Freud: 'Freud era mó doente/ gostava de cheirar pó/ descobriu o inconsciente comendo a Ana Ó. Ana Ó...Ana Ó...Ana Ó...Ana Ó Freud comeu a Ana Ó'

Abaixo, os melhores momentos, como o abraço de Capilo e Bodão depois que brigaram (quer apostar quanto que Capilo não lembra disso?). Bom, eu também não lembro de muita coisa, mas isso não importa, relevante mesmo são nossos devaneios, as soluções pro mundo que encontramos ontem e a cerevja. O resto é história: não vale nada.



A cornitude é a amplidão da consciência macha
Bodão



Esse cara tava vendendo umas paradas lá. Pagamos uma cachaça pra ele. Hoje, tentei lembrar o nome da figura: Capilo, como era o nome desse cara?
- Ah, lembro que era com M. Marcos? E ele disse usava esse P porque é 'muleque piranha'.

O abraço da reconciliação.


O brinde final.





terça-feira, 13 de maio de 2008

Agenda


Bons debates e exibição do belo filme de Bernardo Bertrolucci, 'Os Sonhadores'. Veja programação aqui.

domingo, 11 de maio de 2008

O primeiro encontro

Havia colocado o celular para despertar quarenta minutos antes do combinado. Era pontual e sempre se orgulhou disso. Calculou que se arrumava em pouco menos de meia hora. Em dez chegava no local do encontro, sem precisar andar muito rápido. Ficavam aí uns 3 minutos para se olhar no espelho e passar na varanda para olhar a rua (sempre fazia isso antes de sair se estivesse tensa ou muito feliz).

Quando o celular tocou sentiu uma leve raiva. Havia conseguido cochilar naquela uma hora depois dos dias de insônia. Mas isso é especulação. Na verdade, ela poderia apenas não querer ir até ele. Ou nada disso. Apenas se irritou com aquele toque irritante:

- Desde que tomou chuva que essa porcaria não liga, não toca direito e toca músicas malucas.

Mudou novamente o toque do telefone. Levantou-se sem pensar em nada, porque certa vez leu que sábio era aquele que vivia sem se perguntar por quê. Não que concordasse com isso, mas a idéia combinava com o momento. Tomou banho, vestiu-se, penteou-se e escovou os dentes. Olhou seu rosto de perto no espelho e por um instante tentou imaginar o que nela havia mudado naqueles anos e o que ele poderia ver de mudança. Rapidamente fechou os olhos e afastou-se do espelho. A idéia de que os sábios não se perguntam voltou à mente e ela voltou a pensar em nada.

De volta ao quarto tentou olhar pouco para o que estava ao redor. Muito do que havia ali faria com que ela caísse na tentação de pensar. Passou seu perfume. Era um bom perfume e a fazia sentir-se segura. Chaves, dinheiro e cartão nos bolsos. Tomou um copo de água e já ia em direção à porta quando lembrou-se de algo. Voltou a passos lentos e parou na varanda. Permitiu-se pensar por alguns segundos, talvez uns dois minutos. Retomou o passo rápido e firme de sempre. As mãos começaram a suar, como de costume. Enxugou-as na calça quando saiu do elevador. Olhou no relógio e havia se atrasado. Andou bem rápido ao encontro dele, sem pensar em nada, enxugando as mãos e por vezes mexendo na orelha (uma mania que tem desde criança). Chegou 5 minutos atrasada e o vê-lo em pé na porta do edifício tentou pensar no que ia dizer. Conteve-se, manteve a decisão de não pensar e seus lábios, sozinhos, disseram:

- Continua pontual.
- Bom ver que você ainda lembra de mim.
- É involuntário. Percebi logo que o exercício de tentar esquecer era em vão.

Ele apenas moveu as sobrancelhas. Cumprimentaram-se e seguiram para a noite que os esperava. Ela sem pensar, ele... Bom, ele é indescritível.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Na hora do expediente

Não nos encontrávamos há muito tempo. Bodão ontem me disse que Faveleiro estaria pelas bandas da Maré e que podíamos tomar uma cerveja. Convenci Capilo a ir trabalhar só por isso. No fim, Faveleiro não apareceu e combinamos de nos ver na terça, num bar em frente a Uerj. Mas eu, Bodão e Capilo não perdemos a viagem. Saímos pra almoçar e aí já era... No fim, a Comunicação ganhou de 5 na sinuca, jogando contra os Direitos Humanos. Bodão meu filho: quem nasceu pra psicólogo, não chega a sinuqueiro. De resto, o expediente hoje rendeu...





Créééuuu

Mesmo para aqueles que não gostam de política, eis aqui um momento memorável que em nada lembra a imunda e inerte politicagem brasileira. Trata-se da resposta dada por Dilma Roussef ao DEMOcrata José Agripino na CPI dos cartões corporativos. A fala é emocionada e concluída de forma brilhante, para não nos deixar esquecer que mesmo a indiferença é uma tomada de posição:

- Eu acredito, senador, que nós estávamos em momento diversos da nossa vida em 70. Eu asseguro para o senhor que eu tinha entre 19 e 21 anos e de fato combati a ditadura.

Como bem disse um amigo no bar ontem, o problema da Dilma é só um: ela é PT.



Leia aqui

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Grande Flamengo...

Pro Bodão, que adora falar do Flamengo, e depois de ontem, merece...

devaneios da madrugada

A insônia deu um descanso, mas voltou por esses dias. O cházinho já não adianta. Daí que ontem, enquanto não dormia, pensava. Nisso, lembrei-me que uma amiga certa vez escreveu uma bela paráfrase de um belo poema do Nicolas Behr. Inspirada nela, escrevi também. Mas não a tenho mais, ela foi escrita em cópia única, como muitas coisas que escrevo. Então comecei a pensar noutra paráfrase, já que conheço bem o poema. Terminei-a agora de manhã.

******************

Eu nasci para ser uma mulher boa

eu nasci para ser uma mulher boa
- faltaram peitos e bunda -

eu nasci para ser uma boa mulher
- sem saber o que venha a ser boa -

eu nasci pra ser filha de muitos pais, para minha sorte
eu nasci para ser uma boa filha, mas meus pais insistem que falta muito para isso: hei de ser mais vaidosa, arrumar um emprego e ficar mais em casa - mentira
eu nasci para ser a melhor das irmãs, pode perguntar pra ‘elas’
eu nasci para ter muitos irmãos que não são de sangue – algo parecido com os muitos pais
eu nasci para tecer teorias, várias, sobre tudo
eu nasci para gostar de falar sobre comunicação, política e futebol, ainda que, na verdade, não entenda de nenhum dos três assuntos
eu nasci para ser palmeirense e chorar na final do mundial de mil novecentos e noventa e nove, sozinha de joelho, ao ver o gol do manchester
eu nasci para chorar, apenas quando não dá pra disfarçar
eu nasci para gostar de raul seixas e acreditar na sociedade alternativa - 'faça o que tu queres pois é tudo da lei'
eu nasci gostar de ler bula de remédio e manual de instruções
eu nasci para gostar de drummond e ser surpreendida pelo leminski
eu nasci para não gostar de usar letras maiúsculas
eu nasci para dizer que se matar é covardia, assim como ser indiferente - mas se não tiver outro jeito, se mata, eu sentirei saudades
eu nasci para gostar de salgado e de suco de acerola com limão
eu nasci pra odiar cafuné, mas implorar por um carinho nas orelhas
eu nasci para gostar de cheirar cabelos e de recordar o perfume de quem eu gosto
eu nasci para não ter medo de dizer – e não cansar de me arrepender e depois desarrepender disso
eu nasci para ser dramática e piegas, fazer o que?
eu nasci para ser forte – e levar isso à risca
eu nasci para não saber dançar e fazê-lo assim mesmo
eu nasci para escutar a mesma música várias vezes, sem enjoar - e irritar os outros com isso
eu nasci pra gostar de música alta, bem alta

eu nasci para gostar de dormir com um braço embaixo do travesseiro e os pés cobertos
eu nasci para gostar de música, poemas, cerveja e bolinhos de bacalhau – se possível, tudo junto
eu nasci para cuidar de quem está ao meu redor
eu nasci para fazer jogo duro quando querem cuidar de mim
eu nasci para desconfiar
eu nasci para confiar também, claro – sempre desconfiando
eu nasci para ser contraditória
– mal das pessoas inteligentes (frase do paulo francis) -
eu nasci para ser parcial, impacinete, grosseira, longe da perfeição e não me orgulhar disso
eu nasci para que eduardo galeano tivesse mais uma jovem leitora sonhadora
eu nasci para perseguir a felicidade, incansavelmente
eu nasci para ser pouco didática – olha a impaciência –, mas generosa, o que as vezes funciona e me faz parecer legal
eu nasci para ser fria
– mentira, é uma máscara -
eu nasci para ser crítica e irônica
eu nasci para não irem com minha cara e para desconstruir isso depois
eu nasci para sentir saudades: dos amigos, das cidades, dos momentos, das gírias e das manias

eu nasci para jogar mal futebol, mas matar uma bola no peito e fazer o gol sem deixar que ela caísse, num jogo histórico em 2003 na cidade de la paz
eu nasci para ser uma baiana sem sotaque e do mundo
eu nasci para amar meus amigos e beijar, abraçar, andar de mãos dadas e dormir junto com eles

eu nasci para morrer, como todo mundo e viver como poucos
eu nasci para ter um menisco fudido e me machucar sempre que jogar futebol
eu nasci para ser míope e ao frazir a testa enxergar além do óbvio
eu nasci para tentar respeitar a todos
eu nasci para acreditar piamente que outro mundo é possível
eu nasci para reparar nos sapatos das pessoas
eu nasci para ler a primeira linha do livro do cara sentado ao lado no metrô
eu nasci para não entender saramago, sacar pouco de filosofia e ter pé atrás com cinema oriental

eu nasci para começar essa paráfrase uma e vinte e dois da madrugada do dia oito de maio de dois mil e oito, deitada na minha cama e admirando meu teto, como tantas vezes nas últimas noites
eu nasci para ter insônia
eu nasci para te impressionar, para te fazer rir e te fazer companhia quando a festa acabar e o povo partir
eu nasci para lançar uma dúvida: se foi o homem que criou deus, quem criou o homem?
eu nasci para acreditar que tudo passa e se você acha que não, eu te convenço disso
eu nasci para entender de nada e de tudo um pouco, como boa jornalista
eu nasci para reconhecer minhas limitações – esse poema não é meu, e a idéia de parafraseá-lo também não
eu nasci para ter histórias fantásticas para tudo – é só saber contar
eu nasci para admirar o jeito que o bodão escreve e tomar umas cervejas com ele
eu nasci para trabalhar com capilo, ser amiga de algumas pessoas e aguentar o daniel ( lembrem-se dani e capilo: quem entra num poema não morre nunca, dizia mário quintana)
eu nasci para sentir dor e desprezá-la
eu nasci para estar lá quando o humor acabar
eu nasci para passar por aqui e seguir para não sei onde, certa que não volto pra te contar

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Quem quiser ler o Behr,
clica aqui

A vida é feita...

... de pequenas alegrias.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Coisas do acaso...

Lincoln foi eleito para o congresso em 1846 e Kennedy, em 1946. Lincoln foi eleito presidente em 1860 e Kennedy, em 1960. Os sobrenomes de ambos tem sete letras, e Lincoln enfrentou uma guerra civil e Kennedy quase enfrentou uma guerra civil por causa do Vietnã. As mulheres de ambos perderam os filhos concebidos na Casa Branca. Os dois foram assassinados com balas na cabeça, ambos numa quarta-feira. A secretária de Lincoln chamava-se Kennedy e a de Kennedy, Lincoln. Ambos foram assassinados por sulistas e sucedidos por sulistas: Andrew Johnson e Lindon Johnson. Andrew nasceu em 1808, e Lindon em 1908. John Wilkes Booth que matou Lincoln nasceu em 1839 e Lee Harwey Oswald, que teria matado Kennedy, nasceu em 1939. Ambos assassinos eram conhecidos pelos três nomes e a soma de cada um dos três dá quinze letras. Lincoln morreu no Teatro Kennedy, e Kennedy num carro Lincoln. John Boot fugiu de um teatro para um celeiro onde foi preso. Lee Oswald fugiu de um depósito para um cinema onde foi preso. Ambos foram assassinados antes do julgamento. Uma semana antes de morrer, Lincoln passava as férias em Monroe, Maryland e uma semana antes de morrer Kennedy passava as férias com a atriz Marylin Monroe.

frase do dia

Uma garota falando pra outra. Ambas aparentavam uns 13 pra 14 anos:

– Ela também foi uma idiota. Não pode tomar anticoncepcional e não usou camisinha!?

E viva a liberdade sexual.

terça-feira, 6 de maio de 2008

BI-CAMPEÃO!!!!! BI-CAMPEÃO!!!!!

OOOOOÔ!!!!!!!!!! CHORA DE NOVO!!!!!!!!!

MAMÃE EU QUERO,
MAMÃE EU QUERO,
MAMÃE EU QUERO MAMAR!!!!

DÁ A CHUPETA,
DÁ A CHUPETA,
DÁ A CHUPETA PRO BEBÊ NÃO CHORAR!!!!!!!!!






domingo, 4 de maio de 2008

Post da madrugada


Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)