quarta-feira, 30 de setembro de 2009

o dia depois de ontem

Sonhei com choro. Muito choro
E nem era choro meu.
Era choro de gente querida.
Acordei e fiquei olhando para a cama ao lado, me recuso a ser a primeira a levantar.
Tomei chuva.
Enxuguei o óculos na manga do casaco.
Ficou embassado.
Aí tirei o óculos.
Gosto de olhar e simplesmente não ver.
E fui da praia de botafogo à avenida brasil assistindo o mundo passar embassado.
No rádio tocava qualquer coisa.
Sentei na cadeira que sento todo dia.
Fiz quae tudo que faço todo dia com pausas para um café.
Escrevi um texto que não gostei.
Muita gente gostou.
É nessas horas que eu me lembro que minha sina é não ser entendida.
Porque todo mundo tem uma sina – isso é uma das verdades da vida que você deve saber.
Almocei sopa de ervilha.
E choveu de novo.
Não dá pra tomar chuva duas vezes no mesmo dia.
Só os fracos são repetitivos.
Desisti do cinema pelo simples fato de que me recuso a sair com guarda-chuva.
Tive que jantar a torta de frango que sobrou do almoço.
Fiz panquecas para o almoço de amanhã.
Adoro fazer minhas próprias panquecas porque encho tanto de recheio que elas nem fecham.
Fiz uma de queijo e presunto e duas de carne.
Estou ansiosa para almoçar amanhã.
Jogo do botafogo.
Enquanto isso vou perdendo horas escolhendo um adesivo para colocar na parede do quarto novo e pensando de que cor vou pintá-la.
No fim, o adesivo do quarto é o fato mais relevante. Todo resto é a burocracia que nos empurram guela abaixo.
Foi assim o dia seguinte ao dia em que eu concretizei de novo o exercício de mudar de casa.
Casa de número nove em 24 invernos.
Vou tomar minhas gotas e sonhar com ela. Sem choro por hoje.

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Não que eu queira ter uma opinião sobre tudo, mas vamos lá: Roman Polanski. Pouco me importa se ele está preso ou não. Veja bem, ele transou com a tal menina e fugiu dos EUA. Quer dizer, tem um processo lá, mano. Não que eu acredite em justiça (nesse tipo de justiça), mas são as regras do jogo. E estamos no jogo. É como se eu dissesse: opa, sou comunista, portanto me recuso a aceitar a propriedade privada. Não rola. O jogo tá aí e nós estamos dentro dele. Aí vem nego e fala que o cara é um bom cineasta e sobreviveu ao holocausto e a mulher foi brutalmente assassinada. E daí? Lamento, Polanski, mas não há lei que diga: se você fizer bons filmes não precisa pagar pelos crimes de estupro. Não tem lógica. O crime do cara é uma coisa, o que ele fez o resto da vida é outra. E tem uma coisa que me irrita também: esse papo de holocausto explicar tudo. Rola meio que uma consciência coletiva de que se o cara é judeu ele pode fazer o que quiser: e nós pagamos eternamente porque os alemães elegeram Hitler DEMOCRATICAMENTE. Eu acho interessante é que essa lógica não se aplica a negros, índios ou curdos.

Veja bem, antes que me achem pelo google e eu seja condenada à fogueira, nada contra judeus. Só acho que o fato de serem vitimados no holocausto não justifica condutas futuras. Como no caso de Polanski. Não é porque o cara sofreu que não merece ser preso. Isso pra mim é meio óbvio. E olha que se fosse eu quem decidisse ele nem iria preso. Acho meio desnecessário. Mas é a lei. E a lei não “pensa”.

Podiam pelo menos pensar em argumentos melhores, do tipo: a mãe da menina a levou e a deixou sozinha numa suíte com o velho que ela tava cansada de saber que era um maluco pervertido? Deviam prender a mãe também, isso sim.

Esse papo de estupro e pedofilia ainda me lembra um papo bom que os ombudsminianos tiveram uma vez. Os pervertidos de um lado, eu e bodão, defendendo que a parada é social – cara, os gregos se comiam loucamente sem importar idade e sexo -, faveleiro do seu lugar de pai (super compreensível) bradando sobre os absurdos de um velho comer uma menininha e capilo… bom, já devia estar dormindo na mesa. Enfim, não vou entrar na questão aqui… mas óh, nem defendo que velhos comam criancinhas. Não mesmo. Pedofilia é crime e eu condeno, register-se.

Um comentário:

Vitor Castro disse...

registardo, mesmo que quase dormindo na mesa aqui...