O mesmo filho da puta, no finzinho do texto, diz que não se irrita propriamente dessas famílias estarem sendo beneficiadas com essa possibilidade de financiar a compra desses aparelhos, mas sim porque essa situação não se sustenta, essa estabilidade é transitória e se esgota com o fim do programa. Defende que o correto seria um investimento maciço na educação básica, uma vez que essa sim seria uma alternativa de mobilidade social concreta e duradoura.
Concordo. Longe de eu ser contra tal proposta de aprimorar o sistema educacional brasileiro. Concordo também com a maior sustentabilidade de um investimento em educação, mas discordo veementemente da prerrogativa antagônica desenvolvida onde ou se desenvolve um programa assistencial ou outro, educacional. Ao contrário, um não funciona sem o outro.
Imagino que o filho desse árabe de araque tenha um excelente computador, viaje para outros países com relativa freqüência, estude línguas, pratique esportes e seja alimentado com o que há do bom e do melhor, com direito a jantares em restaurantes caros, brinquedos de última geração, roupas da moda... imagino que deve ter mais de uma tv em casa, uma de plasma imensa, deve ter acesso a internet banda larga, tv a cabo, vai ao cinema, à praia... obviamente estuda em colégios caros e vai estudar em universidades públicas...
Agora imagina o garoto pobre, que segundo a vontade desse jornalistazinho de merda não deveria ter acesso caseiro a dvds, televisão ou geladeiras mais novinhas – computador então, nem pensar –, janta fora na barraca de açaí ou x-tudo, tem apenas um par de tênis, a polícia entra no seu bairro barbarizando, seu pai vive desempregado, sua mãe é empregada doméstica e se ele pensa que ela vai comprar roupa da moda para ele está muito enganado, se quiser ele que trabalhe e compre com seu dinheiro... Em compensação não paga para ir ao baile ou ao pagode, tem gatonet, joga bola, solta pipa e brinca livremente, sem grades ou muros ou playgrouns cercados... quer dizer, até a polícia invadir a favela e provocar outro tiroteio... semana passada um amigo dele da escola levou um tiro na perna quando ia à padaria e quase foi preso acusado de ser traficante...
Duas realidades tão díspares e tão próximas, retrato abominável da distribuição desigual da riqueza nacional... e o pai do bostinha de cima – porque filho de merda só pode ser bosta – fica revoltado com um programa de governo assistencialista que possibilita uma família apertar aqui, ali, pegar um empréstimo aqui, abrir um crediário ali e poder comprar um fogão melhor, um dvd, uma geladeira...
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Esse mesmíssimo filho da puta há um tempo atrás criticava o PAC porque traria melhorias para as favelas, facilitando a vida dos que moram ali, trazendo saneamento básico, ruas asfaltadas, áreas de lazer... sua revolta era que essa urbanização possibilitaria a expansão da favela com a chegada de novos moradores e novas invasões... quero ver se essa coisa ruim fica puto quando sabe de alguma grilagem de terra feita por algum fazendeiro milionário protegido de uma deputado do demo da bancada ruralista... ou quando algum ricaço invade uma área verde, subornando fiscais e prefeitura para autorizar sua obra...
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olha, eu tenho inúmeras críticas ao governo Lula, mas quando eu abro o jornal e vejo o bombardeio diário orquestrado por pessoas como Ali Kamel, Aluísio Maranhão e companhia, eu acabo achando que algo vai bem... deduzo isso do quanto esta corja está incomodada...
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Ah, só pra lembrar, a idéia do Bolsa Família é minimamente possibilitar uma pequena transferência de renda através da contribuição tributária tendo como mote central a permanência das crianças na escola.
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No fundo, no fundo todo esse auê é parte de uma concepção bem mais ampla, liberal, cuja ideologia se baseia na idéia de que o governo deve dar aos ricos para eles lucrarem horrores e explorarem os pobres, iludirem a classe média que um dia eles também podem chegar lá, até que um dia dividam o bolo, a classe média ganhe uma cerejinha que tinha caído no chão e os pobres fiquem incumbidos de lavar os pratos...
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Indubitavelmente o Bolsa Família tem interesses eleitorais...mas... menos mal...
Sinal que pobre não é burro.
Um comentário:
excelente. li o título do ali kamel e não tive estômago pra ler o texto, pulei pra coluna do xexéu.
a eficácia do bolsa família se traduz em números. é transferência de renda e sendo assistencialista ou não, funcionou. falem oq quiser, mas somos todos beneficiados se a desigualdade social é minimamente atacada.
o rio que separa o filho do ali kamel do garoto que mora no vidigal é cruel, pois a desigualdade traz consequências piores que a pobreza.
falando no filho dele; já tem epitáfio: "porque filho de merda só pode ser bosta"
graande bodão!
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