o ombudsman é minha página inicial da internet. Portanto, toda vez que eu abro a rede dou de cara com o capeta de Caruaru e com a minha última postagem. Menos por falta de assunto e mais por preguiça e vida social intensa, não postava nada há muito tempo - e não aguentava mais ler o título da última postagem.
Mando aqui então uma letra de um samba que eu fiz e tenho cantado sempre que encontro espaço nas festas, churrascos e rodas da vida... Ah!, e nem adianta tentar roubar porque já está devidamente registrado... rsrsrs
TODO ERRADO
Não sei se nasci torto
Ou se entortei ao longo da vida
E renovo a sina,
Em mais uma despedida
Tanto que aprontei, fiz por merecer
Você me agüentou até demais
Hoje faço planos de mudança
Sob o efeito da falta que você me faz
Mas confesso que basta
Uma estrela lá no céu brilhar
A lua até parece me chamar
E eu vou até o sol nascer
Nada nesse caminho vai me desviar
À noite ofereço o meu cantar
Minha alegria de viver
Foi tão ruim te perder
Foi como acordar de um sonho lindo
É um pedaço de mim que vai com você
Parece que estou sumindo
Mas se meus defeitos e virtudes compartilham
De uma mesma raiz
Sei que a fonte da minha tristeza também é
O que me faz feliz (repete estrofe)
E é por isso que basta...
terça-feira, 9 de novembro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
caiu na rede é post!!
acho engraçado determinadas críticas e questões levantadas com relação às redes sociais da internet, facebook, orkut, twitter e demais tramas virtuais. Em alguns aspectos, considero interessantes algumas colocações e problematizações, menos por uma experiência pessoal que encontra eco em postulações de outrem e mais até por imaginar que os riscos indicados possam mesmo ocorrer. Afinal, desse tal de ser humano eu espero qualquer coisa. Eu fico incrívi, como dizia Água da Chuva.
No entanto, tem determinadas críticas repetidas à exaustão, leituras do fenômeno que de tão preconceituosas e generalizadas agridem minha inteligência. Até porque, e aí sim, divergem de minha própria experiência e de relatos de diversos outros amigos reais e virtuais.
Uma crítica recorrente correlaciona intrinsecamente o fenômeno das redes virtuais com uma solidão moderna ou pós-moderna. Ou melhor, como um fenômeno atavicamente ligado ao esfriamento das relações sociais e da solidão gerada por este modo de vida contemporâneo, especialmente nos grandes centros urbanos.
Decerto a existência de redes sociais virtuais caem como uma luva para momentos de solidão, quando necessitamos a presença de alguém, necessitamos comunicar algo e não encontramos ou temos acesso imediato e concreto a esse interlocutor. De fato, as redes cumprem esse papel, muitas vezes até servindo de meio para externar essa solidão e, por vezes, reverberar em outras existências solitárias - conectadas, é claro. Torna-se quase uma forma de terapia, uma via catártica possível, uma maneira de ser escutado sem provocar suspeitas de transtornos mentais ou que a polícia bata à sua porta de madrugada chamada por algum vizinho querendo dormir incomodado com seu falatório tresloucado... mas a experiência virtual não se resume a isso.
No limite, eu diria que a experiência virtual tal como a vida, não se resume a isso ou aquilo, a essa forma de uso ou aquela. Ou melhor, não se resume sem que se perca o que ela tem de mais fundamental e, também diria, belo: sua irredutibilidade exposta pela multiplicidade dos momentos e dos humores relativos a eles.
Via de escape, via de encontro, via de comunicação, uma via: eis como percebo essas redes.
Não consigo crer que a vida hoje em dia seja mais ou menos solitária do que em outros tempos. Os tempos mudam, a experiência de solidão muda, seus contornos e sentidos são outros, assim como as suas formas de apaziguamento e remediação.
Os que coadunam com essa visão geralmente acabam por indicar um recrudescimento da solidão por via do mundo virtual, como se as pessoas passassem a viver num mundo à parte e optam por essa via por perceberem-na mais segura, por poder inventar um eu - ou vários - e assim se expor, não se expondo, ganhar visibilidade na medida em que não são vistos... Tudo bem, concordo, isso é possível, mas é apenas uma forma de navegar pelos bytes virtuais, não a forma por excelência.
Outro dia mesmo estava na porta do Canecão tomando cerveja e conversando com amigos esperando para entrar no show do Hypnotic Brass Ensemble - que eu, na condição de fã, talvez, achei fraco - e do Buraka - que eu adorei!!! - quando um desses meus amigos reais que encontro direto no facebook foi interpelado por uma menina - linda!! - se apresentando como "aquela menina X que é sua amiga do facebook, mas que você não 'conhece'". Rolou uma alegria incrível pelo encontro, houve uma retomada de conversas desenvolvidas na rede social, enfim, houve uma explosão de real somente possível pelo contato virtual anterior.
O virtual dando um plus no real!!! Sensacional!!!
Meu pai mesmo e diversos amigos vivem marcando encontros carnais com pretendentes virtuais via site de relacionamentos, de namoro, sei lá como se chamam. Estou até pensando em aderir para ver qual é... Eles adoram!!
Pois então. É óbvio que existem riscos no uso dessas redes, riscos muitas vezes potencializados pela sua existência, mas que somente vão existir na medida em que a vida real, por assim dizer, estiver sendo condicionada, por fatores internos e externos, a um uso específico dessas redes. E, assim, sem dúvida, pode-se cair num círculo vicioso. Pode se criar uma espécie de compulsão ou adicção, sim, como quase tudo, aliás, pode. Mas também podem gerar novas formas de vivência do cotidiano, podem aproximar e/ou afastar as pessoas, podem intensificar os encontros concretos.
[É engraçado como nos habituamos a pensar o real somente pela via do concreto, do que em nossas fantasias cotidianas acostumamos a rotular como real, ou mais real]
Eu tendo a dizer que o virtual também é real; não é menos ou mais real do que um encontro carnal. É limitado, como são limitados todos os encontros. Porém são outros limites, a falta de cheiro, de gosto, de tato, de relevo. Mas é também real. Diferente, mas real. E pode se esgotar em si mesmo ou avançar para outras formas de experiência, sendo delimitado, como tudo na vida, pelos desejos, sentidos, humores, momentos, distâncias, possibilidades e pelas contingências do acaso.
Enfim...
No mais, o assunto é cabuloso, e eu já estou muito tempo devaneando neste blog... Tem um monte de gente postando no facebook e eu tenho que tuitar ainda uma porção de coisas hoje!!
:)
mas o papo é bom... outra hora eu escrevo mais... aqui ou no face, no twitter, nos blogs alheios, nas mesas de bar, caminhando na praia, fumando um cigarro depois de uma bela trepada, esperando para entrar no Canecão, na fila do supermercado, numa voada no trabalho, quando a gente se ver de novo, ............................................
No entanto, tem determinadas críticas repetidas à exaustão, leituras do fenômeno que de tão preconceituosas e generalizadas agridem minha inteligência. Até porque, e aí sim, divergem de minha própria experiência e de relatos de diversos outros amigos reais e virtuais.
Uma crítica recorrente correlaciona intrinsecamente o fenômeno das redes virtuais com uma solidão moderna ou pós-moderna. Ou melhor, como um fenômeno atavicamente ligado ao esfriamento das relações sociais e da solidão gerada por este modo de vida contemporâneo, especialmente nos grandes centros urbanos.
Decerto a existência de redes sociais virtuais caem como uma luva para momentos de solidão, quando necessitamos a presença de alguém, necessitamos comunicar algo e não encontramos ou temos acesso imediato e concreto a esse interlocutor. De fato, as redes cumprem esse papel, muitas vezes até servindo de meio para externar essa solidão e, por vezes, reverberar em outras existências solitárias - conectadas, é claro. Torna-se quase uma forma de terapia, uma via catártica possível, uma maneira de ser escutado sem provocar suspeitas de transtornos mentais ou que a polícia bata à sua porta de madrugada chamada por algum vizinho querendo dormir incomodado com seu falatório tresloucado... mas a experiência virtual não se resume a isso.
No limite, eu diria que a experiência virtual tal como a vida, não se resume a isso ou aquilo, a essa forma de uso ou aquela. Ou melhor, não se resume sem que se perca o que ela tem de mais fundamental e, também diria, belo: sua irredutibilidade exposta pela multiplicidade dos momentos e dos humores relativos a eles.
Via de escape, via de encontro, via de comunicação, uma via: eis como percebo essas redes.
Não consigo crer que a vida hoje em dia seja mais ou menos solitária do que em outros tempos. Os tempos mudam, a experiência de solidão muda, seus contornos e sentidos são outros, assim como as suas formas de apaziguamento e remediação.
Os que coadunam com essa visão geralmente acabam por indicar um recrudescimento da solidão por via do mundo virtual, como se as pessoas passassem a viver num mundo à parte e optam por essa via por perceberem-na mais segura, por poder inventar um eu - ou vários - e assim se expor, não se expondo, ganhar visibilidade na medida em que não são vistos... Tudo bem, concordo, isso é possível, mas é apenas uma forma de navegar pelos bytes virtuais, não a forma por excelência.
Outro dia mesmo estava na porta do Canecão tomando cerveja e conversando com amigos esperando para entrar no show do Hypnotic Brass Ensemble - que eu, na condição de fã, talvez, achei fraco - e do Buraka - que eu adorei!!! - quando um desses meus amigos reais que encontro direto no facebook foi interpelado por uma menina - linda!! - se apresentando como "aquela menina X que é sua amiga do facebook, mas que você não 'conhece'". Rolou uma alegria incrível pelo encontro, houve uma retomada de conversas desenvolvidas na rede social, enfim, houve uma explosão de real somente possível pelo contato virtual anterior.
O virtual dando um plus no real!!! Sensacional!!!
Meu pai mesmo e diversos amigos vivem marcando encontros carnais com pretendentes virtuais via site de relacionamentos, de namoro, sei lá como se chamam. Estou até pensando em aderir para ver qual é... Eles adoram!!
Pois então. É óbvio que existem riscos no uso dessas redes, riscos muitas vezes potencializados pela sua existência, mas que somente vão existir na medida em que a vida real, por assim dizer, estiver sendo condicionada, por fatores internos e externos, a um uso específico dessas redes. E, assim, sem dúvida, pode-se cair num círculo vicioso. Pode se criar uma espécie de compulsão ou adicção, sim, como quase tudo, aliás, pode. Mas também podem gerar novas formas de vivência do cotidiano, podem aproximar e/ou afastar as pessoas, podem intensificar os encontros concretos.
[É engraçado como nos habituamos a pensar o real somente pela via do concreto, do que em nossas fantasias cotidianas acostumamos a rotular como real, ou mais real]
Eu tendo a dizer que o virtual também é real; não é menos ou mais real do que um encontro carnal. É limitado, como são limitados todos os encontros. Porém são outros limites, a falta de cheiro, de gosto, de tato, de relevo. Mas é também real. Diferente, mas real. E pode se esgotar em si mesmo ou avançar para outras formas de experiência, sendo delimitado, como tudo na vida, pelos desejos, sentidos, humores, momentos, distâncias, possibilidades e pelas contingências do acaso.
Enfim...
No mais, o assunto é cabuloso, e eu já estou muito tempo devaneando neste blog... Tem um monte de gente postando no facebook e eu tenho que tuitar ainda uma porção de coisas hoje!!
:)
mas o papo é bom... outra hora eu escrevo mais... aqui ou no face, no twitter, nos blogs alheios, nas mesas de bar, caminhando na praia, fumando um cigarro depois de uma bela trepada, esperando para entrar no Canecão, na fila do supermercado, numa voada no trabalho, quando a gente se ver de novo, ............................................
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Clecle2222...
... só tenho isso a lhe dizer...
http://www.fgv.br/cps/Pesquisas/miseria_queda_grafico_clicavel/FLASH/
http://www.fgv.br/cps/Pesquisas/miseria_queda_grafico_clicavel/FLASH/
terça-feira, 5 de outubro de 2010
no entanto, entretanto, masssss
Não vou entrar no mérito de julgar as pessoas que votaram na Marina, como tenho visto muita gente fazer. Ficar rotulando e desqualificando as pessoas definitivamente não me parece uma prática digna, democrática, respeitosa. Cada um faz o que quer.
Mas é quase impossível para mim não acreditar que no fundo, no fundo, o eleitorado verde, mesmo os de última hora, esteja traquilo e despreocupado com o que possa acontecer nesse segundo turno. E quem abriu as portas para esse possível retrocesso no país, sem dúvida alguma, é essa turma que acreditou nas bravatas messiânicas de uma candidata que afirma poder fazer tudo diferente na política, e engana seus eleitores com essa falsa ideia de que para mudar um país basta vontade política e ética. Pura bravata que encontra eco em milhões de pessoas desiludidas com a política, indignadas com a corrupção que é inerente, enquanto risco, a qualquer atividade humana que envolva dinheiro, seja ele público ou privado.
É verdade que houve uma onda meio verde de boutique nessa eleição, e daí eu tento me convencer com a ideia de que as pessoas não sabem o que é o PV na verdade, e tal, suas alianças, suas posições, etc. No entanto, o que mais me incomoda é o grau de alienação de alguns discursos pró-Marina pelo fim da corrupção. Houve um redimensionamento e reestrutuação das políticas sociais desse país como nunca houve antes, e muitas pessoas não viram. Ou se viram, se encheram de preconceitos de classe e toupeirices narcisistas de quem olha sempre o próprio umbigo e perderam a noção que um país melhor para os pobres também é um país melhor para todos. A economia se alimenta com a estrutura em classes, se ativa. E se pega um momento como o nosso, com certeza a redução da desigualdade acaba sendo boa também para as classes mais abastadas.
Mas não, a galera não quer abrir mão de sua moralzinha puritana de merda, subornando um policial na esquina, se dando bem em alguma jogada aqui, outra acolá e enchendo o peito para dizer que é contra a corrupção. Resta dizer que é a favor da hipocrisia e, no caso da Marina, da demagogia e do despreparo.
Eu não sou a favor da corrupção, mas entendo também que é um mal que assola todos os países, toda grande instituição, empresa, partido político, e sempre que se junta um grupo de seres humanos e dinheiro, o seu risco é iminente. E qualquer governo do mundo e qualquer oposição do mundo está atenta para os ganhos políticas de um escândalo que envolva atos de corrupção.
Não, não sou um oráculo de sabedoria e nem estou livre de preconceitos de classe e/ou de outra ordem. Entretanto, definitivamente, não consigo entender e apontar as causas dessa estúpida decisão de retroceder o país que parece estar sendo tomada por grande parte dos brasileiros de outra forma senão pela via do preconceito, da mesquinharia e da alienação política. Meu voto não é melhor que o de ninguém. Mas as pessoas fazem cada análise absurda que fica difícil dar crédito ao que pensam.
Agora, pasmem, a Veja, a Folha e o Globo são fontes respeitabilíssimas e tem uma credibilidade acima de qualquer suspeita. Pelo menos sustentam os discursos de uma imensa galera que até ontem falavam mal desses mesmos veículos de comunicação e apontavam com nojo a manipulação do povo exercida pelos mesmos.
Brincadeira...
Quero ver agora...
Nunca vi tanta gente torcendo para um país inteiro se foder porque assim vão se dar bem, pagarão menos impostos, verão o povão se foder e precisar de sua filantropia, e cada vez mais vão comer sardinha e arrotar caviar...
Só quero ver agora...
Mas é quase impossível para mim não acreditar que no fundo, no fundo, o eleitorado verde, mesmo os de última hora, esteja traquilo e despreocupado com o que possa acontecer nesse segundo turno. E quem abriu as portas para esse possível retrocesso no país, sem dúvida alguma, é essa turma que acreditou nas bravatas messiânicas de uma candidata que afirma poder fazer tudo diferente na política, e engana seus eleitores com essa falsa ideia de que para mudar um país basta vontade política e ética. Pura bravata que encontra eco em milhões de pessoas desiludidas com a política, indignadas com a corrupção que é inerente, enquanto risco, a qualquer atividade humana que envolva dinheiro, seja ele público ou privado.
É verdade que houve uma onda meio verde de boutique nessa eleição, e daí eu tento me convencer com a ideia de que as pessoas não sabem o que é o PV na verdade, e tal, suas alianças, suas posições, etc. No entanto, o que mais me incomoda é o grau de alienação de alguns discursos pró-Marina pelo fim da corrupção. Houve um redimensionamento e reestrutuação das políticas sociais desse país como nunca houve antes, e muitas pessoas não viram. Ou se viram, se encheram de preconceitos de classe e toupeirices narcisistas de quem olha sempre o próprio umbigo e perderam a noção que um país melhor para os pobres também é um país melhor para todos. A economia se alimenta com a estrutura em classes, se ativa. E se pega um momento como o nosso, com certeza a redução da desigualdade acaba sendo boa também para as classes mais abastadas.
Mas não, a galera não quer abrir mão de sua moralzinha puritana de merda, subornando um policial na esquina, se dando bem em alguma jogada aqui, outra acolá e enchendo o peito para dizer que é contra a corrupção. Resta dizer que é a favor da hipocrisia e, no caso da Marina, da demagogia e do despreparo.
Eu não sou a favor da corrupção, mas entendo também que é um mal que assola todos os países, toda grande instituição, empresa, partido político, e sempre que se junta um grupo de seres humanos e dinheiro, o seu risco é iminente. E qualquer governo do mundo e qualquer oposição do mundo está atenta para os ganhos políticas de um escândalo que envolva atos de corrupção.
Não, não sou um oráculo de sabedoria e nem estou livre de preconceitos de classe e/ou de outra ordem. Entretanto, definitivamente, não consigo entender e apontar as causas dessa estúpida decisão de retroceder o país que parece estar sendo tomada por grande parte dos brasileiros de outra forma senão pela via do preconceito, da mesquinharia e da alienação política. Meu voto não é melhor que o de ninguém. Mas as pessoas fazem cada análise absurda que fica difícil dar crédito ao que pensam.
Agora, pasmem, a Veja, a Folha e o Globo são fontes respeitabilíssimas e tem uma credibilidade acima de qualquer suspeita. Pelo menos sustentam os discursos de uma imensa galera que até ontem falavam mal desses mesmos veículos de comunicação e apontavam com nojo a manipulação do povo exercida pelos mesmos.
Brincadeira...
Quero ver agora...
Nunca vi tanta gente torcendo para um país inteiro se foder porque assim vão se dar bem, pagarão menos impostos, verão o povão se foder e precisar de sua filantropia, e cada vez mais vão comer sardinha e arrotar caviar...
Só quero ver agora...
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
antes dois comentários anônimos do que um silêncio inominável
Pois então, sem mais delongas nem desabafos desaforados de manhãs dominicais...
Fiquei pensando nessa coisa da comunicação, da minha necessidade de me comunicar, de falar e ser ouvido, de ler comentários, de receber algum retorno das minhas palavras e casos e poemas e tintins e bens e tais... Não à toa estou completamente viciado no facebook. Clube de insones, ilusão gostosa de ser ouvido, sensação de não estar só... Mais do que isso confesso que o mundo virtual tem me fascinado e dado até um plus em minha existência real.
Descobri essas possibilidades da internet há pouco tempo. Ainda não consigo gostar propriamente de alguns mecanismos, como o chat ou bate papo. Não consigo menos pela chance de conversar com pessoas que não vejo há tempos, com outras que vejo com mais frequência ou outras ainda que nem conheço - ainda. Adoro essas possibilidades. Chato é quando vc está conversando com uma pessoa e vem uma enxurrada de outros amigos insones-solitários puxando conversa. Fico sem saber direito o que fazer, não consigo cortar a conversa, ou não responder, ao mesmo tempo em que fico todo enrolado em manter o papo que realmente me interessava... Eu tenho o cromossomo Y... Não consigo dividir minha atenção desse jeito, tal como reza a lenda que as mulheres conseguem fazer com maior facilidade...
A parada é que o facebook tem cumprido um papel interessante. É engraçado me pegar por vezes pensando em guardar uma ideia para postar mais tarde ou mesmo quando não tenho assunto ficar esperando alguém postar algumas palavras, reportagem, artigo de outrem, fotos, vídeos ou ideias que disparem outras verborragias e reflexões, curtições e comentários.
Assim como esse blog cumpriu esse papel durante um tempo.
Chega a ser engraçado pensar que ele começou inclusive a ficar perigoso uma época em que os acessos fugiram do controle e do círculo restrito dos amigos reais permitidos... Mas, bem, deixa isso quieto...
*********
Caso vocês tenham percebido, ou não, o texto acima foi fruto de um exercício quase vazio de escrita e busca de assunto. Fiquei sensibilizado com os comentários anônimos... rindo à toa... e com vontade de brindá-l@s com algumas palavras...
Pois bem, como eu sempre faço quando sinto que a postagem ficou sem sentido, como quem quer lembrar - e mostrar - que um dia já esteve mais inspirado, uma poesia para quebrar o gelo e tomar com whisky...
TEMPORAL
“Caracol é uma solidão que anda na parede”
Manoel de Barros
bromélias exalam mães em silêncio
rosas suspiram suor e vinho
lírios cochicham um cheiro de morte
trevos de quatro gaguejam sorte
as horas deitam matéria no canto dos passarinhos
mulher bêbada tem voz de pernas abertas
as certezas disparam conjecturas
maduras as frutas explicam a gravidade
palavras são lapidadas pelo cinzel do silêncio
a leveza da brisa adorna comidas pesadas
barulho na escada não deixa pegadas
na areia mora um silogismo efêmero
a verdade dorme na traquéia dos sofismas
o mundo é efeito de encantos
os homens são meros macacos vaidosos
ventos inventam distâncias
decerto a pronúncia é sempre incerta
todo absoluto tem sabor relativo
irremediavelmente vivo deitado
mesmo quando caminho
todos os olhares são dúbios
sentidos me tangem
trago em meu corpo o gosto do inefável
na companhia das palavras reconheço-me sozinho
em meu peito cochila um latifúndio
minha atividade predileta é a pecuária dos destinos
na terra que me falta planto vozes
encolho versos em guardanapos nomeados pergaminhos
o melhor de mim é inútil
de cerveja e juventude são feitas as revoluções
dentro de mim se esconde uma gargalhada quando encontro algum profeta
desde menino caiu meu queixo
junto ao vazio torno-me inconsútil
lembranças temperam minhas refeições
dizem as más línguas que eu sou poeta:
deixo que digam
deixo que pensem
deixo que falem
deixo isso pra lá
o que é que tem
o vazio das palavras
é meu também.
Fiquei pensando nessa coisa da comunicação, da minha necessidade de me comunicar, de falar e ser ouvido, de ler comentários, de receber algum retorno das minhas palavras e casos e poemas e tintins e bens e tais... Não à toa estou completamente viciado no facebook. Clube de insones, ilusão gostosa de ser ouvido, sensação de não estar só... Mais do que isso confesso que o mundo virtual tem me fascinado e dado até um plus em minha existência real.
Descobri essas possibilidades da internet há pouco tempo. Ainda não consigo gostar propriamente de alguns mecanismos, como o chat ou bate papo. Não consigo menos pela chance de conversar com pessoas que não vejo há tempos, com outras que vejo com mais frequência ou outras ainda que nem conheço - ainda. Adoro essas possibilidades. Chato é quando vc está conversando com uma pessoa e vem uma enxurrada de outros amigos insones-solitários puxando conversa. Fico sem saber direito o que fazer, não consigo cortar a conversa, ou não responder, ao mesmo tempo em que fico todo enrolado em manter o papo que realmente me interessava... Eu tenho o cromossomo Y... Não consigo dividir minha atenção desse jeito, tal como reza a lenda que as mulheres conseguem fazer com maior facilidade...
A parada é que o facebook tem cumprido um papel interessante. É engraçado me pegar por vezes pensando em guardar uma ideia para postar mais tarde ou mesmo quando não tenho assunto ficar esperando alguém postar algumas palavras, reportagem, artigo de outrem, fotos, vídeos ou ideias que disparem outras verborragias e reflexões, curtições e comentários.
Assim como esse blog cumpriu esse papel durante um tempo.
Chega a ser engraçado pensar que ele começou inclusive a ficar perigoso uma época em que os acessos fugiram do controle e do círculo restrito dos amigos reais permitidos... Mas, bem, deixa isso quieto...
*********
Caso vocês tenham percebido, ou não, o texto acima foi fruto de um exercício quase vazio de escrita e busca de assunto. Fiquei sensibilizado com os comentários anônimos... rindo à toa... e com vontade de brindá-l@s com algumas palavras...
Pois bem, como eu sempre faço quando sinto que a postagem ficou sem sentido, como quem quer lembrar - e mostrar - que um dia já esteve mais inspirado, uma poesia para quebrar o gelo e tomar com whisky...
TEMPORAL
“Caracol é uma solidão que anda na parede”
Manoel de Barros
bromélias exalam mães em silêncio
rosas suspiram suor e vinho
lírios cochicham um cheiro de morte
trevos de quatro gaguejam sorte
as horas deitam matéria no canto dos passarinhos
mulher bêbada tem voz de pernas abertas
as certezas disparam conjecturas
maduras as frutas explicam a gravidade
palavras são lapidadas pelo cinzel do silêncio
a leveza da brisa adorna comidas pesadas
barulho na escada não deixa pegadas
na areia mora um silogismo efêmero
a verdade dorme na traquéia dos sofismas
o mundo é efeito de encantos
os homens são meros macacos vaidosos
ventos inventam distâncias
decerto a pronúncia é sempre incerta
todo absoluto tem sabor relativo
irremediavelmente vivo deitado
mesmo quando caminho
todos os olhares são dúbios
sentidos me tangem
trago em meu corpo o gosto do inefável
na companhia das palavras reconheço-me sozinho
em meu peito cochila um latifúndio
minha atividade predileta é a pecuária dos destinos
na terra que me falta planto vozes
encolho versos em guardanapos nomeados pergaminhos
o melhor de mim é inútil
de cerveja e juventude são feitas as revoluções
dentro de mim se esconde uma gargalhada quando encontro algum profeta
desde menino caiu meu queixo
junto ao vazio torno-me inconsútil
lembranças temperam minhas refeições
dizem as más línguas que eu sou poeta:
deixo que digam
deixo que pensem
deixo que falem
deixo isso pra lá
o que é que tem
o vazio das palavras
é meu também.
domingo, 19 de setembro de 2010
de porque eu não escrevo aqui ultimamente
eu não escrevo para mim mesmo. a concepção do texto, as ideias, a análise do texto obviamente são um exercício solitário, mas é mentira, pelo menos para mim, que seja auto-suficiente. eu não preciso escrever. eu escrevo porque quero comunicar algo com as palavras. escrevo para ser lido. quando não sou lido, ou não me sinto sendo lido, eu não escrevo. não faz sentido.
por isso não tenho escrito aqui ultimamente.
mas, deixa quieto que um dia quem sabe eu acordo com vontade de tocar uma punheta vernacular e ejaculo algo por aqui.
por enquanto, confesso que mesmo essa postagem parece coisa de maluco ou idiota que fica falando sozinho. não faz sentido. e apesar de que quando estou bêbado, o que infelizmente ultimamente tem sido uma saída recorrente, eu possa parecer um maluco ou idiota, eu não sou um maluco nem um idiota.
por isso não tenho escrito aqui ultimamente.
mas, deixa quieto que um dia quem sabe eu acordo com vontade de tocar uma punheta vernacular e ejaculo algo por aqui.
por enquanto, confesso que mesmo essa postagem parece coisa de maluco ou idiota que fica falando sozinho. não faz sentido. e apesar de que quando estou bêbado, o que infelizmente ultimamente tem sido uma saída recorrente, eu possa parecer um maluco ou idiota, eu não sou um maluco nem um idiota.
sábado, 28 de agosto de 2010
meu anjo da guarda deve ser workaholic
minha aventura urbana de ontem à noite, tintim por tintim:
- me emputeço com o trânsito, com a falta de dinheiro e por não ter conseguido ir no back2black, pego o celular, ligo o rádio, ponho meus fones de ouvido e venho andando da Maré, passarela 9 até a Praça XV
- no caminho uns moleques desses bem crescidos passam o rodo numa galera que eu acho que estava caminhando em direção à feira de São Cristóvão. Sinceramente, até agora eu não consigo entender porque eles me olharam e não fizeram nada... eu segui andando em frente, não tinha o que fazer, eles me olharam e apesar de eu estar com fones de ouvido e celular na mão, não fizeram nada, juro, inacreditável.
- paro no Estácio, mais puto ainda por passar em frente ao evento na Leopoldina, tomo duas cervejas, e ao final da segunda, não sei porque nem como, estava ainda com os fones de ouvido e entretido nos meus pensamentos, explode uma porradaria sinistra, garrafas quebrando, mesa voando, chamaram a polícia, um maluquinho que parece que mora numa favelinha nas imediações do sambódromo ficou mal, viu, mal mesmo.
- me dá uma dor de barriga desgraçada e eu tenho que usar um banheiro imundo e quente como o inferno em frente à Alerj, tendo que ouvir ainda brincadeiras e zoações de bêbados mijando.
- chego na Praça XV e descubro que meu riocard não tem saldo suficiente para a barca. As barcas não fazem como os ônibus que deixam vc passar e ficam com seu cartão sem saldo. Explico isso para uma vendedora conhecida de uma daquelas banquinhas em frente à estação das barcas e consigo dinheiro para atravessar a baía.
- obviamente sem dinheiro e imundo nessa caminhada maluca, vou pra casa tomar um banho com esperanças ainda de ir numa festinha na casa de uma amiga em Nikiti. Acabo de tomar banho e tal, eis que minha avó surge numa carreira desembestada apertada para ir no banheiro tadinha e, cara, quase, quase, por muito pouco ela não toma um estabaco feio, parecia uma bolinha de pinball batendo nas paredes.
Conclusão: pânico!! Não consegui sair de casa e fiquei a noite inteira acordado escoltando a véinha...
- dormi um pouco quase nada e acordei rimando...
Hoje de manhã fui dar uma bronca nela, disse que eu sei que ela estava apertada, mas que não pode correr e tem que usar a bengala! (porra!!!!), e ela fica rindo e diz para eu não me preocupar não, que Nossa Senhora não vai deixar ela cair, não...
Puta que pariu, sacanagem não, nessas horas que eu vejo de onde vem minha bravura doida e minha teimosia orgulhosa...
Então, tá bom pra vcs??!!!
Mais um capítulo da série "Bodvéi, bodvéi..." rsrs
- me emputeço com o trânsito, com a falta de dinheiro e por não ter conseguido ir no back2black, pego o celular, ligo o rádio, ponho meus fones de ouvido e venho andando da Maré, passarela 9 até a Praça XV
- no caminho uns moleques desses bem crescidos passam o rodo numa galera que eu acho que estava caminhando em direção à feira de São Cristóvão. Sinceramente, até agora eu não consigo entender porque eles me olharam e não fizeram nada... eu segui andando em frente, não tinha o que fazer, eles me olharam e apesar de eu estar com fones de ouvido e celular na mão, não fizeram nada, juro, inacreditável.
- paro no Estácio, mais puto ainda por passar em frente ao evento na Leopoldina, tomo duas cervejas, e ao final da segunda, não sei porque nem como, estava ainda com os fones de ouvido e entretido nos meus pensamentos, explode uma porradaria sinistra, garrafas quebrando, mesa voando, chamaram a polícia, um maluquinho que parece que mora numa favelinha nas imediações do sambódromo ficou mal, viu, mal mesmo.
- me dá uma dor de barriga desgraçada e eu tenho que usar um banheiro imundo e quente como o inferno em frente à Alerj, tendo que ouvir ainda brincadeiras e zoações de bêbados mijando.
- chego na Praça XV e descubro que meu riocard não tem saldo suficiente para a barca. As barcas não fazem como os ônibus que deixam vc passar e ficam com seu cartão sem saldo. Explico isso para uma vendedora conhecida de uma daquelas banquinhas em frente à estação das barcas e consigo dinheiro para atravessar a baía.
- obviamente sem dinheiro e imundo nessa caminhada maluca, vou pra casa tomar um banho com esperanças ainda de ir numa festinha na casa de uma amiga em Nikiti. Acabo de tomar banho e tal, eis que minha avó surge numa carreira desembestada apertada para ir no banheiro tadinha e, cara, quase, quase, por muito pouco ela não toma um estabaco feio, parecia uma bolinha de pinball batendo nas paredes.
Conclusão: pânico!! Não consegui sair de casa e fiquei a noite inteira acordado escoltando a véinha...
- dormi um pouco quase nada e acordei rimando...
Hoje de manhã fui dar uma bronca nela, disse que eu sei que ela estava apertada, mas que não pode correr e tem que usar a bengala! (porra!!!!), e ela fica rindo e diz para eu não me preocupar não, que Nossa Senhora não vai deixar ela cair, não...
Puta que pariu, sacanagem não, nessas horas que eu vejo de onde vem minha bravura doida e minha teimosia orgulhosa...
Então, tá bom pra vcs??!!!
Mais um capítulo da série "Bodvéi, bodvéi..." rsrs
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
neguinha?
Tem cada coisa que acontece que, puta que pariu, é foda.
Tenho uma amiga do facebook, dessas que são amigas reais de um amigo real e um dia concordam com uma posição ou um comentário virtual seu, se manifesta em seu favor, alguém envia uma solicitação de amizade e se torna uma de suas melhores amigas virtuais. Essa, em especial, eu nutria, ou nutro, sei lá, uma vontade e uma promessa de nos conhecermos no mundão dito real, encontro pelo qual eu alimentava, ou alimento, sei lá - alimento - expectativas eróticas. Nosso amigo real em comum já havia falado à beça dela, como quem joga um super trunfo erótico canalha (pernas, coxas, bumbum, quadril, seios, lábios, etc...rsrs).
Pois bem, essa semana minha querida amiga virtual me postou um texto no facebook dizendo que foi abordada pela pesquisa do censo do IBGE e que, ao ser questionada sobre sua cor e/ou raça, depois de pensar um pouco respondeu cantando em tom de galhofa 'eu sou neguinha', mesmo sendo branca como a neve, mais caucasiana do que a Nicole Kidman - na verdade, seguindo o papo Manderlay, que aliás tem tudo a ver com esse presente texto, ela está mais para Bryce Dallas Howard, a segunda Grace e ou a Dama na Água do Shyamalan...
O pior é que o idiota do rapaz do censo riu da piada e transcreveu-a solenemente, afirmando ainda que ela podia mentir à vontade. Na certa estava rolando um flerte de ambos os lados - além de uma estupidez e alienação inacreditáveis, ainda mais quando se sabe que o dito cujo passou por uma formação de pesquisador...
Porra, cara pálida, para que fazemos um censo, meu Deus do céu?? Para que será que servem suas informações?? Para termos uma ideia estatisticamente construída acerca da sociedade brasileira, seus arranjos, distribuições, configurações e desigualdades.... Para construirmos políticas públicas que dêem conta e superem essas desigualdades, certo?! Então fraudar ou sabotar uma informação no censo é sabotar todo esse processo, concordam??!!
Francamente. Não consegui ficar propriamente puto com ela. Ela me parecia meio ainda sem entender direito o que tinha acontecido, apesar de ter achado bacana, e tal. Fiquei bem mais revoltado de saber o tipo de entrevistador que está realizando essa pesquisa, do seu despreparo ou falta de noção do que está fazendo. Não concorda com a pesquisa, tem suas questões, faça-as ouvir noutro momento, estude, faça um mestrado, sei lá. Ou vai vender pó, vai roubar, vai fazer o que for, menos aplicar questionários do censo.
O pior foram os comentários do tipo: pois é, mandou bem, viva a raça humana, como fazem essa pergunta no Brasil... Como se não houvesse racismo no Brasil, como se a cor da pele não fosse um determinante de uma série de configurações sociais opressoras que milhões de brasileiros vivem, como se a discriminação racial não fosse uma realidade vivida cotidianamente em nosso país. Lamentável.
Há poucos dias escrevi sobre essa ideia de uma democracia racial e de como Caetano Veloso, citando Antônio Cícero, irmão da Marina - Marina Lima, a cantora, por favor - propunha adotar essa postura que considero no mínimo cínica e alienada como um mito propulsor dessa igualdade racial. Como se negar o racismo fosse transformar a sociedade num passe de mágica, como se viver ignorando e impondo uma visão não racista pura e simplesmente corrigisse as desigualdades concernentes ao componente racial na sociedade brasileira. E olha que ele diz não usar droga, hein... Eu que me entupi de ácidos, cogumelos, cocaína, maconha e álcool a vida inteira pareço perceber a realidade de maneira bem mais lúcida. Ou menos cínica e blasé.
Tudo bem, existe toda uma corrente mais elaborada que defende a adoção dessa linha de pensamento na formulação das políticas públicas segundo o argumento de que incluindo o componente cor junto a outras questões sociais você poderia corrigir uma série de desigualdades históricas sem a criação de um objeto específico "cor' ou 'raça' e o isolamento dessa variante. No entanto, o problema é que essa variante já está isolada, esse objeto já foi recortado, e só não vê quem não quer. Apesar da inegável miscigenação, elucidar o que está relacionado ao componente cor e raça não é criar o racismo no Braisl. Muito pelo contrário, é admitir que existe, observar suas consequências nefastas e procurar corrigí-las. Penso assim.
E penso ser triste ver tanta gente negando esse problema, e mais triste ainda ver que são todos brancos, ou predominantemente brancios caucasianos, moradores de bairros nobres da zona sul do Rio de Janeiro. Triste, mas compreensível, é verdade. Tal ideologia só poderia vicejar mesmo nessas localidades. Triste mesmo é o menino pretinho do morro querer ser branco, achar ser preto feio, saber que a polícia pára ele por conta de suas roupas, ethos e cor e ter introjetado goela abaixo essa ideologia perversa. Isso é triste. Isso me causa tristeza.
Já essa galerinha metida a vanguarda do pensamento me dá é nojo.
*******
Mas tudo bem, se houver oportunidade eu bem pego ainda de jeito a Bryce Dallas Howard neguinha entre aspas do facebook... rsrsrs
Tenho uma amiga do facebook, dessas que são amigas reais de um amigo real e um dia concordam com uma posição ou um comentário virtual seu, se manifesta em seu favor, alguém envia uma solicitação de amizade e se torna uma de suas melhores amigas virtuais. Essa, em especial, eu nutria, ou nutro, sei lá, uma vontade e uma promessa de nos conhecermos no mundão dito real, encontro pelo qual eu alimentava, ou alimento, sei lá - alimento - expectativas eróticas. Nosso amigo real em comum já havia falado à beça dela, como quem joga um super trunfo erótico canalha (pernas, coxas, bumbum, quadril, seios, lábios, etc...rsrs).
Pois bem, essa semana minha querida amiga virtual me postou um texto no facebook dizendo que foi abordada pela pesquisa do censo do IBGE e que, ao ser questionada sobre sua cor e/ou raça, depois de pensar um pouco respondeu cantando em tom de galhofa 'eu sou neguinha', mesmo sendo branca como a neve, mais caucasiana do que a Nicole Kidman - na verdade, seguindo o papo Manderlay, que aliás tem tudo a ver com esse presente texto, ela está mais para Bryce Dallas Howard, a segunda Grace e ou a Dama na Água do Shyamalan...
O pior é que o idiota do rapaz do censo riu da piada e transcreveu-a solenemente, afirmando ainda que ela podia mentir à vontade. Na certa estava rolando um flerte de ambos os lados - além de uma estupidez e alienação inacreditáveis, ainda mais quando se sabe que o dito cujo passou por uma formação de pesquisador...
Porra, cara pálida, para que fazemos um censo, meu Deus do céu?? Para que será que servem suas informações?? Para termos uma ideia estatisticamente construída acerca da sociedade brasileira, seus arranjos, distribuições, configurações e desigualdades.... Para construirmos políticas públicas que dêem conta e superem essas desigualdades, certo?! Então fraudar ou sabotar uma informação no censo é sabotar todo esse processo, concordam??!!
Francamente. Não consegui ficar propriamente puto com ela. Ela me parecia meio ainda sem entender direito o que tinha acontecido, apesar de ter achado bacana, e tal. Fiquei bem mais revoltado de saber o tipo de entrevistador que está realizando essa pesquisa, do seu despreparo ou falta de noção do que está fazendo. Não concorda com a pesquisa, tem suas questões, faça-as ouvir noutro momento, estude, faça um mestrado, sei lá. Ou vai vender pó, vai roubar, vai fazer o que for, menos aplicar questionários do censo.
O pior foram os comentários do tipo: pois é, mandou bem, viva a raça humana, como fazem essa pergunta no Brasil... Como se não houvesse racismo no Brasil, como se a cor da pele não fosse um determinante de uma série de configurações sociais opressoras que milhões de brasileiros vivem, como se a discriminação racial não fosse uma realidade vivida cotidianamente em nosso país. Lamentável.
Há poucos dias escrevi sobre essa ideia de uma democracia racial e de como Caetano Veloso, citando Antônio Cícero, irmão da Marina - Marina Lima, a cantora, por favor - propunha adotar essa postura que considero no mínimo cínica e alienada como um mito propulsor dessa igualdade racial. Como se negar o racismo fosse transformar a sociedade num passe de mágica, como se viver ignorando e impondo uma visão não racista pura e simplesmente corrigisse as desigualdades concernentes ao componente racial na sociedade brasileira. E olha que ele diz não usar droga, hein... Eu que me entupi de ácidos, cogumelos, cocaína, maconha e álcool a vida inteira pareço perceber a realidade de maneira bem mais lúcida. Ou menos cínica e blasé.
Tudo bem, existe toda uma corrente mais elaborada que defende a adoção dessa linha de pensamento na formulação das políticas públicas segundo o argumento de que incluindo o componente cor junto a outras questões sociais você poderia corrigir uma série de desigualdades históricas sem a criação de um objeto específico "cor' ou 'raça' e o isolamento dessa variante. No entanto, o problema é que essa variante já está isolada, esse objeto já foi recortado, e só não vê quem não quer. Apesar da inegável miscigenação, elucidar o que está relacionado ao componente cor e raça não é criar o racismo no Braisl. Muito pelo contrário, é admitir que existe, observar suas consequências nefastas e procurar corrigí-las. Penso assim.
E penso ser triste ver tanta gente negando esse problema, e mais triste ainda ver que são todos brancos, ou predominantemente brancios caucasianos, moradores de bairros nobres da zona sul do Rio de Janeiro. Triste, mas compreensível, é verdade. Tal ideologia só poderia vicejar mesmo nessas localidades. Triste mesmo é o menino pretinho do morro querer ser branco, achar ser preto feio, saber que a polícia pára ele por conta de suas roupas, ethos e cor e ter introjetado goela abaixo essa ideologia perversa. Isso é triste. Isso me causa tristeza.
Já essa galerinha metida a vanguarda do pensamento me dá é nojo.
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Mas tudo bem, se houver oportunidade eu bem pego ainda de jeito a Bryce Dallas Howard neguinha entre aspas do facebook... rsrsrs
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Anteontem participei de um programa de televisão representando o Observatório de Favelas, onde trabalho. Fui pego de surpresa, estava no ônibus a caminho da Maré quando fui avisado que deveria participar desse programa.
Depois de me perder na Fiocruz e chegar em cima da hora todo suado, descobri que o programa se desenvolvia como um bate papo informal, a partir de provocações do apresentador.
Como sempre a coisa toda ocorre em três momentos distintos:
1 - stress pré-set de filmagens; esse momento é quando procuro antecipar todas as gafes possíveis e elaborar a minha fala grifando mentalmente o que não posso esquecer de falar e como. Esse momento, confesso, já está mais tranquilo para mim. Primeiro porque já não é a primeira vez que participo de um programa de TV ou de falar em público em geral. Em segundo lugar, confesso, lembro de Amana que me dizia com uma tranquilidade sincera que tudo daria certo, que eu sei falar bem em público e sempre mando bem nesses momentos, apesar do nervosismo antes da realização dos eventos.
2 - o programa propriamente dito que se divide entre o momento em que o apresentador combina em off o que irá perguntar; quando o programa começa e ele faz uma outra pergunta qualquer que só na cabeça dele tem alguma coisa a ver com a pergunta combinada em off; e os momentos em que o apresentador traduz o que eu falo da maneira que ele entendeu e eu obviamente discordo ou faço pequenas correções ao vivo e/ou ainda respondo com com um "mais ou menos" que o deixa meio constrangido mas ele disfarça, e por aí vai...
aliás é muito engraçada a forma como alguns apresentadores fazem perguntas longuíssimas, verborrágicas e sem sentido... aí fica aquele silêncio, ele com a expressão de "e então?"e eu com a expressão gritante de "puta que o pariu, o que que você quis dizer filho (a) da puta??"... Mas sempre acaba dando certo mesmo... O negócio é sair falando e responder o que você quiser e foda-se a pergunta...
3 - stress obsessivo pós-evento; o momento mais difícil. É quando eu fico reconstituindo mentalmente as respostas, investigando minhas falas para saber se eu fui bem, se não falei besteira, se não fui contra algum posicionamento institucional, etc.
E como sofro de ideias fixas, esse é o momento em que ainda me encontro e que motivou esse texto e motivará nalgum momento quase todas minhas conversas dos próximos dias...
*****
Não aguento mais ouvir as pessoas reclamendo do frio. Eu não reclamo, pelo contrário, acho que tem seus problemas, ir ao banheiro é uma merda, sair da cama, acordar cedo, trepar exige outra dinâmica, a garganta fica ruim e tal...
Eu estou gostando do friozinho, esse lapso de inverno carioca. É uma oportunidade de usar meus casacos que já estavam embolorando, posso beber café sem ficar suando horrores, chocolate quente, misto quente, sopa pelando, chego no trabalho arrumadinho, pego sol na rua numa boa, tomo vinhozinho, fico mais caseiro... tudo bem, ficar caseiro é mentira... mas o frio acaba remetendo a prazeres mais apropriados para os espaços fechados mesmo, mais aquecidos e tal.
Corre o risco de ficar meio afrescalhado, usar cachecóis e achar que está em Paris e ficar falando de Zizek, cinema europeu e existencialismos de botequim, mas nada que uma ida ao Barroquinho e uma dose de gengibre num botequim vagabundo do centro da cidade não cure...
Aposto que esse povo é o primeiro a reclamar do calor, da urgência do ar condicionado, da merda que é viver ensopado de suor e de como é ruim ficar já todo suado logo após acabar o banho... a galera gosta mesmo é de reclamar...
******
O que me fez lembrar Raul...
Depois de me perder na Fiocruz e chegar em cima da hora todo suado, descobri que o programa se desenvolvia como um bate papo informal, a partir de provocações do apresentador.
Como sempre a coisa toda ocorre em três momentos distintos:
1 - stress pré-set de filmagens; esse momento é quando procuro antecipar todas as gafes possíveis e elaborar a minha fala grifando mentalmente o que não posso esquecer de falar e como. Esse momento, confesso, já está mais tranquilo para mim. Primeiro porque já não é a primeira vez que participo de um programa de TV ou de falar em público em geral. Em segundo lugar, confesso, lembro de Amana que me dizia com uma tranquilidade sincera que tudo daria certo, que eu sei falar bem em público e sempre mando bem nesses momentos, apesar do nervosismo antes da realização dos eventos.
2 - o programa propriamente dito que se divide entre o momento em que o apresentador combina em off o que irá perguntar; quando o programa começa e ele faz uma outra pergunta qualquer que só na cabeça dele tem alguma coisa a ver com a pergunta combinada em off; e os momentos em que o apresentador traduz o que eu falo da maneira que ele entendeu e eu obviamente discordo ou faço pequenas correções ao vivo e/ou ainda respondo com com um "mais ou menos" que o deixa meio constrangido mas ele disfarça, e por aí vai...
aliás é muito engraçada a forma como alguns apresentadores fazem perguntas longuíssimas, verborrágicas e sem sentido... aí fica aquele silêncio, ele com a expressão de "e então?"e eu com a expressão gritante de "puta que o pariu, o que que você quis dizer filho (a) da puta??"... Mas sempre acaba dando certo mesmo... O negócio é sair falando e responder o que você quiser e foda-se a pergunta...
3 - stress obsessivo pós-evento; o momento mais difícil. É quando eu fico reconstituindo mentalmente as respostas, investigando minhas falas para saber se eu fui bem, se não falei besteira, se não fui contra algum posicionamento institucional, etc.
E como sofro de ideias fixas, esse é o momento em que ainda me encontro e que motivou esse texto e motivará nalgum momento quase todas minhas conversas dos próximos dias...
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Não aguento mais ouvir as pessoas reclamendo do frio. Eu não reclamo, pelo contrário, acho que tem seus problemas, ir ao banheiro é uma merda, sair da cama, acordar cedo, trepar exige outra dinâmica, a garganta fica ruim e tal...
Eu estou gostando do friozinho, esse lapso de inverno carioca. É uma oportunidade de usar meus casacos que já estavam embolorando, posso beber café sem ficar suando horrores, chocolate quente, misto quente, sopa pelando, chego no trabalho arrumadinho, pego sol na rua numa boa, tomo vinhozinho, fico mais caseiro... tudo bem, ficar caseiro é mentira... mas o frio acaba remetendo a prazeres mais apropriados para os espaços fechados mesmo, mais aquecidos e tal.
Corre o risco de ficar meio afrescalhado, usar cachecóis e achar que está em Paris e ficar falando de Zizek, cinema europeu e existencialismos de botequim, mas nada que uma ida ao Barroquinho e uma dose de gengibre num botequim vagabundo do centro da cidade não cure...
Aposto que esse povo é o primeiro a reclamar do calor, da urgência do ar condicionado, da merda que é viver ensopado de suor e de como é ruim ficar já todo suado logo após acabar o banho... a galera gosta mesmo é de reclamar...
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O que me fez lembrar Raul...
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Depoimentos e versos
Hoje tive que tomar uma decisão chata para mim. Ou melhor, ratifiquei uma decisão e movimento já tomados pelos outros antigos colaboradores desse blog em mais uma tentativa de ressurreição. Removi suas entradas como colaboradores.
Faveleiro e Capilo já haviam manifestado sua falta de assunto e de ânimo para escrever aqui. Clementina, talvez sua mais frequente colaboradora, nos abandonou por motivos que não cabem ser discutidos publicamente, apesar de já estarem amarelecidos pelo efeito do tempo e devidamente resolvidos e assentados. Pelo menos, creio eu.
Pois é... sobrou o bode véio que aqui vos fala.
Prometo colaborar com a assiduidade que a vida louca me permitir e que nossa ligação será infinita enquanto dure, parodiando o grande poetinha...
Reclamações e comentários me acusando de tirano virtual serão bem vindos. O silêncio dos 'excluídos' (seria melhor dizer auto-excluídos) somente irá corroborar o acerto de meu gesto.
******
Quinta passada participei de um evento histórico, um ato em favor da devolução ou reabertura do espaço cultural da Cantareira para a população de Niterói. Fora a importância desse ato-show, foi uma oportunidade rara de encontrar velhas amizades de dez, vinte anos. Uns com mais barriga, outros com menos cabelos, uns grisalhos, outros cada vez mais pirados, enfim, sensacional.
Toquei no Bloco do Vigário. Ou melhor, enganei tocando caixa no Bloco do Vigário. Eu tinha bebido e fumado tanto, empolgado e eufórico com os incessantes e festejados encontros que quando fui tocar meus braços já não me obedeciam e foi foda pra segurar a pressão. A molecada do bloco é foda, todos cascudos de baterias de escolas de samba. No entanto, fui raçudo, não cedi e lutei até o final... Ainda que com muitos knock downs, deu pra ganhar até moral com a galera... rsrs
Uma coisa engraçada, ou nem tanto, é a galera que me pergunta o que houve comigo que estou tão gordo, e tal. Engraçado, ou nem tanto, porque se tratam de pessoas que me conhecem há muito tempo e já me viram até mais gordo do que estou agora. Lamento a forma como hoje em dia as pessoas tratam os pesos a mais como uma aberração física, quase uma deformação de caráter.
Minha vontade é mandar todos que me vem com esse blá, blá, blá pra puta que pariu. Mas relevo, brinco, finjo que não é comigo e somente me exalto ou saio fora se a pessoa insistir, me mandar fazer dieta, me cuidar ou qualquer outra bosta dessa. O pior é que eu sei que no fundo a intenção é boa...
Bom, como bem sei que de boas intenções o inferno já está cheio, eu quero mais é que vão todos à merda, pra casa do caralho e que fiquem bem gordos ou que sejam precocemente proibidos de comer e beber o que gostam... e, claro, que obedeçam...
*****
Uma poesia pra não perder o hábito... a segunda parte eu postei recentemente no facebook:
Uma doideira assim qualquer sem nome
Há momentos
em que o som
da minha respiração
ensurdece e atrapalha
o pensamento
Noutros
a ventania enfurecida das idéias
varre de mim
minhas lembranças mais alertas
Nado
num mar calmo
de onde não concebo
planos
metas
tarefas
contas
datas
senhas
limites
Gosto assim
quando me esqueço de mim
e penso que mereço
bem mais
do que cabe no pensamento
Se o devaneio só existe
fora do encadeamento
racional cotidiano
– vivo em fuga!!
e acho no barato que me dá
um barato
essa ausência
O espaço
onde não respiro
é ensurdecedor
ao pensamento
que é todo em si sem nome:
nem meu
nem seu
nem nosso...
Longe
outro
estranho
de outro
abstrato
endereço
me olha
no espelho
ao avesso
– gosto quando acordo
e não me reconheço.
****
Há uma mulher deitada
ao meu lado
ronronando
um ronronar tão belo
num corpo em curvas
...de violoncelo
Suas nádegas redondas
macias e pedintes
gritam por carinho
- e eu faço...
A mulher desperta
serpenteando
sua volúpia matinal
e pronuncia meu nome
enquanto afaga meu corpo
É estranho quando acordo
e não reconheço
onde deito
- mas é muito bom acordar
e lembrar de tudo
desse jeito...
Faveleiro e Capilo já haviam manifestado sua falta de assunto e de ânimo para escrever aqui. Clementina, talvez sua mais frequente colaboradora, nos abandonou por motivos que não cabem ser discutidos publicamente, apesar de já estarem amarelecidos pelo efeito do tempo e devidamente resolvidos e assentados. Pelo menos, creio eu.
Pois é... sobrou o bode véio que aqui vos fala.
Prometo colaborar com a assiduidade que a vida louca me permitir e que nossa ligação será infinita enquanto dure, parodiando o grande poetinha...
Reclamações e comentários me acusando de tirano virtual serão bem vindos. O silêncio dos 'excluídos' (seria melhor dizer auto-excluídos) somente irá corroborar o acerto de meu gesto.
******
Quinta passada participei de um evento histórico, um ato em favor da devolução ou reabertura do espaço cultural da Cantareira para a população de Niterói. Fora a importância desse ato-show, foi uma oportunidade rara de encontrar velhas amizades de dez, vinte anos. Uns com mais barriga, outros com menos cabelos, uns grisalhos, outros cada vez mais pirados, enfim, sensacional.
Toquei no Bloco do Vigário. Ou melhor, enganei tocando caixa no Bloco do Vigário. Eu tinha bebido e fumado tanto, empolgado e eufórico com os incessantes e festejados encontros que quando fui tocar meus braços já não me obedeciam e foi foda pra segurar a pressão. A molecada do bloco é foda, todos cascudos de baterias de escolas de samba. No entanto, fui raçudo, não cedi e lutei até o final... Ainda que com muitos knock downs, deu pra ganhar até moral com a galera... rsrs
Uma coisa engraçada, ou nem tanto, é a galera que me pergunta o que houve comigo que estou tão gordo, e tal. Engraçado, ou nem tanto, porque se tratam de pessoas que me conhecem há muito tempo e já me viram até mais gordo do que estou agora. Lamento a forma como hoje em dia as pessoas tratam os pesos a mais como uma aberração física, quase uma deformação de caráter.
Minha vontade é mandar todos que me vem com esse blá, blá, blá pra puta que pariu. Mas relevo, brinco, finjo que não é comigo e somente me exalto ou saio fora se a pessoa insistir, me mandar fazer dieta, me cuidar ou qualquer outra bosta dessa. O pior é que eu sei que no fundo a intenção é boa...
Bom, como bem sei que de boas intenções o inferno já está cheio, eu quero mais é que vão todos à merda, pra casa do caralho e que fiquem bem gordos ou que sejam precocemente proibidos de comer e beber o que gostam... e, claro, que obedeçam...
*****
Uma poesia pra não perder o hábito... a segunda parte eu postei recentemente no facebook:
Uma doideira assim qualquer sem nome
Há momentos
em que o som
da minha respiração
ensurdece e atrapalha
o pensamento
Noutros
a ventania enfurecida das idéias
varre de mim
minhas lembranças mais alertas
Nado
num mar calmo
de onde não concebo
planos
metas
tarefas
contas
datas
senhas
limites
Gosto assim
quando me esqueço de mim
e penso que mereço
bem mais
do que cabe no pensamento
Se o devaneio só existe
fora do encadeamento
racional cotidiano
– vivo em fuga!!
e acho no barato que me dá
um barato
essa ausência
O espaço
onde não respiro
é ensurdecedor
ao pensamento
que é todo em si sem nome:
nem meu
nem seu
nem nosso...
Longe
outro
estranho
de outro
abstrato
endereço
me olha
no espelho
ao avesso
– gosto quando acordo
e não me reconheço.
****
Há uma mulher deitada
ao meu lado
ronronando
um ronronar tão belo
num corpo em curvas
...de violoncelo
Suas nádegas redondas
macias e pedintes
gritam por carinho
- e eu faço...
A mulher desperta
serpenteando
sua volúpia matinal
e pronuncia meu nome
enquanto afaga meu corpo
É estranho quando acordo
e não reconheço
onde deito
- mas é muito bom acordar
e lembrar de tudo
desse jeito...
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