Pois então, sem mais delongas nem desabafos desaforados de manhãs dominicais...
Fiquei pensando nessa coisa da comunicação, da minha necessidade de me comunicar, de falar e ser ouvido, de ler comentários, de receber algum retorno das minhas palavras e casos e poemas e tintins e bens e tais... Não à toa estou completamente viciado no facebook. Clube de insones, ilusão gostosa de ser ouvido, sensação de não estar só... Mais do que isso confesso que o mundo virtual tem me fascinado e dado até um plus em minha existência real.
Descobri essas possibilidades da internet há pouco tempo. Ainda não consigo gostar propriamente de alguns mecanismos, como o chat ou bate papo. Não consigo menos pela chance de conversar com pessoas que não vejo há tempos, com outras que vejo com mais frequência ou outras ainda que nem conheço - ainda. Adoro essas possibilidades. Chato é quando vc está conversando com uma pessoa e vem uma enxurrada de outros amigos insones-solitários puxando conversa. Fico sem saber direito o que fazer, não consigo cortar a conversa, ou não responder, ao mesmo tempo em que fico todo enrolado em manter o papo que realmente me interessava... Eu tenho o cromossomo Y... Não consigo dividir minha atenção desse jeito, tal como reza a lenda que as mulheres conseguem fazer com maior facilidade...
A parada é que o facebook tem cumprido um papel interessante. É engraçado me pegar por vezes pensando em guardar uma ideia para postar mais tarde ou mesmo quando não tenho assunto ficar esperando alguém postar algumas palavras, reportagem, artigo de outrem, fotos, vídeos ou ideias que disparem outras verborragias e reflexões, curtições e comentários.
Assim como esse blog cumpriu esse papel durante um tempo.
Chega a ser engraçado pensar que ele começou inclusive a ficar perigoso uma época em que os acessos fugiram do controle e do círculo restrito dos amigos reais permitidos... Mas, bem, deixa isso quieto...
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Caso vocês tenham percebido, ou não, o texto acima foi fruto de um exercício quase vazio de escrita e busca de assunto. Fiquei sensibilizado com os comentários anônimos... rindo à toa... e com vontade de brindá-l@s com algumas palavras...
Pois bem, como eu sempre faço quando sinto que a postagem ficou sem sentido, como quem quer lembrar - e mostrar - que um dia já esteve mais inspirado, uma poesia para quebrar o gelo e tomar com whisky...
TEMPORAL
“Caracol é uma solidão que anda na parede”
Manoel de Barros
bromélias exalam mães em silêncio
rosas suspiram suor e vinho
lírios cochicham um cheiro de morte
trevos de quatro gaguejam sorte
as horas deitam matéria no canto dos passarinhos
mulher bêbada tem voz de pernas abertas
as certezas disparam conjecturas
maduras as frutas explicam a gravidade
palavras são lapidadas pelo cinzel do silêncio
a leveza da brisa adorna comidas pesadas
barulho na escada não deixa pegadas
na areia mora um silogismo efêmero
a verdade dorme na traquéia dos sofismas
o mundo é efeito de encantos
os homens são meros macacos vaidosos
ventos inventam distâncias
decerto a pronúncia é sempre incerta
todo absoluto tem sabor relativo
irremediavelmente vivo deitado
mesmo quando caminho
todos os olhares são dúbios
sentidos me tangem
trago em meu corpo o gosto do inefável
na companhia das palavras reconheço-me sozinho
em meu peito cochila um latifúndio
minha atividade predileta é a pecuária dos destinos
na terra que me falta planto vozes
encolho versos em guardanapos nomeados pergaminhos
o melhor de mim é inútil
de cerveja e juventude são feitas as revoluções
dentro de mim se esconde uma gargalhada quando encontro algum profeta
desde menino caiu meu queixo
junto ao vazio torno-me inconsútil
lembranças temperam minhas refeições
dizem as más línguas que eu sou poeta:
deixo que digam
deixo que pensem
deixo que falem
deixo isso pra lá
o que é que tem
o vazio das palavras
é meu também.
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2 comentários:
minha leitura é atrapalhada pela fonte amarela, que no reader aparece no fundo branco. perdi o hábito de abrir sites para ler o que atrapalha os comentários tbm, pq lá não dá pra postar.
mas tou sempre aqui, pq eh um prazer ler oq vc escreve...
Parecer "maluco" é um dos teus charmes. Mas idiota nunca te pensei. Eu, uma anônima, antônima, pseudônima, que, ainda que tímida, sempre te segue.
"Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão."
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