terça-feira, 17 de agosto de 2010

Depoimentos e versos

Hoje tive que tomar uma decisão chata para mim. Ou melhor, ratifiquei uma decisão e movimento já tomados pelos outros antigos colaboradores desse blog em mais uma tentativa de ressurreição. Removi suas entradas como colaboradores.

Faveleiro e Capilo já haviam manifestado sua falta de assunto e de ânimo para escrever aqui. Clementina, talvez sua mais frequente colaboradora, nos abandonou por motivos que não cabem ser discutidos publicamente, apesar de já estarem amarelecidos pelo efeito do tempo e devidamente resolvidos e assentados. Pelo menos, creio eu.

Pois é... sobrou o bode véio que aqui vos fala.

Prometo colaborar com a assiduidade que a vida louca me permitir e que nossa ligação será infinita enquanto dure, parodiando o grande poetinha...

Reclamações e comentários me acusando de tirano virtual serão bem vindos. O silêncio dos 'excluídos' (seria melhor dizer auto-excluídos) somente irá corroborar o acerto de meu gesto.

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Quinta passada participei de um evento histórico, um ato em favor da devolução ou reabertura do espaço cultural da Cantareira para a população de Niterói. Fora a importância desse ato-show, foi uma oportunidade rara de encontrar velhas amizades de dez, vinte anos. Uns com mais barriga, outros com menos cabelos, uns grisalhos, outros cada vez mais pirados, enfim, sensacional.













Toquei no Bloco do Vigário. Ou melhor, enganei tocando caixa no Bloco do Vigário. Eu tinha bebido e fumado tanto, empolgado e eufórico com os incessantes e festejados encontros que quando fui tocar meus braços já não me obedeciam e foi foda pra segurar a pressão. A molecada do bloco é foda, todos cascudos de baterias de escolas de samba. No entanto, fui raçudo, não cedi e lutei até o final... Ainda que com muitos knock downs, deu pra ganhar até moral com a galera... rsrs

Uma coisa engraçada, ou nem tanto, é a galera que me pergunta o que houve comigo que estou tão gordo, e tal. Engraçado, ou nem tanto, porque se tratam de pessoas que me conhecem há muito tempo e já me viram até mais gordo do que estou agora. Lamento a forma como hoje em dia as pessoas tratam os pesos a mais como uma aberração física, quase uma deformação de caráter.

Minha vontade é mandar todos que me vem com esse blá, blá, blá pra puta que pariu. Mas relevo, brinco, finjo que não é comigo e somente me exalto ou saio fora se a pessoa insistir, me mandar fazer dieta, me cuidar ou qualquer outra bosta dessa. O pior é que eu sei que no fundo a intenção é boa...

Bom, como bem sei que de boas intenções o inferno já está cheio, eu quero mais é que vão todos à merda, pra casa do caralho e que fiquem bem gordos ou que sejam precocemente proibidos de comer e beber o que gostam... e, claro, que obedeçam...

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Uma poesia pra não perder o hábito... a segunda parte eu postei recentemente no facebook:

Uma doideira assim qualquer sem nome

Há momentos
em que o som
da minha respiração
ensurdece e atrapalha
o pensamento

Noutros

a ventania enfurecida das idéias
varre de mim
minhas lembranças mais alertas

Nado
num mar calmo
de onde não concebo
planos
metas
tarefas
contas
datas
senhas
limites


Gosto assim
quando me esqueço de mim
e penso que mereço
bem mais
do que cabe no pensamento

Se o devaneio só existe
fora do encadeamento
racional cotidiano
– vivo em fuga!!
e acho no barato que me dá
um barato
essa ausência

O espaço
onde não respiro
é ensurdecedor
ao pensamento

que é todo em si sem nome:

nem meu

nem seu

nem nosso...


Longe
outro
estranho
de outro
abstrato
endereço
me olha
no espelho
ao avesso

– gosto quando acordo
e não me reconheço.

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Há uma mulher deitada
ao meu lado
ronronando
um ronronar tão belo
num corpo em curvas
...de violoncelo

Suas nádegas redondas
macias e pedintes
gritam por carinho
- e eu faço...

A mulher desperta
serpenteando
sua volúpia matinal
e pronuncia meu nome
enquanto afaga meu corpo

É estranho quando acordo
e não reconheço
onde deito
- mas é muito bom acordar
e lembrar de tudo
desse jeito...

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