terça-feira, 30 de dezembro de 2008

acabo de postar e vejo ao lado que há três pessoas nesse momento no blog.

dá uma curiosidade de saber quem são...

samba e amor


'Samba e amor' de Chico Buarque.




É verdade que ela faz samba e amor até mais tarde. Às vezes até de manhã. Sejamos sinceros, no entanto, pois é bem verdade que ela faz amor melhor do que samba – mas os faz até mais tarde. E samba e amor até mais tarde, claro, dão muito sono de manhã. Sono de tarde e acreditem: sono até de noite. É um cansaço só.


É verdade que ela faz samba e amor até a hora em que os trabalhadores rumam para a lide diária; faz samba e amor no fluxo e no contra-fluxo - o trânsito nunca está a seu favor; faz samba e amor até cansar e só conseguir se espreguiçar.

É verdade, também, que ela não sabe tocar violão e anda só por aí. Mas faz samba e amor a noite inteira, pois um colo não lhe falta e o tocador de mp3 nunca falha. Ela faz samba com os olhos, os dedos e o pé nervoso. Faz amor com as mãos, com o peito e um cobertor. Ela faz samba e amor sem pressa, ainda que na pressa leve seu samba e seus amores. É verdade que ela faz samba e amor sem hora pra acabar e dorme a caminho do trabalho de manhã.

É verdade...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Uma vez FLAMENGO!!!, sempre FLAMENGO!!!

Ontem assisti a uma entrevista (nunca sei ao certo qual assistir que pede preposição) com o jornalista e biógrafo Ruy Castro, notório flamenguista, num programa do Sportv. Como não poderia deixar de ser, grande parte do programa girou em torno da paixão do debatedor convidado pelo Flamengo, assim como, de modo geral, uma análise das diversas torcidas e suas ‘personalidades’.

Como sempre, a caracterização do rubronegro trouxe alguns clichês como fanfarrão, narcisista, arrogante, do povão, torcida de marginais, etc.

Ruy desconstruiu alguns desses clichês com argumentos que concordo, compartilho e reproduzo abaixo.

Primeiro, o emblema de time do povão. Segundo Ruy, a paixão pelo Flamengo chega a ser mais abrangente do que parece, uma vez que não somente nas classes C e D, o urubu é maioria, mas também nas classes A e B. Não sei se esta informação é mesmo correta, mas acredito ser, apesar da fonte não ser nem um pouco isenta.

Segundo, a fama de arrogante. Eu sempre ‘concordei discordando’ dessa faceta, constantemente apontada pela torcida arco-íris. Aliás, é o que serve de desculpa descarada para a covarde união de todas as outras torcidas quando o Flamengo joga.

Ruy refutou essa idéia com um argumento interessante e especialmente compreensível para quem vê o mundo em preto e vermelho.

Segundo ele, o flamenguista é excessiva e irremediavelmente otimista. Quem é que nunca sentiu a euforia desvairada que toma a arquibancada, a energia coletiva e tribal daquela massa humana, sempre superior à torcida adversária...

Saca transtorno bipolar... pois então, o flamenguista, principalmente no Maracanã, vive num constante estado maníaco, eufórico, apaixonado e desvairado.

E assim como o maníaco perde o controle, tem idéias e comportamentos extravagantes, uma vitória que seja já ilumina delírios libertadores e fantasias japonesas... O rubronegro vive num eterno projeto Tóquio.

Terceiro, a paixão narcisista da torcida do Flamengo pela torcida do Flamengo.

Aí não tem como refutar mesmo: nós nos amamos!!!

O Maracanã é como a superfície cristalina de um lago em que nos vemos vivos em estado natural!!!! Mais do que o clube, que aliás vive um período mais ou menos, assim como todo o futebol carioca, a torcida se retroalimenta e reproduz. É a torcida do Flamengo que conquista novos torcedores mais até que o clube – apesar do Flamengo ter um histórico de muitas conquistas e estar sempre disputando títulos. De longe, o clube carioca que detém mais títulos e conquistas!!!!

E as outras torcidas odeiam essa confiança maníaca, soberba desvairada, paixão narcisista e incontrolável por uma torcida que não pára de cantar um segundo!!!!

Sabe o que é isso????

Inveja...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

já 'foi' natal na...

Acabou o milho, acabou a pipoca. E passou o natal. Agora só falta o ano novo. Os filmes de neve, a felicidade forçada do dia 25, as passas no arroz e todo o espetáculo circense ocidental-cristão, chegaram ao fim. Os bons burgueses agora se ocupam da roupa branca, enquanto o resto corre para as liquidações e para comprar aquilo que só ‘começa a pagar em fevereiro’. Não sei porque não se pula de finados, direto pro carnaval. Se tudo fosse carnaval, todos seriam mais felizes.

A questão que persiste é quantas sessões mais de comilança, quantos ‘amigos ocultos’ e quantos perus ainda há que se suportar nessa vida. Porque a vida segue e a tradição também. Bom, pelo menos, sabe-se que podia ser pior: podia faltar ainda o natal E o ano novo. Agora, pelo menos, só falta o ano novo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

só para quem tem mais de 2 neurônios



Do blog do Juca:

"A minha paixão antiga, que a mulher dele não saiba, é o René. Esse namoro existe desde 2004, quando ele foi treinar as meninas lá em Atenas", disse o presidente do Fluminense, Roberto Horcades, que também é médico, cardiologista.

Até aí uma declaração de amor ao técnico René Simões, sem preconceitos, como se lê.

Mas complementada por outra, abaixo da crítica, melhor exemplo do que há de pior no machismo:

"Ele conseguiu fazer com que as mulheres, com dois neurônios, fossem vice campeãs olímpicas", arrematou o cartola.

Nelson Rodrigues se revirou no túmulo porque nem a grã-fina de nariz de cadáver, que perguntava quem era a bola, merecia semelhante grosseria.

Mario Lago teve certeza de que o cartola jamais conheceu Amélia, a que era mulher de verdade.

Chico Buarque de Hollanda corou e pediu desculpas às suas mulheres de Atenas.

Jô Soares, sem querer interromper, mas já interrompendo, mandou rodar o reloginho e não voltou mais.

Ivan Lins pediu a Dinorah para ignorar, fazer de conta que não ouviu.

E Arthur Moreira Lima sentou-se ao piano e tocou, constrangido, Macho Man...

Definitivamente, o Fluminense já foi mais fino e muito mais inteligente.


* posto recordando-me de duas boas amigas: a respeitável tricolor, Má; e a parceira de peladas na infância, torcedora do Bahia (baêa) e portanto, também tricolor, Fernanda Félix.

________

Ontem no samba tinha um cara com camisa do Bahia. Falei com ele, claro. – Amigo, sou Baêa também. Bonita camisa. Ele: - morro de orgulho.

________

No ônibus.
Ele: Esse Jim Carrey só faz filme de comédia.
Ela: É mesmo. Mas gosto dele.
Ele: Só aquele filme que ele fez sério, aquele que apaga a memória. “As lembranças de uma mente brilhante que não podem ser apagadas”

Polícia impune

No dia 4 de dezembro último, Matheus Rodrigues, de oito anos, foi assassinado pela polícia na favela Baixa do Sapateiro, no conjunto de favelas da Maré. No dia 6 de julho era assassinado pela polícia João Roberto, de três anos.

A diferença da cobertura da mídia em relação aos dois casos é gritante. Embora todas as testemunhas confirmem que não houve troca de tiros, a polícia insiste em dizer que na morte do menino Matheus o tiro partiu de traficantes rivais que duelavam durante a manhã do dia 4. No caso de João Roberto, graças a câmeras de segurança, foi comprovado que os tiros (17 no total) saíram de Policiais Militares, que confundiram o carro com o de assaltantes.

A cobertura dada ao caso de João Roberto, agora em destaque por conta do julgamento dos policiais envolvidos, tem maior destaque que a morte do garoto Matheus, que teve apenas sua morte divulgada por conta da mobilização de organizações de direitos humanos que acionaram a imprensa e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. As notícias pararam por aí. Isso se deve à valoração da vida pelo espaço geográfico. Dependendo de onde mora, a vida tem mais valor e merece ser discutida.

Mas o que choca mais é o que os dois casos têm de igual: o despreparo da polícia, a morte brutal de duas crianças, e a impunidade. Para o promotor Paulo Rangel, que atuou no julgamento do policial acusado de matar João Roberto, a absolvição do policial legitima a execução de pessoas no Rio de Janeiro.

Avaliando alguns casos, em 2004 em apenas 15 dias tivemos 5 crianças e jovens mortos em favelas do Rio. Uma delas, Renan da Costa, de três anos, morreu com um tiro de fuzil na barriga, disparado por um policial. O acidente aconteceu também em uma das favelas da Maré, na Nova Holanda. Nenhum culpado.

A preocupação do promotor, válida, talvez tenha chegado tarde demais. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame já disse, em outubro de 2007, que "um tiro em Copacabana é uma coisa. Um tiro na [favela da] Coréia, no Complexo do Alemão, é outra". Enquanto essa lógica permanece, não há muita preocupação da sociedade. Mas quando ela ultrapassa os limites e começa a afetar as classes mais nobres da cidade, essa política deve ser combatida.

Talvez a preocupação da justiça não esteja em legitimar a execução de pessoas no Rio. Mas em não abrir precedentes para que todos os culpados por mortes absurdas em diversas partes da cidade carioca sejam julgados.

domingo, 14 de dezembro de 2008

sapatada

Jornalista joga sapatos no presidente Bush. "É preso pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos e levado para lugar desconhecido". Ponto. Essa foi a notícia. Onde ele está agora, se deram sapatadas nele, ou mesmo se está vivo não importa. Já era preu ter me acostumado, mas...

E infelizmente ele errou.

consolo aos vascaínos

O vice da segunda divisão também sobe!

sábado, 13 de dezembro de 2008

saber que sinto, me basta
não sei quem é o autor


demora, é verdade, mas um dia acredito que a gente entende que nada se sente junto. o sentir é algo tão íntimo, tão único que por mais que o expressemos em palavras, em gestos, em beijos e presentes, nenhum signo ou ícone é capaz de materializar. é a melhor expressão da alma, da vida, das sinapses, ou seja lá que nome damos a isso que nos faz humanos. isso é o sentir: aquilo sobre o que não se pode falar, não se pode tocar e que não pode pertencer a mais ninguém, senão a quem sente. até porque, no exato momento em que se tenta passá-lo adiante, ele já não é o mesmo, já é envolvido numa embalagem e num meio que o faça transferível. não que isso tire sua 'originalidade', mas o faz outra coisa. não importa o mérito dessa coisa. importa sabermos que sentir é uma coisa que não esta. é isso que importa e nada mais.

______

vicky
cristina
barcelona

poucas, pouquíssimas vezes saí do cinema tão remexida. incomodada. inquieta. interrogada.
junta com 'nome próprio' e 'na natureza selvagem': eu surto.
dá pra dizer que 2008 foi o ano dos filmes que me surtaram.

______

eu fico impressionada com a minha capacidade de, simplesmente, não dormir. entre 3 e 4 horas são suficientes para este corpo aguentar o rojão do dia seguinte.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

livros e putas: amor verdadeiro

I. Livros e putas podem-se levar para a cama.

II. Livros e putas entrecruzam o tempo. Dominam a noite como o dia e o dia como a noite.

III. Ao ver livros e putas ninguém diz que os minutos lhes são preciosos. Mas quem se deixa envolver mais de perto com eles, só então nota como têm pressa. Fazem contas, enquanto afundamos neles.

IV. Livros e putas têm entre si, desde sempre, um amor infeliz.

V. Livros e putas — cada um deles tem sua espécie de homens que vivem deles e os atormentam. Os livros, os críticos.

VI. Livros e putas em casas públicas — para estudantes.


IX. Livros e putas gostam de voltar as costas quando se expõem.

X. Livros e putas remoçam muito.

XI. Livros e putas — “Velha beata — jovem devassa”. Quantos livros não foram mal reputados, nos quais hoje a juventude deve aprender.

XII. Livros e putas trazem suas rixas diante das pessoas.

XIII. Livros e putas — notas de rodapé são para uns o que são, para as outras, notas de dinheiro na meia.

(Texto de Walter Benjamin, do segundo volume de Rua de Mão Única, Brasiliense, 1993)



* por baianninha

domingo, 7 de dezembro de 2008

Pensador português

É isso aí. O homem nasce, cresce, emburrece e casa - disse Ramos - apontando para um rapaz que comprou uma cerveja em lata no Sinhazinha, correndo de volta pro carrinho de bebê.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

fim de ano: epopeias, reformas e desesperos

Coisas pensadas pra postar aqui. Mas tá difícil. Só pra dar uma noção da parada: meu primeiro compromisso amanhã é as 8:30 da madrugada e o último está marcado pra começar às 21h. E não, o último não inclui cerveja e amigos, é trabalho mesmo.

Tenho alternado momentos em que fico me perguntando onde eu tava com a cabeça quando continuei na faculdade; com outros em que me arrependo de não ter entrado naquele estágio na TIM, há dois anos atrás. O cotidiano faz nascer em mim um ser que acha que eu poderia ser feliz no mundo da comunicação corporativa.

_________


Você deve estar se perguntando, raro leitor, se eu que não preciso defender uma dissertação em 2 meses, estou assim, como não estará Capilo?

Eu não sei. Só sei que hoje quando saímos do trabalho me chamou para uma cerveja num bar perto da casa dele. O melhor é escutar ele dizer: ‘vou tomar uma cerveja e é hoje que vou começar a escrever essa danada’. Eu fico pensando: se cerveja ajudasse a escrever, Capilo não só já tinha a dissertação como Bodão era autor de enciclopédia.

_________


Reforma ortográfica

Estou adorando. Vai acabar o trema!!! Acho ótimo. Sempre achei trema inútil. Na verdade, eu nunca coloco quando escrevo a mão (baiano é vanguardista mesmo). Aqui o Word obriga. Na boa, não faz o menor sentido o uso de trema. Pra que dois fonemas que nem são dos mais usados com as mesmas sílabas? Tanto faz licuidificador ou likidificador. É claro que a pronúncia não vai mudar da noite pro dia, mas meus filhos vão aprender a dizer o nome do utensílio doméstico muito mais rápido do que eu, certamente.

Outra é o lance dos acentos agudos diferenciais. Fundamental! Não que eu goste de regras, mas se elas existem, eu me pauto por elas. Gosto mesmo é de bulas e manuais. Acho que se todo mundo seguisse regras, bulas e manuais a vida seria bem mais fácil.

Vejam só: estou eu lá aprendendo regras de acentuação. Todas as proparoxítonas são acentuadas. Oxítonas terminadas em ditongos abertos também. Além de paroxítonas terminadas em i ou u. E por aí vai... Só que daí, do nada, sem qualquer razão que estivesse presente na tabelinha do livro de português, surge a frase: ela não pára de pensar nele. Opa!!

Paroxítona terminada em a. Não tem ditongo. Logo não deve ser acentuada. O tal do acento diferencial. Inútil também. E pior, não tem como aplicar nenhuma regra. Não dá. Não gosto. Viva a reforma ortográfica.

Tudo bem, nem tudo são flores. Caem os acentos dos ditongos abertos ei e oi de paroxítonas também. Isso eu não gostei muito. Agora é ideia, epopeia e panaceia. Difícil se acostumar, até porque, pra mim, acento agudo tem uma bela ligação com ditongos abertos – com a tonicidade, na verdade. Essa coisa de forma e conteúdo. Você pensa um ditongo aberto e o que vem a sua cabeça? Um traço, claro!

Enfim, no geral, eu gosto da reforma. Acabar com o trema é um grande passo para nós que falamos este belo dialeto do terceiro mundo, além de, pelo que dizem, ajudar na integração com as outras tribos. Daqui a uns anos, quando a reforma estiver consolidada, tanto faz o leitor ser de Valença, Coimbra ou Timor: vai ler o Ombudsman do mesmo jeito.


_________



Eu trocava Natal e Ano Novo por mais dois dias de carnaval. Não gosto muito dessa época do ano. Acho chato, massificado e senso comum por demais. É um tempo que tem uma magia que contamina todos os espaço e mentes com duas coisas que muito me irritam: esse clima de paz, amor, perdão e votos de sucesso; e esse espírito de compremos tudo o que couber dentro do kitnet apertado ou do cartão estourado.

O estopim desse meu sentimento, este ano, se deu com a ‘decoração’ de Natal do meu trabalho. Coisa rara, porque geralmente, o circo que é armado na minha casa é responsável por isso. Vejam como ando mais tolerante – e nem era minha resolução de ano novo.



* Clementina podia estar roubando, devia estar estudando, trabalhando ou até tomando uma cerveja com Capilo, mas não. Prefere ficar aqui enrolando!