terça-feira, 30 de setembro de 2008
domingo, 28 de setembro de 2008
- Creio que sim... Mas todo mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: "vou ser assim, porque a beleza estar em ser asim". E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marquês. As vezes melhor, mas sempre diferente.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
eu sabia, eu sabia...
ztudubem... também tô bebim que só vendo...
(ah, e eu aproveitei pra fazer pequenos arranjos...)
Então lá vai:
hai kais de bêbado no chão
você quer que eu escreva agora
uns versos de bobeira
assim feitos na hora
oito da noite, quarta-feira
eu respondo: pera lá!
que inspiração demora
mesmo quando de bobeira
mas se é só para rimar
eu não vou contrariar:
mas eu quero a saideira!
***
se nunca te escrevi
não foi por falta de assunto
é que o papo só faz sentido
sentindo
você
junto
***
e agora vai outra que fiz ontem depois de assistir uma cena de um filme...
devaneio limítrofe da existência esvaída
aqui estás
inerte em meus braços
onde a presença invertida da morte grita
ausências de respirações e batimentos
aqui já não estás
mas
inerte em meus braços
sem verbos próprios jaz
a lembrança de tudo o que houve
e o que não houve
antes
aqui não estás
mas
em meus braços já te decompões
e
não fosse a estranha frialdade seca da pele
de olhos fechados
eu bem poderia pensar-te dormindo
[e tu bem poderias despertar
num susto meigo e felino
limpar a saliva ressequida na borda dos lábios
arrumar travesseiro e cobertor e posição
segundo necessidades térmicas de pouso
e novamente adormecer
buscando retornar ao mesmo sonho]
Rodrigo Bodão
então!
faveleiro continua não atendendo o celular, danado!
mas, eu, bodão e capilo, bem tomamos uma cerveja juntos hoje. (tem vírgula demais nessa frase)
então, lá pelas tantas, falei pra bodão:
- se tu é poeta mesmo, escreve um poema aqui, no guardanapo! Agora!
escreveu poema e samba, o tal bodão. filho da puta. ou melhor, filho da avó. *piada interna
OMBUDSMANDOCAPETA. é melhor que outra coisa qualquer. e tenho dito.
você quer que eu escreva agora
uns versos de bobeira
assim feito na hora
oito da noite, quarta-feira
eu respondo pera lá
que inspiração mesmo demora
mas se é só para rimar
eu não vou contrariar:
mas eu quero a saideira!
e teve outro:
nunca te escrevi
e não foi por falta de assunto
é que o papo só faz sentido
com você sentido junto
tudo do bodão, o poeta do ombudsman
"Morro pela arte"
"Arte revolucionária deve
ser uma mágica capaz de enfeitiçar
o homem a tal ponto que ele não mais
suporte viver nesta realidade absurda".
Glauber Rocha
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Uerj
Representa: saúde, força, honra, generosidade
e beleza, do mesmo modo que a falta dele representa:
doença, fraqueza, desgraça, maldade e fealdade
A reitoria da Uerj segue ocupada. Os estudantes estão lá sem luz, sem água e sem qualquer avanço nas negociações. Abaixo fotos que acabo de receber. São das dependências requintadas e luxuosas da Reitoria de uma universidade que o Rio de Janeiro todo conhece por seu estado deplorável. Por muito menos (uma lixeirinha de R$ 1000,00) o Reitor da UnB caiu. Vejamos quanto tempo o Sr Vieralves suporta.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Amor e carne
qualquer impureza ou
avareza nem se quer se
nomeiem entre vós,
como convém a
santos"
(Ef 5, 3)
Cresceram juntos. Brincaram juntos. Nada seria mais natural do que se amarem juntos. Mas não foi assim que quis a vida. Ela partiu para longe. Ele aqui ficou. Rodeado pelas tias beatas, guiado pelo catecismo mais impoluto e adepto d’outras filosofias pueris. Ela, lá, devota de Santa Maria dos que Amam a Todos, tocava a vida entre camas e lençóis, procurando calor em peitorais generosos. Não amava a outros senão a ele. Não havia par de coxas que o tirassem de sua mente. A dificuldade é que entre os dois, além dos 1000 km de distância, havia o recato, a moral e os ensinamentos Papais. Fato é, que ela, em suas idas em vindas, sonhava com ele e desejava-o fervorosamente. Até que numa dessas viagens à terra natal, sabendo que tudo nessa vida se amolece, foi, aconteceu, insistiu, e enfim fez dele homem. De uma forma muito respeitosa. Uma verdadeira Phoda. Tudo de acordo com a decência e os melhores costumes. Então seguiu seu rumo, buscando trepadas melhores, porque não só de pão se alimenta o homem. É preciso carne também. E seguiu amando-o pelo resto de seus dias, encontrando-o no prazer de cada noite bem dormida.
*inspirado livremente e respeitosamente no excelente livro de xico sá: catecismo de devoções, intimidades e pornografias - que pode ser baixado aqui, com cuidado, que é só para maiores.
sábado, 20 de setembro de 2008
A troça é a maior arma que nós podemos dispor, e sempre que a pudermos empregar é bom e útil.
Nada de violência ou barbaridades. Troça e simplesmente troça, para que tudo caia ao ridículo.
O ridículo mata e mata sem sangue.
É o que aconselho a todos os revolucionários de todo o jaez.Lima Barreto
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Do post anterior:
Donald Trump (codinome invejável): o que eu penso da crise econômica e FED e AIG e essas coisas que estão querendo se candidatar à eleição do tema mais mala do ano? Eu acho é pouco. De resto, leia Míriam Leitão. Ela pensa muitas coisas. Sobre a história dos nordestinos: a piada é velha, mas ainda faz graça. Welcome, Mr. Trump.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
socialismo do século XXI
- Ih, vai demorar um pouco. Acabei de colocar pra fritar.
Dou uma olhada pra segunda baiana, do outro lado.
- Mas vai ali na outra. Capaz de ter.
- Vai achar ruim eu ir pra concorrente não?
- Que isso minha filha, tem lugar pra todo mundo aqui.
A segunda situação foi no bar Cana Dance, em Natal. O amigo Cajibrina contou em seu blog como conhecemos Netinho, o garçom mais descansado e sincero que eu já vi. Dou risada sozinha lembrando do diálogo inusitado que tive com ele:
- Mas então a cerveja tá acabando? - isso à uma da tarde, numa praia ensolarada, num domingo
- Tá.
- Ué e quando acabar, acabou?
- É. Acabou.
- Não vai chegar mais?
- Vai não. Só tem essas mesmo.
Pois bem, o que eu e Bodão teorizamos ontem é que tanto a lógica de Netinho quanto a da baiana são absolutamente anti-capitalistas. E cá pra nós, é difícil encontrar gente como eles aqui no Rio, por exemplo.
O socialismo do século XXI começa é na Bahia, minha gente - como tudo, na verdade. Ôh povinho visionário.
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Me lembrei que quando eu era criança o governo do Estado tinha o seguinte slogan: Bahia, o Brasil nasceu aqui. Faz sentido.
Nada a ver, mas lembrei.
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E correndo por fora, desbancando as Olimpíadas e o caso Isabella, temos mais um tema candidato a tema mais mala do ano: pré-sal.
O tema mais mala, raro leitor - e paciente -, é aquele que dá pano pra manga, que é sucesso nas redações deste país. É aquele que faz a alegria dos editores e a desgraça dos repórteres. O tema mala é aquele que rende milhões de matérias sobre nada, manchetes bizarras e entrevistas toscas, tudo recheado por um conteúdo absolutamente inútil e que só colabora com o progresso da minha, da sua, da nossa ignorância.
Veja bem, não digo que o pré-sal ou o caso Isabella sejam assuntos irrelevantes, o que irrita, enche o saco e contribui para minha quase total incredulidade na humanidade é a forma - estúpida e exaustiva - como esses temas são tratados na imprensa. E mais, ter que aguentar gente querendo debater sobre eles: 'li na Veja que...'; 'deu no jornal ontem que...'; 'adorei o jabor que...'.
Fala com a minha mão.
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E sabe aquela metáfora do cigarro no olho?
Pois é. Alguém levou a sério. Pena que o olho era meu. Não brinco mais.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
the same old fears
Heaven from Hell,
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?
Wish you were here
Morreu Richard Wright do Pink Floyd.
Boas músicas. Boas lembranças.
Ainda bem que inventaram o iTunes.
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Vontade de estar na Bolívia.
Medo do que pode acontecer.
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E você? Tem medo de quê?
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Até quando?
Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
Trecho de "Os dias de Comuna", do Brecht.
Temamos mais a miséria do que a morte.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
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No bar:
- Moço, marcaram chop a menos.
- É que é rodada dupla.
- Jura? Não sabia.
Tomamos 8, pagamos 4.
É legal isso né? Ser surpreendido.
Pequenas alegrias que aliviam a depressão pós-nordeste.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Os mortos anônimos
Ele mora com a companheira num dos muitos acessos para a favela ###, cujo nome não publico, pois o leitor correria risco de vida. Há muitos furos de balas nas paredes de sua casa e, quando é dia de tiroteio, o casal dorme no chão do quarto dos fundos. Eles sabem de antemão o que vai acontecer porque, minutos antes, os bandidos se exibem com motos e carros roubados. Os garotos que são seguranças param na última barreira de trilhos verticais antes do asfalto. É quando chega o chefe da vez, sempre com grossos colares e pulseiras de ouro. A guerra começa assim que um olheiro informa ao chefe a rua pela qual os policiais estão subindo.
Os moradores têm medo dos bandidos, mas têm mais medo da polícia, que invade casas e barraco a qualquer hora do dia, dando tiros a esmo. Os bandidos também pouco se importam se matam uma pessoa inocente que nada tem a ver com esse ritual de confronto. Eis o que dizem os moradores: "A polícia não quer acabar com os bandidos porque também lucra com o tráfico".
Duas semanas atrás, numa sexta-feira, o caveirão teria aparecido na favela para receber o "seu" e não atrapalhar o baile funk. Deram alguns tiros para o ar, a fim de mostrar serviço, se exibir e amedrontar os moradores, e foram embora. Poucos minutos depois chegaram os ônibus lotados de passageiros de outros morros. Alguns mais graduados receberam drogas, a título promocional.
Segundo dizem, os ônibus são cedidos em troca de favores sexuais de algumas mulheres para os donos das frotas. A polícia, por sua vez, não inibe sua subida e assim colabora com a capitalização do tráfico, a compra de mais cocaína, maconha e armas, naturalmente. A coisa piora nas operações maiores da Força Nacional. Quando isso acontece, basta ver a expressão nos rostos dos adultos e, principalmente, das crianças, para entender o que é terror.
O resultado disso tudo - diz o leitor - é que o tráfico está onde sempre esteve. A presença da Força Nacional fez com que os bandidos acalmassem um pouco, mas continuam tendo, como sempre, total controle sobre o território. Nos acessos para o morro ficam, de dia, os soldados da Força Nacional e, à noite, os da Polícia Militar, os irmãos pobres.
Revistas ocorrem de vez em quando, mas há sempre um soldado para informar antecipadamente os bandidos, e as operações geralmente não têm sucesso. Sucesso têm as balas perdidas. A verdade é que existem tantos acessos não vigiados que quem quer levar armas ou drogas para dentro da favela jamais será incomodado.
Diz o meu leitor que, no penúltimo sábado, os policiais desconfiaram de um motoqueiro que podia ou não estar transportando muamba. Ele resolveu fazer o que todo mundo faz quando é chamado pela polícia: fugiu. O caveirão desceu com os soldados atirando a esmo. Quando o carro blindado teve de parar na barreira para deslocar o trilho que impede o trânsito, o motoqueiro, inocente ou culpado, conseguiu escapar. Quem não escapou foi uma dona-de-casa, dona Sandra, que abriu a porta da sua moradia (Rua Canitar, 585, em Inhaúma, e estou colocando o endereço com a permissão do leitor) no momento errado e recebeu um tiro de fuzil no peito.
Não, leitor, não saiu nenhuma nota na imprensa, o que reforça a sensação de que ninguém liga para quem mora no morro. Quando acontece um acidente aéreo, temos a oportunidade de ver o descaso para com o ser humano. Este descaso está presente nas favelas do Rio diariamente, onde se produzem cadáveres anônimos que nem entram nas estatísticas oficiais.
Especificamente, a polícia matou dona Sandra. Continuou a perseguir a moto, mas foi parada por uma parede de concreto atrás da qual estavam os bandidos, que revidaram com suas armas. O caveirão, com os vidros da frente estilhaçados, teve de dar marcha à ré, ocasião em que foi obrigado a levar dona Sandra, que sangrava muito, para o hospital. Ela morreu no mesmo dia.
O leitor termina sua carta dizendo que não tem nenhuma simpatia por bandidos, mas que vê o soldado da polícia e o soldado do tráfico como peças de um mesmo jogo de xadrez: os chefes de ambos os lados, egos inflados, lutando pelo poder.
Acabei de ler a carta do leitor ### e fiquei com medo de pensar no futuro.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Eduardo 'Paz' e duas ou três coisas
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Morreu Fausto Wolf. Triste. Foi dia 5, mas só descobri hoje.
Capilo é que gosta bem dele.
Um humanista como poucos, um jornalista fantástico que não tinha diploma e um ótimo escritor.
"Ser de esquerda é você se colocar ao lado do homem e das suas necessidades. É você se colocar, não ao lado de uma realidade que te impõem, e sim de uma verdade que essa realidade esconde. Ser de esquerda é, entre o lucro e a dignidade, ficar com a dignidade. Ser de esquerda é não achar que o dinheiro é o fim e o objetivo de todas as coisas. Ser de esquerda é achar que o objetivo da nossa vida é o homem em si e, finalmente, para usar uma frase de efeito, ser de esquerda é lutar até nos descobrirmos deuses, e assim não precisarmos mais de deus algum".
Dunga deu uma respirada. Minha vó diz que todo doente antes de morrer tem uma 'melhoradinha'. Oxalá ela tenha razão.
aqui me tens de regresso
Só que não é só de bahia que se vive a vida, ainda teve tapioca, macaxeira e carne do sol na paraíba e dunas, cerveja e camarões em Natal - donde pude desfrutar da boa companhia de nosso amigo rico Capilo. Ô vidinha marromeno!
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Waldo, leitor que comentou no post anterior. Bem-vindo. Mas cuidado. Esse blog é insano. E vicia. Depois não diz que não avisei.
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Que será que houve com Bodão??
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nostalgia e preguiça. coisas ruins de se cultivar. mas acho que vou deixá-las aqui um pouco mais. tá sendo bão!