terça-feira, 30 de dezembro de 2008

acabo de postar e vejo ao lado que há três pessoas nesse momento no blog.

dá uma curiosidade de saber quem são...

samba e amor


'Samba e amor' de Chico Buarque.




É verdade que ela faz samba e amor até mais tarde. Às vezes até de manhã. Sejamos sinceros, no entanto, pois é bem verdade que ela faz amor melhor do que samba – mas os faz até mais tarde. E samba e amor até mais tarde, claro, dão muito sono de manhã. Sono de tarde e acreditem: sono até de noite. É um cansaço só.


É verdade que ela faz samba e amor até a hora em que os trabalhadores rumam para a lide diária; faz samba e amor no fluxo e no contra-fluxo - o trânsito nunca está a seu favor; faz samba e amor até cansar e só conseguir se espreguiçar.

É verdade, também, que ela não sabe tocar violão e anda só por aí. Mas faz samba e amor a noite inteira, pois um colo não lhe falta e o tocador de mp3 nunca falha. Ela faz samba com os olhos, os dedos e o pé nervoso. Faz amor com as mãos, com o peito e um cobertor. Ela faz samba e amor sem pressa, ainda que na pressa leve seu samba e seus amores. É verdade que ela faz samba e amor sem hora pra acabar e dorme a caminho do trabalho de manhã.

É verdade...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Uma vez FLAMENGO!!!, sempre FLAMENGO!!!

Ontem assisti a uma entrevista (nunca sei ao certo qual assistir que pede preposição) com o jornalista e biógrafo Ruy Castro, notório flamenguista, num programa do Sportv. Como não poderia deixar de ser, grande parte do programa girou em torno da paixão do debatedor convidado pelo Flamengo, assim como, de modo geral, uma análise das diversas torcidas e suas ‘personalidades’.

Como sempre, a caracterização do rubronegro trouxe alguns clichês como fanfarrão, narcisista, arrogante, do povão, torcida de marginais, etc.

Ruy desconstruiu alguns desses clichês com argumentos que concordo, compartilho e reproduzo abaixo.

Primeiro, o emblema de time do povão. Segundo Ruy, a paixão pelo Flamengo chega a ser mais abrangente do que parece, uma vez que não somente nas classes C e D, o urubu é maioria, mas também nas classes A e B. Não sei se esta informação é mesmo correta, mas acredito ser, apesar da fonte não ser nem um pouco isenta.

Segundo, a fama de arrogante. Eu sempre ‘concordei discordando’ dessa faceta, constantemente apontada pela torcida arco-íris. Aliás, é o que serve de desculpa descarada para a covarde união de todas as outras torcidas quando o Flamengo joga.

Ruy refutou essa idéia com um argumento interessante e especialmente compreensível para quem vê o mundo em preto e vermelho.

Segundo ele, o flamenguista é excessiva e irremediavelmente otimista. Quem é que nunca sentiu a euforia desvairada que toma a arquibancada, a energia coletiva e tribal daquela massa humana, sempre superior à torcida adversária...

Saca transtorno bipolar... pois então, o flamenguista, principalmente no Maracanã, vive num constante estado maníaco, eufórico, apaixonado e desvairado.

E assim como o maníaco perde o controle, tem idéias e comportamentos extravagantes, uma vitória que seja já ilumina delírios libertadores e fantasias japonesas... O rubronegro vive num eterno projeto Tóquio.

Terceiro, a paixão narcisista da torcida do Flamengo pela torcida do Flamengo.

Aí não tem como refutar mesmo: nós nos amamos!!!

O Maracanã é como a superfície cristalina de um lago em que nos vemos vivos em estado natural!!!! Mais do que o clube, que aliás vive um período mais ou menos, assim como todo o futebol carioca, a torcida se retroalimenta e reproduz. É a torcida do Flamengo que conquista novos torcedores mais até que o clube – apesar do Flamengo ter um histórico de muitas conquistas e estar sempre disputando títulos. De longe, o clube carioca que detém mais títulos e conquistas!!!!

E as outras torcidas odeiam essa confiança maníaca, soberba desvairada, paixão narcisista e incontrolável por uma torcida que não pára de cantar um segundo!!!!

Sabe o que é isso????

Inveja...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

já 'foi' natal na...

Acabou o milho, acabou a pipoca. E passou o natal. Agora só falta o ano novo. Os filmes de neve, a felicidade forçada do dia 25, as passas no arroz e todo o espetáculo circense ocidental-cristão, chegaram ao fim. Os bons burgueses agora se ocupam da roupa branca, enquanto o resto corre para as liquidações e para comprar aquilo que só ‘começa a pagar em fevereiro’. Não sei porque não se pula de finados, direto pro carnaval. Se tudo fosse carnaval, todos seriam mais felizes.

A questão que persiste é quantas sessões mais de comilança, quantos ‘amigos ocultos’ e quantos perus ainda há que se suportar nessa vida. Porque a vida segue e a tradição também. Bom, pelo menos, sabe-se que podia ser pior: podia faltar ainda o natal E o ano novo. Agora, pelo menos, só falta o ano novo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

só para quem tem mais de 2 neurônios



Do blog do Juca:

"A minha paixão antiga, que a mulher dele não saiba, é o René. Esse namoro existe desde 2004, quando ele foi treinar as meninas lá em Atenas", disse o presidente do Fluminense, Roberto Horcades, que também é médico, cardiologista.

Até aí uma declaração de amor ao técnico René Simões, sem preconceitos, como se lê.

Mas complementada por outra, abaixo da crítica, melhor exemplo do que há de pior no machismo:

"Ele conseguiu fazer com que as mulheres, com dois neurônios, fossem vice campeãs olímpicas", arrematou o cartola.

Nelson Rodrigues se revirou no túmulo porque nem a grã-fina de nariz de cadáver, que perguntava quem era a bola, merecia semelhante grosseria.

Mario Lago teve certeza de que o cartola jamais conheceu Amélia, a que era mulher de verdade.

Chico Buarque de Hollanda corou e pediu desculpas às suas mulheres de Atenas.

Jô Soares, sem querer interromper, mas já interrompendo, mandou rodar o reloginho e não voltou mais.

Ivan Lins pediu a Dinorah para ignorar, fazer de conta que não ouviu.

E Arthur Moreira Lima sentou-se ao piano e tocou, constrangido, Macho Man...

Definitivamente, o Fluminense já foi mais fino e muito mais inteligente.


* posto recordando-me de duas boas amigas: a respeitável tricolor, Má; e a parceira de peladas na infância, torcedora do Bahia (baêa) e portanto, também tricolor, Fernanda Félix.

________

Ontem no samba tinha um cara com camisa do Bahia. Falei com ele, claro. – Amigo, sou Baêa também. Bonita camisa. Ele: - morro de orgulho.

________

No ônibus.
Ele: Esse Jim Carrey só faz filme de comédia.
Ela: É mesmo. Mas gosto dele.
Ele: Só aquele filme que ele fez sério, aquele que apaga a memória. “As lembranças de uma mente brilhante que não podem ser apagadas”

Polícia impune

No dia 4 de dezembro último, Matheus Rodrigues, de oito anos, foi assassinado pela polícia na favela Baixa do Sapateiro, no conjunto de favelas da Maré. No dia 6 de julho era assassinado pela polícia João Roberto, de três anos.

A diferença da cobertura da mídia em relação aos dois casos é gritante. Embora todas as testemunhas confirmem que não houve troca de tiros, a polícia insiste em dizer que na morte do menino Matheus o tiro partiu de traficantes rivais que duelavam durante a manhã do dia 4. No caso de João Roberto, graças a câmeras de segurança, foi comprovado que os tiros (17 no total) saíram de Policiais Militares, que confundiram o carro com o de assaltantes.

A cobertura dada ao caso de João Roberto, agora em destaque por conta do julgamento dos policiais envolvidos, tem maior destaque que a morte do garoto Matheus, que teve apenas sua morte divulgada por conta da mobilização de organizações de direitos humanos que acionaram a imprensa e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. As notícias pararam por aí. Isso se deve à valoração da vida pelo espaço geográfico. Dependendo de onde mora, a vida tem mais valor e merece ser discutida.

Mas o que choca mais é o que os dois casos têm de igual: o despreparo da polícia, a morte brutal de duas crianças, e a impunidade. Para o promotor Paulo Rangel, que atuou no julgamento do policial acusado de matar João Roberto, a absolvição do policial legitima a execução de pessoas no Rio de Janeiro.

Avaliando alguns casos, em 2004 em apenas 15 dias tivemos 5 crianças e jovens mortos em favelas do Rio. Uma delas, Renan da Costa, de três anos, morreu com um tiro de fuzil na barriga, disparado por um policial. O acidente aconteceu também em uma das favelas da Maré, na Nova Holanda. Nenhum culpado.

A preocupação do promotor, válida, talvez tenha chegado tarde demais. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame já disse, em outubro de 2007, que "um tiro em Copacabana é uma coisa. Um tiro na [favela da] Coréia, no Complexo do Alemão, é outra". Enquanto essa lógica permanece, não há muita preocupação da sociedade. Mas quando ela ultrapassa os limites e começa a afetar as classes mais nobres da cidade, essa política deve ser combatida.

Talvez a preocupação da justiça não esteja em legitimar a execução de pessoas no Rio. Mas em não abrir precedentes para que todos os culpados por mortes absurdas em diversas partes da cidade carioca sejam julgados.

domingo, 14 de dezembro de 2008

sapatada

Jornalista joga sapatos no presidente Bush. "É preso pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos e levado para lugar desconhecido". Ponto. Essa foi a notícia. Onde ele está agora, se deram sapatadas nele, ou mesmo se está vivo não importa. Já era preu ter me acostumado, mas...

E infelizmente ele errou.

consolo aos vascaínos

O vice da segunda divisão também sobe!

sábado, 13 de dezembro de 2008

saber que sinto, me basta
não sei quem é o autor


demora, é verdade, mas um dia acredito que a gente entende que nada se sente junto. o sentir é algo tão íntimo, tão único que por mais que o expressemos em palavras, em gestos, em beijos e presentes, nenhum signo ou ícone é capaz de materializar. é a melhor expressão da alma, da vida, das sinapses, ou seja lá que nome damos a isso que nos faz humanos. isso é o sentir: aquilo sobre o que não se pode falar, não se pode tocar e que não pode pertencer a mais ninguém, senão a quem sente. até porque, no exato momento em que se tenta passá-lo adiante, ele já não é o mesmo, já é envolvido numa embalagem e num meio que o faça transferível. não que isso tire sua 'originalidade', mas o faz outra coisa. não importa o mérito dessa coisa. importa sabermos que sentir é uma coisa que não esta. é isso que importa e nada mais.

______

vicky
cristina
barcelona

poucas, pouquíssimas vezes saí do cinema tão remexida. incomodada. inquieta. interrogada.
junta com 'nome próprio' e 'na natureza selvagem': eu surto.
dá pra dizer que 2008 foi o ano dos filmes que me surtaram.

______

eu fico impressionada com a minha capacidade de, simplesmente, não dormir. entre 3 e 4 horas são suficientes para este corpo aguentar o rojão do dia seguinte.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

livros e putas: amor verdadeiro

I. Livros e putas podem-se levar para a cama.

II. Livros e putas entrecruzam o tempo. Dominam a noite como o dia e o dia como a noite.

III. Ao ver livros e putas ninguém diz que os minutos lhes são preciosos. Mas quem se deixa envolver mais de perto com eles, só então nota como têm pressa. Fazem contas, enquanto afundamos neles.

IV. Livros e putas têm entre si, desde sempre, um amor infeliz.

V. Livros e putas — cada um deles tem sua espécie de homens que vivem deles e os atormentam. Os livros, os críticos.

VI. Livros e putas em casas públicas — para estudantes.


IX. Livros e putas gostam de voltar as costas quando se expõem.

X. Livros e putas remoçam muito.

XI. Livros e putas — “Velha beata — jovem devassa”. Quantos livros não foram mal reputados, nos quais hoje a juventude deve aprender.

XII. Livros e putas trazem suas rixas diante das pessoas.

XIII. Livros e putas — notas de rodapé são para uns o que são, para as outras, notas de dinheiro na meia.

(Texto de Walter Benjamin, do segundo volume de Rua de Mão Única, Brasiliense, 1993)



* por baianninha

domingo, 7 de dezembro de 2008

Pensador português

É isso aí. O homem nasce, cresce, emburrece e casa - disse Ramos - apontando para um rapaz que comprou uma cerveja em lata no Sinhazinha, correndo de volta pro carrinho de bebê.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

fim de ano: epopeias, reformas e desesperos

Coisas pensadas pra postar aqui. Mas tá difícil. Só pra dar uma noção da parada: meu primeiro compromisso amanhã é as 8:30 da madrugada e o último está marcado pra começar às 21h. E não, o último não inclui cerveja e amigos, é trabalho mesmo.

Tenho alternado momentos em que fico me perguntando onde eu tava com a cabeça quando continuei na faculdade; com outros em que me arrependo de não ter entrado naquele estágio na TIM, há dois anos atrás. O cotidiano faz nascer em mim um ser que acha que eu poderia ser feliz no mundo da comunicação corporativa.

_________


Você deve estar se perguntando, raro leitor, se eu que não preciso defender uma dissertação em 2 meses, estou assim, como não estará Capilo?

Eu não sei. Só sei que hoje quando saímos do trabalho me chamou para uma cerveja num bar perto da casa dele. O melhor é escutar ele dizer: ‘vou tomar uma cerveja e é hoje que vou começar a escrever essa danada’. Eu fico pensando: se cerveja ajudasse a escrever, Capilo não só já tinha a dissertação como Bodão era autor de enciclopédia.

_________


Reforma ortográfica

Estou adorando. Vai acabar o trema!!! Acho ótimo. Sempre achei trema inútil. Na verdade, eu nunca coloco quando escrevo a mão (baiano é vanguardista mesmo). Aqui o Word obriga. Na boa, não faz o menor sentido o uso de trema. Pra que dois fonemas que nem são dos mais usados com as mesmas sílabas? Tanto faz licuidificador ou likidificador. É claro que a pronúncia não vai mudar da noite pro dia, mas meus filhos vão aprender a dizer o nome do utensílio doméstico muito mais rápido do que eu, certamente.

Outra é o lance dos acentos agudos diferenciais. Fundamental! Não que eu goste de regras, mas se elas existem, eu me pauto por elas. Gosto mesmo é de bulas e manuais. Acho que se todo mundo seguisse regras, bulas e manuais a vida seria bem mais fácil.

Vejam só: estou eu lá aprendendo regras de acentuação. Todas as proparoxítonas são acentuadas. Oxítonas terminadas em ditongos abertos também. Além de paroxítonas terminadas em i ou u. E por aí vai... Só que daí, do nada, sem qualquer razão que estivesse presente na tabelinha do livro de português, surge a frase: ela não pára de pensar nele. Opa!!

Paroxítona terminada em a. Não tem ditongo. Logo não deve ser acentuada. O tal do acento diferencial. Inútil também. E pior, não tem como aplicar nenhuma regra. Não dá. Não gosto. Viva a reforma ortográfica.

Tudo bem, nem tudo são flores. Caem os acentos dos ditongos abertos ei e oi de paroxítonas também. Isso eu não gostei muito. Agora é ideia, epopeia e panaceia. Difícil se acostumar, até porque, pra mim, acento agudo tem uma bela ligação com ditongos abertos – com a tonicidade, na verdade. Essa coisa de forma e conteúdo. Você pensa um ditongo aberto e o que vem a sua cabeça? Um traço, claro!

Enfim, no geral, eu gosto da reforma. Acabar com o trema é um grande passo para nós que falamos este belo dialeto do terceiro mundo, além de, pelo que dizem, ajudar na integração com as outras tribos. Daqui a uns anos, quando a reforma estiver consolidada, tanto faz o leitor ser de Valença, Coimbra ou Timor: vai ler o Ombudsman do mesmo jeito.


_________



Eu trocava Natal e Ano Novo por mais dois dias de carnaval. Não gosto muito dessa época do ano. Acho chato, massificado e senso comum por demais. É um tempo que tem uma magia que contamina todos os espaço e mentes com duas coisas que muito me irritam: esse clima de paz, amor, perdão e votos de sucesso; e esse espírito de compremos tudo o que couber dentro do kitnet apertado ou do cartão estourado.

O estopim desse meu sentimento, este ano, se deu com a ‘decoração’ de Natal do meu trabalho. Coisa rara, porque geralmente, o circo que é armado na minha casa é responsável por isso. Vejam como ando mais tolerante – e nem era minha resolução de ano novo.



* Clementina podia estar roubando, devia estar estudando, trabalhando ou até tomando uma cerveja com Capilo, mas não. Prefere ficar aqui enrolando!

domingo, 30 de novembro de 2008

coisas

hoje encontrei o lugar perfeito para a festa de natal do ombudsman. já até contratei o grupo de samba. então, acho melhor nos reunirmos (os editores) para decidirmos na terça no beco do reto.

se der certo, fim de semana que vem, samba de natal do capeta!!

_____

hai kai de quem não tem o que fazer:



olho para a janela
não há nada
tão belo como ela



_______




areditar, eu não
se você diz que me ama
passa manteiga no pão

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Saudades daquelas e daqueles sambas

"(...)Favela, queremos teu samba
Teu samba era quente
Fazia meu povo vibrar
Até a lua a lua cheia Sorria, sorria(...)" - Zé Keti

Nesses dias, ouvindo alguns sambas de Jovelina Pérola Negra e Clementina de Jesus, percebi o quanto faz falta a presença dessas mulheres e de mulheres como essas no mundo do samba. Aquele samba favelado, aquelas vozes, aquela habilidade no improviso do partido alto...
Seria imprudencia não considerar novos talentos que surgem na atual cena musical do batuque: Roberta Sá, com sua doce voz afinadíssima e bela interpretação; Tereza Cristina, negra maravilhosa que vem interpretando o que há de melhor no samba; Martinália ... e mais algumas outras vozes femininas. Porém, me soam como um samba... meio assim... comportado, clean. Sinto falta mesmo é daquele jeito debochado, desbocado e cômico de cantar. Aquele jeito afiado de versar sobre qualquer tema, de tirar um sarro da cara dos homens... habilidades de mulheres como a negona Jovelina, que não ficava atrás de ninguém nas rodas de partido alto.

"(...)Mudaram toda a sua estrutura, te impuseram outra cultura, e você nem percebeu(...)" já dizia Nelson Sargento. O samba agora foi adotado por setores da sociedade que outrora o marginalizava, com isso recebe uma nova estética. E o jeito favelado de executar o samba vem se perdendo... A favela está mais ocupada em estilos mais transfigurados: Pixote, Gaiola das popozudas e outros. Enquanto a classe média adota aquele samba mais original, porém ao seu jeito, sob sua estética...

Discutiremos mais sobre isso, mais adiante... por ora, só devo dizer que...


O RAÇA RUIM TA AÍ PRA RESISTIR!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Porque os dentistas recomendam Colgate mas usam Oral B?

oxente!

Há uns dias eu voltava de madrugada de carona com um amigo e ele me perguntou alguma coisa (não lembro bem). Só sei que falei:
- Deixei meu casaco na porra do carro.
- Meu carro não é porra – respondeu ele de sacanagem.

Eu poderia ter explicado o sentido daquela ‘porra’ ali. Mas deu preguiça.

Lembrei dessa história porque, cara, uma das melhores coisas de vir ao nordeste é o ‘reencontro’ com o sotaque. Porra, rei, é fantástico.

Estou em Recife, desde ontem, até quinta. Pois bem, logo que cheguei já senti a parada. Vim batendo altos papos com o taxista do aeroporto até o hotel. Apesar da entonação ser diferente, os pernambucanos têm muita coisa parecida conosco. Mas o negócio ficou bom mesmo, quando encontrei meu anfitrião (vim a trabalho e esse cara ta me acompanhando): o danado é baiano. Baiano do bom, que não perde o sotaque.

Rapaz, eu me acabei hoje. Pense... ‘Porra, velho`; ‘Ó paí, rei’; ‘Rapaz, aí você me lenha’; ‘Poorrra, lá é Babilônia’; ‘Mas num vou nem cum a porra’; ‘Foi na barrada’; ‘Colé de merma?’; ‘Tá me tirando, velho?’

E outras tantas... o essencial é que estou usando porra como se fossem vírgulas e todo mundo acha normal. Dia desses explico pra vocês o sentido de cada porra falada pelo baiano. Agora não vai dar tempo porque tô indo pruma porra duma festa que chama ‘Terça Negra’: maractu e côco, com umas bebidinhas... hum! Quem gosta de samba e cerveja aqui?

*clementina acha uma sorte da porra ter nascido baiana e não pode reclamar do seu trabalho.

domingo, 23 de novembro de 2008

Se eu pudesse




Atravessaria o Atlântico a nado. Comeria borboletas. Abriria um bar nas Ilhas Maurício. Iria a praia de meias. Leria todos os livros. Carregaria as minhas orelhas nas mãos – para apertá-las o dia todo. Se eu pudesse, compraria novos pés. Deixaria o sol ligado mais duas horas. Proibiria a cruel existência do adoçante e das balanças. Abriria todas as janelas. Ficaria mais um instante. Estaria em vários lugares ao mesmo tempo. Experimentaria o gosto do chão do sertão. Desentortaria as árvores do cerrado. Cantaria pra você. Cortaria os temperos bem pequenininhos. Falaria mais devagar. Falaria mais. Pularia da janela três vezes ao dia. Se eu pudesse, eu juro que acabava com as formigas; e trocava metade do meu olfato ou do paladar - que fosse -, por um tato elevado ao quadrado.

* a imagem é daqui óh

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

assessores de jornalistas

Participo eu cá de uma lista de email (na verdade mais de uma, mas quero falar de uma específica) de jornalismo investigativo. Pouco se discute sobre o tema, mas é utilizada também para que os coleguinhas (como os jornalistas se chamam entre si) se ajudem também, com indicação de pautas interessantes (relacionadas a jornalismo investigativo) e muitas vezes uns solicitam contatos de pessoas, que geralmente alguns têm. Coisa simples, as pessoas perguntam se alguém tem o contato do Bodão, e alguém responde com o contato do Bodão.

Bom, aí que pediram por lá o contato do jornalista Caco Barcelos. Algúem respondeu com o contato da assessoria dele. Outra alguém perguntou se jornalista tinha assessor de imprensa (que é também jornalista). E um quarto alguém respondeu, ironicamente, assim:

Ô se tem.

O Daniel Castro na Folha, aos domingos, tem uma sessão em sua coluna chamada "Pergunta Indiscreta". Olha essa de 30 de setembro de 2007:

Pergunta indiscreta
FOLHA - Sua assessora de imprensa nos procurou propondo que fizéssemos uma pergunta indiscreta para você. Ela até sugeriu "Por que você nunca colocaria silicone?" e "Você está mesmo carente de um namorado?". Mas eu queria te perguntar outra coisa: você realmente precisa ter uma assessora de imprensa?

LUCIANA LIVIERO (jornalista, apresentadora do "Fala Brasil", na Record) - Acho que sim. Não porque as coisas deveriam ser assim, mas porque funcionam assim. Hoje em dia, a mídia tem um poder muito grande. Então, muitas vezes, o que tem mais peso não é a competência das pessoas, mas se elas estão na revista ou não estão. Não adianta ser ótima. Se não estiver na revista, não vale nada. Já perdi uma oportunidade na Band porque não tinha mídia.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

sobre telefones, analistas e amores

O e-mail de uma amiga que mora em SP, com quem não consegui me encontrar quando lá estive, me fez pensar em algumas coisas. Dizia ela:

"Acho que você não conseguiu me ligar porque mudei de celular. Nem mandei e-mail avisando às pessoas porque fiquei alguns meses sofrendo de esquizofrenia telefônica (...) eu ando muito relapsa com telefone, desenvolvi um asco tremendo desse aparelhinho por excesso de uso nos últimos meses"

- Problema de telefone fixo é que depois que privatizou e ele deixou de ser um luxo, todo mundo acha que a função dele é permitir que as pessoas batam papo sem sair de casa. Não é

- Lugar de papo é no bar, na praia ou no terapeuta

- Celular: as pessoas acham que porque você tem um, não existe razão para não ser encontrado na hora que elas bem entendem. Ainda inventaram o SMS: te ligam, você não atende, manda um SMS. Pronto! A obrigação aumenta, porque você já está 'informado'

- Tenho amigos que não têm o menor constrangimento em não atender seus respectivos. Eu confesso que não me agrada não ser atendida, por isso, não deixo de atender. Acho que tem que haver bom senso de quem liga

- E tem que ser sem ressentimentos. Não ser atendido, não quer dizer que o amor acabou, o afeto se foi. Quer dizer simplesmente que não dá pra falar agora

- Mas bom senso é coisa para poucos

- Moacyr Luz diz que a melhor cerveja é aquela que se toma antes do meio-dia, porque ainda não deu tempo de receber nenhuma ligação chata. Eu concordo

- Problema é que as ligações chatas vão chegando cada dia mais cedo. A solução tem sido manter o telefone desligado em horário não comercial

_______

Ontem conversava com um amigo que é psicólogo. Ele me falava sobre contra-transferência e outras dessas coisas da psicanálise que só existem pra te fazer surtar. No fim, concluímos que fazer análise é mesmo muito bom - ainda que surtante -, porque conhecer a si próprio ajuda a conviver consigo mesmo (construção estranha). Tudo fica mais saudável.

Daí hoje, li a coluna do J.P. Cuenca no Globo e ele fala de analista também. No fim dela, ele resume o que eu e meu amigo concluímos ontem: “a experiência psicanalítica não serve pra trazer felicidade ao ser humano [como a maioria das pessoas pensa], mas para ajudar um sujeito a ficar mais confortável com a tristeza que carrega”.

Acho que é por aí. As tristezas fazem parte do espetáculo. E, na minha opinião, vão passar, como tudo na vida. Só que quando elas passarem, outras já terão chegado. O grande lance é conviver com todas elas como se fossem os caroços de uma laranja.

___________

Cuenca também escreve sobre o ‘eu te amo’. E cita Roland Barthes, lembrando que segundo ele, 'eu te amor' só tem algum significado na primeira vez que é dito.

Cuenca se referia a ‘Fragmentos de um discurso amoroso’, de Barthes. O que me fez lembrar que é um livro fantástico. Há quem diga que se lido durante uma paixão, é melhor ainda. Li parte dele apaixonada – vaga lembrança -, mas acho que com paixão ou sem paixão, é fabuloso.

Lembrei que Barthes diz que ‘eu-te-amo’ é uma palavra só. E dentre muitas coisas interessantes, tinha uma teoria que o ‘eu-te-amo’ perfeito seria dito simultaneamente, sem eu também, sem troca, sem obrigação de se dizer, sem espera e sem cobrança.

Bom, mas só lembrei mesmo.

“O proferimento simultâneo funda um movimento cujo modelo é socialmente desconhecido, impensável; nosso proferimento, que não é troca, nem dom, nem roubo, surge de fogos cruzados, designa um gasto que não recai em lugar nenhum e do qual todo pensamento de reserva é abolido pela própria comunidade: entramos um pelo outro no materialismo absoluto”.

O materialismo absoluto!

domingo, 16 de novembro de 2008

papo-cabelo, quer dizer, cabeça

Fui lá cortar o cabelo. Minhas últimas experiências não tinham sido boas em Copacabana. Nas últimas quatro vezes, cheguei no trabalho e escutei um “quem cortou seu cabelo?”. Quando perguntava porque (até o segundo corte) a resposta é que estava esquisito, um lado maior que o outro. Na primeira vez, voltei no mesmo camarada, e ele, ao invés de apenas cortar um lado (que estava gritantemente maior), fez o favor de cortar muito tudo. E continuou um lado maior. Tive que recorrer a uma prima fora do Rio pra melhorar o visual. Da segunda à quarta vez eu mesmo pegava uma tesoura e aparava o erro dos barbeiros das tesouras.

Mas eis que corto o cabelo novamente, num quinto barbeiro/cabeleireiro. Aparentemente está uniforme o corte, mas ainda não fui ao trabalho. Amanhã, segunda, logo que chegar vou cumprimentar o Paulinho pra ver se ele vai falar alguma coisa. Na primeira vez ele veio meio sem graça, falando baixo, com medo de que me incomodasse o comentário dele. Na última vez, ele já chega rindo e nem precisa falar do que se trata.

Bom, mas fui falar do corte porque estava lá, e o barbeiro da vez, João, como a maioria desse povo que corta cabelo, gosta de conversar. – Preparado para o feriado?, foi o nosso primeiro contato, antes mesmo de perguntar como seria o corte, etc. e tal. Tentei ser simpático e mandei um “claaaaro”. Aí falou de que era o último feriado do ano, que Natal nem conta, etc. etc. Falava sozinho, até que ele desistiu. Mas já estava – eu – menos incomodado com ele. Na verdade fiquei com pena dele mudo, e eu que nada respondia. Resolvi puxar um assunto, pra alegrá-lo. Afinal, era meu cabelo em jogo.

João – esse é o nome dele – tem um sotaque meio diferente. Pergunto se ele é carioca. É paulista, mas mora aqui há trinta anos. Pergunto se corta cabelo há trinta anos. Não, já trabalhou com outras coisas na vida. Aí começa a filosofar, que a vida te leva para caminhos diversos, que embora se forme em uma coisa, acaba trabalhando em outra, que já fez outras coisas na vida, e que só a apenas (?) doze anos corta cabelo por aqui. fiquei esperando ele falar o que fazia antes, mas não falava. Tive que perguntar.

– E aí, é formado em quê?

– Contabilidade.

– Ah, legal. Também já trabalhei com contabilidade.

– E faz o que hoje?

– Fiz jornalismo.

Aí João começa a falar mal do jornalismo, que é uma atividade instável, que você não tem opções, que existe muita concorrência, que bom mesmo é contabilidade. Não que eu seja a favor do jornalismo. Mas a contabilidade é muito melhor do que o jornalismo porque você nunca fica desempregado. Acabou o corte, peguei o óculos, olhei, tá legal, vou levando, quanto é?, e ele empolga a falar que a carreira de contabilidade é a melhor possível, que sempre tem trabalho, que paga bem, etc. Eu ali, já de pé, esperando ele finalizar pra sair saindo, e ele continua falando.

Minha vontade de ir embora era grande, eu apenas concordava, anram, também acha, é verdade, com certeza, pago onde, ali?, obrigado, é, isso mesmo. Estava já incomodado, doido pra sair, o cara falando. Paguei os 14 reais, recebi 12 moedas de cinqüenta de troco, enchi o bolso, a bermuda deu uma descaída com o peso, e já do lado de fora falo, “contabilidade só não é melhor mesmo do que cabeleireiro né?”.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Carta para Obama

recebi esse texto por email.
não conferi a procedência, até porque, independente disso, achei muito bacanas o teor e o conteúdo da carta.

Enfim, assino embaixo.


CARTA O BERRO.

Nossa Carta a Obama

Se os EUA querem reconquistar o respeito dos outros povos do mundo, se querem resgatar a imagem, que se deteriorou, devem se considerar como um país entre outros, e a eles igual, não como uma potência eleita para a missão de impor a ordem imperial e os interesses capitalistas no mundo. Devem permitir que progrida o espaço de um mundo multipolar, em que todos os países participem das decisões fundamentais.

CARTA MAIOR

(Essa carta está aberta a adesões de veículos da pequena grande imprensa alternativa de todo o mundo.)

O seu governo pretende resgatar a imagem dos EUA no mundo e mudar sua relação com a América Latina. É preciso que o sr. saiba que a imagem do seu país no mundo é a imagem da maior potência imperial da história da humanidade. Que à horrível imagem de potência intervencionista no destino de outros países, de exploradora das suas riquezas, ao longo de todo o século passado, se acrescentou no século XXI a política de “guerras humanitárias”, invasões que mal escondem os interesses de exploração e opressão de outros territórios e povos, de que o Iraque e Afeganistão são os exemplos mais recentes.

Não basta retirar as tropas do Iraque imediatamente – embora isso seja um começo indispensável para o resgate proposto. É necessário fazer o mesmo com o Afeganistão, assim como terminar com o apoio à ocupação israelense dos territórios palestinos, reconhecendo o direito à existência de um estado palestino soberano. No caso da América Latina, é imprescindível terminar com a Operação Colômbia, que militariza os conflitos naquele país, e os que ele provoca, com graves riscos de produção de crises regionais, pela dinâmica belicista do Exército e do governo colombiano.

Para demonstrar que mudou de atitude, os EUA devem, sobretudo, terminar definitivamente com o bloqueio a Cuba, desativar sua base de interrogatórios ilegais e torturas na base de Guantánamo e devolver esta incondicionalmente a Cuba, terminando com a prepotente e juridicamente insustentável usurpação de território cubano, que dura já mais de um século. Deve retomar relações normais entre os dois países, respeitando as opções do povo cubano na definição soberana dos seus destinos.

Os EUA devem reconhecer publicamente o grave erro de terem apoiado o golpe militar de abril de 2002 contra o presidente Hugo Chavez, legitimamente eleito e reeleito pelo povo venezuelano. Devem terminar definitivamente com articulações golpistas nesse país, na Bolívia e no Equador e comprometer-se, publicamente, a nunca mais desenvolver atividades de ingerência nos assuntos internos de outros países.

Se quiserem ter relações cordiais com a América Latina, o novo governo dos EUA devem destruir imediatamente o muro na fronteira com o México, legalizar a situação dos trabalhadores imigrantes nos EUA e favorecer a livre circulação das pessoas, como tem pregado a livre circulação de mercadorias e de capitais.

Além disso, os EUA devem deixar de utilizar organismos internacionais como a OMC, o FMI, o Banco Mundial, para propagar e tentar impor suas políticas, as mesmas que levaram ao fracasso dos governos que seguiram as suas receitas, assim como à crise financeira internacional que hoje grassa no planeta. Os países da América Latina e do Sul do mundo devem ter liberdade para encontrar suas próprias alternativas e soluções à crise, gerada nos EUA, que devem assumir suas responsabilidades e não permitir a exportação de seus efeitos negativos.

Se quiserem voltar a ser respeitados, os EUA devem deixar de tratar de favorecer ou forçar a exportação de sua mídia, de sua indústria cultural, de sua forma de vida, que pode ser boa para os EUA, mas pode ser nefasta para outros países. Essas fórmulas, muitas vezes impostas, favorecem formas ditatoriais de imprensa, formas estereotipadas de ver o mundo, modos consumistas de viver. Que os EUA deixem cada país escolher suas formas de se pensar a si mesmo, de ver o mundo, de viver e de produzir arte e cultura.

Se o sr. quiser fazer um governo diferente, deve abandonar qualquer idéia de querer impor o que os EUA considerem que seja democrático. Que cada país, cada povo, defina seu próprio caminho. Os EUA nem inventaram a democracia, nem são mais democráticos que muitos outros países.

Os EUA devem abandonar suas pretensões de ser um império mundial que zele pela ordem imperialista no mundo. Devem dar espaço para que progrida o espaço de um mundo multipolar, em que todos os países participem das decisões fundamentais. Neste sentido, devem apoiar o fim do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, devem dar lugar à democratização desse órgão. Devem obedecer as decisões da ONU de terminar o bloqueio à Cuba, em favor do direito do povo palestino a um estado próprio e independente, entre tantas outras decisões, bloqueadas pelo veto norte-americano. Se vetos de outros países há, isso deve ser combatido pela suspensão universal do direito ao veto.

Em suma, se os EUA querem reconquistar o respeito dos outros povos do mundo, se querem resgatar a imagem do seu país que se deteriorou, devem se considerar como um país entre outros, e a eles igual, não como uma potência eleita para a missão de impor a ordem imperial e os interesses capitalistas no mundo. Devem respeitar as decisões que outros povos tomem no sentido de escolher caminhos antiimperialistas e anticapitalistas. Devem assinar o Protocolo de Kyoto, aceitando reduzir suas emissões de gases poluidores, condição básica para iniciar uma nova etapa na luta contra a destruição ambiental no planeta. Devem diminuir seu orçamento militar, revertendo essas verbas para o campo social. Devem combater os monopólios privados da mídia, a indústria tabagista, a da segurança para-militar, devem colocar como seu objetivo principal construir uma sociedade justa, a começar pela de seu próprio país, aquele em que, dentre aquelas do centro do capitalismo, a desigualdade mais cresceu nos últimos anos.

Se o sr. fizer tudo isso, ou pelo menos se mover nessa direção, pensamos que poderá contar com o respeito e com relações cordiais por parte dos governos populares e dos povos da América Latina.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O capeta está à solta

O mundo está em crise nessas últimas semanas. Eu estou em crise – financeira – há pelo menos seis meses. Ninguém deu importância. Mas era um prenúncio do que nos esperava. A única vantagem é que a crise não me afeta em nada (pelo menos até agora), porque já estava preparado para o pior. Pior mesmo se o pior ficar pior ainda. Mas de nada adianta ficar sofrendo por antecipação. Vou deixar pra me preocupar quando não tiver mais nenhum amigo que possa pagar a cerveja do dia.

__________

Tou pra escrever pra cá, e nada. Falta tempo, e quando paro – como agora – com a intenção de escrever, nada surge. Só que o trabalho cansa. Estou cansado num é de hoje. Tirei duas semanas de férias que pouco adiantou. Só serviram mesmo pra desorganizar meu relógio biológico e só conseguir dormir depois das quatro. Já estou voltando ao normal, tenho dormido antes das duas (quando estou em casa. No bar espero esvaziar e diminuir o burburinho pra cochilar na mesa).

__________

Única vantagem do trabalho é quando algo que se fez com gosto dá certo. Uma galera organizou um encontro de comunicação e Clê e eu entramos na parada. Ajudamos carregando uns pesos, lavando umas alfaces, participando de umas reuniões super chatas, mas o legal foi a interferência que deu pra fazer no evento. Articulamos umas pessoas legais pra falar e para se apresentarem. Melhor ainda foi levar um bando de jovens pro Alemão (a imensa maioria que nunca tinham entrado em uma favela, menos ainda lá, a favela “mais violenta do rio” segundo nossos (?) principais jornais).

Mas foram. Uns 40 cidadãos, interagiram, gostaram, e acho que dos que estiveram lá, a maioria discordaria do nobre João Ubaldo Ribeiro, autor de crônica preconceituosa e escrota publicada no dia seguinte ao encontro, no domingo último. Eu, que não leio jornal a um bom tempo – e o João Ubaldo há mais tempo ainda – não tive o desprazer de ler. Mas a Clê fez questão de mencionar aqui (inclusive a importância que ele tem para a literatura latinoamericana(!)).

Pensando bem, dá uma certa pena dele. Coitado, vai morrer (figa) sem entrar no Morro do Alemão (figa de novo).

__________

Clementina tá cheia de teorias. Primeiro veio com a de que “a gente é o que é” (óbvio?), que por mais que tente mudar, tem algo que está sempre ali. Em seguida a dos “ímãs” e a terceira do “tem que morrer antes de fazer merda”.

Mas tem coisas que dão pra melhorar né minha cara – não consigo viver sem acreditar nisso. To pensando aqui especificamente em preconceito, como esse do escritor internacionalmente relevante para a literatura citado acima. Não penso nele, que ele eu não levaria a lugar nenhum. Mas no povo que esteve no Alemão sábado, alguma coisa mudou, não é possível. Ou sua teoria diz que a pessoa não mudou, mas algo que já existia dentro dela desabrochou, que ela já era isso? Sei lá. Agora também duvido que os opostos se atraiam. Essa idéia seria mais verdadeira se dissesse que os opostos têm curiosidades um sobre o outro. Se atraem até certa medida, e depois, naturalmente, se afastam.

__________

Ah Clê, deixa de ser ingênua. Acha que Faveleiro, aquele prego, vai escrever alguma coisa aqui? Só bêbado mesmo pra ele falar um negócio desse. E chama o Paulo paulista pra uma cerveja no Alemão.

__________

Wlado, cadê você. Tava esperando um comentário seu elogiando a trajetória do Corinthias, campeão (antecipado) da segundona. Tou torcendo pelo Santos, pra nos encontrarmos no próximo Brasileiro. Difícil vai ser se a arbitragem continuar prejudicando o peixe.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

eu e minhas teorias

“Seria hipócrita eu estar aqui fingindo que não sei da minha importância no conjunto dos escritores brasileiros e latinos-americanos. Eu tenho a evidência disso. (...) eu sei da minha importância na literatura brasileira. Seria hipócrita e bobo, fingindo que é uma grande surpresa. Não é surpresa nenhuma”.
João Ubaldo Ribeiro em discurso após receber o prêmio Camões 2008



Tenho uma amiga com quem desenvolvi uma teoria. Na verdade, já nem me lembro se fui eu que desenvolvi, se foi ela, se o fizemos juntas ou se alguém nos disse e a gente se apropriou. A tal teoria vale para pessoas que fazem ou fizeram coisas legais, mas depois de um tempo começam a perder a mão. Elas passam do ponto e seria melhor se tivessem parado de produzir no auge. Na real, sempre dizemos é que deviam mesmo ter morrido, quando ainda eram legais.

Vamos a um bom exemplo: Caetano Veloso. Cacete! Caetano Veloso tinha que ter morrido no final dos anos 70. Cara legal, bom músico, baiano de boa cepa (redundância) que fez, inovou e aconteceu... pero já no es assim. De uns anos pra cá, o cara só abre a boca pra falar besteira. Seu ídolo já não é mais James Brown e sim Mangabeira Unger e daí pra baixo. Caetano devia ter morrido há uns 30 anos atrás. O problema é que viveu pra desconstruir um bando de coisa que fez.

Ontem me lembrei dessa teoria lendo a coluna do João Ubaldo no Globo. Pela teoria, João deveria ter morrido também. Não sei bem quando, porque li pouca coisa dele. Mas acho que ali próximo a "Viva o povo brasileiro" tava de bom tamanho, não precisava nem esperar “A casa dos budas ditosos”.

Eu quase nunca leio a coluna dele, porque depois de ler o Veríssimo, que vem logo acima, agüentar o velho fica difícil. Parece que ele toma pílulas diárias pra ficar mais reacionário e chato. Chato porque vem cada vez mais caindo no senso comum. O que é lamentável para um cara que já fez tanta coisa boa.

Daí que ontem a coluna falava de como Itaparica - uma ilha na Bahia, onde ele nasceu, perto de Salvador -, anda violenta. Ele relata sua ida à ilha para colocar grades na casa que tem lá. Conta que há muitos roubos em Itaparica, que já não se pode sair a rua sozinho. Enfim, essas situações que raramente acontecem em tudo quanto é centro urbano.

Um parêntese para aqueles que não lêem João Ubaldo: desde os escândalos do primeiro governo Lula, o cara não fala de outra coisa. Eu até entendo: ele, cara meio de esquerda, todo intelectual, contra o conservadorismo e temeroso do contrário, depositou suas esperanças de 'um-mundo-melhor-com-meus-privilégios' no Lula, claro. Ele e toda uma geração de 'meio intelectuais, meio de esquerda'. Os escândalos de corrupção do governo messiânico do PT estão para essa galera quase como está a queda do muro de Berlim para os comunistas arnaldo-jaborianos. Problema é que o cara surtou, não escreve sobre outra coisa e sua literatura anda pelas tabelas.

Fecha parêntese. Ele falou do Lula como de hábito - culpando-o de alguma forma -, reclamou da violência à vontade e concluiu dizendo que Itaparica já não é mais o mesmo paraíso. Por isso, ele aconselha a quem deseja ir até lá, fazer antes um treinamento no Morro do Alemão!

Opa!

Vamos ao óbvio: será que João Ubaldo já foi ao Alemão? Continuemos no óbvio: será João Ubaldo tão ingênuo a ponto de achar que a violência a qual estão submetidos os moradores do Alemão pode, mesmo que ironicamente, ser comparada ao roubo de casas em Itaparica? Não sei, porque odeio perguntas óbvias.

Fato é, que no me gustó! Não gostei porque sábado, coincidentemente (rá), passei o dia no Alemão. Aquele esquema de sempre: uns amigos, cerveja no Laerte, comida quentinha no Máscara, vista maravilhosa... Duro abrir o jornal no dia seguinte e ver o cara falando de um lugar que ele não conhece e pior, levantando conclusões distorcidas sobre a realidade.

O bom João Ubaldo foi incapaz de comentar os muitos déficits com os quais os moradores da ilha têm de conviver. Lá é um lugar razoavelmente pequeno, que vive do turismo. População só aumenta, muita gente de fora, turismo e políticas públicas inexistentes: nada de novo.

Não satisfeito, Ubaldo afirma que pra conviver com a violência de Itaparica – que deve ser inimaginável – o sujeito deve fazer uma espécie de 'estágio' antes no Alemão. Mas ignorância é um dom, nunca um defeito. Só porque somos ignorantes é que podemos aprender. E João Ubaldo precisa aprender que passar o dia no Alemão, não ensina a ninguém sobre como lidar com a violência - afirmo com a certeza de quem lá encontra um dos ambientes mais agradáveis do Rio.

A situação me fez lembrar um cara com quem conversei semana passada no Jardim Ângela, favela de São Paulo. Perguntei se o bairro dele era violento. Ele: - Eu não acho. Fácil falar que favela é violenta, mas ninguém fala da violência que a favela sofre.

É por aí. O cara tem uma coluna em um dos maiores jornais do país e faz uma comparação absurda, como se tivesse contando piada no almoço de domingo. Ele não precisa transformar a coluna dele em um debate sociológico e político sobre violência e desigualdade social. Mas, pelo menos, tem a obrigação de não falar besteira - como ele mesmo diz, é um dos principais escritores brasileiros. Ou deveria ter, se pensarmos qual é o papel de um jornal. Mais do que isso: qual o impacto no nosso cotidiano daquilo que sai no jornal?

Pois bem. João Ubaldo prefere falar de uma realidade que desconhece como se conhecesse – se eu faço isso, ninguém liga, problema é João Ubaldo fazer e fazer no Globo de domingo. Ele ainda desconsidera os muitos moradores que vivem lá e a relação que eles têm com seu território. Fico imaginando como ele, baiano que é, se sente se o chamam de 'paraíba' ou do 'norte'. Pode parecer loucura, mas tem muita gente que se orgulha de ser do Alemão.

Finalmente, quando simplesmente afirma que aquele espaço é violento, ele tira de contexto a própria violência, desconsiderando uma política de segurança pública assassina; esquecendo da indústria lucrativa que é o tráfico de drogas; e negligenciando o cenário de desigualdade cruel no qual estamos inseridos.

O detalhe, como disse o parceiro lá de São Paulo, é que nunca falam da violência que a favela sofre. É um mero detalhe. Só que é no detalhe, que vive o diabo.

Mais um personagem para minha teoria. Vamo que vamo!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

notas de uma fase do cão

duas coisas fundamentais:

- a gente é o que a gente é e ponto. a gente pode tentar sufocar, adaptar, moldar, aparar. mas, cara, no fim das contas, noves fora, a gente é isso aqui mesmo. não tem jeito.

- e outra, opostos que se atraem é só imã. nós gostamos mesmo é dos iguais.

e podem discordar, cheguei a essas conclusões depois de muito refletir.

tem sinteco no chão

eu estou há uns 4 dias num diálogo que eu comecei a escrever super empolgada. mas empacou. e eu super me controlando pra só postar de novo quando ele acabasse - sim, porque eu gosto de escrever neste blog. mas eu acho que não vai acabar não. a parada tá grande já e eu nem sei o que quero dizer mais. o começo, entretanto, é bom. vou guardar algumas idéias pra usar em outra coisa.

______

o obama ganhou. ok! eu só acho meio chato essa comoção que rola ao redor disso. sim, porque pra mim, pra você e pro porteiro aqui do prédio, muda nada. é claro que há um valor simbólico na eleição de um negro, mas acho que fica nisso mesmo. valor simbólico. e sendo sincera, eu estou cansada de simbolismos. cansada de 'é melhor que'; cansada do 'menos pior'; do 'antes isso que aquilo'! por que feitas as contas e noves fora, o menos pior não muda nada, apenas alenta nossos sentimentos especulatórios de que o 'pior' nos levaria à barbárie ou ao caos. e isso é apenas sentimento. porque na prática, o menos pior não faz nada para frear esse processo.

______

o ano acabou para o botafogo. e acabou mal. é a verdadeira crise financeira. mas o alviverde tá no páreo. já vislumbro o pentacampeonato. seria o melhor acontecimento de um ano que era promissor e se revelou caótico (adoro balanços de fim de ano).

______

com essa música na cabeça, há dias: nem vem que não tem (wilson simonal)

Nem Vem Que Não Tem
Nem vem de garfo
Que hoje é dia de sopa
Esquenta o ferro
Passa a minha roupa
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...

Nem Vem Que Não Tem
Nem vem de escada
Que o incêndio é no porão
Tira o tamanco
Tem sinteco no chão
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...

escutem! é boa e deu preguiça de postar aqui.

_______

alan brado: vai tomar no cu - com detalhes!

______

favelereiro ontem, depois de umas cervejas, prometeu reaparecer. é só pra lembrar mesmo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

voto nulo

há um tempo atrás, se não me engano nas últimas eleições presidenciais, a MTV veiculou uma propaganda que fazia uma crítica à política em geral e meio que estimulava o voto nulo.

algumas organizações aqui do Rio, pessoas que inclusive eu conheço, ficaram indignadas, dizendo que esse tipo de coisa afastava a juventude da política e do exercício da democracia...

eu tentei, na época, argumentar que o voto nulo seria uma escolha tão legítima quanto qualquer outro voto... por vezes melhor do que o voto pragmático, geralmente realizado nos segundos turnos...

de nada adiantou.

publicaram uma nota de repúdio contra a MTV que respondeu com um daqueles programas ridículos de debate comandados pelo Lobão.

Puta merda, a sociedade civil por vezes se presta a cada coisa... ridículo.

Bem, eis abaixo uma resposta, tardia mas em tempo.

Vitória esmagadora dos nulos obriga TSE a convocar novas eleições em dois municípios do RJ
Fonte: Agência Petroleira de Notícias (
www.apn.org.br)

Em Bom Jesus de Itabapoana, no Estado do Rio de Janeiro, os votos nulos alcançaram 89,23% da preferência do eleitorado e o candidato único à Prefeitura, João José Pimentel, do PTB, apenas 6,3%. Eram 26.863 eleitores, mas apenas 1.692 votaram em Pimentel. Em Santo Antônio de Pádua, Maria Dib, do PP, obteve 10.074, o equivalente a 37,9% dos votos, enquanto os nulos totalizaram 16.527, o equivalente a 60,35%.

De acordo com as regras eleitorais, nenhum candidato pode tomar posse quando os nulos e brancos vencem as eleições, alcançando um coeficiente maior que a soma dos votos dos candidatos. Nos dois municípios, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá que convocar novas eleições e os dois candidatos rejeitados pela população ficarão inelegíveis. As duas cidades tiveram outros concorrentes, mas suas candidaturas foram impugnadas. Agora será estabelecido um novo prazo para inscrições, propaganda eleitoral e os eleitores terão que voltar às urnas.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) já está com esquema todo preparado para realizar novas eleições para prefeito em Santo Antônio de Pádua e em Bom Jesus de Itabapoana. A intenção do presidente do TRE, desembargador Alberto Motta Moraes, é convocar o novo pleito ainda este ano, antes da diplomação dos prefeitos eleitos no estado. Pelo calendário eleitoral, a data-limite para os juízes diplomarem os vencedores das eleições deste ano é 18 de dezembro. Sua intenção é evitar que os presidentes de câmaras municipais sejam obrigados a tomar posse, interinamente.

Em Bom Jesus e Pádua, os eleitores deram uma lição de cidadania, demonstrando que o voto nulo é também uma forma de expressar opinião, quando as opções disponíveis não atendem às expectativas.

domingo, 2 de novembro de 2008

em sampa

comunidade do jardim ângela. quebrada na zona sul. boa música, muito sol e uns mano boa gente.


camisa do palmeiras de 72 (seleção). tava pendurada na parede de um restaurante. linda.


bar do cidão. cheio de palmeirense lá. tremozos (grão português) de tira-gosto.


o rapa na praça da sé.


aqui no rio não tem dessas. se encontro um cara vendendo atestados no meu primeiro ano de faculdade, tinha me formado em 2.

fundo de banca de revista na augusta. nessa mesinha da esquerda, foi tomada a primeira cervejnha da viagem.


livraria cultura na paulista. 3 andares de livros em tudo quanto é idioma. uma delícia.
na cultura, um clássico da literatura internacional. Doar: como cada um pode mudar o mundo. de bill clinton. Doem. Doemos. Dói.


na avenida paulista. taxista me disse que tinha nêgo comprando por 2000 paus.


telefone público de paulista.



detalhista.


dona ivone lara ao vivo e de graça. f-o-d-a.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

rumo a sampa

Eu sempre tive muita sorte com amigos. Desde criança. É impressionante. Não que eu tenha muitos – não faço a linha popular. Mas digamos que tenho alguns e da mais alta qualidade.

Quando vim pro Rio, arrumei um trabalho temporário no aeroporto do Galeão. Trabalhava a cada três meses numa pesquisa com turistas, feita pela FIPE. Vinham sempre uns 2 ou 3 supervisores de São Paulo e os pesquisadores eram contratados aqui no Rio.

Numa dessas pesquisas, veio um supervisor meio estranho. Cara desajeitado, desorganizado e meio maluco. Nessa primeira vez que ele veio, lembro inclusive de uma crise de síndrome do pânico – que até hoje não sabemos se foi mesmo.

Fato é que ficamos amigos. Conquistei-o com chops diários em Copacabana e com uma picanha na chapa em Santa Tereza. Ele me conquistou com o bom papo, a esquisitice e a simpatia.

Na pesquisa seguinte, o sistema mudou e passou a ser mensal. E foi esse supervisor que assumiu de vez. Paulo, então, passou a vir todo mês, passar de 10 a 15 dias no Rio. Ano de 2006. Inesquecível.

Juntos, descobrimos a cidade. Ou uma parte bem interessante dela. Os pastéis de feijão do Mineiro, a carne de javali do Belmonte, a vista do aeroporto Santos Dumont, inferninhos na Lapa, o sanduíche do Lamas, o forró na Feira de São Cristovão e por aí vai.

Tem muita história. Tem a da caipirinha de banana (isso mesmo) na pizzaria Guanabara às 5 da madrugada que quase me matou. Tem o do cara no bar que `perdeu` 50 reais e depois achou escondido no saco (o que fica resguardado pela cueca). Tinham as rodas de música na casa que ele ficava hospedado em Santa Tereza. O dono era argentino e tinha vários amigos latinos e músicos. Juntávamos esse povo na casa. Foda.

Me lembro que planejávamos sempre sair do bar até as 5 pra pegar o nascer do sol no Joá. Nunca dava tempo. Quando se chegava lá o sol já tinha nascido. Tinha também o esquema da caipirinha no Mangue Seco, lugar onde ficamos amigos do garçom. Ele marcava uma na comanda e trazia duas. Reinventamos a dose dupla.

Como trabalhávamos de madrugada ou até meia noite, cansei de brigar com os rodos pela saideira. Cansei de beber a saideira já na calçada.

Foi com ele que fiz amizade com Alfredinho do Bip Bip. Também com ele aprendi a gostar de cigarro de palha; que garçom a gente chama pelo nome – e se não sabe é Alfredo, assoviar só em último caso -; aprendi que entre os chops uma dose de vodca com gelo vai muito bem e que bar bom é aquele que tem comidinhas boas: incluam moela, um bom pernil e iguarias que colocam a empada do Belmonte no chinelo.

Paulo não tem marca de cigarro favorita. Quem a determina é sua companheira no momento. Ficava com uma amiga minha que fuma Malboro Light. Fumou esse cigarro durante meses, até conhecer a futura namorada que fumava filtro amarelo. Acabou com essa e a seguinte ia de Carlton, ele também. Hoje, não faço idéia do que anda fumando. Faz quase dois anos que não nos vemos.

Me lembro de uma viagem que fiz pro sul e na volta meu vôo era pra SP. Liguei e disse que descia em Congonhas 6 da tarde e que poderíamos nos encontrar, porque eu pretendia pegar um ônibus meia noite. Uma hora da manhã entramos no apartamento de um amigo dele com cervejas, depois de ser expulsos de um bar. Ligamos no aeroporto e ele passou uma passagem de volta no cartão sem perguntar o valor – que demorei horrores pra pagar e ele ligando desesperado porque não tinha dinheiro. O vôo saía às 7 da manhã. Embarcamos na cerveja e no Pink Floyd. Às 6 da madrugada, tomei o último gole:

- Tá na minha hora, eu acho.

Quase perdi o vôo. Cheguei no Rio e fui trabalhar, direto. Com a roupa de ontem de manhã e 10 horas de cerveja. Fiquei meia hora no trabalho, claro.

Bom, mas os tempos de saudade terão um merecido fim. Amanhã estou partindo para Sampa. Dá até frio na barriga.

Prometo que volto para contar a marca do cigarro que ele anda fumando e outros relatos.

_________

Triste é não ir a feijoada da Portela com meus companheiros de blog. Aliás, Paulo ia adorar conhecer as figuras. Ele nem sabe da existência dessa porra, mas certamente falarei de Bodão, Capilo e Faveleiro com ele. Um já estava ocupado do primeiro porre quando todos seus amiguinhos se preocupavam com o primeiro beijo. Capilo num viveu nem 30 anos, mas já tem 15 de alcoolismo. O tricolor é o rei da boa iguaria de bar – ainda mais se for na Maré. E Bodão dispensa qualquer descrição, né?

_________

O que foi Capilo hoje de manhã me perguntando se bebemos pra comemorar um ano de blog?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

petelecos

Wlado, se prepara que coringão vai chegar matando na primeirona em 2009. Mas o peixe é um time legal e estou acostumado a conviver com santista. Mas fora a final do brasileirão que o Santos mereceu a vitória, vocês tão mais pra freguês do Timão do que pra outra coisa. Não sei de onde tirou esse sentimento de superioridade...

________

Tou aqui, doido pra tomar uma cerveja, desde cedo trabalhando. Essa vida não dá futuro pra ninguém, já concluí. Problema são as dívidas aumentando, a dissertação que não despenca dentro do meu desktop. Tô até preferindo dar uma corrida a ter que trabalhar em excesso (claro com uma cerveja de recompensa no Panamá depois).

_______

Bodão, que inveja de ti hoje. Eu ali, suando, cabeça já quente antes de começar o terceiro tempo das atividades trabalhistas, e você rindo, bem acompanhado de um copo de cerveja. O que já bebi de água hoje pra tentar matar a vontade...

_______

Ao acaso, como o próprio nome diz, leio aqui ao lado um poema de Fernando Pessoa com o título “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Tou aqui torcendo pra Deus querer minha dissertação pronta o mais rápido possível, que sonhando que ela vai ficar pronta de uma hora pra outra já estou.

_______

Na feijoada de sábado, capilo não estará presente, porque é um homem de compromissos. E o Centro Cultural da Light só oferece show pra quem trabalha lá assistir durante o almoço. Que aparecer meio dia durante a semana num é pra qualquer um não. Queria eu ter na agenda não “reunião sexta, 17:30h”, mas um “show da Dorinha Circo Voador, 22h”. Culpa da Clementina, que parece estar até fugida daqui.

_______

Falando nela, ela pirou com a idéia de ficar sem computador durante quatro dias numa viagem que vai fazer aí. Tô achando que tá com medo de perder o prestígio por aqui, deixando de postar e abrindo espaço pros ombudsmundanos. Um aviso, se preocupe mesmo, que Bodão falou que vai escrever todo dia. Quanto a mim, bom, quanto a mim não faz diferença mesmo...

goles, tapas e tecos (já que não sou chegado em pílulas)

Olha, essa eleição pra prefeito no segundo turno mostrou que estamos mal, muito mal aqui no Rio. Mostrou o que já sei há algum tempo: somos todos uns conservadores metidos a vanguarda ou malandros...

Esse racha entre povão e elite, subúrbio e zona sul, mais do que produto de campanhas mesquinhas ou joguetes midiáticos demonstra o quanto de ressentimento e o desrespeito impera nessas terras. Não gosto do termo cidade partida, mas essa coisa, esse racha é tão antigo e se reflete em espaços tão variados e pessoas tão distintas que não vejo solução nem a curto nem longo prazo. Ainda mais quando a corda é esticada como agora.

Bem, como bom flaneur, circulo bem em todos os cantos. Mas já tive minha fase play, em Niterói... assim como minha fase revolucionário de esquerda... hoje acho que estou mais equilibrado.

Não gosto de nenhum excesso de ressentimento, inveja ou arrogância. Os dois lugares tem bons e maus aspectos, o ar blasé de Ipanema e a farofa suburbana podem ser duas pontas de um mesmo iceberg de ignorância e falta de educação. Ninguém é melhor que ninguém... apesar de, confesso, me sentir melhor na favela ou no subúrbio, atualmente.

Aliás gosto mesmo é da Glória que se faz uma bela mistura desse universo carioca multifacetado regido pela etiqueta dos botequins e pelo bom senso da malandragem.

E costuro a cidade nas contas infindáveis do meu cartão de crédito... um porre na Lapa, outro no Méier, um saque na Maré, uma conta em Botafogo e um oásis além-poça... e assim eu vou e a vida vai...

Tin-tim!!!

*****

Bom, e pra começar bem a semana, a programação samba-musical carioca.

Primeiro, aviso a TODOS OS OMBUDSMUNDANOS QUE ESTÃO CONVOCADOS PARA A FEIJOADA NA PORTELA NO SÁBADO!!!!

FAVELEIRO JÁ CONFIRMOU PRESENÇA!!!!!

Combinamos melhor durante a semana.

*****

Hoje tem show deElton Medeiros em homenagem aos Cem Anos de Cartola

“Parceiro da lenda da música brasileira, Elton Medeiros apresentará, na CAIXA Cultural Rio, um show que celebra o centenário do nascimento de Cartola. As músicas serão acompanhadas de imagens e ilustradas por histórias da vida de Cartola contadas por Elton.

Essa é a primeira vez que as obras do Cartola serão interpretadas em show por um parceiro. Elton Medeiros apresentará canções que fez em parceria com o mestre e com outros artistas. O show será gravado ao vivo.

Data: 27 e 28 de outubro.

Horário: 19h30.

Duração: 1 hora e meia.

Endereço: CAIXA Cultural RJ - Teatro Nelson Rodrigues.

Av. República do Chile, 230, Centro.

Telefone: 2262-5483 / 2262-0942.

Preço: Grátis.”

*****

Além dessa, mais uma homenagem a Cartola.

Quinta sim, quinta não, o Centro Cultural da Light será palco de um show em homenagem ao saudoso compositor Cartola. Será uma série de 12 espetáculos musicais e um exposição. Os shows acontecem até 11 de dezembro, na hora do almoço, e cada edição tem um artista diferente.

A estréia foi quinta, dia 14, com a Velha Guarda da Mangueira e Nelson Sargento.

Também é possível conferir no local a exposição "Cartola de Todos os Tempos", com fotos e documentos.

Programação dos shows:

30/10 - Monarco

06/11 - Arranco de Varsóvia

13/11 - Elton Medeiros

27/11 - Nilze Carvalho

11/12 - Nei Lopes


*****

NO CIRCO VOADOR, DORINA recebe: Arlindo Cruz, Juliana Diniz e Bateria / Mestre Sala e Porta Bandeira da Portela

SEXTA, dia 31 de Outubro 2008

INGRESSO R$ 20 Estudante | R$ 40 Inteiro

Dorina lança seu novo CD "Samba de Fé" com participação especial de Arlindo Cruz

A cantora Dorina apresenta NOVO SHOW - Samba de fé - lançando o seu mais novo CD homônimo, com músicas inéditas de Luis Carlos da Vila, Arlindo Cruz, Roque Ferreira, Mauro Diniz, Adilson Gavião e Adauto Magalha e releitura de "Apito no samba" de Luiz Antônio e Luiz Bandeira, (gravado por Marlene na década de 50), além de Cartola, Candeia, Zeca Pagodinho, Martinho, Francis Hime, Chico Buarque e Trio Calafrio, além de musicas próprias conta também com a interpretação forte da cantora nos bons momentos do show com destaque a influência afro-religiosa no samba.


*****

Beijos a todos!!!!!

E Saudações Rubronegras!!!!!