quarta-feira, 31 de março de 2010

Ellen Oléria - Peça (2009)

descobri esse CD dessa cantora de Brasília em minhas perambulações de pirataria internética. acabou sendo um achado. cantora de grande versatilidade e acompanhada por uma banda muito talentosa, Ellen nos brinda com um banquete musical de muito bom gosto, transitando pelo universo pop nacional com destreza, talento e personalidade. isso sem falar na banda, de grooves bem elegantes e precisos, e, mais que dando base para os vôos vocais da cantora, decola também em performances jazzísticas que indicam muito entrosamento e alegria.

a meu ver, sua grande virtude reside ou explode na interpretação intensa realçada com temperos pessoais que floreiam, singularizam e caracterizam esse belo disco. aliás, penso que esse não é apenas mais um trabalho de mais uma cantora pop no já quase saturado cenário nacional, mas vejo como um trabalho consistente de quem já tem muito passado e bagagem artística e sabe muito bem o que está fazendo. tenho inclusive um palpite que nossa querida Clementina, onde quer que esteja ou venha, caso nos visite mesmo como disse, vai gostar muito desse disco. se é que já não conhece, né...

antigas leitoras ativas e atuantes também tem tudo para gostar dessa peça... bem, mas isso é só um palpite.

como não sei como postar o link direto para baixar o disco, escrevo dois abaixo: um do blog onde encontrei a obra e outro no servidor que disponibiliza o download - se é que é assim mesmo que se fala, né...

boa audição a tod@s possíveis leitores e leitoras do presente veículo intermitente da mídia virtual dos quintos dos infernos...




















http://cozinhadavovoconga.blogspot.com/search/label/Ellen%20Ol%C3%A9ria

http://rapidshare.com/files/255856657/ellen_oleria_peca.rar

Declaração dos Direitos dos Internautas/Partido Pirata Francês







Déclaration des Droits de l'Internaute
Since the advent of the informatic, an international digital community has born.

All the technology and the cultural diversity on which lean Internet have to come along with the respect for inalienable rights.

Conscious of our duties and the importance of the defence on Internet of our rights and liberties that treaties, conventions and declarations already dedicate, and to protect us of any infringements on these, at the dawn of this peace era and of digital revolution, us, Internet users, declare here:

Article 0: Access to Internet is an inalienable right.

Article 0.1: Every individual is free to reach or not Internet and to choose the ways of access which are convenient for him.

Article 0.2: The Internet users are equal in rights and in duties (on this network).



Article 1: Internet is a neutral and decentralized network.

Article 1.1: The data pass in transit there in a equal and undifferentiated way, no information has priority on the other one.

Article 1.2: Only the judiciary can authorize the surveillance, the interception or the ban on a stream or on a datum.



Article 2: Nobody can be arbitrarily deprived of the access to Internet.

Article 2.1: The right for the communication is an inalienable right in conformance with the freedom of expression and with the right for the information, who guarantee the right to share the knowledge, the ideas and the culture.

Article 2.2: Every individual has an equal protection of his rights on Internet so that the freedom of consultation and broadcasting of contents of some strikes a blow at the physical or moral integrity of the others.



Article 3: Internet is a universal space opened to all, and no entity can it appropriate in its entirety.

Article 3.1: The deployment of its infrastructures has to facilitate the communication and the exchange for all.

Article 3.2: No entity, private or public, can appropriate arbitrarily data or contents which pass in transit there to serve its interests.



Article 4: Every individual is entitled to the respect for his private life.

Article 4.1: All electronic communications and their contents, with the exception of publications, are a part integral of the private sphere. Any authority, as it is deprived or public, cannot watch these private communications, except the judiciary.

Article 4.2: The data of connection to Internet and the recordings of activity cannot be kept in a systematic way. The private or public bodies the activity of which requires keeping back of certain data have to warn their customers of it and their users.Only the judiciary can, within framework of a survey, require the keeping back from it.



Article 5: Every individual is entitled to the anonymity.

Article 5.1: The use of pen names and virtual identities not crossed with the real identity is recognized as a means of protection of the freedom of expression and, thus, as right for the Internet user.



Article 6: Nobody can impose usage or ownership of a particular digital technology, both for material and for software.

Article 6.1: The use of methods of encoding is free in conformance with protection of the private life.

Article 6.2: Each is free to choose degree of opening of its connection and to adapt to this choice a reassurance which seems to him most appropriate without any shape of limitation.

Article 6.3: Every Internet user is entitled to information about good practices inherent to use of Internet, both for his interactions with other users and for his safety and that of his personal information.



Article 7: Internet is a common good.

Article 7.1: Technological evolutions, resources and benefactions educational and cultural which Internet engenders have to benefit all.

Article 7.2: The educational system has to have computing and educational tools, without ascendancy of a technology on other one, to consult, share and enrich knowledge diffused on Internet.



Article 8: Guarantee of the rights of the Internet user is assured by the public authority.

Article 8.1: This public authority is independent from any particular interest and statue in interest of all.

Article 8.2: Every legal or physical entity can seize the public authority if he considers that his rights were scoffed.


Declaration des Droits des Internautes by Commission DDI est mis à disposition selon les termes de la licence Creative Commons Paternité-Pas d'Utilisation Commerciale-Pas de Modification 2.0 France.

Last Updated on Tuesday, 23 March 2010 19:40


http://ddi.partipirate.org/

queria ver se fosse aqui... de preferência aqui na minha rua...

sábado, 27 de março de 2010

sonosono

semana inteira acordando cedo, dormindo tarde. mas sabadão se aproximando, nada de compromisso pela manhã,feliz da vida. meio-dia é cedo pra levantar, vou compensar tudo no final de semana. quinze pras sete, levanta, bebe aquela água, deita de novo. deita. deitado há meia hora. uma hora. duas horas. deitado. deitado. e nada de sono. esse tal relógio biológico que se auto programa sem o seu consentimento é uma merda. nem a cerveja ontem (pouca, como poucas vezes acontece) adiantou pra me deixar mais tempo dormindo. não que eu esteja super disperto aqui, tô com os olhos quase fechando, mas dormir que é bom, nada. pior é que chega mais tarde, no bar, sou o primeiro (geralmente o único) a dar uma boa cochilada na mesa.

não sei qual vai ser de hoje inclusive. faveleiro comemora mais um aninho de vida, e possivelmente vou dar os parabéns ao vivo (como nunca fiz, sou o dos que sempre faltou ao seu aniversário). tomara que não durme atéa lá.

quinta-feira, 11 de março de 2010

a arte de ficar rico

nunca tive problemas com sebo, comprando via internet, mais especificamente pela estante virtual. mas tudo tem uma primeira vez. ontem chego em casa e tem uma encomenda. comprei - pelo menos eu achava isso - o livro negro do andré dahmer. ao abrir o envelope, que já estava achando pequeno demais, me deparei com o livro da foto acima: "a ciência de ficar rico". tá certo que dinheiro num é uma coisa que esteja sobrando - na verdade salário tá mais atrasado que o aluguel, o celular, a luz, o gás, mas tá valendo, nada que eu estivesse divulgando por aí, muito menos prum sebo que nem sei onde fica.

o livro tem um subtítulo que diz o seguinte: "uma mensagem poderaso para atrair suucesso financieiro usando o Poder Criativo". veio dentro de um plasticozinho, e nem tive muito interesse em abrir. na verdade pensei em abrir só hoje, falando com ombudsmianos no trabalho, porque eles até chegaram a me pedir o livro emprestado. coisa de falta de dinheiro todo mundo tem. pelo menos os que estão próximos de mim.

mas até parece que alguma coisa vai acontecer com a força do meu Poder Criativo. mas depois disso parei pra ler o que tinha no verso, e lá está que "é um livro pragmático (...) destina-se a homens e mulheres cuja necessidade mais premente é ganhar dinheiro (...) aos que querem enriquecer primeiro e filosofar depois (...) àqueles que estão dispostos a aceitar as conclusões da ciência como base para a ação, sem precisar conhecer os processos por meio dos quais as conclusões foram alcançadas".

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Bodão colocou aí que espera de volta leitores e leitoras, clê, etc., etc., e disse que capilo nem adianta chamar. faltou olhar pro próprio umbigo - no caso o umbido do ombudsman - pra ver que a última postagem antes de seu "triunfal retorno", era sobre ele, uma homenagem a ele, mas não postada por ele. deixe estar...

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à clê, deixo um recado. como diria meu amigo mano brow - lembrado hoje por bodão -, se o barato é louco e o processo é lento ... no momento... deixa eu caminhar contra o vento.

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ao faveleiro: a boa companhia não debanda. a banda tá de volta!
Querid@s possíveis leitoras e leitores deste blog. Espero que tenham sentido nossa falta, ou ao menos percebido nossa ausência. Por motivos de força maior, que não cabe aqui explanar, perdemos nossa ilustre e brilhante colaboradora, Clê. Como andei me dedicando a sambas e facebooks, e os nossos outros colaboradores, Faveleiro e Capilo, há muito já nos abandonaram, um longo silêncio desabou, ou, para nos mantermos fiéis a nossa linha editorial, vivemos um inferno astral prolongado...

Muita coisa aconteceu nesse hiato, que pretendo encerrar a partir de hoje. Muitas águas rolaram, sambas foram feitos e cantados, dissertações foram escritas, litros e litros de cerveja ingeridos e bem curtidos, muitas ressacas, chacotas, baseados e alegrias, dentre otras cositas más...

Mas, pois bem, o ombudsman voltou e espera contar com @s antig@s possíveis leitoras e leitores e com as valorosas contribuições etílico-prosaico-poéticas de seus colaboradores...

Quem sabe a Clê não se anima, rompe o silêncio e também e dá o ar de sua graça por aqui... Nem que seja nos comentários...

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Uma das coisas que andei fazendo nesse período foi ler uma biografia do Simonal. Bom livro, por sinal, cheio de referências históricas do movimento da bossa nova, além de incontáveis dicas para pesquisas e downloads em blogs e sites. Com relação ao Simonal, o livro toma um certo partido, procura expor as coisas de modo a inocentar o rei da pilantragem, desenhando-o quase como um bom selvagem rosseauniano, bobo, ingênuo, quase infantil. Não acredito. Acho que ele sabia muito bem aproveitar e tirar proveito de tudo o que seu tempo lhe ofereceu, para o bem e para o mal. O que não quer dizer de modo algum que eu não reconheça seu talento como cantor e sua facilidade na condução da platéia, sua sagacidade e presença de palco, e tal.

Fiquei pensando em como a mídia e o show business funcionam e como o personagem criado por Simonal naufragou pelo mesmo caminho que o levou um dia ao estrelato e ao sucesso, como tudo parece se resumir na construção de uma imagem e suas vicissitudes. Tem algo antropofágico nessa relação entre público e celebridades e até um prazer em vê-los decaírem, quase uma vingança da platéia. E, principalmente, existe um prazer mórbido entre os jornalistas com seus julgamentos e análises superficiais que criam e destroem mitos.

Juntem olhos de polaróide, língua de sogra, espírito de porco e uma postura beavis & butthead perante a vida e eis aí mais um jornalista...

Mas, independente disso, o fato é que o negão vacilou feio ao assinar aquela papelada incriminadora, sendo ou não dedo-duro, demonstrando um total alheamento e alienação não somente ao debate político, mas ao contexto vivido na época e as conseqüências nefastas e óbvias de seu ato.

E pior do que isso é ver gente que se esquivou por muito tempo de sua companhia para não naufragar com ele, vindo a público depois de sua morte (e redenção midiática) anistiá-lo. Aí, é mole mermão.

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Fiquei pensando ainda no Adriano, em como a mídia e por extensão as pessoas são quase cruéis na sua ânsia de consumir a vida alheia sem pensar que todo personagem traz por trás das imagens um ser humano de carne e osso. Eu que não queria ser famoso e ser perseguido constantemente pelos olhos devoradores da opinião pública... Cruz credo!

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Bem, deixa eu voltar ao trabalho. Com essa postagenzinha preguiçosa e sem vergonha deu pra ver que eu ando enferrujado na escrita, mas prometo afinco e dedicação nos próximos dias.

Por enquanto é só pessoal.

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Pra encher lingüiça e enriquecer a postagem, uma entrevista muito interessante que saiu na Galileu e um amigo postou no facebook

ENTREVISTA
Conversamos com William Kamkwamba, o menino africano que construiu um moinho com lixo e dois livros de física


* Conte-me um pouco sobre você, William. Quando você nasceu, onde foi, como é sua família?

Nasci em 5 de agosto de 1987 em Dowa, no Malauí. Moro com seis irmãs, meu pai e minha mãe. Em uma família de garotas, você pode imaginar os problemas por que passei. Na escola, os garotos sempre implicavam comigo porque eu não tinha um irmão mais velho que me protegesse. De qualquer jeito, sobrevivi.

* Como é sua vida na vila onde mora, como são as condições de água, eletricidade...?

Moro na vila de Wimbe. É um lugar pequeno com uma grande estrada empoeirada e algumas lojas. Chamamos de Centro de Comércio. Há o barbeiro, o soldador, vários armazéns que vendem roupas e uma loja Farmer’s World, onde meu pai compra milho para plantar e fertilizante. Seguindo essa estrada, há a minha vizinhança, Masitala. A cidade grande mais próxima é Kasungu, com muitos habitantes, um grande supermercado e várias lojas. Para chegar até lá, tem que ir de carona, espremido por uma hora na caçamba de um caminhão. Só 2% da população rural do Malauí tem eletricidade e isso é um grande problema. E antes de eu conseguir perfurar um poço e providenciar água limpa para minha família, não havia água corrente por quase 100 km.

* Em 2000, o Malauí passou por uma seca terrível. Foi por isso que você teve de deixar a escola em 2002?

Sim. Essa seca fez faltar alimento em todo o país. Ninguém conseguia plantar o suficiente para comer. As pessoas começaram a passar fome. Muitos moradores aqui perto de Wimbe morreram de inanição. Causou a morte de mais de 10 mil malauianos. Meus vizinhos e minha família fomos forçados a cavar o solo para achar raízes e cascas de banana, qualquer coisa para forrar o estômago. A taxa para minha escola era 80 dólares por ano. Por causa da situação, meu pai não conseguia pagar, tive que para de estudar com 14 anos.

* Como você se sentiu por estar fora da escola?

Era bem ruim. Se você não está estudando, quer dizer que vai ser fazendeiro. Eles não controlam a própria vida; dependem do sol, da chuva, do preço das sementes e do fertilizante. Quando saí da escola, olhei meu pai, aqueles campos ressecados e vi o resto de minha vida. Era um futuro que não podia aceitar.

* Foi aí que você começou a frequentar uma biblioteca perto da sua casa?

Sim. Era um lugar bem pequeno dentro de minha escola primária, a uns dois km de casa. Eu geralmente caminhava, ou ia de bicicleta. A biblioteca tinha três estantes cheias de livros doados pelos EUA, Reino Unido, Zâmbia e Zimbábue. Fui com a esperança de estudar por conta própria, para ficar no mesmo nível dos amigos que continuaram na escola. Comecei a ler livros de ciência, e isso mudou minha vida.

* Você construiu um moinho de vento a partir das explicações de um livro, sem nunca ter visto um. Como foi isso, e para que você queria um moinho?

No livro, “Explaining Physics”, entendi como funcionavam motores e geradores. Não lia inglês muito bem. Usei diagramas e fotos para associar as palavras, e assim aprender física básica. O outro livro que li chamava-se “Using energy”, tinha uma foto de um moinho de vento na capa. Dizia que moinhos podem bombear água e gerar eletricidade. Meu pai poderia irrigar a plantação, aumentar a colheita e nós nunca mais passaríamos fome! Por isso decidi construir um moinho. Não havia instruções, mas sabia que se um homem havia construído no livro, eu também conseguiria.

* Como você fez para arranjar as peças? Quanto tempo levou?

Fui a um ferro-velho perto de casa e encontrei vários pedaços de metal e uns canos de plástico. Mas vi que não tinha todas as peças para uma bomba-d’água, então procurei fazer um moinho que gerasse eletricidade. Quando me viam carregando os ferros, as pessoas achavam que eu estava louco. Me provocavam e diziam que eu estava fumando maconha. Mas não deixei que isso me incomodasse. Continuei. Meu primo, Geoffrey, e outro amigo, Gilbert, me ajudaram a construir. Ficou pronto em dois meses. Quando o vi funcionando, fiquei muito feliz. Finalmente as pessoas sabiam que eu não estava louco.

* Quanta energia gerava o moinho?

O gerador do moinho era um dínamo de bicicleta, produzia 12 volts. Era suficiente para acender uma lâmpada. Mais tarde, meu primo achou uma bateria de carro na estrada. Demos uma carga nela, e conseguimos energia para manter quatro lâmpadas e dois rádios. As pessoas faziam fila para carregar seus celulares. Os celulares estão em todo o lugar na África porque são baratos. Há poucos lugares onde a eletricidade chega - geralmente nos arredores das empresas estatais de tabaco - e algumas lojas cobram para as pessoas carregarem os celulares. Comigo era grátis.

* Depois que sua história se espalhou, você voltou a estudar. Como estão seus estudos?

Depois que eu fui à conferência do TED [organização sem fins lucrativos que promove conferências anuais para divulgar boas ideias] em Arusha, na Tanzânia, algumas pessoas se aproximaram e me ofereceram ajuda para voltar à escola. Primeiro frequentei um colégio cristão na capital. Agora estudo em Johannesburgo, na África do Sul, na African Leadership Academy, uma escola que pretende treinar a próxima geração de líderes do continente. Há 200 estudantes de 42 países diferentes da África.

* Agora que você viu que seu moinho não só ajudou sua família, mas gerou esperança em cima de energia elétrica e renovável, quais são seus próximos planos?

Depois de fazer faculdade, talvez nos EUA, quero voltar ao Malauí e descobrir maneiras de produzir energia barata e renovável nas vilas. Quero construir bombas-d’água de baixo custo e que possam ser operadas facilmente. E também colocar um moinho de vento em cada cidade do Malauí. Quando a companhia estatal de telefones se recusou a atender às vilas, as empresas particulares de telefonia celular chegaram com torres e agora todos têm celulares. Nós simplesmente passamos por cima dessas companhias ineficientes. Espero fazer o mesmo com a energia no Malauí. Em vez de esperar o governo levar eletricidade até as vilas por linhas de força, vamos construir moinhos de vento e gerá-la nós mesmos.